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Universidade Federal do Pará

Instituto de Tecnologia
Faculdade de Engenharia Mecânica

Elementos de Máquinas
FADIGA

Prof. Me. Eng. Giovanni de Souza Pinheiro

BELÉM
2022
Elementos de Máquinas
Tipos de solicitações
Elementos de Máquinas
 Os procedimentos mais comuns para a realização dos ensaios são:
 Método padrão:
- Para o caso de levantamento da curva u X N estimada com poucos corpos
de prova, se ensaiam um ou dois corpos de prova para determinada tensão
abaixo de uma tensão mínima.
- Se para o primeiro corpo de prova se atingir a vida útil preestabelecida, o
próximo é ensaiado com uma tensão mais alta e assim por diante.
- Os valores obtidos são plotados em um gráfico u X N padrão e ajustados por
uma curva média mais conservativa.
 Método da tensão constante:
- As tensões são selecionadas em valores espaçados, e vários corpos de
prova são ensaiados para cada tensão, obtendo-se uma nuvem de pontos
para cada condição.
- Com esses valores é traçada uma curva média que englobe todos os
pontos.
Elementos de Máquinas
Características gerais do processo de fadiga
 É a ruptura de um componente pela propagação de uma fissura gerada pela aplicação
de tensões cíclicas.

 90% das rupturas em peças móveis em serviço relacionam-se com fadiga.

 Esse processo ocorre em 3 etapas:

 1-Nucleação de uma fissura em alguma irregularidade (ponto de concentração de


tensões)

 2- Propagação da fissura

 3- Ruptura catastrófica quando se atinge o KIc do material


Elementos de Máquinas
Extrusões e intrusões - Aspecto
Extrusões e intrusões em uma chapa de cobre solicitada
por esforços cíclicos, durante a etapa de nucleação da
fissura
Elementos de Máquinas
Zonas típicas de uma fratura por fadiga e fissura na etapa de
propagação
Elementos de Máquinas

Pontos nucleadores de fissura por fadiga


Elementos de Máquinas
Mecanismo de nucleação das fissuras:
 Iniciam-se em irregularidades, em geral superficiais, onde, pela concentração de
tensões, ocorre deformação plástica localizada, com movimentos atômicos nos
planos de deslizamento;
 Na tensão máxima ocorrem as saliências;
 Na tensão mínima ocorrem as reentrâncias;
 Uma fissura aparece nesse local depois de repetidas saliências e reentrâncias;
Elementos de Máquinas
Como identificar uma ruptura causada por
fadiga?
Presença de duas zonas uma lisa e outra rugosa. (lisa
relacionada a propagação da fissura, e a rugosa a
ruptura catastrófica final)
Elementos de Máquinas

Presença de marcas de praia

• Pode aparecer na região


da ruptura as marcas de
praia. Essa marca
aparece enquanto a
fissura propaga .
Elementos de Máquinas
Marcas de praia na zona escura onde houve a propagação da fissura por
fadiga em braço de eixo manivela de alumínio. Parte clara ruptura final
catastrófica
Elementos de Máquinas
Marcas de praia em um eixo rompido
por fadiga
Elementos de Máquinas
Elementos de Máquinas
Elementos
Elementos dede Máquinas
Máquinas
Presença das estrias
• Quando se observa a região da
zona da fratura onde houve
propagação estável da fissura
por fadiga (zona macroscópica
lisa) com grande aumento em
MEV ou MET(microscópio
eletrônico de varredura /
transmissão) pode-se ver o
avanço unitário da fissura sob o
efeito de cada ciclo de carga.
Essas linhas chamam-se de
estrias.
Elementos de Máquinas
Cada estria está associada a um ciclo de
carga
Elementos de Máquinas
Ensaio de fadiga
• Consiste em submeter
uma série de corpos de
prova a cargas variáveis
com tensões máximas
decrescentes de valor e
que levem o corpo de
prova à ruptura após um
certo número de ciclos.
Curva de cima, representa
ensaio feito em material
ferroso. Curva de baixo
representa ensaio feito
Elementos de Máquinas
Máquina de fadiga do tipo flexão
alternada
• Materiais ferrosos
apresentam limite de fadiga
definido
• Materiais não ferrosos não
apresentam limite de fadiga.
Então em geral se define o
valor da tensão para um
número de ciclos longo,
como sendo o limite de
fadiga arbitrário dessa liga.
Elementos de Máquinas
Máquina de fadiga tipo flexão alternada (a esquerda) e
máquina de fadiga tipo universal de ensaios (a direita)
Elementos de Máquinas
Elementos de Máquinas
Fatores que influenciam o limite de fadiga (quanto mais
elevado esse limite menos sensível à fadiga estará o
material)
• Acabamento superficial- quanto melhor maior o limite de fadiga;
• Composição química – teor de impurezas- quanto mais puro maior o limite de
fadiga
• Quanto maior a resistência mecânica do material, maior o seu limite de fadiga
(existem fórmulas empíricas correlacionando o limite de fadiga com a resistência
à tração)
• Tratamentos termoquímicos (cementação, nitretação etc...) aumentam o limite
da fadiga pois induzem tensões de compressão na superfície
• Descarbonetação (perda de carbono a partir da superfície por reações com a
atmosfera) faz cair a resistência nessa área reduzindo o limite de fadiga.
• Corrosão: Se prévia influencia como a redução do acabamento superficial. Se
simultânea gera um novo mecanismo chamado de corrosão-fadiga que faz cair
muito o limite de fadiga.
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 limite de resistência à fadiga estimado de peça a' para condições diferentes
das ensaiadas.:

Cada fator K tem uma função de modificação definida por um valor


numérico recomendado na literatura, e são descritos como:
 Fator da superfície (Ka): falhas por fadiga geralmente iniciam-se na
superfície do componente, sendo as condições superficiais
determinantes na vida em fadiga de um componente. Assim, esse fator
leva em consideração o acabamento da superfície.
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 Fator de tamanho (Kb ): para materiais cilíndricos, refere-se ao diâmetro do
corpo de prova, e, no caso de peça com outra geometria, deve-se utilizar o
conceito do diâmetro efetivo.

Por exemplo, para cilindros:

 Fator de carga (Kc): considera o tipo de esforço aplicado. Por exemplo, para
flexão: 1,0; para esforço normal: 0,7; e para esforço cisalhante: 0,59.
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 Fator de temperatura (Kd): quando uma peça é projetada para
trabalhar coro temperatura superior à do ambiente, é necessária uma
correção na resistência à fadiga do material.
• Por exemplo:

 Fator de confiabilidade (Ke): expressa a confiança esperada no limite


de resistência à fadiga da peça, e pode ser estimado por meio de
valores tabelados em função do intervalo de confiança adotado para
os resultados, considerando uma distribuição normal dos mesmos.
 Por exemplo, para uma confiabilidade de 50%: 1,0; 90%: 0,897; 99%:
0,814; 99,9%: 0,753; 99,99%: 0,702 (quanto maior a garantia desejada
de que o componente não irá falhar, menor será o coeficiente
adotado).
Elementos de Máquinas
 Fator de concentração de tensão, ambiente, atrito etc. (Kf):
concentradores de tensão em peça que possui em sua geometria
desvios, como ângulos retos, cantos vivos, tratamentos térmicos,
entalhes, condições ambientais, degradação etc.
Elementos de Máquinas
Efeito na curva S x N da presença simultânea de tensões
cíclicas e de meio corrosivo
Elementos de Máquinas
Elementos de Máquinas
Apresentação de resultados segundo
ASTM E468
Elementos de Máquinas

• Através de um
comportamento
estatístico pode-se
determinar a
probabilidade de um
material sofrer fadiga
para determinado
valor de carga.
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EXERCÍCIO
1 – Um componente mecânico produzido em aço-ferramenta apresenta como
resultado do ensaio de fadiga o gráfico a seguir. Esse componente operará em
condições de carregamento contínuo por 1 ano, submetido a uma carga 150 kN.
Sabendo que o componente fará 1000 ciclos tração-compressão por minuto,
determine o diâmetro mínimo que satisfaça essas restrições. 
Elementos de Máquinas
EXERCÍCIO
1 – Barras cilíndricas deverão ser confeccionadas de aço 1045 e alumínio, e serão
submetidas a esforços cíclicos de tração-compressão, os resultados do ensaio de
fadiga são mostrados na figura a seguir. Se a amplitude da carga aplicada é
66.700 N, calcule o diâmetro mínimo que essas barras deverão apresentar para
não sofrer ruptura por fadiga. Selecione o material mais conveniente.
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Concentração de tensão:
Elementos de Máquinas

Concentração de Tensão:
Elementos de Máquinas

Concentração de Tensão:
 As mudanças de tenções em pontos de mudança de geometria são
representadas pelas isobáricas;
 O valor de concentração de tensão em qualquer geometria particular é
denotado por um fator geométrico de concentração de tensão Kt para
tensões normais, ou por Kts para tensões de cisalhamento. Sendo:
e
 Os fatores Kt e Kts consideram apenas o efeito devido à geometria, e
não consideram como o material se comporta diante de concentrações de
tensões.
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Concentração de Tensão:
 Materiais dúcteis sob solicitações dinâmicas se comportam e falham como
se fossem frágeis.
 Independentemente da ductilidade ou fragilidade do material, o fator de
concentração de tensão deve ser aplicado quando cargas dinâmicas (fadiga
ou impacto) estão presentes.
 Embora todos os materiais sejam afetados pela concentração de tensão sob
solicitações dinâmicas, alguns materiais são mais sensíveis que outros.
 Um parâmetro chamado sensibilidade ao entalhe, q, é definido para vários
materiais e utilizado para modificar os fatores Kt e Kts para um dado
material sob solicitação dinâmica.
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Concentração de Tensão:
 Determinação do fator de concentração de tensão sensibilidade ao
entalhe:
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CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO: Sensibilidade ao entalhe:


 Em geral, quanto mais dúctil é o material, menor sua sensibilidade ao entalhe.
 Materiais frágeis são mais sensíveis a descontinuidades.
 A sensibilidade ao entalhe pode ser definido como:

 Sendo:
 - fator de concentração de tensões teórico (estático) para a geometria
particular;
 - fator de concentração de tensões em fadiga (dinâmico).
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CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO: sensibilidade ao entalhe:


 A sensibilidade ao entalhe pode ser definido em termos da constante de Neuber
a e do raio do entalhe r, como:
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Concentração de Tensão:
 Determinação da sensibilidade ao entalhe:
Elementos de Máquinas

Concentração de Tensão:
 Exercício:
Uma barra retangular com ressalto suporta esforços de
flexão. Determine o fator de concentração de tensão em
fadiga para as dimensões fornecidas.
Dados: D = 2, d = 1,8 e r = 0,25.
O material apresenta Sut = 100 kpsi.
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Concentração de Tensão:
 Exercício:
Solução:
O fator geométrico de concentração de tensão Kt é obtido a partir da equação:

onde A e b são dados na própria figura em função da razão D/d, que vale 2/1,8 = 1,111.
Para essa razão, A = 1,0147 e b = -0,2179, resultando em:
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Concentração de Tensão:
 Exercício:
Solução:
Logo:

O fator de concentração de tensão em fadiga pode então ser obtido:


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Concentração de Tensão:
 Geometrias complicadas geralmente são necessárias devido à função das
peças da máquina.
 O projetista sempre encontra o problema de concentração de tensões em
seções que possuem variações abruptas de forma ou dimensão.
 Regras gerais para projetos que minimizam a concentração de tensões:
 Evite variações abruptas e/ou de grandes dimensões da seção
transversal, quando possível.
 Evite cantos agudos e utilize o maior raio de transição possível entre
as superfícies de diferentes contornos.
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CURVAS DE WHOLER:
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Modelos de falha por Fadiga:


Existem três modelos de falha por fadiga em uso,
atualmente, as abordagens são:
o modelo tensão- -número de ciclos (S-N);
o modelo deformação-número de ciclos (ε-N);
o modelo da mecânica da fratura linear-elástica
(MFLE).
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Modelos de falha por Fadiga:


Com base no número de ciclos de tensão ou
deformação, ao qual se espera que a peça seja
submetida durante a sua vida em operação, pode-
se definir um regime de fadiga de baixo-ciclo (FBC)
ou um regime de fadiga de alto-ciclo (FAC).
N = 103 ciclos é uma aproximação razoável para
diferenciar o regime de baixo-ciclo em relação ao
de alto-ciclo.
Elementos de Máquinas

Tensões média e alternada combinadas:


• Quando uma componente de tensão média de
tração é somada à componente alternada, o
material apresenta falhas com tensões alternadas
inferiores às que ocorreriam sob um carregamento
puramente alternado.
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CURVAS DE FALHA PARA TENSÕES FLUTUANTES:


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CURVAS DE FALHA PARA TENSÕES FLUTUANTES:


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CURVAS DE FALHA PARA TENSÕES FLUTUANTES:


Curva de Soderberg

Curva de Goodman modificada

Parábola de Gerber
Elementos de Máquinas
• No desenvolvimento do projeto de um equipamento foram
obtidas três condições viáveis, em termos econômicos, para
o dimensionamento de um eixo, mostrados na figura abaixo.
Com base em seus conhecimentos especifique qual
condição é mais viável.
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Resistência à fadiga teórica ou limite de fadiga estimados:
Se os dados publicados estiverem disponíveis para a
resistência à fadiga ou o limite de fadiga do material, eles
devem ser utilizados, e os fatores de correção devem ser
aplicados a esses valores.
Valores aproximados de ou podem ser estimados a partir
de valores da resistência à tração do material.
Elementos de Máquinas

FIM

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