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Paulo Lobato 13 de jul.

15 min para ler

Trilhos ferroviários: alívio de


tensão
Tensão longitudinal devido à variação de
temperatura

Variação do comprimento de um trilho em função da variação de temperatura

A variação do comprimento de um trilho em função da variação da temperatura pode ser dada pela seguinte
equação:

∆𝐿=𝑐.𝐿.∆𝑡

ΔL = variação de comprimento

c = coeficiente de dilatação térmica do corpo, no caso o trilho.

L = comprimento inicial da barra de trilho.

Δt = variação da temperatura do trilho em relação à temperatura de assentamento do trilho


(preferencialmente FTN, pois haverá menor variação nessa faixa).

É válido destacar que as fixações elásticas ou retensores são utilizados para impedir que os trilhos com
comprimento elevado sofram dilatação e contração térmica.

Faixa de Temperatura Neutra

A temperatura neutra de referência (TNR) da via é dada pela média das temperaturas mínimas e máximas
históricas do trilho instalado na via mais 5ºC.

TNR = (Tmín + Tmáx)/2 + 5ºC

A faixa de temperatura neutra (FTN) é igual à TNR mais ou menos 5ºC.

FTN = TNR + 5ºC


Dilatação dos trilhos em livre dilatação

Trouxemos o ábaco abaixo para exemplificar como a dilatação se relaciona com a temperatura e o comprimento
do trilho. Com isso, pode-se dizer que, para uma dada temperatura, a dilatação será maior para trilho de maiores
comprimentos.
Variação de comprimento de barra em função de força axial aplicada:

Vimos como o comprimento do trilho pode variar em função da variação de temperatura. A variação do
comprimento do trilho também pode ser descrita em função da força axial, N, como na equação abaixo:

Em que,

N = força axial desenvolvida

L = comprimento inicial da barra de trilho

E = Módulo de Young (2,14 × 106𝐾𝑔/𝑐𝑚²)

A = área da seção do trilho

Se uma barra impedida de dilatar for aquecida, aparecerá um esforço de compressão que provocaria uma mesma
variação do comprimento que a dilatação impedida:

Como a relação da tensão longitudinal é dada por:

Substituindo N tem-se:

A zona de respiração

A zona de respiração é a extensão mínima a partir das extremidades do trilho em que o esforço de
retensoramento da fixação equilibra (resiste) a tensão gerada pela variação de temperatura (tração ou
compressão) do trilho. Portanto o comprimento da ZR dependerá da variação de temperatura do trilho, da seção
do trilho, da resistência (força de ancoragem) exercida pela fixação, e finalmente da resistência de ancoragem
fornecida pelo sistema dormente e lastro.

A zona neutra

A zona neutra é a região que, apesar de estar sob tensão, não tem tendência a deslocamentos longitudinais já
que está ancorada em suas extremidades pelas ZR´s.

Cálculo da zona de respiração e da zona neutra

O comprimento da zona de respiração (b) e da zona neutra (L*) podem ser descritos pelas seguintes equações:

b: zona de respiração
L*: Zona Neutra

L: Comprimento do TLS
A: Área transversal de um trilho (cm²)

Nl: força longitudinal no trilho devido a ΔT (kgf)

α: coeficiente de dilatação térmica do aço= 1,15 x 10-5

E: módulo de elasticidade do aço = 2,1 x 106 kgf/cm²

r0: resistência longitudinal por metro de linha (kgf/m)

ΔT: diferença entre a temperatura máxima e temperatura mínima do trilho

Métodos de Alívio de Tensões Térmicas (ATT)

Alívio de Tensões Térmicas (A.T.T.)

O objetivo do Alívio de Tensões Térmicas é evitar a flambagem, minimizando tensões longitudinais. Tal
procedimento é executado em:

Linhas novas

Instalação de trilhos longos soldados novos

Linhas sofrendo com esforços longitudinais excessivos

Para isso, alguns métodos são aplicados, e estes variam em função de:

Temperatura do trilho durante o alívio

Motivo e local do alívio

Possíveis condições da temperatura do trilho durante o alívio:

Na Faixa de Temperatura Neutra (FTN): processo natural (variação livre de comprimento)

Abaixo da FTN: utilizando tensores hidráulicos

Em temperaturas superiores a FTN: inviável executar o ATT

Critérios para execução de ATT

O ATT é necessário quando:

Instalação de linhas novas, após atingir as cotas de nivelamento e alinhamento e decorrido o período de
estabilização de 1.000.000 TBT;

Correção geométrica com levante superior a 60 mm e deslocamento lateral superior a 30 mm;

Desguarnecimento de lastro após decorrido período de estabilização de 200.000 TBT;

Substituição de trilhos;

Execução de soldas reparadoras em trilhos contínuos soldados (TCS);

Inserção de juntas isoladas coladas ou encapsuladas em TCS;


Substituição de trilhos de encosto de agulhas em AMV's;

Substituição de dormentes a eito;

Execução de soldas de fechamento de trilhos longos soldados (TLS) para a formação de trilhos contínuos
soldados (TCS);

Quando for verificado que a linha está sofrendo esforços longitudinais extremos que ocasionam a sua
instabilidade geométrica ou estrutural como desalinhamento, desnivelamento, caminhamento
longitudinal de trilhos;

Quando da aplicação de juntas de expansão em estruturas de pontes.

Método da barra única na faixa de temperatura neutra a eito

Para aplicação do método da barra única na faixa de temperatura a eito devemos seguir os seguintes passos:

1. Executar a solda em A, que irá unir o TCS


(trilho contínuo soldado sem alívio). Nesta
operação a região da solda deve estar fixada
para não ocorrer movimentos indesejáveis
durante a operação.
2. Após 3 a 4 minutos da execução da solda, a
fixação deve ser retirada ou afrouxada em 12 m
para cada lado da solda, de maneira a permitir a
contração térmica da mesma sem risco de
fratura por tração.
3. Separar o trilho em B e desalinhar os topos
dos trilhos para permitir a livre dilatação.

4. Remover toda a fixação do TLS 1 a partir do


ponto B para o ponto A.
5. Colocar roletes sob o TLS 1, entre o patim do
trilho e a chapa de apoio dos dormentes, a cada 8
a 12 metros.
6. Vibrar o TLS 1 e os 12m do TCS, em toda
extensão sobre os roletes, com batidas de marrão
de bronze de 5kg, de forma a vencer o atrito
estático nos roletes. As placas de apoio devem
estar livres de detritos para garantir o perfeito
alívio e posterior apoio do patim do trilho.
7. Retirar os roletes com imediata recolocação da
fixação (verificar notas).
Notas:

a. Caso a temperatura do trilho esteja


aumentando, ainda na faixa de temperatura
neutra, fixar a barra de A para B.

b. Caso a temperatura do trilho esteja


diminuindo, fixar a barra de B para A.

c. Na zona de respiração, deverão ser


aplicados preferencialmente grampos novos.

d. Em ambos os casos, na zona de respiração


deverá ser aplicada 100% da fixação e na
zona neutra (ZN), a fixação poderá ser
aplicada em 1/3 dos dormentes (“um sim,
dois não”) na primeira fase do processo,
visando adiantar as demais tarefas. No final
da tarefa a fixação deverá estar completa.
e. Se a linha for dotada de fixação rígida,
com pregos/tirefonds e retensores, a
aplicação da fixação deve estar completa.

8. Efetuar o corte do trilho, considerando a


folga entre os topos preconizada pelo fabricante da
solda, e a soldagem no ponto B.
Nota:
Caso a temperatura esteja em declínio, a solda de
fechamento poderá ser substituída por junta metálica
com folga de 3mm ou deverá ser instalado tensor
hidráulico para garantir que não ocorra contração do
trilho até a conclusão da solda, evitando-se com isto
sua fratura por tração. O tensor poderá ser retirado
após transcorridos 20 min da soldagem.
Método da barra única e abaixo da faixa de temperatura neutra

O método usado para temperaturas inferiores à FTN e superiores a 10° consiste na execução mecânica
(artificial) de um alongamento ΔL que o trilho atingiria por dilatação normal se a temperatura variasse de
T para TNR, sendo T=temperatura do trilho no momento de submetê-lo ao alongamento por tração e
TNR, sendo a temperatura neutra de referência.

O equipamento utilizado para executar o alongamento é um tracionador hidráulico de no mínimo 60


toneladas, equipado com mordentes adequados para atuar na alma do trilho sem causar danos ao
material.

Os passos necessários para execução deste método são:

1. Executar a solda em A, que irá unir o TCS (trilho


contínuo soldado) ao TLS (trilho longo soldado
sem alívio). Nesta operação a região da solda
deve estar fixada para não ocorrer movimentos
indesejáveis durante a operação.
2. Após 3 a 4 minutos da execução da solda, a
fixação deve ser retirada ou afrouxada em 12m
para cada lado da solda, de maneira a permitir a
contração térmica da mesma sem risco de fratura
por tração.
3. Manter o ponto B, oposto ao TCS desalinhado
para permitir a livre dilatação dos trilhos

4. Após 20 minutos da corrida da solda, retirar a


fixação do TLS do ponto B até A, levantando o
TLS e colocando-o sobre roletes distribuídos em
intervalos de 8 a 12 metros.
5. Vibrar todo o trilho, de A até B, por meio de
golpes de marrão de bronze de 5 kg para que seja
vencido o atrito estático nos roletes e se
complete a expansão natural da barra

6. Calcular o alongamento que a barra deverá alcançar por tração pela multiplicação de 0,0115 pelo comprimento
total da barra sem fixação (solta) e pela diferença entre a TNR e aquela medida no trilho (T) no momento do
alívio.
7. Cortar o trilho em B, conforme a nota a
seguir.
Nota1: Determinação do corte total entre as
semi-barras:

Nota 1: Determinação do corte total entre as


semi-barras:

𝐶 = ∆𝐿 + 𝐹 − 3 (𝑚𝑚)

Onde,
C = Corte total necessário antes do tracionamento
ΔL = alongamento referente ao comprimento da barra de TLS
F = folga necessária para execução da solda de acordo com o fabricante
3 mm = contração da solda

8. Montar o tracionador hidráulico na extremidade do TLS.


9. Traçar marcas de referência a partir de A no
sentido de B em intervalos iguais e em número
que permita fácil divisão (verificar exemplo 1 e
nota 1):

Exemplo1: No caso de TLS com 216m de


comprimento, serão marcados, por exemplo, 6
intervalos de 36m cada. Estas marcas serão traçadas com pontas de aço no patim do TLS e ombro das chapas de
apoio dos dormentes de madeira ou ombreiras dos dormentes de concreto/aço ou em referência a estacas. Estas
marcas serão feitas conforme abaixo, considerando como exemplo a temperatura neutra de referência TNR igual a
39°C:

Nota2: Para facilidade de identificação do ponto de referência Ref 0, o dormente a ele correspondente será
marcado a tinta em sua extremidade e as marcas de referências feitas à punção no patim e no ombro da chapa de
apoio ou ombreira dos dormentes.
10. Tracionar o TLS utilizando o
tracionador hidráulico até que se
alcance o ΔL calculado, deixando a
folga preconizada pelo processo
de soldagem em A e verificando
se as marcas m1, m2, etc. referidas
coincidem com os pontos de
referência respectivas Ref. 1, Ref.
2, etc. Caso contrário vibrar
novamente a barra sobre os
roletes.

Durante o estiramento da barra, ela deverá ser vibrada por meio de batidas de marrão de bronze para que se
tenha alongamento proporcional do TLS ao longo do seu comprimento.

11. Alcançando o ΔL adequado, os roletes deverão


ser removidos e a fixação recolocada a partir de B
para A.
12. Executar a soldagem aluminotérmica em B
mantendo o tracionador atuando durante toda a
operação.
13. Retirar o tracionador 20 minutos após a corrida
da solda.
14. Retirar a fixação numa extensão de 12 m para
cada lado da solda, reaplicando em seguida para
aliviar tensões residuais.
Método da meia barra na faixa de temperatura neutra a eito

Para o o método da meia barra na faixa de temperatura neutra a eito, deve-se seguir os seguintes passos:

1. Separar os trilhos no ponto B que liga as duas


barras (TLS1 e TLS2) que sofrerão ATT.
2. Desencontrar as extremidades das barras em B para
permitir o caminhamento das extremidades dos
trilhos.
3. Soltar a fixação das duas semi-barras no entorno
de B (B p/ A e B p/ C).
4. Colocar os roletes nas duas semi-barras, de B para
ambos os lados (de B p/ A e B p/ C).
5. Vibrar os trilhos sobre os roletes com batidas de
marrão de bronze.
6. Cortar as extremidades das barras junto à B, de
forma a garantir folga de acordo com exigência do
processo de solda a ser usado; o corte poderá ser
executado em apenas uma semi-barra.
7. Retirar os roletes com imediata recolocação de
100% da fixação
(verificar notas)
Notas:
a) Quando a temperatura do trilho estiver aumentando, ainda na faixa de temperatura neutra, aplicar a fixação a
partir das semibarras no sentido do ponto de fechamento do ATT.
b) Caso a temperatura do trilho esteja diminuindo aplicar a fixação a partir do ponto de fechamento do ATT no
sentido das semi-barras e efetuar a soldagem no ponto de fechamento de ATT (ponto B).
c) Caso a temperatura esteja em declínio, a solda de fechamento poderá ser substituída por junta metálica com
folga de 3mm ou deverá ser instalado tensor hidráulico para garantir que não ocorra contração do trilho até a
conclusão da solda, evitando-se assim sua fratura por tração.
d) O tensor poderá ser retirado após transcorridos 20 minutos da soldagem

Método da meia barra e abaixo da faixa de temperatura neutra com ATT feito a eito

O método usado para temperaturas inferiores à FTN e superiores a 10° consiste na execução mecânica
(artificial) de um alongamento ΔL que o trilho atingiria por dilatação normal se a temperatura variasse de
T para TNR, sendo T=temperatura do trilho no momento de submetê-lo ao alongamento por tração e
TNR, sendo a temperatura neutra de referência.

O equipamento utilizado para executar o alongamento é um tracionador hidráulico de no mínimo 60


toneladas, equipado com mordentes adequados para atuar na alma do trilho sem causar danos ao
material.

Para este método há os seguintes procedimentos:


1. Separar os trilhos no ponto B que liga
as duas barras (TLS1 e TLS2) que sofrerão
ATT.
2. Desencontrar as extremidades das
barras em B para permitir o
caminhamento das extremidades dos
trilhos.
3. Soltar a fixação das duas semi-barras
no entorno de B (B p/A e B p/C).
4. Colocar os roletes nas duas semi-
barras, de B para ambos os lados (de B p/
A e B p/ C).
5. Vibrar os trilhos sobre os roletes com
batidas de marrão de bronze.
6. Calcular o alongamento (ΔL) que as
semi-barras deverão alcançar por tração,
conforme fórmula abaixo:

Onde, L = tamanho da barra a ser aliviada


(distância entre os pontos A e B da figura) e ΔT = (TNR - T), sendo TNR a temperatura neutra de referência do
trecho e T a temperatura do trilho no momento do tracionamento.

Nota 1: Determinação do corte total entre as semi-barras:


C= ∆𝐿 + 𝐹 - 3 (𝑚𝑚)
Onde,
C = Corte total necessário antes do tracionamento
ΔL = alongamento referente ao comprimento da barra de TLS
F = folga necessária para execução da solda de acordo com o fabricante
3 mm = contração da solda

Nota 2:
Caso não exista o transpasse das semi-barras, tal como ilustrado na figura abaixo

E a folga gerada entre as semi-barras antes do tracionamento for maior que o valor calculado de C;

Haverá a necessidade de se soldar um segmento de trilho de 6 metros em qualquer das semibarras.


Posteriormente deverá se efetuar um corte de forma a permitir uma folga entre as extremidades das
semi-barras no valor correspondente de C.

Nota 3: Já, se a folga gerada entre as semi-barras antes do tracionamento for menor que o valor calculado para C,
efetuar um corte correspondente à diferença entre C e a folga existente, de modo que o valor residual seja igual a
C.

7. Instalar o tracionador hidráulico nas duas semi-barras.


8. Efetuar a marcação para verificar o alongamento proporcional dos trilhos conforme método da barra inteira
fora da faixa de temperatura neutra.
9. Tracionar até que a folga entre os trilhos, na região de soldagem, alcance o valor previsto pelo fabricante da
solda.
Nota: Durante todo o processo de
expansão das semi-barra executa-se a
vibração com batidas de marrão de
bronze, verificando se as duas semi-
barra expandiram no valor calculado de
ΔL proporcionais a cada uma.

10. Retirar os roletes a partir de A e B no


sentido de F, aplicando 100% da fixação
imediatamente.
11. Executar a solda aluminotérmica
mantendo o tracionador atuando
durante toda a operação.
Nota: Somente retirar o tracionador 20
minutos após a corrida da solda.
12. Retirar a fixação numa extensão de 12m para
cada lado da solda, reaplicando em seguida
para aliviar tensões residuais.

Alívio de tensões em
túneis
Quando da execução de alívio de tensão em túneis em
linhas sinalizadas deve-se utilizar qualquer um dos
processos artificiais e levar em consideração as
seguintes instruções:

Alívio nas entradas de túneis:

O cálculo do ΔL de alongamento da barra deverá considerar a extensão da barra externa ao túnel


acrescida de mais 10 m para o seu interior, de forma a compensar a zona de influência térmica que
se estende para dentro dele.

Alívio no interior de túneis:


Será aliviada por batida de marrão de bronze e tracionadas em relação a uma TNR que estará fixada a
5°C acima da temperatura média dos trilhos no interior do túnel.

Quando da execução de alívio de tensão em túneis em linhas não sinalizadas deve-se utilizar qualquer um dos
processos artificiais e levar em consideração as seguintes instruções:

Alívio nas entradas de túneis

Mesmo critério apresentado anteriormente.

No interior de túneis:

Será submetida a ATT considerando a temperatura média no interior do túnel como Temperatura
Neutra e adotado o processo natural de ATT.

Alívio de tensões em pontes


Pontes com lastro
Quando da execução de alívio de tensão em pontes lastradas o procedimento de instalação do TCS é idêntico ao
adotado para a linha corrida.

Pontes sem lastro (open deck bridges) em estrutura da linha solidária à ponte
Quando da execução de alívio de tensão em pontes não lastradas (open deck bridges) em estrutura da linha
solidária à ponte, deve-se levar em consideração as seguintes instruções:

Adoção de juntas de expansão a fim de evitar a transmissão de esforços da ponte para a linha e da linha
para a ponte.

O alívio poderá ser executado de maneira idêntica ao da linha corrida, fechando no ponto de instalação
das juntas de expansão que serão instaladas dentro da FTN e devidamente gabaritadas.

Pontes sem lastro (open deck bridges) em estrutura da linha não solidária à ponte
Quando da execução de alívio de tensão em pontes não lastradas (open deck bridges) em estrutura da linha não
solidária à ponte, deve-se levar em consideração as seguintes instruções:

O alívio poderá ser executado de maneira idêntica ao utilizado na linha.

Será imprescindível o uso de chapas de apoio de forma tal que o contratrilho receba fixação elástica. Isto
visa impedir a livre dilatação / contração do trilho da via em caso de fraturas.

Os parafusos de fixação vertical e lateral da grade da linha não tocarão a longarina, de forma que a grade
da linha e ponte resultem em unidade independentes (não sejam solidárias).

O ATT se estenderá a 120 metros além das cabeceiras das pontes. Se a proximidade com outra ponte de
tabuleiro aberto implicar que esta extensão atinja a região de influência desta outra ponte, o alívio se
estenderá a 120 metros além da outra cabeceira.
O ATT em pontes de tabuleiro aberto deve ser efetuado, preferencialmente, na FTN e em acordo com as
norma do ATT; devido à dificuldade de tracionar as barras sobre as pontes de tabuleiro aberto.

Recomendações gerais para alívio de tensão


Caso sejam necessários serviços como retirada de defeitos de trilhos, substituição ou instalação de juntas,
reparação de fraturas, substituição de meia-chave, trilhos de ligação, substituição de jacarés, em linhas com TCS,
deverão ser observados os seguintes fatores:

1. Temperatura de trilho na faixa neutra:

a. Neste caso não será necessário efetuar o ATT nas zonas de respiração adjacentes ao ponto de
fechamento do TCS, desde que não existam vestígios de tensões nos trilhos; mas deverá ser efetuado
ATT em todo o TCS.

2. Temperatura de trilho fora da faixa neutra

a. Neste caso deverá ser efetuado o ATT nas zonas de respiração (ZR) adjacentes ao ponto de fechamento
do TCS, pelo método da meia barra.

b. Caso a temperatura do trilho esteja acima do limite superior da faixa neutra, não é recomendado
executar serviços em linhas com TCS; em casos em que os mesmos tornem-se imprescindíveis, é
necessário efetuar o ATT posteriormente.

A extensão mínima a ser aliviada na extremidade de um TLS em serviço de recuperação de juntas, fratura
de trilho, substituição de meia-chave, etc, deve ser de uma ZR (zona de respiração). Utilizar método da
meia barra.

A extensão máxima de um TLS a ser aliviado é função das dificuldades impostas pela geometria da linha
e pela resistência ao deslocamento do trilho (sistema de roletes usados). Neste caso, são normalmente
adotadas as extensões:

Tangentes – extensões de no máximo 900 m

Curvas de grandes raios – extensões de no máximo 600 m

Curvas de pequenos raios – extensões de no máximo 216 m

Caso o segmento a ser aliviado seja composto por vários e pequenos pedaços de trilho (várias juntas ou
fraturas próximas) é necessário efetuar a soldagem dos pedaços, formando um único segmento maior,
ou a substituição por TLS no segmento para somente depois ser executado o ATT.

O ATT, quando executado a eito, deve ser realizado simultaneamente (na mesma jornada de trabalho) nas
duas fiadas de trilhos (direito e esquerdo).

Deve ser removida qualquer sujeira que possa impedir o livre rolamento da barra.

No caso de curvas, serão utilizados roletes laterais especiais, para impedir o tombamento do trilho.

Os serviços de nivelamento e alinhamento estão classificados entre os trabalhos que mais


desconsolidam a via e devem ser executados sempre que possível dentro da faixa de temperatura neutra
de cada trecho. Caso os serviços não se realizem na faixa de temperatura neutra, o trecho em questão é
considerado sem alívio de tensão.
Quando a amplitude das correções do alinhamento forem inferiores a 20mm ou de nivelamento
inferiores a 40 mm, as operações de alinhamento serão realizadas após ou durante o nivelamento. O
alívio térmico torna-se dispensável, desde que o lastro do ombro seja imediatamente guarnecido.

A correção de alinhamento superior a 20 mm ou nivelamento superior a 40 mm, é considerada como


intervenção que desestabiliza a linha, mesmo na faixa de temperatura neutra, tornando-se neste caso
necessário operar-se sob a proteção de uma limitação de velocidade de trens de 30 km/h e proceder-se
o ATT após decorrido o período de consolidação mínima correspondente a 2 x 105 toneladas trafegadas.

Nos trabalhos de alívio de tensão deverão ser substituídos todos os grampos sem pressão, sendo que os
grampos novos deverão ser preferencialmente aplicados na ZR para melhorar o retensoramento.

Os dormentes deverão estar perpendiculares ao eixo da linha e no espaçamento correto.

Nos ATT’s em trilhos longos soldados em que permanecerão juntas metálicas, a folga das mesmas será
nula, ou seja, as barras terão que estar topadas após o alívio. Como vantagem, ocorrerão menores
impactos nas juntas, com menor degradação das mesmas.

A substituição de grampos a eito poderá ser efetuada em qualquer temperatura, desde que:

Na ZN, os grampos podem ser retirados, deixando os dormentes ponteados 1 sim, 5 não.

Na ZR os grampos devem ser substituídos um a um de forma que a fixação fique sempre completa.

Nos serviços de substituição de dormentes a eito, deverá ser previsto o ATT após a consolidação da via
(2x105 toneladas trafegadas).

Nos serviços em que houver levante ou rebaixamento da linha com valores superiores a 100mm, deverá
ser previsto o ATT após a consolidação da via (200.000 toneladas trafegadas).

O serviço de desguarnecimento mecanizado poderá ser executado em qualquer temperatura. Após a


correção geométrica e consolidação mínima da via (200.000 toneladas trafegadas), deverá ser executado
o ATT.

Conclusão

Terminamos mais um assunto no nosso blog, este é o último que se relaciona com a manutenção de trilhos.
Neste post foi visto como a tensão longitudinal de temperatura gera a necessidade de realizar o alívio de tensão
térmica. Foi exposto também qual o melhor método de alívio a ser utilizado e quando ele deve ser utilizado. Para
saber mais sobre isto, inscreva-se no nosso curso on-line sobre Fundamentos de manutenção de via
permanente.

Texto adaptado do Manual Técnico de Manutenção da Ferrovia Centro-Atlântica

Escrito por Paulo Lobato e Laura Lima


Especialista em manutenção de via permanente ferroviária
Elevada experiência em gerenciamento de projetos e análise de viabilidade técnica-econômica de novos projetos
Engenheiro Civil formado pela UFMG em 2010 com curso de extensão em ferrovia e transportes pela École
Nationale des Ponts et Chaussées em Paris/França
Certificado em Gestão de Projetos pelo Project Management Institute (PMI)
Certificado em Inglês Avançado (CAE) pela Cambridge University
Pós-graduado em Engenharia Ferroviária pela PUC-Minas
Pós-graduado em Gestão de Projetos pelo IETEC
Pós-graduado em Restauração e Pavimentação Rodoviária pela FUMEC
Contato: (31) 98789-7662
E-mail: phlobato01@gmail.com

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