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BOLETIM 003/2019

CUIDADOS A SEREM TOMADOS DURANTE A REFORMA DE UMA


TRANSMISSÃO CVT POR CORREIA METÁLICA
As transmissões continuamente variáveis (CVT) estão se tornando cada vez mais comuns nas
oficinas de reparação de caixas automáticas. Como resultado, temos presenciado cada vez mais
quebras de correias metálicas. Muitas vezes, o cliente dá entrada na oficina com seu veículo para
manutenção normal e depois de alguns dias volta com uma correia quebrada da transmissão.

Vamos abordar o projeto básico das correias CVT e como evitar danifica-las durante o processo
de reparo. Muitos fabricantes oferecem transmissões CVT com correia metálica, incluindo a
Nissan, Dodge, Jeep, Mitsubishi e Honda, apenas para citar alguns.

Componentes da correia

A correia acionadora, na figura 1, é produzida pela Bosch e consiste de elementos que podem
medir 24 mm, 28 mm ou 30 mm de largura. Existem também dois jogos de anéis por correia.
Em algumas literaturas, estes anéis são chamados de cintas.

Cada anel possui uma espessura de 0,2 mm, com 6 a 12 anéis de cada lado em uma aplicação
normal, porém o número destes anéis pode variar dependendo do fabricante. Um maior número
de anéis possibilita maior relação de torque para a transmissão. Alterar a posição destes anéis ou
trocar os anéis de lado não é recomendado. Cada anel no conjunto possui diferentes medidas,
com o anel interno sendo o mais fino e o anel externo sendo o mais grosso.

Figura 1

Condição da correia metálica

Tanto os lados dos elementos quanto a condição dos anéis, determinam se a correia pode ser
reutilizada (figura 2).

1 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Primeiro vamos considerar as laterais dos elementos. Devemos ser capazes de ver sempre
linhas consistentes nos elementos. Se virmos áreas mais lisas ou metal com rebarbas, devemos
substituir a correia imediatamente. O mesmo pode ser dito se a correia está totalmente lisa
em toda sua circunferência.

Inspecione as laterais dos anéis, que não deverão apresentar sinais de contato. Os anéis poderão
se deformar se a correia for manuseada de maneira incorreta (figura 3).

Apoie a correia em um de seus lados e remova o conjunto de anéis daquele lado para inspeção.
Certifique-se de manter os anéis em ordem e não misturá-los. Inspecione os anéis quanto a
trincas ou deformações. Verifique os anéis do pacote um de cada vez e então reinstale-os. Gire
a correia apoiando-a sobre o outro lado e inspecione-o da mesma maneira. Mantê-los todos
em ordem é essencial; isto ajuda a se certificar que tudo foi montado de volta corretamente.

Figura 2

Figura 3

2 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br


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Figura 4

Manuseio da correia metálica

Poderão ocorrer danos se se apertar a correia em seu centro, conforme mostra a figura 4. Se a
correia for apertada em seu centro com muita força isto submeterá o anel externo à um estresse
muito grande. Isto também deformará os anéis nas laterais das ranhuras dos elementos.

Figura 5

Deve-se evitar também torcer estes anéis. Quando torcidos, os cantos do pacote de anéis são
submetidos a estresse elevado pois eles estão em contato com os elementos (figura 5). Isto
deformará os anéis causando quebra da correia em poucos quilômetros, mesmo sob condições
normais de dirigibilidade.

A maneira mais comum de danificar uma correia CVT é separando o correia das polias durante
a remoção das polias.

Ao remover a correia das polias, necessitamos utilizar as ferramentas adequadas, para retirar toda
a pressão exercida sobre a correia. Não queremos torcer a polia para fora quando existir pressão
sobre a correia. Quando torcemos as polias para tentar remover a correia, sem percebermos
deformamos os anéis porque a polia contata as laterais dos anéis. Anéis deformados logo se
quebrarão após serem colocados em operação. Se as polias forem torcidas, conforme mostra
a figura 6, podemos ter certeza que veremos a transmissão de volta em nossa oficina em
pequeno espaço de tempo, com a correia quebrada.

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Figura 6

Uma ferramenta que ajudará nesta operação é a aplicação de vácuo à polia secundária para
separá-la e remover a tensão sobre a correia. Quando a polia estiver na posição toda aberta
podemos instalar uma ferramenta para manter a polia separada. Se não possuímos a ferramenta
adequada podemos fabricar uma cortando uma bucha larga pela metade, em forma de meia
lua. Instale a meia lua entre os lados da polia para manter as duas metades afastadas. Um tubo
de grande diâmetro pode facilitar a execução desta etapa. Necessitamos de uma bomba de
vácuo de 3 CFM ou maior.

Não remova ambas as polias da tampa traseira se houver tensão sobre a correia metálica.
Devemos ter um sacador na polia primária para aliviar a tensão sobre a correia. Certifique-se
de não torcer ou colocar pressão na correia quando remover as polias da tampa traseira.

Se seguirmos as regras básicas de não apertar, torcer ou colocar pressão na correia durante a
desmontagem das polias e instalação posterior não correremos o risco de ter a correia quebrada
com baixa quilometragem.

4 | Técnico responsável: Carlos Napoletano Neto contato@apttabrasil.com.br

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