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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

BERNARDO LOPES PONCETTI

ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE INSTABILIDADE EM


EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO DEVIDO AO
AUMENTO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO
CONCRETO NOS PILARES

MARINGÁ
2016
2

BERNARDO LOPES PONCETTI

ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE INSTABILIDADE EM


EDIFÍCIOS DE CONCRETO ARMADO DEVIDO AO
AUMENTO DA RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO
CONCRETO NOS PILARES

Monografia apresentada como parte dos


requisitos necessários para aprovação no
componente curricular Trabalho de Conclusão do
Curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Maringá..

Orientador: Prof. Dr. Romel Dias Vanderlei

MARINGÁ
2016
3

BERNARDO LOPES PONCETTI

ANÁLISE DOS PARÂMETROS DE INSTABILIDADE EM EDIFÍCIOS


DE CONCRETO ARMADO DEVIDO AO AUMENTO DA
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO NOS PILARES

Monografia apresentada como parte dos


requisitos necessários para aprovação no
componente curricular Trabalho de Conclusão do
Curso de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Maringá.

Aprovada em ____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________
Prof. Dr. Romel Dias Vanderlei - UEM

_____________________________________________________
Prof. Dr. Rafael Alves de Souza - UEM

_____________________________________________________
Prof. Dr. Wilson Westey Wutzow
4

Dedico esse trabalho a minha família pelo constante


apoio. Em especial ao meu irmão Bruno pelo
companheirismo durante sua vida.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus por estar sempre presente.


Aos meus pais José Carlos Poncetti e Cilmara Rozane Lopes Poncetti por todas as
oportunidades, ensinamentos e pela confiança. Serão sempre um exemplo para mim.
Aos meus irmãos Bruno Lopes Poncetti, Gabriela Lopes Poncetti e Guilherme Lopes
Poncetti pelo carinho e companheirismo.
A minha namorada Tamy Rodrigues Baran pelo apoio.
Ao meu orientador nesse trabalho Professor Doutor Romel Dias Vanderlei, pelo
direcionamento e acompanhamento durante o projeto.
Aos integrantes da banca avaliadora Professor Doutor Wilson Wesley Wutzow por
todas as ajudas com o CAD TQS V18, Professor Doutor Rafael Alves de Souza pelos
conselhos dados para incrementar a pesquisa.
A todos os professores do Departamento de Engenharia Civil da Universidade
Estadual de Maringá, por todo conhecimento e pelo ensino de qualidade que obtive durante
meu período de graduação.
E a todos meus amigos que me acompanharam durante o curso.
6

O fracasso jamais o surpreenderá se a sua


vontade de vencer for suficientemente
forte.
O. G. Mandino
7

RESUMO

Em busca de um melhor aproveitamento dos espaços, e com as exigências impostas


pela arquitetura aos projetos atuais, surge à necessidade da evolução da tecnológica na
engenharia, tanto por parte de metodologias construtivas, quanto pelo avanço e
desenvolvimento dos materiais de construção. As cidades têm se tornado cada vez mais
verticais, e essa evolução tecnológica tem possibilitado os desafios arquitetônicos impostos à
engenharia, tornando cada vez maior a demanda por peças esbeltas. Uma solução plausível é
o emprego do concreto de alta resistência (CAR) na construção civil. As mudanças presentes
na ABNT NBR 6118:2014 possibilita a utilização de concretos com fck maiores do que 50
MPa, podendo chegar até 90 MPa, possibilitando o desenvolvimento de pilares esbeltos em
concreto armado. Porém, a redução das seções, juntamente com o aumento da classe do
concreto influenciam nos parâmetros de instabilidade globais fornecidos pela ABNT NBR
6118:2014. Devido a possibilidade de utilizar concretos mais resistentes e a sua influência na
estabilidade global dos edifícios, este trabalho tem como objetivo estudar o comportamento
do parâmetro de instabilidade α e do coeficiente γz com o aumento da classe do concreto,
variando de C25 à C90, em conjunto com a redução das seções dos pilares. Com o auxílio do
software de cálculo estrutural CAD/TQS v18.16, foi determinado a menor seção possível para
os pilares de um edifício padrão de 17 andares para concretos variando de C25 à C90, e a
partir do processamento da estrutura obteve-se os valores dos parâmetros de instabilidade α e
do coeficiente γz para classe de concreto estudada, e também o consumo de materiais
utilizados para cada estrutura. Com os resultados concluiu-se que apesar do aumento do
módulo de elasticidade devido ao acréscimo da classe do concreto, os parâmetros de
instabilidade aumentam devido a grande influência da redução da inércia. Conclui-se também
que mesmo com o aumento do preço do concreto conforme se aumenta a classe, o custo final
da estrutura tem redução até a classe C60 devido à redução no consumo de aço, obtendo a
classe C60 como a mais econômica para a estrutura estudada.

Palavras-chave: Concreto de alta resistência; CAD TQS ®; Estabilidade Global;


parâmetro de instabilidade α e coeficiente γz.
8

ABSTRACT

Cities have become increasingly vertical, and the technological developments have
made possible to the engineers to solve the architectural challenges, making a growing
demand for more slender pillars, reducing more and more the section of the pillars. A
plausible solution to solve the problem of reducing sections of the pillars together with
increasing virtualization of the buildings is the use of high-strength concrete in construction.
However, the reduction of the sections with the increase of the concrete resistance can
influence the global stability of the structure. This research studies the behavior of the
parameter of instability α and the γz coefficient with the increasing of the concrete resistance,
varying from 25 MPa to 90 MPa together with the reduction of the sections of the pillars.
Using a software CAD/TQS V18 for structural calculation, was determined the smallest
section possible for pillars of a standard concrete building with 17 floors with concrete with
different resistance, 25 MPa to 90 MPa, and then the analysis was made for the instability
parameter α and γz coefficient of each situation. The results showed that even with the
increase of the concrete resistance, the building had a decrease in the global stability. The
results also showed that even with the increase of the concrete price, the building final cost
have the lowest value for concrete with 60 MPa.

Key word: high-strength concrete, instability parameter α, γz coefficient, CAD/TQS.


9

SÍMBOLOS

Eci – Módulo de elasticidade


Ecs – Módulo de deformação secante
Ec – Módulo de deformação do concreto
EcsIc – Somatório dos valroes de rigidez de todos os pilares na direção considerada
Ic – Momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo mesas colaborantes
fck – Resistência característica à compressão do concreto
fcd – Resistência de cálculo à compressão do concreto
α - Parâmetro de instabilidade α
αE –Parâmetro em função da natureza do agregado que influência no módulo de elasticidade
αi – Fator de ajuste para módulo de elasticidade secante
αc – Parâmetro de redução da resistência do concreto na compressão
γz – Coeficiente γz
ε – Deformação específica
εc – Deformação específica do concreto
εs – Deformação específica do aço na armadura passiva
εcu – Deformação específica de encurtamento do concreto na ruptura
εc2 – Deformação específica de encurtamento do concreto no início do patamar plástico
σc – Tensão de compressão no concreto
λ – Relação entre a profundidade y do diagrama retangular de compressão equivalente e a
profundidade efetiva x da linha neutra
x – Profundidade da linha neutra
yi – Altura do pavimento i
H – Altura da estrutura
Hi – Força horizontal no pavimento i
Htot – Altura total da estrutura a partir do topo da fundação ou de um nível pouco deslocável
n – Número de níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação ou de um nível
pouco deslocável do subsolo
Nk – Carga vertical ou força normal com valor característico
Nk – Somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura com seu valor característico
Nd – Força normal de calculo
NRd – Força normal resistente de calculo
10

NSd – Força normal solicitante de calculo


a – deslocamento da estrutura
ai – deslocamento horizontal do pavimento i
q – ações do edifício
ΔMtot,d - Soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura
M1,tot,d – Momento de tombamento
MRd – Momento fletor resistente de calculo
M1d – Momento fletor de primeira ordem de calculo
Pi – Força vertical no pavimento i
11

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 Pavimento tipo da estrutura padrão. 18


Figura 3.1 Diagrama tensão x deformação. 20
Figura 3.2 Diagrama tensão-deformação do concreto (compressão simples). 21
(a)Diagrama de deformações. (b) Distribuição de tensão sem
Figura 3.3 simplificação. (c) Distribuição de tensão segundo o diagrama 23
retângulo aproximado.
(A) Reações na barra indeformada. (B) Reações na barra
Figura 3.4 27
deformada.
Figura 3.5 Grandezas usadas na determinação do EcsIc. 29
Figura 3.6 Grandezas usadas no cálculo do γz. 31
Figura 3.7 Envoltória de momento mínimo. 36
Figura 4.1 Vista lateral da estrutura. 38
Figura 4.2 Modelos de calculo CAD TQS V18. 38
Figura 4.3 Configuração da força do vento no CAD TQS V18. 39
Mensagem de erro que determina o final da iteração para cada
Figura 5.1 41
pilar.
Figura 5.2 Envoltória de resistência x solicitação 42
Envoltória de resistência x solicitação no limite da envoltória de
Figura 5.3 43
momentos mínimos.
Orientação para determinação dos parâmetros de instabilidade
Figura 6.1 47
globais.
12

LISTA DE TABELAS

Valores estimados do módulo de elasticidade em função da


Tabela 3.1 22
resistência característica do concreto.
Esforços resistentes conforme a resistência característica do
Tabela 3.2 23
concreto.
Tabela 4.1 Classes de concreto utilizadas no estudo. 37
2
Tabela 5.1 Área das seções transversais dos pilares em cm . 44
Tabela 6.1 Valores dos parâmetros de instabilidade. 45
Tabela 6.2 Valores médios de Ix e Iy para cada fck. 49
Tabela 7.1 Custo por m2 dor materiais para execução de formas. 50
Custo da forma para cada classe de concreto e diferentes
Tabela 7.2 51
quantidades de utilização.
Tabela 7.3 Custo de empreiteiro por m3 de execução de formas. 52
Tabela 7.4 Custo por kg para execução da armadura. 52
Tabela 7.5 Custo da barra de aço por kg (material e mão de obra). 52
Tabela 7.6 Consumo de aço em kg. 53
Tabela 7.7 Preço por m3 do concreto. 53
Tabela 7.8 Consumo de concreto e aço para cada classe de concreto, e custos. 54
Tabela 7.9 Custo total da estrutura. 56
13

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 3.1 Módulo de elasticidade x fck, segundo a ABNT NBR 6118:2014. 24


Gráfico 3.2 Comparação da área de concreto x Resistencia característica. 33
Gráfico 3.3 Comparação do custo dos pilares x fck e modelo de calculo. 33
Gráfico 6.1 Parâmetro de instabilidade α x fck (90,270) 45
Gráfico 6.2 Parâmetro de instabilidade α x fck (0,180) 46
Gráfico 6.3 Coeficiente γz x fck (90, 270). 46
Gráfico 6.4 Coeficiente γz x fck (0, 180). 47
Gráfico 6.5 Inércia média dos pilares em X. 48
Gráfico 6.6 Inércia média dos pilares em Y. 49
Gráfico 7.1 Custo da forma para cada classe de concreto e quantidade de uso 52
Custo do concreto e do aço para cada classe de resistência do
Gráfico 7.2 55
concreto.
Custo total da estrutura para cada classe de concreto, com
Gráfico 7.3 55
diferentes reaproveitamentos das formas.
Gráfico 8.1 Consumo de concreto para cada classe utilizada. 58
14

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15
1.1 JUSTIFICATIVA 16
1.2 OBJETIVOS 17
1.2.1 Objetivo Geral 17
1.221 Objetivos Específicos 17
2 Metodologia 18
3 REVISÂO BIBLIOGRÁFICA 20
3.1 CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA 20
3.2 ESTABILIDADE GLOBAL DAS ESTRUTURAS 24
3.2.1 Introdução 24
3.2.2 Não-Linearidade Física 25
3.2.3 Não-Linearidade Geométrica 27
3.2.4 Nós Fixos e Nós Móveis 28
3.2.5 Parâmetro de Instabilidade α 28
3.2.6 Coeficiente γz 30
3.3 PILARES 32
3.3.1 Método do Pilar-Padrão com Rigidez Kappa Aproximada 34
3.3.2 Envoltória de Momento Mínimo de Primeira e Segunda Ordem 35
4 MODELAGEM DO ESTUDO 37
5 DIMENSIONAMENTO E ITERAÇÕES 41
6 RESULTADOS DE INSTABILIDADE GLOBAL 45
7 CONSUMO DE MATERIAIS E CUSTOS TOTAIS 50
8 CONCLUSÃO 57
REFERÊNCIAS 59
15

1 INTRODUÇÃO

Com o aumento da população mundial, e o crescimento demográfico das cidades e a


valorização do espaço urbano, fica cada vez mais importante o bom aproveitamento das áreas
urbanas. Essa necessidade de melhor aproveitamento do espaço vem transformando o perfil
das cidades tornando-as cada vez mais verticais, exigindo a elaboração de obras cada vez
mais complexas, gerando assim a necessidade de avanços tecnológicos na engenharia civil e
consequentemente proporcionando o desenvolvimento de novos materiais e métodos
construtivos.
Segundo Helene e Hartman (2010), a evolução da tecnologia do concreto tem sido
constante. No início da década de 40, concretos de 30 MPa já eram considerados de alta
resistência. No final dos anos 50, esse nível pulou para 50 MPa, e no início dos anos 80, já se
produziam concretos com mais de 100 MPa. Com a melhoria das propriedades intrínsecas do
concreto, tem sido possível alcançar níveis de excelência muito além do que se imaginava há
poucos anos, possibilitando enfrentar projetos cada vez mais desafiadores impostos pelo
avanço da arquitetura, com elevadas solicitações mecânicas, físicas e químicas, como por
exemplo edificações com altura elevada.
Com concretos mais resistentes, tornou-se possível, a construção de edifícios altos sem
a necessidade do emprego de pilares com grandes seções transversais para resistir às grandes
solicitações gerada pela grandiosidade das edificações. Porém, consequentemente, produzindo
estruturas com menor rigidez devido a redução da seção dos pilares, e incrementando a
necessidade da consideração de efeitos de segunda ordem nos projetos.
Com este aumento significativo na altura das edificações, a atenção não deve ser dada
apenas às cargas verticais nos pilares, mas também, à instabilidade global da edificação, de tal
forma que os pilares possam resistir aos esforços horizontais. A ação do vento é a principal
causa desses esforços horizontais nas edificações altas. Mas também se deve ter atenção à
assimetria da geometria da estrutura que poderá também causar ou se combinar com as cargas
do vento, provocando importantes deslocamentos horizontais (Wordell, 2003).
16

1.1 JUSTIFICATIVA

Segundo Carvalho e Pinheiro (2009), os efeitos de segunda ordem são, em geral,


maiores quando existem ações laterais significativas atuando em uma estrutura. Se essa
Estrutura possuir uma grande rigidez, os valores dos deslocamentos serão pequenos,
resultando em momentos de segunda ordem desprezíveis para efeito de cálculo.
As estruturas, mesmo as mais simples, estão sempre sujeitas, além das ações
gravitacionais, às ações laterais decorrentes, principalmente, por efeito de ventos. No caso de
estruturas de grande altura, ou que têm relação entre altura e maior dimensão em planta
grande, estes efeitos se tornam mais importantes e podem, inclusive, desencadear situações de
instabilidade do edifício (CARVALHO e PINHEIRO, 2009).
O aumento da altura dos edifícios, combinado com a possibilidade da redução das
seções transversais dos pilares, devido a evolução dos concretos, causa à edificação uma
maior ação das cargas verticais, principalmente provocada pelo vento, ao mesmo tempo em
que reduz a rigidez dos elementos estruturais que ajudariam a manter a estabilidade da
estrutura, aumentando assim os valores obtidos no cálculo dos parâmetros de instabilidade
global da ABNT NBR 6118:2014, e também aumentando a influência dos efeitos de segunda
ordem no dimensionamento da estrutura.
17

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo desse trabalho é estudar o comportamento dos parâmetros de instabilidade


global com a redução das seções transversais de pilares, para diferentes resistências à
compressão do concreto, seguindo as considerações apresentadas na ABNT NBR 6118:2014.

1.2.2 Objetivos Específicos

Especificamente este trabalho pretende simular a estrutura de um edifício alto com 17


andares, utilizando o software de cálculo estrutural CAD TQS V18, aumentando-se o fck dos
pilares (de 25 MPa à 90 MPa) e reduzindo o máximo possível a seção transversal dos
mesmos, obedecendo a NBR 6118:2014, para verificar o comportamento do parâmetro de
instabilidade α e do coeficiente γz, seguindo todos os procedimentos e limites apresentando na
ABNT NBR 6118:2014, em seguida avaliar o custo apresentado para cada estrutura estudada.
18

2 METODOLOGIA

Para se alcançar os objetivos propostos nesse trabalho foram adotadas as seguintes


etapas:
1. Realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o assunto: concreto de alta resistência,
pilares, não-linearidade física e geométrica, métodos de cálculo de pilares,
estabilidade global, efeitos de segunda ordem, parâmetro da instabilidade α e o
coeficiente γz.
2. Foi adotado um edifício padrão, para ser usado em todas as etapas do estudo, de 28
metros por 12 metros de área, com 8 fileiras de pilares na maior dimensão e 4 na
menor dimensão, todos igualmente espaçados, com vigas ligando todos os pilares e
formando assim lajes de 4x4m. Adotou-se um edifício com 17 andares com pé
direito de 3 metros de altura, totalizando uma dimensão vertical de 51 metros
(Figura 1).
Figura 2.1 – Pavimento tipo da estrutura padrão.

Fonte: Autor.
3. Em seguida foi feito um pré-dimensionamento da estrutura, e então usando o
CAD/TQS V18.16 foi feito uma otimização das dimensões das lajes e vigas dos
pavimentos, adotando um concreto com fck=25MPa, para ser usado em todas as
etapas do estudo. As lajes foram adotadas com altura de 10 cm e as vigas com
dimensões de 20 cm de base por 85 cm de altura, foram adotadas vigas com
grandes dimensões para que ela não tivesse grande influência no deslocamento do
pórtico espacial, já que o objetivo desse trabalho é estudar os pilares.
4. Com as dimensões das vigas e lajes, e com o pré-dimensionamento dos pilares já
realizado, foi modelado, no CAD/TQS V18.16, o edifício pré-determinado de 17
19

andares com 51 metros de altura, posicionando-se todas as cargas consideradas


para o estudo e fornecendo os coeficientes para o esforço causado pelo vento para
um edifício situado na região central da cidade de Maringá no Paraná. Então foi
possível começar o processo iterativo para determinar a menor seção transversal
dos pilares.
5. A classe C90 foi a primeira estudada, fazendo-se um processo iterativo, reduzindo
de 5 cm em 5 cm a seção dos pilares e fazendo o processamento global do CAD
TQS para cada redução feita, os pilares foram reduzidos até surgir um alerta do
CAD TQS de que não era possível fazer o dimensionamento do elemento
estrutural, encontrando assim a menor dimensão possível para todos os pilares do
edifício, que seria a seção transversal anterior ao erro apresentado pelo software.
Foi iniciado pela classe C90 para facilitar a iteração para as próximas classes, visto
que ao diminuir o fck com a mesma configuração de pilares de C90 o CAD TQS
avisaria quais pilares não foram possíveis serem dimensionados.
6. Na sequência reduziu-se a classe do concreto para C85, e encontrou-se a menor
seção transversal possível reduzindo novamente os pilares de 5cm em 5cm. O
procedimento se repetiu até a classe C25.
7. Com o modelo estudado dimensionado para todas as classes de concreto (C25 à
C90), foi coletado os valores do parâmetro da instabilidade α e o coeficiente γz,
obtidos com o processamento global do CAD/TQS, a partir do relatório de
instabilidade global do software, e também foi verificado outros dados pertinentes
para o estudo sugerido.
8. Com todas as informações coletadas foi realizado o estudo proposto para este
trabalho.
20

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 CONCRETO DE ALTA RESISTÊNCIA

A mais recente atualização da ABNT NBR6118, que entrou em vigor em 2014,


apresenta entre suas mudanças as considerações necessárias para a utilização de concretos
com alta resistência (CAR). Destaca-se para esse trabalho, devido suas mudanças
influenciarem no estudo da estabilidade da edificação, o comportamento do diagrama tensão e
deformação na compressão do concreto, e a determinação do módulo de elasticidade.
A ABNT NBR 6118:2014 apresenta diferentes formas para o cálculo do diagrama
tensão x deformação para concretos convencionais e concreto de alta resistência (CAR). O
Figura 3.1 mostra o diagrama recomendado pela ABNT NBR 6118:2014 para a relação tensão
x deformação do concreto.

Figura 3.1 – Diagrama tensão x deformação.


Fonte: ABNT NBR 6118:2014

Sendo o cálculo da tensão de compressão determinado pela equação 3.1.

( ) (3.1)

Onde para fck≤50MPa: n=2


para fck>50MPa: ( ⁄
Os valores dos parâmetros (deformação específica de encurtamento do concreto no
início do patamar plástico) e (deformação específica de encurtamento do concreto na
ruptura) são definidos como 2,0‰ e 3,5‰, respectivamente, para concretos de classe até C50.
Para concretos de classes C55 até C90 são definidos pelas equações 3.2 e 3.3.
( ; (3.2)
( ⁄ (3.3)
21

Quando submetido a certas tensões o concreto apresenta um comportamento não-


linear. Esse comportamento acontece devido à microfissuração que ocorre na interface entre o
agregado graúdo e a pasta de cimento. No diagrama tensão-deformação, obtido em um ensaio
de compressão simples, mostrado na Figura 3.2, observa-se que não há proporcionalidade
entre tensão e deformação (Araújo, 2008).
Conforme demonstrado na Figura 3.2, os valores de Ec (módulo de deformação
longitudinal tangente) que representa a inclinação da reta tangente à curva na origem do
diagrama, e o módulo secante Ecs que é a inclinação da reta que passa pela origem e corta o
diagrama no ponto correspondente a uma tensão da ordem de 0,4fc, podem ser determinados a
partir de ensaios de tenção e deformação do concreto.

Figura 3.2 – Diagrama tensão-deformação do concreto (compressão simples).


Fonte: Araújo, 2008.

Para a obtenção do Ec e do Ecs a ABNT NBR 8522:2008 estabelece o método de


ensaio para obtenção do módulo de elasticidade do concreto, sendo respeitado nesta norma o
módulo de deformação tangencial inicial, adquirido aos 28 dias. No entanto, quando não for
possível fazer este ensaio, a ABNT NBR 6118:2014 (item 8.2.8) apresenta meios para se
estimar os valores de módulo de elasticidade inicial utilizando as expressões 3.4 e 3.5 a
seguir.
√ para fck de 20 MPa a 50 MPa; (3.4)

( , para fck de 55 MPa a 90 Mpa. (3.5)
22

sendo
αE = 1,2 para basalto e diabásio
αE = 1,0 para granito e gnaisse
αE = 0,9 para calcário
onde Eci e fck são dados em MPa.
Segundo a ABNT NBR6118:2014 o módulo de deformação secante (Ecs) pode ser
estimado pela equação 3.6:
Ecs=αi.Eci (3.6)

sendo (3.7)

Com isso obtemos a Tabela 3.1, que representa os valores dos módulos de elasticidade
para diferentes classes de concreto.
Tabela 3.1 – Valores estimados do módulo de elasticidade em função da resistência
característica do concreto.

Fonte: ABNT NBR 6118:2014


Vale lembrar que a ABNT NBR 6118:2014 considera para análise no estado limite
último a utilização do diagrama mostrado na Figura 3.1, ou a utilização das simplificações
propostas na Seção 17 da norma. O que, portanto, influência nos estudos de instabilidade dos
edifícios.
A simplificação apresentada sessão 17 da ABNT NBR 6118:2014 considera que o
diagrama da Figura 3.2 pode ser substituído por um retângulo de profundidade y=λx,
apresentado na Figura 3.3, onde o parâmetro λ é igual à:
0,8 para fck ≤ 50MPa, ou
( para fck>50MPa. (3.8)
E a tensão constante atuante até a profundidade y pode ser igual a αc.fcd, sendo αc
definido como:
Para concretos de classes até C50, αc=0,85
23

Para concretos de classes de C50 até C90, ( ⁄ (3.9)

Figura 3.3 – (a) Diagrama de deformações (b) Distribuição de tensão sem


simplificação (c) Distribuição de tensão segundo o diagrama retângulo aproximado.
Fonte: Gonçalves Junior e Vanderlei (2015).
Conforme demonstrado por Gonçalves Junior e Vanderlei (2015), Tabela 3.2, o
método de cálculo de NBR 6118:2014, para o CAR, leva a resistências a compressão menores
do que os valores obtidos seguindo os procedimentos da NBR 6118:2007. Gonçalves Junior e
Vanderlei (2015) concluem que quanto maior for a resistência característica do concreto,
maior será a diferença entre os valores apresentados pelas duas normas, tornando mais
expressiva essa diferença a partir de resistências à compressão maiores que 55 MPa.
Tabela 3.2 – Esforços resistentes conforme a resistência característica do concreto.

Fonte: Gonçalves Junior e Vanderlei(2015).


24

Isso demonstra que a ABNT NBR 6118:2014 trata os concretos de alta resistência de
forma mais conservadora. Além da Tabela 3.2, a nova formulação para o cálculo do módulo
de elasticidade apresentado na norma também demonstra a visão conservadora a respeito da
utilização dos concretos de alta resistência, sendo possível ver a influencia da nova
formulação no Gráfico 3.1. Conforme o gráfico, a partir da utilização de concretos com
resistências características superiores a 50 MPa, a reta que representa o módulo de
elasticidade possui uma inclinação menor.
Gráfico 3.1 – Módulo de elasticidade x fck segundo a ABNT NBR 6118:2014

Fonte: Autor.
Segundo Gonçalves Junior e Vanderlei (2015), a explicação de a norma tratar de
forma mais conservadora os concretos de alta resistência, está relacionada com o aumento da
fragilidade do concreto. Segundo Gonçalves Junior e Vanderlei (2015), pilares projetados
com CAR, apresentam não apenas uma ruptura “mais frágil”, como também são mais
suscetíveis ao descolamento do cobrimento de concreto das armaduras.

3.2 ESTABILIDADE GLOBAL DAS ESTRUTURAS

3.2.1 Introdução

A estabilidade de uma estrutura pode ser entendida como a sua capacidade de manter o
equilíbrio sob a incidência de ações. É possível pensar que a solução para a estrutura é em sua
posição indeformada, o que seria uma análise de primeira ordem. Porém, esse tipo de
avaliação não leva em consideração os esforços adicionais que aparecem devido à
combinação dos deslocamentos horizontais dos nós da estrutura e o carregamento vertical.
25

Sendo assim, é preciso considerar a estrutura em sua posição deformada, ou seja, é necessário
realizar uma análise de segunda ordem (Lima, 2001).
Existem alguns coeficientes para a verificação da estabilidade global de um edifício,
chamados de parâmetros de estabilidade global, que classificam a estrutura como sendo de
nós fixos ou móveis, e determinam se há a necessidade da consideração dos efeitos de
segunda ordem, e em alguns casos, como no coeficiente γz, podem servir como majorador dos
esforços de primeira ordem.
O efeito de primeira ordem são os esforços obtidos da geometria inicial da estrutura
sem deformação, já os esforços decorrentes da deformação da estrutura são chamados de
efeitos de segunda ordem. Segundo Carvalho e Pinheiro (2009, p. 216), “a consideração dos
efeitos de segunda ordem conduz à não-linearidade entre as ações e deformações essa não-
linearidade, devido sua origem, é chamada de não linearidade geométrica. A fissuração e
fluência do concreto levam (...) a uma não-linearidade física”.
Segundo Moncayo (2011), para um bom entendimento desses parâmetros de
instabilidade, é necessário explicar um pouco sobre a análise não-linear devido o concreto
armado possui um comportamento não-linear. Existem basicamente dois tipos de não-
linearidade em estruturas de concreto armado, a não-linearidade física e a não-linearidade
geométrica.

3.2.2 Não-Linearidade Física

Segundo Pinto (1997), a não-linearidade física considera a instabilidade que é causada


pelo comportamento do material, que neste caso é o concreto armado. Os efeitos da fluência,
do escoamento da armadura e da fissuração, todos eles conferem ao concreto armado um
comportamento não-linear. Ainda segundo Pinto (1997), os deslocamentos laterais resultantes
da análise estrutural são influenciados pela rigidez dos membros que constituem a estrutura e,
portanto, é necessário estimar essa rigidez através de processos que considerem a não-
linearidade física dos materiais empregados na estrutura.
De acordo com Fusco (1976, p.126) para que uma estrutura tenha um comportamento
linear é necessário a utilização de um material com comportamento linear e com uma
geometria adequada da estrutura. Caso uma dessas duas condições não seja satisfeita, a
estrutura apresentará um comportamento não linear, surgindo uma não linearidade física ou
geométrica. Segundo Wordell (2003, p.27) é importante considerar as propriedades do
26

concreto armado, que apresenta uma curva tensão-deformação não linear (como pode ser
visto na Figura 02). Onde, devido à curva não ser linear, tem-se uma variação no valor do
módulo de elasticidade (E). Wondell (2003) também sita a fissuração do concreto decorrente
do aumento das solicitações como um redutor significativo da inércia das seções transversais,
fazendo com que o valor da rigidez da seção não permaneça constante.
No entanto, segundo Pinto (1997) a consideração da não linearidade física é bastante
complexa, sendo inviável sem a utilização de software computacional, por que implica na
determinação da rigidez de cada elemento estrutural a partir de cada material constituinte,
desde a quantidade e disposição de armadura, como da quantidade de solicitação do elemento.
Devido à complexidade da consideração da não-linearidade física nas estruturas, a
ABTN NBR 6118:2014, no item 15.7.3 considera para a análise de esforços globais de 2 a
ordem, para estruturas com no mínimo 4 pavimentos, a não linearidade física de maneira
aproximada, adotando os seguintes valores como rigidez dos elementos estruturais:
para lajes: (EI)sec=0,3EcIc (3.10)
para vigas: (EI)sec=0,4EcIc para As’≠As e (3.11)
(EI)sec=0,5EcIc para As’≠As (3.12)
para pilares: (EI)sec=0,8Ecic (3.13)
onde
Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo as mesas colaborastes.
Ec é o valor representativo do módulo de deformação do concreto, deve seguir as
considerações do item 8.2.8 da ABNT NBR 6118:2014.
Os estudos realizados por Pinto (1997) mostram que os valores de EI são muito
influenciados por diversos fatores. Entretanto, Pinto (1997), conclui pelos exemplos
analisados em seu trabalho, que a redução da inercia sugerida nas Equações 3.11, e 3.13 são
bastante razoáveis.
Segundo Moncayo (2011), além das reduções de inércia apresentadas nas Equações
3.10, 3.11, 3.12 e 3.13, quando a estrutura for composta apenas por vigas e pilares, sem a
presença de elementos de maior rigidez, como pilares-parede de poço de elevador, e γz for
menor que 1,3, é permitido calcular a rigidez das vigas e pilares por (EI)sec=0,7Ecic.
Esses valores são válidos apenas para efeitos de 2a ordem globais, não sendo permitido
pela ABNT NBR6118 a utilização dos mesmos para avaliar os efeitos locais de 2a ordem por
serem valores aproximados. Para os efeitos de segunda ordem locais deve-se utilizar um dos
seguintes métodos presentes item 15.8 da norma: curvatura aproximada, kapa aproximado,
kapa acoplado a diagrama N-M-1/r e método geral.
27

3.2.3 Não-Linearidade Geométrica

Segundo Pinto (1997) os efeitos devidos à não-linearidade geométrica são causados


pela mudança de posição da estrutura no espaço. Ainda segundo Pinto (1997), é necessário
estar atento ao problema de não-linearidade geométrica nos projetos de edifícios altos quando
a estrutura é solicitada por carregamentos verticais e horizontais. Porque o carregamento
vertical pode causar um acréscimo de esforços quando estiver agindo em uma estrutura
deslocada, podendo leva-la ao colapso.
Como podemos ver na Figura 3.4(A), o pilar na posição ideal, ou uma estrutura,
apresenta como reação aos esforços FV e FH apenas o momento M1 na base, e as reações Rh e
Rv, no entanto a Figura 3.4(B) mostra o mesmo pilar, sobre ação dos mesmos esforços,
porém, sofrendo um deslocamento u devido ao esforço Fh, gerando assim uma não-linearidade
geométrica na estrutura, que consequentemente causa um acréscimo M2 nas solicitações da
estrutura, esse acréscimo é conhecido como efeito de segunda ordem, nesse caso causado pela
não-linearidade geométrica.

Figura 3.4 – (A) Reações na barra indeformada, (B) Reações na barra deformada
Fonte: Moncayo (2010).
28

3.2.4 Nós Fixos e Nós Móveis

A NBR 6118:2014 considera as estruturas classificadas como de nós fixos e de


nós móveis, sendo de nós fixos quando os efeitos globais de segunda ordem são inferiores a
10% dos respectivos esforços de 1a ordem, provocando pequenos deslocamentos horizontais
nos nós, tornando assim desprezíveis os efeitos globais de 2a ordem. Nessas estruturas, basta
considerar os efeitos locais de 1a ordem.
As estruturas de nós móveis são aquelas onde os deslocamentos horizontais não são
pequenos e, em decorrência, os efeitos globais de 2a ordem são importantes (superiores a 10%
dos respectivos esforços de 1a ordem). Nessas estruturas devem ser considerados tanto os
esforços de 2a ordem globais como os locais e localizados (NBR 6118:2014).
A ABNT NBR 6118:2014 considera obrigatório, na análise estrutural de estruturas de
nós móveis, a consideração dos efeitos da não linearidade geométrica e da não linearidade
física, e também é obrigatório a consideração dos efeitos globais e locais de 2a ordem no
dimensionamento.
A NBR 6118:2014 apresenta dois processos aproximados para verificar se a estrutura
pode ser classificada como nós fixos ou móveis, ou seja, para verificar se há a necessidade ou
não de considerar os esforços de segunda ordem globais. Esses critérios são o parâmetro de
instabilidade α e o coeficiente γz.

3.2.5 Parâmetro de Instabilidade α

Segundo Wordell (2003), o parâmetro de instabilidade α foi e estabelecido por Hubert


Beck e Gert Koning em 1967, e foi incorporado pelo Código Modelo CEB-FIP 1978.
Atualmente o parâmetro é utilizado por projetistas do mundo inteiro e é apresentado como
critério de instabilidade global pela ABNT NBR 6118.
Este parâmetro tem como objetivo único de fornecer uma avaliação da sensibilidade
da estrutura aos efeitos de segunda ordem. Se for necessário a consideração dos esforços
adicionais, devido aos deslocamentos da estrutura, o projetista deverá utilizar um coeficiente
de majoração ou algum outro processo para obter o acréscimo destes esforços de segunda
ordem (Wordell, 2003).
29

A ABNT NBR 6118/2014 considera que uma estrutura reticulada simétrica deve ser
obrigatoriamente considerada como sendo de nós móveis se seu parâmetro de instabilidade α
for maior ou igual ao valor de α1, sendo α determinado pela expressão 3.14:

√( (3.14)

onde
α1 = 0,2+0,1n se n ≤ 3
α1 = 0,6 se n ≥ 4
sendo
n: o número de níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação ou de um nível
pouco deslocável do subsolo;
Htot: a altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou de um nível pouco
deslocável do subsolo;
Nk: o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir do nível
considerado para o cálculo de Htot), com seu valor característico;
EcsIc: representa o somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção considerada.
No caso de estruturas de pórticos, de treliças ou mistas, ou com pulares de rigidez variável ao
longo da altura, pode ser considerado o valor da expressão EcsIc de um pilar equivalente de
seção constante;
Para a determinação da rigidez equivalente deve ser calculado o deslocamento do topo
da estrutura, sob efeito das cargas horizontais. Em seguida calcula-se a rigidez de um pilar
com seção constante, engastado na base e livre no topo, com a mesma altura da estrutura
estudada, considerando que o pilar sofra o mesmo deslocamento no topo que o deslocamento
da estrutura, sobre a ação do mesmo carregamento, conforme a Figura 3.5.

Figura 3.5 – Grandezas usadas na determinação do EcsIc.


30

Onde H, a e q corresponde à altura da estrutura, o deslocamento e as ações do edifício,


respectivamente. E assim é possível determinar o valor de EI pela equação 3.15:

(3.15)

Segundo Moncayo (2010), o parâmetro α não leva em conta a fissuração dos


elementos, pois considera a estrutura um meio elástico, no entanto, a não-linearidade física do
concreto é considerada na dedução do limite α1 uma vez que o concreto quando submetido à
compressão já possui um comportamento não-linear. Moncayo (2010) observa que para a
dedução de α1 foi levado em conta uma carga vertical de cálculo Nd = 1,4.Nk e a rigidez
reduzida igual a 0,7EcsIc, justificando o motivo de utilizar esforços característicos e rigidez
integral da seção no calculo do parâmetro α.

3.2.6 COEFICIENTE γz

O coeficiente γz é um parâmetro com origem nos estudos de Franco e Vasconcelos


(1991) que além de avaliar a estabilidade global de uma edificação em concreto armado,
também é capaz de estimar os esforços de segunda ordem por uma majoração dos esforços de
primeira ordem. (Moncayo, 2011).
O coeficiente γz tem o objetivo de considerar os efeitos de 2a ordem de forma simples
sem a necessidade de efetuar uma análise não-linear da estrutura, sendo capaz de estimar os
esforços oriundos dos efeitos de 2a ordem globais. Representando um amplificador dos
esforços de 1a ordem (Goulart, 2008). Segundo Bernardi (2010) “a grande vantagem desse
método é a necessidade de uma única análise linear de primeira ordem da estrutura”.
A ABNT NBR 6118:2014 trata o coeficiente γz como coeficiente para analisar a
importância dos esforços de segunda ordem globais para estruturas reticuladas de no mínimo
quatro andares. Podendo ser determinado utilizando os resultados de uma análise linear de
primeira ordem, para cada caso de carregamento, considerando os valores de rigidez do item
15.7.3 da norma (Equações 10, 11, 12 e 13 deste trabalho).
Segundo Moncayo (2011), diferente do parâmetro de instabilidade α, o coeficiente γ z
considera de forma aproximada a não-linearidade física pois é determinado usando esforços
de cálculo e a rigidez reduzida (Equação 10, 11, 12 e 13) que são aproximações para a
consideração da não-linearidade física da estrutura.
31

O valor de γz para cada combinação de carregamento é determinado, segundo a ABNT


NBR 6118:2014, pela equação 3.16:
(3.16)

Onde, M1,tot,d é o momento de tombamento, que é a soma dos momentos de todas as


forças horizontais da combinação considerada, com seus valores de cálculo, em relação à base
da estrutura.
∑ (3.17)
Sendo yi a altura do pavimento i em relação à base da edificação e Hi a força
horizontal no pavimento i.
Enquanto ΔMtot,d é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na
estrutura, na combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos
horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos da análise de 1a ordem.
∑ (3.18)
Onde ai é o deslocamento horizontal do pavimento i em relação a base, e Pi é a força
vertical no pavimento i, conforme mostrado na Figura 3.6.
Caso γz tenha valor superior à 1,1 a estrutura é considerada de nós móveis. Tornando
necessário a consideração dos esforços globais de segunda ordem.
Figura 3.6 – Grandezas usadas no cálculo do γz.

Fonte: Bernardi (2010).


A ABNT NBR 6118:2014 apresenta uma solução aproximada para determinar os
esforços globais de 2a ordem, válido para γz ≤ 1,3, que consiste na avaliação dos esforços
finais (a soma dos esforços de primeira e segunda ordem) com a majoração adicional dos
32

esforços horizontais da combinação de carregamento considerada por 0.95 γz. Entretanto, esse
método fornece apenas os esforços nas extremidades das barras, não sendo aplicável para
análise dos efeitos locais de 2a ordem, que devem ser determinado segundo o item 15.8 da
norma.
No entanto, Pinto (1997) aconselha que o coeficiente γz seja considerado até um valor
limite de 1,2, pois quando comparado com métodos que consideram a não-linearidade
geométrica de forma mais precisa, o coeficiente γz começa a apresentar erros considerados
altos, alcançando erros acima de 5% contra a segurança para γz maior que 1,2.

3.3 PILARES

Pilares são elementos estruturais dispostos na vertical, onde as forças normais são
predominantemente de compressão, que possui como função primária receber as ações
atuantes na edificação e transmiti-las para a fundação. Os elementos de concreto armado
formam pórticos, que além de resistirem as cargas verticais e horizontais, também asseguram
a estabilidade global do edifício (Scadelai e Pinheiro, 2005).
Para a consideração dos efeitos de segunda ordem locais nos pilares, a ABNT NBR
6118:2014 apresenta no item 15.8 os seguintes métodos de cálculo: curvatura aproximada,
kapa aproximado, kapa acoplado a diagrama N-M-1/r e método geral.
Em um estudo realizado por Romeiro (2015), ele obteve o resultado da utilização de
cada método para diferentes classes de concreto, variando a resistência característica a
compressão de 25 MPa até 90 MPa, para um único pilar. Com os resultados obtidos Romeiro
verificou o método de cálculo 1/r como sendo o que proporcionava maiores custos na
construção, e o método geral como sendo o mais econômico, também é possível verificar no
Gráfico 3.2, que o método kapa aproximado proporciona resultados médios entre os outros
métodos.
Em seu trabalho, Romeiro (2015), manteve a armadura dos pilares constante, variando
apenas a resistência característica do concreto, e diminuindo a seção transversal dos pilares ao
máximo, levando-os à iminência de ruptura. Com isso ele concluiu que a utilização de
concretos com resistência características de 50 MPa podem ser mais econômicos do que
outros concretos conforme o Gráfico 3.3. Nesse gráfico novamente vemos o método kapa
aproximado com valores médios. Devido a esses resultados, para esse trabalho o CAD TQS
33

v18, será configurado para utilizar o método de cálculo kapa aproximado, para obtenção de
resultados com valores médios.
Gráfico 3.2 – Comparação da área de concreto x Resistencia

Fonte: Romeiro (2015)


Gráfico 3.3 – Comparação do custo dos pilares x fck e modelo de calculo

Fonte: Romeiro (2015)


34

3.3.1 Método do Pilar-Padrão com Rigidez Kappa Aproximada

Segunda a NBR 6118:2014 o método do pilar-padrão com rigidez k aproximada é


empregado apenas no cálculo de pilares com com seção retangular constante e
armadura simétrica e constante ao longo de seu eixo. A não linearidade geométrica deve ser
considerada de forma aproximada, supondo-se que a deformação da barra seja senoidal. A
não linearidade física deve ser considerada através de uma expressão aproximada da rigidez.
A determinação do momento total máximo no pilar deve ser feita a partir da majoração
do momento de 1a ordem pela expressão 3.19:
 b.M 1d , A
M Sd ,tot 
²
1
120 / v (3.19)
Onde o valor da rigidez adimensional k é dado pela expressão 3.20:
M Rd ,tot
 aprox  32(1  5 )
h.Nd (3.20)
Em um processo de dimensionamento, toma-se MRd,tot = MSd,tot. Em um processo
de verificação, onde a armadura é conhecida, MRd,tot é o momento resistente calculado com
essa armadura e com Nd = NSd = NRd.
O valor (força normal adimensional) é obtido pela expressão 3.21:

(3.21)

E b deve ser obtidos, segundo a NBR 6118:2014, conforme estabelecido a seguir:


a) para pilares bi-apoiados sem cargas transversais b = 0,6+0,4.(MB/MA) sendo que 1,0
b 0,4
b) para pilares bi-apoiados com cargas transversais significativas ao longo da altura
b=1,0;
c) para pilares em balanço b = 0,8+0,2.(Mc/MA) sendo que 1,0 b 0,85;
d) para pilares bi-apoiados ou em balanço com momentos menores que o momento
mínimo estabelecido b=1,0.
Observa-se que o valor da rigidez adimensional k é necessário para o cálculo de Md,tot
e que para a determinação de k utiliza-se o valor de Md,tot. Assim, a solução somente pode ser
obtida por tentativas, um processo iterativo. Usualmente, poucas iterações são suficientes
(Scandelai e Pinheiro, 2003).
35

Segundo a NBR6118:2014 em um caso de dimensionamento o processo aproximado


recai na seguinte formulação:
A.M ² Sd ,tot  B.M Sd ,tot  C  0
(3.22)
Onde
A  5.h (3.23)
Nd .Le²
B  h².Nd   5.h. b.M 1d , A (3.24)
320
C   Nd .h ². b.M 1d , A (3.25)

b  b 2  4ac
M Sd ,tot  (3.26)
2.a

3.3.2 Envoltória de Momento Mínimo de Primeira e Segunda Ordem

Segundo a ABNT NBR 6118:2014, item 11.3.3.4.3, o efeito das imperfeições locais
nos pilares pode ser substituído, em estruturas reticuladas, pela consideração do momento
mínimo de 1a ordem determinado pela Equação 26. Em caso da necessidade da consideração
dos efeitos locais de 2a ordem, a consideração do momento mínimo deve considerar a
envoltória de momento mínimo com o acréscimo dos esforços de segunda ordem conforme o
item 15.3.2 da norma, apresentado na Figura 3.7.
( (26)
Segundo a ABNT NBR 6118:2014 o dimensionamento adotado é aceito quando for
atendido o critério do momento mínimo, ou seja, o dimensionamento adotado deve obter uma
envoltória de resistência que englobe a envoltória mínima (seja ela de primeira ou de segunda
ordem).
36

Figura 3.7 – Envoltória de momento mínimo.


Fonte: ABNT NBR 6118:2014
37

4 MODELAGEM DO ESTUDO

O estudo tinha como objetivo estudar de forma comparativa os parâmetros de


instabilidade global, parâmetro α e o coeficiente γz, em edifícios altos sobre a influência da
redução das seções transversais dos pilares até o limite possível para o dimensionamento dos
mesmos segundo a NBR 6118:2014 para concretos de diferentes resistências características.
O critério de comparação é a utilização de diferentes classes de concreto, sendo comparado os
resultados obtidos em cada uma das classes. As classes variam de 5 em 5 MPa, começando de
C25 até o C90, conforme mostrado na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 - Classes de concreto utilizadas no estudo.

Classes de concreto utilizadas no estudo (fck)


C25 C30 C35 C40 C45 C50 C55 C60 C65 C70 C75 C80 C85 C90

Conforme a seção transversal do pilar era reduzida, as cargas verticais também


sofriam redução, e consequentemente a armadura dos pilares também variavam de acordo
com cada pilar e cada carregamento, gerando assim diferentes quantidades de material (tanto
concreto e forma, quanto aço) para cara estrutura testada. Com isso, foi possível a análise do
custo da estrutura para cada concreto testado no estudo, e verificar a sua influência na
quantidade de armadura.
Para a obtenção da planta do edifício foram realizados diversos testes para se obter o
menor valor possível para os parâmetros de instabilidade para um concreto na Classe C25.
Determinou-se assim a melhor distribuição dos pilares (Figura 2.1), com lajes de 10 cm de
espessura e vigas com seção transversal de 85 cm x 20 cm. Observou-se nesses testes uma
grande variação nos parâmetros de instabilidade da estrutura de acordo com a seção escolhida
para a viga. Por isso optou-se por uma com uma viga com altura de 85 cm e base de 20 cm,
para reduzir a sua influência no estudo, uma vez que o objetivo do projeto proposto é estudar
os pilares. Produzindo assim uma estrutura conforme a demonstrada na Figura 4.1.
O CAD TQS V18 trabalha em seis modelos de cálculo estrutural diferentes, conforme
a Figura 4.2, sendo, entre os modelos disponíveis, escolhido o modelo estrutural IV (Modelo
de vigas e pilares, flexibilizados conforme critérios), pois segundo o manual do CAD TQS
esse modelo trabalha considerando a estrutura como um pórtico espacial composto por das
vigas e pilares, considerando as lajes separadamente calculadas como grelhas e transmitindo
38

suas cargas para o pórtico espacial. A escolha desse modelo é devido à sua maior utilização
atualmente para elaboração de projetos estruturais.

Figura 4.1 – Vista lateral da estrutura.


Fonte: Autor

Figura 4.2 – Modelos de calculo CAD TQS V18.


Fonte: CAD TQS.
39

Para a configuração da força do vento, escolheu-se a região central da cidade de


Maringá no Paraná, sendo configurado o CAD TQS V18 conforme a Figura 4.3. Sendo,
segundo a ABTN NBR 6123:1988, a categoria de rugosidade IV indicada para regiões
urbanizadas, e a classe da edificação C para edifico com 51m ou mais em alguma dimensão.
Para as lajes foi adotado uma carga de utilização distribuída em área de 0.15 tf/m2,
referente à apartamentos de utilização residencial, fornecido pelo próprio software. E foi
posicionada uma parede de blocos de concreto sobre todas as vigas de todos os pavimentos,
com uma carga distribuída linearmente de 0,26 tf/m2, também fornecida pelo software, a
utilização desse carregamento para as paredes é devido aos testes realizados na modelagem da
estrutura, verificou-se que, para esse modelo estrutura estudado, o carregamento de blocos de
concreto apresentou melhores valores para os parâmetros de instabilidade.

Figura 4.3 – Configuração da força do vento


Fonte: CAD TQS.
Para os cobrimentos da armadura, foram adotados os valores sugeridos pela ABNT
NBR 6118:2014, e a classe de agressividade II, para localização urbana.
Durante o procedimento de ensaio, foi tomado cuidado para não utilizar pilares
paredes no modelo estrutura, visto que o mesmo apresenta uma maior rigidez e atuaria como
um elemento de contraventamento na estrutura, prejudicando o estudo proposto que é voltado
40

aos pilares. Para isso evitou-se criar pilares onde a maior dimensão ultrapassasse cinco vezes
a sua menor dimensão, pois segundo a ABNT NBR6118:2014 caso isso aconteça o pilar deve
ser considerado um pilar parede.
Outro critério importante para as dimensões dos pilares é que a menor dimensão
admitida é de 20 cm para que fosse possível a utilização de barras longitudinais de aço de
25mm diâmetro. Segunda a ABNT NBR 6118 não é permitida a utilização de barras
longitudinais superiores a 1/8 da menor dimensão do pilar. Como o trabalho busca pilares no
limite do seu dimensionamento, a utilização de barras longitudinais de 25 mm torna-se
necessária para haver uma maior possibilidade de combinações para o dimensionamento do
pilar.
Para o método de cálculo dos pilares foi escolhido o método do pilar padrão com
rigidez kappa aproximado devido aos resultados apresentado no tópico 3.3 desse trabalho.
41

5 DIMENSIONAMENTO E ITERAÇÕES

Para o dimensionamento inicial na estrutura, fez-se inicialmente um estudo de


posicionamento dos pilares para concretos com resistência característica de 25 MPa. Foi
selecionado a estrutura com os menores valores encontrados para os parâmetros de
instabilidade α e o coeficiente γz. Durante a etapa de dimensionamento também foram
analisadas as cargas de utilização, espessura das lajes, e as cargas sobre as vigas, buscando o
melhor resultado para a estabilidade global, sem fugir de uma estrutura executável. Um
exemplo é a viga de 85 cm, onde observou-se que ela apresentava uma grande influência na
estabilidade da estrutura, no entanto, o emprego de uma viga com altura superior a 85 cm,
para um pé-direito de 3,00m de altura, influenciaria no posicionamento de portas e janelas em
um edifício real.
Após a determinação da espessura das lajes, altura e largura das vigas, cargas de
utilização e vedação, e posicionamento dos pilares. O mesmo edifício foi modelado com
pilares utilizando concreto com resistência característica de 90 MPa. A seguir, reduziu-se de
forma iterativa a seção dos pilares, de 5,00 cm em 5,00 cm, efetuando o processamento global
do CAD TQS V18 a cada redução, até a obtenção de uma mensagem de erro, alertando não
ser possível o dimensionamento do pilar (conforme a Figura 5.1). Portanto, a menor dimensão
possível para esse pilar são os valores utilizados no processamento global anterior ao que
ocorreu o erro. O procedimento se repetiu até encontrar a mensagem de erro para todos os
pilares do edifício.

Figura 5.1 – Mensagem de erro que determina o final da iteração para cada pilar.
Fonte: CAD TQS V18
42

Para verificar se o pilar realmente estava no limite do seu dimensionamento, verificou-


se o diagrama de solicitação e resistência fornecido pela ferramenta CAD Pilar, do CAD TQS
V18. Observou-se que alguns pilares encontravam-se no limite da ruptura, ou seja, a
solicitação aplicada a esse pilar estava quase ultrapassando a envoltória de resistência do
mesmo, conforme a Figura 5.2, onde a letra B, que representa o momento na base, encontra-se
na eminencia de ultrapassar a linha vermelha que representa a resistência do pilar. Entretanto,
outros pilares tiveram a redução da sua seção transversal limitada pelo momento mínimo,
conforme a Figura 5.3.

Figura 5.2 – Envoltória resistência x solicitação.


Fonte: CAD TQS V18.
Na Figura 5.3, o momento no topo (representado pela letra T), o momento da base
(letra B) e o momento no meio da seção (representado no ângulo próximo à letra B),
encontram-se longe de alcançar a resistência limite do pilar (representado pela envoltória
vermelha). No entanto, a envoltória de momentos mínimos fornecido pela ABNT NBR
43

6118:2014 (representado no diagrama pela elipse amarela) torna-se um limitante para a


redução da seção do pilar visto que a norma considera que o dimensionamento do pilar é
valido somente se a envoltória de momento mínimo estiver inserida dentro da envoltória de
resistência do pilar, caso contrário, a resistência do pilar é menor do que o momento mínimo
considerado pela norma.

Figura 5.3 – Envoltória resistência x solicitação, limite da envoltória mínima.


Fonte: CAD TQS V18
Determinado a dimensão limite de todos os pilares para concreto da classe C90, foi
então executado o mesmo procedimento para uma estrutura com pilares de concreto C85, e
assim por diante até a classe C25.
Os valores das áreas das seções transversais dos pilares após as iterações encontra-se
na Tabela 5.1.
44

Tabela 5.1 – Área das seções transversais dos pilares em cm2.


C25 C30 C35 C40 C45 C50 C55 C60 C65 C70 C75 C80 C85 C90
P1 700 700 700 700 600 500 500 500 500 500 500 500 500 500
P2 2420 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1600 1600
P3 1200 1200 1200 1100 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600
P4 1100 900 700 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600 600
P5 1100 900 700 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600 600
P6 1200 1200 1200 1100 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600
P7 2420 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1600 1600
P8 700 700 700 700 600 500 500 500 500 500 500 500 500 500
P9 1200 900 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600 600 600
P10 1700 1700 1600 1300 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200
P11 1700 1700 1300 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1100 1100 1000 1000
P12 1700 1700 1600 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1100 1100 1000
P13 1700 1700 1600 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1100 1100 1000
P14 1700 1700 1300 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1100 1100 1000 1000
P15 1700 1700 1600 1300 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200
P16 1200 900 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600 600 600
P17 1200 900 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600 600 600
P18 1700 1700 1600 1300 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200
P19 1700 1700 1300 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1100 1100 1000 1000
P20 1700 1700 1600 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1100 1100 1000
P21 1700 1700 1600 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1100 1100 1000
P22 1700 1700 1300 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1100 1100 1000 1000
P23 1700 1700 1600 1300 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200 1200
P24 1200 900 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600 600 600
P25 700 700 700 700 600 500 500 500 500 500 500 500 500 500
P26 2420 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1600 1600
P27 1200 1200 1200 1100 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600
P28 1100 900 700 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600 600
P29 1100 900 700 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600 600
P30 1200 1200 1200 1100 700 700 700 700 700 700 700 700 600 600
P31 2420 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1700 1600 1600
P32 700 700 700 700 600 500 500 500 500 500 500 500 500 500
Fonte: Autor.
45

6 RESULTADOS DE INSTABILIDADE GLOBAL

Com os pilares reduzidos ao máximo do seu dimensionamento, seguindo as


considerações apresentadas pela ABNT NBR 6118:2014, foi possível coletar os dados do
parâmetro de instabilidade α e do coeficiente γz para cada estrutura estudada, apresentando na
Tabela 6.1 e nos Gráficos 6.1, 6.2, 6.3 e 6.4. Os valores de 90o e 270o é referente ao estudo da
instabilidade na direção X segundo a Figura 6.1, e os valores na direção 0o e 270o na direção
Y.
Tabela 6.1 – Valores dos parâmetros de instabilidade.
fck alfa (90º / 270º) alfa (0º / 180º) gama (90º / 270º) gama (0º / 180º)
25 0.657 0.55 1.092 1.068
30 0.653 0.545 1.092 1.066
35 0.662 0.597 1.095 1.081
40 0.704 0.665 1.111 1.104
45 0.723 0.695 1.117 1.115
50 0.712 0.678 1.114 1.109
55 0.702 0.668 1.11 1.106
60 0.693 0.658 1.107 1.102
65 0.684 0.649 1.104 1.099
70 0.676 0.641 1.101 1.097
75 0.677 0.651 1.102 1.1
80 0.67 0.675 1.1 1.109
85 0.677 0.705 1.102 1.12
90 0.673 0.725 1.101 1.128
Fonte: Autor.
Gráfico 6.1 – Parâmetro de instabilidade α x fck (90,270)

alfa (90,270)
0.75
0.723
0.712
0.7 0.704 0.702
0.693
0.684
0.676 0.677 0.67 0.677 0.673
0.657 0.653 0.662
0.65

0.6

0.55

0.5
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Fonte: Autor.
46

Gráfico 6.2 – Parâmetro de instabilidade α x fck (0,180)

alfa (0, 180)


0.75
0.725
0.7 0.705
0.695
0.678 0.675
0.665 0.668
0.658
0.65 0.649 0.641 0.651

0.6 0.597

0.55 0.55 0.545

0.5
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Fonte: Autor.
Gráfico 6.3 – Parâmetro de instabilidade γz x fck (90,270)

gama (90,270)
1.12
1.117
1.115 1.114
1.11 1.111 1.11
1.107
1.105 1.104
1.1 1.101 1.102 1.1 1.102 1.101

1.095 1.095
1.092 1.092
1.09
1.085
1.08
1.075
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Fonte: Autor.
47

Gráfico 6.4 – Parâmetro de instabilidade γz x fck (0,180)

gama (0,180)
1.14
1.13 1.128
1.12 1.12
1.115
1.11 1.109 1.106 1.109
1.104 1.102 1.099
1.1
1.097 1.1
1.09
1.08 1.081
1.07 1.068 1.066
1.06
1.05
1.04
1.03
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Fonte: Autor.
Figura 6.1 – Orientação para determinação dos parâmetros de instabilidade.

Fonte: Autor
O comportamento do parâmetro de instabilidade α e do coeficiente γz podem ser
justificados pelo comportamento momento de inércia no eixo X e no eixo Y (Ix e Iy)
conforme a resistência característica do concreto era aumentado, apresentado nos gráficos 6.5
e 6.6, e na tabela 6.2.
Apesar do módulo de elasticidade aumentar com o aumento do fck, conforme
apresentado no Gráfico 3.1, os valores dos parâmetros de instabilidade sofrem um acréscimo
até o concreto da classe C45. Isso ocorre devido à grande redução da inércia tanto no eixo X
quanto no eixo Y, demonstrado nos Gráficos 6.5 e 6.6.
48

A partir do concreto com classe C45 até a classe C65, observa-se uma redução nos
valores dos parâmetros de instabilidade. Isso ocorre devido à inércia se manter constante
durante essa faixa. Portanto, como visto, conforme se aumenta a resistência característica do
concreto obtém-se um acréscimo no valor do módulo de elasticidade, que devido ao
comportamento constante do momento de inercia nesse trecho, foi o suficiente para
proporcionar um acréscimo na estabilidade da estrutura.
O comportamento constante do momento de inércia entre C45 e C65 ocorre devido à
uma condição desse projeto, que é variar os pilares de 5 cm em 5 cm. Devido a essa condição,
durante essa faixa de 45 à 65 MPa, as dimensões dos pilares não sofreram alterações.
Obviamente, caso o projeto variasse as seções em um intervalo menor do que 5 cm esses
resultados seriam diferentes.
Após o intervalo com o momento de inércia constante, os parâmetros de instabilidade
na direção X e na direção Y apresentaram um comportamento diferente. Essa diferença
também ocorre devido ao comportamento do momento de inercia da estrutura. Observando a
tabela 6.2, tem-se que a inércia em X na classe C90 reduziu 13.5% com relação ao valor da
inércia em C70, enquanto que a inércia em Y reduziu 36.3% com relação ao valor de C70. Ou
seja, a maior redução do momento de inercia em Y impediu que o acréscimo do módulo de
elasticidade (demostrado no Gráfico 3.1) em conjunto com a redução das cargas totais na
estrutura, causadas pela redução da seção dos pilares, implicassem em uma redução nos
parâmetros de instabilidade global, gerando um aumento nos valores dos parâmetros de
instabilidade. Entretanto, na direção X, os 13.5% de redução nos valores de Ix fizeram com
que ocorresse um equilíbrio nos parâmetros de instabilidade.
Gráfico 6.5 – Inércia média dos pilares em X

Ix médio
600000
500000
400000
300000
200000
100000
0
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa MPa Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa

Fonte: Autor.
49

Gráfico 6.6 – Inércia média dos pilares em Y

Iy médio
400000
350000
300000
250000
200000
150000
100000
50000
0
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90
Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa MPa Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa Mpa

Fonte: Autor.
Tabela 6.2 – Valores médios de Ix e Iy para cada fck.
Fck Ix Iy
25 Mpa 510645,8 362747,7
30 Mpa 306718,8 340703,1
35 Mpa 272474 237395,8
40 Mpa 220520,8 151927,1
45 Mpa 203333,3 125364,6
50 MPa 200963,5 124947,9
55 Mpa 200963,5 124947,9
60 Mpa 200963,5 124947,9
65 Mpa 200963,5 124947,9
70 Mpa 200963,5 124947,9
75 Mpa 197239,6 114192,7
80 Mpa 196406,3 100546,9
85 Mpa 174296,9 88203,13
90 Mpa 173880,2 79583,33
Fonte: Autor.
50

7 CONSUMO DE MATERIAIS E CUSTO TOTAIS

Uma das preocupações na construção civil é a questão do custo e um dos desafios


atualmente é a redução dos custos das obras sem afetar a segurança da mesma. A redução da
seção transversal dos pilares pode ajudar com esse desafio, no entanto o preço para a
utilização de concretos com maiores resistências é maior. Portanto, é importante uma análise
do acréscimo ou da redução do custo em um estudo sobre a utilização de concretos de alta
resistência.
A composição do custo de formas da tabela 7.1 foi feita por Romeiro (2015) utilizando
a TCPO em conjunto com empresas de orçamento de Maringá – PR.
Tabela 7.1 – Custo por m2 dos materiais para execução de formas.
Serviço: Fôrma de madeira maciça para pilares, Un: m²
Insumo Unidade Consumo Preço unitário Total
Prego 17x21 Kg 0,019 R$ 8,50 R$ 0,16
Pontalete 3”x 3” m 0,4 R$ 3,25 R$ 1,30
Sarrafo 1”x3” m 0,338 R$ 0,90 R$ 0,30
Tábua 1”x 12” m² 0,181 R$ 4,58 R$ 0,83
Desmoldante l 0,1 R$ 4,58 R$ 0,46
Prego 17x27 cabeça
dupla Kg 0,2 R$ 12,00 R$ 2,40
Arame galvanizado Kg 0,18 R$ 6,25 R$ 1,13
Total (R$/m²) R$ 6,58
Fonte: Romeiro (2015).
Para esse trabalho será utilizado os mesmo valores, no entanto, será considerada a
reutilização das formas, o que implica na reutilização de alguns materiais como tábua, sarrafo,
pontalete, e ao mesmo tempo a não reutilização de outros como desmoldante, prego e arame
galvanizado. Portanto, nos gráficos de custos, que apresentam a reutilização das formas, estão
sendo reutilizadas apenas as madeiras.
O custo total das formas, com a reutilização e sem reutilização dos materiais pode ser
analisado na tabela 7.2. O gráfico 7.1, apresenta o custo do material das formas para cada
concreto utilizado, considerando que as formas podem ser utilizada 1 vez, ou até mesmo
utilizar a mesma forma o edifício inteiro, ou seja 17 vezes. O que se observa é que a economia
com relação às formas devido à redução da seção dos pilares pode ser considerada
significativa apenas no caso de se utilizar uma forma que não pode ser muito reutilizada, ou
seja, uma forma utilizada poucas vezes antes de ser descartada. Como pode-se ver, tem-se
uma economia de R$4219,80 entre a classe C25 e C90 para a forma sem reutilização,
enquanto que para a forma sendo reutilizada no edifício todo a economia é de apenas 622,40
51

reais. Uma observação é que a reutilização da forma 17 vezes é apenas ilustrativa, visto que a
forma de madeira provavelmente não possui durabilidade suficiente para 17 reutilizações.
Tabela 7.2 – Custo da forma com relação a classe do concreto e a quantidade de uso.
No de usos da forma
1 2 3 4 5 6 9 17
25 87582.4 50250.7 36251.3 31584.8 26918.3 22251.9 17585.4 12918.9
30 86602.0 49688.2 35845.5 31231.2 26617.0 22002.8 17388.5 12774.3
35 85645.3 49139.2 35449.5 30886.2 26322.9 21759.7 17196.4 12633.2
40 84785.3 48645.8 35093.5 30576.1 26058.6 21541.2 17023.8 12506.3
Classe do concreto

45 84219.4 48321.1 34859.3 30372.0 25884.7 21397.4 16910.1 12422.9


50 84125.3 48267.1 34820.3 30338.1 25855.8 21373.5 16891.2 12409.0
55 84125.3 48267.1 34820.3 30338.1 25855.8 21373.5 16891.2 12409.0
60 84125.3 48267.1 34820.3 30338.1 25855.8 21373.5 16891.2 12409.0
65 84125.3 48267.1 34820.3 30338.1 25855.8 21373.5 16891.2 12409.0
70 84125.3 48267.1 34820.3 30338.1 25855.8 21373.5 16891.2 12409.0
75 83935.1 48158.0 34741.6 30269.5 25797.3 21325.2 16853.1 12380.9
80 83745.0 48048.9 34662.9 30200.9 25738.9 21276.9 16814.9 12352.9
85 83458.7 47884.7 34544.4 30097.7 25650.9 21204.2 16757.4 12310.7
90 83362.7 47829.6 34504.7 30063.0 25621.4 21179.8 16738.1 12296.5
Fonte: Autor.
Tabela 7.1 – Custo da forma com relação a classe do concreto e a quantidade de uso.
100000

C25
90000
C30
80000
C35
70000
C40
60000
C45
50000
C50, C55,
40000 C60, C65, C70
C75
30000
C80
20000
C85

10000
C90

0
1 2 3 4 5 6 9 17

Fonte: Autor.
52

A Tabela 7.3 apresenta o custo para a execução das formas sendo definido em relação
ao volume de concreto utilizado. Esse custo é aplicado no custo total, desconsiderando a
reutilização das formas devido à montagem das formas serem independente delas serem
reutilizadas ou não, ou seja, o custo de empreiteiro é aplicado para todos os andares, sendo a
forma reaproveitada ou não.
Tabela 7.3 – Custo de empreiteiro por m3 de execução de formas.
Mão de obra montagem de formas, estrutura e
Serviço: lançamento de concreto, Un: m³
Insumo Unidade Consumo Preço unitátio Total
Empreiteiro:
Formas m³ 1 R$ 360,00 R$ 360,00
Total (R$/m³) R$ 360,00
Fonte: Romeiro (2015).
A Tabela 7.4 apresenta o preço por kg para execução das armaduras de aço com base
na TCPO, onde o custo se completa com a Tabela 7.5, que apresenta o preço por kg de cada
barra de aço na primeira linha (preço fornecido pelo SINAPI), e na segunda linha o preço de
cada barra somado com o custo de execução da Tabela 7.4.
A Tabela 7.6 apresenta a quantidade de aço utilizada em cada estrutura, separado por
diâmetro de barra.

Tabela 7.4 – Custo por kg para execução da armadura.


Serviço: Armadura para pilares aço CA-50, corte e dobra na obra, Um: Kg
Insumo Unidade Consumo Preço unitátio Total
Empreiteiro:
Kg 1 R$ 1,80 1.8
Armação
Espaçador circular
de Plástico
un 4,7 R$ 0,15 0.71
(Cobrimento
30mm)
Arame recozido kg 0,02 R$ 6,41 0.13
Total (R$/kg) 2.63
Fonte: Autor.

Tabela 7.5 – Custo da barra de aço por kg (material e mão de obra).


Diâmetro 5.0mm 6.3mm 8.0mm 10.0mm 12.5mm 16.0mm 20.0mm 25.0mm
Preço Um. 3.23 3.41 3.83 3.26 3.10 3.10 2.89 3.35
R$total/kg 5.87 6.05 6.47 5.90 5.74 5.74 5.53 5.99
Fonte: Autor.
53

Tabela 7.6 – Consumo de aço em kg.


Ø5mm ø6.3mm ø8mm ø10mm ø12.5mm ø16mm ø20mm ø25mm Total
C25 3123.0 45158.0 5820.6 9882.5 9553.6 7634.3 17886.7 36320.5 135379.2
C30 3018.9 45226.8 5475.8 9838.4 9146.0 6826.1 12719.5 37544.6 129796.1
C35 3291.1 44749.9 5205.2 10127.8 10253.6 4612.7 15069.5 33612.3 126922.1
C40 3081.5 44087.2 5973.6 8074.1 10840.8 7584.9 5485.1 44137.4 129264.6
C45 3120.2 43802.7 6183.7 8988.7 12377.3 4041.0 4094.2 43296.3 125904.1
C50 3118.8 43990.2 5907.0 8854.4 13139.7 3797.6 7456.1 34397.5 120661.3
C55 3722.4 46893.0 6839.9 8867.0 13354.4 4375.9 7456.0 30412.1 121920.7
C60 3722.4 47462.8 5902.6 8867.0 14057.2 3790.3 8908.3 25058.5 117769.1
C65 3722.4 48280.9 4551.9 8851.2 13197.0 5272.9 12747.5 17972.7 114596.5
C70 3722.4 48193.3 4742.6 8726.4 13498.9 5835.4 9006.3 18881.1 112606.4
C75 3686.6 47903.3 5347.4 9013.8 14472.2 5698.8 6923.4 19034.9 112080.4
C80 3637.4 47876.2 4963.2 9173.3 14525.1 5006.3 3752.4 21314.4 110248.3
C85 4097.7 46940.9 4825.3 9479.4 13915.5 6255.6 3658.8 21379.1 110552.3
C90 4084.5 46875.2 4934.8 9418.6 14071.1 5996.6 2308.7 21963.8 109653.3
Fonte: Autor.
A Tabela 7.7 mostra o preço do concreto para cada classe de concreto, e a Tabela 7.8
apresenta a quantidade e o custo de concreto consumido juntamente com a quantidade total de
aço para cada classe de concreto utilizada, a Tabela 7.8 apresenta de forma separada a
quantidade de concreto dos pilares devido ao tipo concreto utilizado ser diferente das lajes e
vigas, pois o concreto do pilar varia de C25 à C90 enquanto que as lajes e vigas possuem
sempre o concreto de classe C25.
Tabela 7.7 – Custo por m3 do concreto.
C25 C30 C35 C40 C45 C50 C55
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
255,00 330,00 350,00 370,00 400,00 430,00 450,00
C60 C65 C70 C75 C80 C85 C90
R$ R$ R$ R$ R$ R$ R$
470,00 490,00 510,00 545,00 580,00 620,00 660,00
Fonte: Romeiro (2015).
É importante notar na tabela 7.7, que o aumento do custo do concreto tende a subir
conforme aumenta-se a classe, por exemplo, de C25 à C30 há um acréscimo de R$75,00, de
C55 à C60 aumenta R$ 20,00 e de C85 à C90 o valor sobe R$ 40,00.
Analisando os valores da Tabela 7.8, percebe-se que apesar da redução na quantidade
de concreto utilizado, o custo do concreto aumentou. Isso devido ao preço dos concretos com
maiores resistências, conforme mostrado na Tabela 7.7, quanto maior a resistência, maior o
custo por kg. No entanto, a quantidade de aço diminui consideravelmente com o aumento da
54

resistência característica do concreto, o que ocasiona uma economia no valor final. A relação
entre o custo do concreto e do aço pode ser melhor visualizada no Gráfico 7.2, onde é fácil
notar que o aço teve uma redução de custo de mais de 100 mil reais, mais precisamente
148,047.99 reais (18.44%), enquanto que o concreto teve um acréscimo de aproximadamente
50 mil reais, mais precisamente R$ 41,218.20 (11.39%), entre a classe C25 e C90.
A Tabela 7.8 apresenta o consumo de concreto utilizado em pilares separado do
utilizado em lajes e vigas. Isso por que apenas o concreto dos pilares variaram da classe C25 à
classe C90, as lajes e as vigas possuem concreto de classe C25 para todos os ensaios.
Portanto, o para a obtenção do custo do concreto, multiplicou-se o volume de concreto dos
pilares pelo valor em reais da classe de concreto utilizada, somado com o volume de concreto
utilizado nas vigas multiplicado por R$255,00 (preço do concreto de classe C25).
Tabela 7.8 – Consumo de concreto e aço para cada Classe de concreto, e custo.
Concreto
Concreto Lajes e R$ R$ Concreto +
Pilar (m3) Vigas (m3) Aço (kg) Concreto R$Aço Aço
C25 239.09 1018.11 135379.10 320586.00 802635.73 1123221.73
C30 214.20 1024.30 129796.20 331882.50 771728.91 1103611.41
C35 193.80 1030.10 126922.10 330505.50 753491.89 1083997.39
C40 175.44 1035.26 129264.50 328904.10 771581.49 1100485.59
C45 163.20 1037.80 125903.90 329919.00 752590.58 1082509.58
C50 161.16 1039.34 120661.30 334330.50 719400.68 1053731.18
C55 161.16 1039.34 121920.80 337553.70 727294.67 1064848.37
C60 161.16 1039.34 117769.20 340776.90 701313.51 1042090.41
C65 161.16 1039.34 114596.50 344000.10 679790.18 1023790.28
C70 161.16 1039.34 112606.40 347223.30 669471.85 1016695.15
C75 157.08 1040.52 112080.50 350941.20 667321.40 1018262.60
C80 153.00 1041.60 110246.10 354348.00 657771.19 1012119.19
C85 146.88 1043.32 110552.20 357112.20 659270.18 1016382.38
C90 144.84 1043.96 109653.30 361804.20 654587.74 1016391.94
Fonte: Autor.
Devido a expressiva economia de aço, juntamente com a inevitável economia de
forma devido à redução da seção dos pilares, o gráfico 08 mostra que para essa situação
fictícia de uma estrutura contendo pilares no seu limite de dimensionamento, o aumento da
resistência dos pilares pode gerar economia de custos.
O Gráfico 7.3 apresenta o custo total da estrutura para todas as classes de concreto
utilizadas, considerando todas as combinações possíveis de reaproveitamento de formas.
Conforme analisado no gráfico anterior o custo da estrutura tende a diminuir devido à redução
no consumo de aço, no entanto, devido à uma menor taxa de redução de armadura a partir da
classe C65, e do aumento do custo por m3 do concreto conforme mostrado na Tabela 7.7, a
55

partir da classe C65 o custo da estrutura estabiliza, não havendo mais uma economia muito
expressiva, chegando à ter pequenos acréscimos nos custos para a classe C75 e C85 conforme
pode ser visto na Tabela 7.9.

Gráfico 7.2 – Custo do concreto e do aço para cada classe de resistência do concreto.
900000

800000

700000

600000 Custo do Concreto


Custo do aço
500000

400000

300000
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Fonte: Autor
Gráfico 7.3 – Custo total da estrutura para cada classe de concreto, com diferente
reaproveitamento das formas.
1700000.00 Sem Reutilização
Usado Duas vezes
1650000.00 Usado três vezes
Usado Quatro Vezes
1600000.00 Usado Cinco Vezes
Usado Seis Vezes
1550000.00 Usado Nove Vezes
Usado no Predio todo
1500000.00

1450000.00

1400000.00
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Fonte: Autor.
56

Tabela 7.9 – Custo total da estrutura.

Reutilização da forma
1 2 3 4 5 6 9 17
25 1663396.17 1626064.41 1612065.00 1607398.53 1602732.06 1598065.59 1593399.12 1588732.65
30 1636073.42 1599159.57 1585316.87 1580702.64 1576088.41 1571474.18 1566859.94 1562245.71
35 1610246.67 1573740.62 1560050.85 1555487.59 1550924.34 1546361.08 1541797.82 1537234.57
40 1621122.87 1584983.39 1571431.09 1566913.65 1562396.22 1557878.78 1553361.35 1548843.91
Classe do concreto

45 1599088.98 1563190.71 1549728.85 1545241.57 1540754.29 1536267.00 1531779.72 1527292.43


50 1570036.48 1534178.31 1520731.50 1516249.23 1511766.96 1507284.69 1502802.42 1498320.15
55 1581153.67 1545295.51 1531848.70 1527366.42 1522884.15 1518401.88 1513919.61 1509437.34
60 1558395.71 1522537.55 1509090.74 1504608.47 1500126.20 1495643.93 1491161.66 1486679.38
65 1540095.58 1504237.42 1490790.60 1486308.33 1481826.06 1477343.79 1472861.52 1468379.25
70 1533000.45 1497142.28 1483695.47 1479213.20 1474730.93 1470248.66 1465766.39 1461284.12
75 1533333.74 1497556.63 1484140.21 1479668.07 1475195.93 1470723.80 1466251.66 1461779.52
80 1525920.16 1490224.11 1476838.09 1472376.08 1467914.08 1463452.07 1458990.06 1454528.06
85 1528313.13 1492739.08 1479398.81 1474952.06 1470505.30 1466058.54 1461611.79 1457165.03
90 1527722.62 1492189.52 1478864.61 1474422.97 1469981.33 1465539.70 1461098.06 1456656.42
Fonte: Autor.
57

8 CONCLUSÃO

Primeiramente, antes de qualquer conclusão, é importante lembrar de que o projeto


estudado é apenas uma estrutura fictícia e, apesar de estar dentro dos parâmetros da NBR
6118:2014, não é recomendável a utilização de pilares no limite de dimensionamento,
conforme apresentado neste trabalho, para estruturas reais.

Conforme a NBR6118:2014, os valores de γz apenas são aceitáveis quando forem


menores do que 1,3. E ainda segundo outros autores, conforme citado Pinto (1997), o
coeficiente γz não deve ter valores maiores do que 1,2, pois apresentaria valores com erros
elevados contra a segurança. Entretanto, os valores encontrados com a estrutura projetada
foram todos inferiores a 1,2, portanto acredita-se serem valores aceitáveis e coerentes.

Para a análise do parâmetro de instabilidade α e do coeficiente γz é importante


considerar que os pilares foram reduzidos de 5cm em 5cm, devido a esse critério do projeto,
os resultados sofreram alguma influencia principalmente na faixa de concreto de C45 à C70,
no entanto, é possível verificar que apesar de o módulo de elasticidade aumentar conforme
aumenta-se a resistência característica do concreto, e ao mesmo tempo em que se reduz o peso
próprio das estruturas nesse projeto, a variável que se demonstrou mais significativa para a
variação dos parâmetros de instabilidade foi o índice de esbeltes. E que mesmo o resultado
sendo influenciado pelo critério de 5cm, os parâmetros de instabilidade globais sofreram
acréscimos quando comparados com concretos da classe C25.

Um ponto a ser observado é o pico no aumento da instabilidade da estrutura até a


utilização de concretos da classe C50. Isso provavelmente ocorre devido ao que foi mostrado
no capitulo 3.1 desse trabalho. De acordo com Gonçalves Junior (2015) a nova formulação da
ABNT NBR 6118:2014 considera uma redução no acréscimo de resistência dos pilares a
partir da utilização de concretos com resistência característica maiores do que 50 MPa, o que
ocasionou uma diminuição na quantidade de redução das seções transversais dos pilares, ou
seja, após a classe C50, os pilares sofriam menos reduções na seção transversal, isso pode ser
visto no gráfico 8.1, que mostra o consumo de concreto total da estrutura para cada classe de
concreto.

Caso seja considerada uma estrutura real onde os pilares não serão projetados com
dimensões mínimas, obviamente o comportamento dos gráficos dos parâmetros de
58

instabilidade seria diferente, isso por que, em um projeto real os pilares não seriam
dimensionados no limite e, portanto, a inércia não sofreria uma influencia tão significativa
quanto ao apresentado nesse trabalho e, consequentemente, os valores do módulo de
elasticidade teriam uma maior relevância no comportamento dos parâmetros de instabilidade.

Gráfico 8.1 – Consumo de concreto para cada classe de concreto utilizada.

Concreto
1280

1260

1240

1220

1200

1180

1160

1140
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90

Fonte: Autor.

Ao se analisar o custo, fica evidente que o maior influenciador para o seu valor é a
redução do consumo do aço com o acréscimo da resistência característica dos pilares.
Demonstrando que é possível obter uma economia com a utilização de concretos mais
resistentes, mesmo sendo mais caro a sua utilização. No entanto os resultados mostram que
essa economia apenas acontece até a classe C65, mais uma vez devido à formulação
diferenciada apresentada na norma para concretos de alta resistência conforme demonstrado
no item 3.1 desse trabalho.

Uma possível proposta de pesquisa para avaliar essa influencia no custo da estrutura
devido ao aumento da resistência característica do concreto seria dimensionar uma estrutura
com concreto na classe C25, no limite do dimensionamento, e na sequencia aumentar a
resistência do concreto utilizado nos pilares, no entanto, mantendo a seção transversal
constante, permitindo apenas variar a taxa de armadura. Devido aos fatores demonstrados
nesse trabalho, como o aumento do custo do concreto com o aumento do fck, e a redução no
consumo de armadura ser maior para classes de concreto menores, um provável resultado
desse trabalho pode ser que a classe C50 apresente o menor valor de custo, conforme
encontrado por Romeiro (2015).
59

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