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CVT720

TRANSPORTES II

AULA 9
ANÁLISE ESTRUTURAL E VERIFICAÇÃO
MECANÍSTICA
PROF. FELIPE CAVA
PROBLEMAS DO MÉTODO CBR
Alguns problemas do método do DNIT

- Considera apenas o critério de resistência do Subleito


- Fator de equivalência estrutural (Materiais mais custosos x Materiais granulares)

Posso reduzir o revestimento e


“compensar” com material
granular?

ANÁLISE DA EQUIVALÊNCIA ESTRUTURAL


EM PAVIMENTOS ASFÁLTICOS. 𝐷𝐸𝑇𝐸𝑅𝐼𝑂𝑅𝐴ÇÃ𝑂 = 1,164 = 𝟖𝟏% 𝑴𝑨𝑰𝑶𝑹
CAVA (2018)
DIMENSIONAMENTO MECANÍSTICO-EMPÍRICO
O método de dimensionamento empírico-mecanístico considera para o dimensionamento:

▪ Modelos de previsão de desempenho para analisar a vida útil do pavimento

Os modelos de desempenho estão associados a:

▪ Um modelo de cálculo de tensões e deformações;

▪ Equações que relacionam as tensões e deformações com a geração de defeitos (Vida útil da estrutura em laboratório)

▪ Fatores e funções de calibração, que ajustem os dados com outros de base empírica que não puderam ser explícitos
como por exemplo o clima e as características do tráfego. (Fator de laboratório – campo)

EQUAÇÕES DE DESEMPENHO
DIMENSIONAMENTO MECANÍSTICO-EMPÍRICO
PROCESSO DE FADIGA
Camadas Asfálticas, Bases estabilizadas
ou Concreto

Solicitações de veículos

Deformações de tração

FADIGA

Fonte: Bernucci et al, 2008

Fonte: Silva; Teixeira; Zancheta, 2019


ENSAIOS PARA DIMENSIONAMENTO
MECANÍSTICO-EMPÍRICO
MÓDULO DE RESILIÊNCIA

O Módulo de resiliência (Mr) é o principal parâmetro para uma análise mecanicista e mede a capacidade que um material
possui em não continuar deformado após cessar a aplicação de uma carga. Pode ser determinado em:

- Laboratório (Ensaios de tensão x deformação)


- Campo (Retro análise com Viga Benkelman, por exemplo)

Fonte: https://contech.eng.br/
Fonte: DNIT 134, 2010
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
1. TRIAXIAL DE CARGA REPETIDA

O ensaio triaxial de carga repetida é descrito na DNIT 134/2018.

- Corpo de prova submetido a cargas com ciclos de 0,1 segundo para repouso de 0,9 segundos
- Frequência de 1 Hz (60 ciclos por minuto)

- Inicialmente fase de condicionamento (eliminar deformações permanentes)


- 500 repetições de cada par de tensões

Para subleito apenas o


primeiro par de tensões

Obs: Def. Permanente maior que 5% da altura do CP, o ensaio deve ser
interrompido e os resultados descartados.
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
1. TRIAXIAL DE CARGA REPETIDA
- Para determinar o módulo de resiliência são utilizados 18 pares de tensão
- Cada par um mínimo de 10 ciclos e coletar dados em pelo menos 5
repetições da carga
- Diferença máxima de 5% entre leituras

Ao final, o CP deve ser pesado e levada a uma


estufa com aproximadamente 110 graus célsius
por 48 horas.

Subleito
Fonte: DNIT 134, 2018
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
1. TRIAXIAL DE CARGA REPETIDA
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
1. TRIAXIAL DE CARGA REPETIDA

Deslocamento recuperável Tensão de desvio


Altura de referência do LVDT descontado a Deformação resiliente
deformação plástica acumulada da Tensão de desvio

Quadro dos Resultados


O módulo de resiliência é obtido em vários
níveis de tensão
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
1. TRIAXIAL DE CARGA REPETIDA
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
1. TRIAXIAL DE CARGA REPETIDA
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
2. COMPRESSÃO DIAMETRAL DE CARGA REPETIDA

É o ensaio mais comum utilizado para medir o Módulo de Resiliência de misturas asfálticas e misturas estabilizadas no
Brasil. O método é descrito na DNIT 135/2018-ME.

- Corpo de prova moldado em molde com diâmetro de 101,6mm e altura de 35mm a 70mm.
- Os Corpos de prova são armazenados por um período mínimo de 24h e máximo de 30 dias após a moldagem em
temperatura não superior a 30°C.
- Frequência de 1Hz e 0,1 segundo de aplicação da carga
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
2. COMPRESSÃO DIAMETRAL DE CARGA REPETIDA

Inicialmente é realizada a resistência a tração por compressão diametral de acordo com a DNIT 136/2010 em pelo menos
3 CPs.

- Aquecimento por 2h para alcançar 25°C


- Aplica-se a carga progressivamente a uma deslocamento de 0,8
+- 0,1 mm/s até que ocorra a ruptura.
- Anotar carga de ruptura (F)

O ensaio de módulo de resiliência ocorre com tensões de 5% a 30% da


resistência a tração do material.
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
2. COMPRESSÃO DIAMETRAL DE CARGA REPETIDA

Após determinar a resistência a tração:

- Fase de condicionamento térmico do CP, 4 horas para atingir a temperatura do ensaio (Geralmente 25°C)
- Fase de condicionamento das deformações, aplicação de 50 ciclos de carga

Aplicação das cargas:

- Após o condicionamento, sem interrupção, aplicar mais 15 ciclos de carga, registrando os deslocamentos.
- Aumentar a carga inicial aplicada em 5% e aplicar mais 15 ciclos, registrando os deslocamentos.
- Aumentar mais 5% a carga e repetir o procedimento de 15 ciclos, efetuando a medição dos deslocamentos

O Módulo de Resiliência é calculado para cada conjunto dos 15 ciclos. Devem ser comparado entre si e não
podem diferir em 5% da média global.
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
2. COMPRESSÃO DIAMETRAL DE CARGA REPETIDA
Os deslocamentos são determinados a partir da curva de deslocamento versus tempo, para cada um dos 15 ciclos
de carga ensaiados, por regressão, dividindo-se a curva em 3 segmentos, conforme segue

Segmento 1: Porção linear do período de descarregamento


Segmento 2: Trecho curvilíneo que conecta o segmento 1 ao início da fase de recuperação viscosa
Segmento 3: Fase de recuperação viscosa

Altura do CP (mm)
ENSAIO DE MÓDULO DE RESILIÊNCIA
3. OUTROS ENSAIOS
Além dos aqui descritos outros ensaios podem ser utilizados para encontrar o parâmetro de módulo de resiliência de materiais
para pavimentação. Na Austrália e outros países, por exemplo, é utilizado o ensaio de flexotração a cargas repetidas
utilizando corpos de prova em forma de vigotas.

Fonte: ANTT, 2016.


COEFICIENTE DE POISSON
O coeficiente de Poisson corresponde ao inverso da relação entre a deformação vertical imposta pela deformação
horizontal sofrida pelo material.

A DNIT 135/2018-ME descreve também através do ensaio de compressão diametral com carga repetida como calcular o
coeficiente de Poisson, entretanto, a realização de ensaios para determinar o coeficiente de Poisson não é comum

𝜀ℎ
𝜇=−
𝜀𝑣
ANÁLISE ELÁSTICA DE MULTIPLAS CAMADAS
(AEMC)
Os valores positivos de tensão e deformação indicam que o ponto está em compressão,
enquanto os valores negativos indicam tração.
ANÁLISE ELÁSTICA DE MULTIPLAS CAMADAS
(AEMC)

Revestimento = 100mm ; MR = 4000MPa

Base = 200mm ; MR = 400MPa

Sub Base = 200mm; MR = 150MPa

Subleito = infinito; MR = 50MPa


Ponto Resposta Estrutural x (cm) y (cm) z (cm)
(1) Deflexão 0 0 0
(2) Deflexão 16,2 0 0
(3) Deformação de tração 0 0 9,99
(4) Deformação de tração 16,2 0 9,99
(5) Deformação de compressão 0 0 50,01
(6) Deformação de compressão 16,2 0 50,01
ESFORÇOS EM PAVIMENTOS

• Flexão

• Confinamento

• Compressão e Cisalhamento
Pavimento “Perpétuo”
VERIFICAÇÃO MECANÍSTICA – DER-SP (2006)
Segundo DER-SP (2006), para a verificação mecanicista da estrutura de pavimento, é necessário conhecer os
parâmetros dos materiais que constituem as camadas do pavimento, o tráfego solicitante e os modelos de fadiga dos
materiais.

As cargas a serem inseridas na análise mecanicista devem simular o eixo simples padrão de rodas duplas de 80 kN,
utilizando quatro pontos de aplicação da carga de 20 kN cada e pressão de contato pneu-pavimento de 0,56 MPa.

Sugestões do DER-SP (2006)


VERIFICAÇÃO MECANÍSTICA – DER (SP)

Para subleito, o DER-SP recomenda:


VERIFICAÇÃO MECANÍSTICA – DER (SP)
Modelos de Fadiga para Revestimento Asfáltico

Deve-se considerar que o número “N” resultante é o obtido pela


metodologia da AASHTO.

Modelo de deformação permanente no Subleito

Deve-se considerar que o número “N” resultante é o obtido pela


metodologia da USACE.
VERIFICAÇÃO MECANÍSTICA – DER (SP)
O DER-SP recomenda para análise mecanística das camadas de solo-cimento a utilização da equação de fadiga
quanto à flexão de misturas de solo-cimento pesquisadas por Ceratti apresentada a seguir.

Modelos de Fadiga para Misturas Solo-cimento

Deve-se considerar que o número “N” resultante é o obtido


pela metodologia da USACE.

𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒


𝑆𝑅 =
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒)
VERIFICAÇÃO MECANÍSTICA – DER (SP)
Segundo o DER-SP, a camada de base ou sub-base de brita graduada tratada com cimento (BGTC), ocorre a fadiga de
forma idêntica à da camada de solo-cimento. Logo, para a análise mecanicista recomenda-se a equação de fadiga quanto
à flexão de misturas de brita graduada tratada com cimento ensaiada in situ com o Heavy Vehicle Simulator desenvolvida
na África do Sul.
Na prática esta equação não é
Tensão de tração solicitante
utilizada. A Equação de fadiga
utilizada na prática foi proposta por
Tensão de tração de ruptura (resistente)
Balbo (1993)

Com relação ao desempenho, a vida de serviço de um pavimento invertido pode ser caracterizada por duas fases
distintas:

• Fase integra
• Fase pós-trincamento
VERIFICAÇÃO MECANÍSTICA – DER (SP)
Como veremos no exercício proposto no curso, a equação de fadiga da BGTC descrita na instrução de projeto do DER
(2006) é extremamente rigorosa e não é possível de ser atendida. Dessa forma, na prática é utilizada a equação de
fadiga obtida por Balbo (1993).

17,137−19,608∙𝑅𝑇
𝑁 = 10

𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑠𝑜𝑙𝑖𝑐𝑖𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒


𝑅𝑇 = 𝑆𝑅 =
𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛𝑡𝑒)

Esta é também a equação utilizada pelo software MeDiNA.


VERIFICAÇÃO MECANÍSTICA – DER (SP)
Os deslocamentos verticais recuperáveis de um pavimento representam a resposta das camadas estruturais e do subleito
à aplicação do carregamento. Quando uma carga é aplicada em um ponto da superfície do pavimento, todas as camadas
fletem devido às tensões e às deformações geradas pelo carregamento, sendo que o valor do deslocamento geralmente
diminui com a profundidade e com o distanciamento do ponto de aplicação da carga.

Dessa forma, é conveniente verificar o valor do deslocamento vertical recuperável máximo da superfície do pavimento,
comparando-o com o valor de projeto obtido pelas expressões matemáticas do DNER-PRO 011/79 ou DNER-PRO 269,
que é função do número “N”. Esclareça-se que é comum também denominar o deslocamento vertical recuperável máximo
da superfície do pavimento como deflexão.

Modelo de deflexão na superfície


OBRIGADO!

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