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1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
Desenvolver a calibração em uma máquina de fadiga projetada para realizar testes de flexão
de três pontos, a fim de obter um sistema de aquisição de dados mais preciso para o estudo do
fenômeno de falha no ensaio mecânico.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
Fadiga é uma condição de falha que ocorre em estruturas que estão sujeitas a tensões
oscilantes e dinâmicas, como componentes de máquinas, pontes e aeronaves. Sob essas
circunstâncias, torna-se possível que uma falha ocorra em um nível de tensão consideravelmente
menor do que o limite de resistência à tração ou o limite de escoamento para uma carga estática
(CALLISTER, 2012).
É um processo de dano localizado em componentes sujeitos a cargas cíclicas. O resultado do
processo de fadiga consiste incialmente no surgimento de uma trinca, a propagação da mesma e a
fratura final do componente. Como o componente sofre um número crescente de ciclos de
carregamento, o comprimento da trinca aumentará. Após um certo número de ciclos, a trinca fará
com que o componente falhe (LEE et al., 2004). A pequena trinca inicial, pode estar presente no
material desde a sua manufatura (devido às inclusões) ou desenvolver-se ao longo do tempo devido
às deformações (NORTON, 2013).
3.1.1. Deflexão
𝐹𝑟 ∙ 𝐿3
𝛿= (1)
48 ∙ 𝐸 ∙ 𝐼
𝑏 ∙ ℎ3
𝐼= (2)
12
Segundo Lee et al. (2004), um sistema de aquisição de dados permite que os dados sejam
retirados de um experimento e alimentados para um sistema de armazenamento, por exemplo. O
3.3. CALIBRAÇÃO
3.3.1. Histerese
4. MATERIAIS E MÉTODOS
A calibração foi realizada em uma máquina de fadiga em flexão de três pontos. Através de
um ensaio de fadiga, pode ser previsto o comportamento dos materiais com cargas repetidas à longo
prazo, efetuando testes S-N (gráfico tensão S versus o número N de ciclos necessários para a falha)
em alta frequência, reduzindo o tempo necessário dos testes e possibilitando sua execução em larga
escala. Além disso, torna-se possível obter o limite de fadiga do material (tensão inferior ao que o
material pode suportar em um número de ciclos infinitos, sem que haja falha), fundamental para o
dimensionamento de peças sujeitas a um número desconhecido de ciclos.
Alunos de graduação e pós-graduação do Laboratório de Simulação Numérica Aplicada
(LASIN) da UFSJ, projetaram e construíram a primeira versão de uma máquina de fadiga em flexão
plana como mostra a Figura 1, baseada na norma ASTM D7774-12. A máquina é movida por um
Esse sistema de fixação das amostras é ligado a um eixo secundário, apoiado em um mancal
e preso em um sistema de fixação. O eixo secundário possui uma região com área da seção
transversal reduzida. Essa redução de área foi estabelecida para a colagem de extensômetros que
irão identificar a deformação do eixo devido aos esforços presentes durante o ensaio, fazendo com
que se tenha uma maior sensibilidade das forças. Esse eixo é fixo em sua extremidade para impedir
sua translação e rotação (NASCIMENTO, 2018).
Como o intuito da calibração é garantir dados confiáveis para o ensaio, foi necessário
também atualizar a máquina através de um novo projeto. Dessa forma, um novo sistema de fixação
central da amostra foi projetado para analisar diferentes tamanhos de corpos de prova. Esse novo
sistema não influencia na execução da calibração da máquina e na análise da propagação das
incertezas da extensometria, já que o eixo secundário foi mantido e este é o único componente
necessário para a prática. Logo, para não desviar o foco do tema central desse trabalho, a parte do
projeto da nova máquina não será abordado.
4.2. EXTENSOMETRIA
4.4. CALIBRAÇÃO
Para medir a resposta em mV/V quando as massas de referência são colocadas e retiradas,
inicialmente acoplou-se uma barra roscada ao eixo secundário da máquina de fadiga, já que esse
componente já apresentava uma rosca interna para fixar o suporte do sistema de fixação da amostra.
Essa barra roscada permitiu que as massas de referência estivessem alinhadas com o instrumento de
medição da força. Além disso, uma base leve de plástico foi colocada na extremidade da barra,
servindo de apoio para que as massas de referência ficassem suspensas e não caíssem.
A norma ABNT NBR NM-ISO 7500-1:2004 estabelece que a calibração deve ser realizada
em temperatura ambiente entre 10ºC e 35ºC, devendo permanecer estável dentro de ±2ºC durante
cada seção de calibração. Nos procedimentos realizados, a faixa estável foi respeitada e a
A partir das transições tabulares obtidas, foi utilizado um procedimento de ajuste de curva
baseando-se na regressão linear pelo método dos mínimos quadrados. Através desse método, é
possível obter a melhor reta que ajusta um conjunto de pontos tabelados, obtidos geralmente de uma
coleta experimental, pelo método dos mínimos quadrados (minimiza a soma dos quadrados das
diferenças entre o valor estimado e os dados observados).
Tanto para tração quanto para compressão, calculou-se a média entre a média do valor de
carregamento das três medições e a média do valor descarregamento das três medições para cada
força exercida na máquina, no intuito que cada força estivesse relacionada somente a um valor de
medição. O software Microsoft Excel, permite gerar uma linha de tendência linear automaticamente
e a equação da linha. A partir disso, foi possível obter a curva de calibração de tração e de
compressão, expressas através de um polinômio do 1º grau. Para obter somente uma única curva
final de calibração, ambas foram interligadas.
Posteriormente, após receber pelo módulo Spider 8 os sinais filtrados e ampliados dos sinais
analógicos provenientes dos extensômetros, o software Catman é utilizado para o acompanhamento
e interpretação dos sinais. Através de uma seção da interface interna, é possível inserir no máximo
16 pontos de calibração para o equipamento que se deseja calibrar. Como o número de pontos
obtidos da curva de calibração é maior que 16, será necessário definir quais pontos serão utilizados.
Inicialmente, demarcou-se os pontos mínimo, zero e máximo da abscissa. Como
remanesceram 13 pontos a serem inseridos, 6 foram destinados para os pontos do ponto mínimo ao
ponto zero da abscissa (compressão) e 6 do ponto zero ao ponto máximo da abscissa (tração). Um
ponto da tabela não foi preenchido, para que dentro de cada intervalo os pontos estivessem
igualmente espaçados e para que uma curva não apresentasse mais pontos de calibração que a outra.
5. RESULTADOS E CONCLUSÕES
Para obter as curvas de calibração de tração, compressão e a final (tração mais compressão),
todos as medições da relação de voltagem foram obtidas graficamente através do software Catman.
A contabilização do valor, era realizada a partir do momento que a leitura se estabilizava. Após
realizar todas as séries dos ensaios e calcular a média dos valores de carregamento e de
descarregamento, obteve-se o resultado das medições de tração e compressão.
Em ambos os gráficos a histerese apresentou um comportamento sutil. Comparativamente, o
ensaio de tração demandava mais tempo para estabilizar a medição da relação de voltagem e a barra
roscada vibrava mais do que no ensaio de compressão, devido as massas de referência estarem em
“pêndulo”. Dessa forma, supõe-se que este seja o principal motivo da tração apresentar uma
histerese maior que na compressão. Por exemplo, entre a oitava e a trigésima leitura tanto no
carregamento quanto no descarregamento da compressão, a relação de voltagem do carregamento e
do descarregamento eram iguais, ou seja, histerese igual a zero. Nesta última indagação, outro fator
que influenciou na histerese quase insignificante entre a oitava e trigésima leitura, deve-se ao fato
que nessa faixa de força as massas de referência eram do mesmo material e apresentavam uma
geometria semelhante, diferentemente das massas que estavam entre a segunda e a sétima leitura,
pois estas apresentavam, aproximadamente, 50 gramas à mais e eram compostas de um material
diferente da outra faixa.
Como o ambiente não era termicamente controlado, mesmo cumprindo com a faixa da
variação de temperatura da norma, esse fator também pode ter influenciado na leitura dos
extensômetros, como também o acabamento superficial da superfície que estão fixados. Além disso,
a norma recomenda utilizar pesos padrão (massas que variam de tamanho e classe, certificados por
órgãos legisladores de medição) para o ensaio, pois garantem a exatidão no peso a ser utilizado para
calibrar. Devido à falta de disponibilidade deste material, necessitou-se fabricar as massas de
referência.
Após realizar a metodologia abordada no tópico 3.1.1 do presente material, gerou-se as
curvas de calibração de tração e compressão. Conforme apresentadas nas Equações 3 e 4, gerou-se
as expressões algébricas, respectivamente, referente à curva de calibração da tração e de
compressão.
Ao interligar as duas curvas, foi possível obter a curva de calibração final. Após realizar a
divisão dos 15 pontos para introduzi-los no software Catman, obteve-se a tabela que correlaciona os
valores da força em newton com a relação de voltagem em milivolts por volt, conforme apresentado
na Tabela 2. Vale ressaltar que os valores da força na compressão são considerados negativos, para
diferenciar qual esforço está sendo realizado pela máquina. Além disso, a quantidade máxima de
casas decimais a serem inseridas no software são quatro para as forças e cinco para as relações de
voltagem.
Ao verificar as medições dos ensaios, constatou-se que o valor zero da tração é -0,0003
mV/V e da compressão -0,000042793 mV/V. Como as curvas apresentavam diferentes valores em
zero e, consequentemente, não se interceptavam, realizou-se uma média entre os valores dessas
duas medições, para agregar precisão no comportamento das curvas e interligá-las.
Ao analisar a calibração antiga, o range de forças é de 0 a 14,7 N. Assim sendo, presume-se
que foi realizado somente o ensaio de tração para calibrar o equipamento e o intervalo dos valores
mínimos e máximos das forças de reação não abrangia a faixa de forças do experimento.
Consequentemente, o programa era responsável por gerar uma previsão linear dos de tração acima
de 14,7 N e todos os valores de compressão. Logo, pode-se concluir que o procedimento realizado
da calibração antiga é mais impreciso, não cumprindo com os métodos abordados na norma,
diferentemente da nova calibração.
0,01 ∙ 0,00093
𝐼= = 6,075 × 10−13 𝑚4
12
Pode-se observar que o ensaio ainda apresenta histerese, pelo deslocamento do gráfico em
relação ao eixo da abscissa. Até os 50.000 ciclos ocorreu uma redução dos esforços de forma sutil,
devido a redução da amplitude entre os pontos máximos e mínimos do experimento. Deste ponto
até 60.000 ciclos, nota-se que o material sofre uma degradação de suas propriedades, acarretando
em um possível amolecimento ou surgimento de micro trincas na superfície. Por fim, a trinca se
propaga de forma rápida de 62.500 ciclos até a sua falha completa. O ensaio realizado neste
trabalho, almeja visualizar o comportamento do ensaio de fadiga. A amostra utilizada já havia sido
ensaiada antigamente e não se tem conhecimento sobre a quantidade de ciclos que haviam sido
realizados anteriormente para ela. Dessa forma, nessa análise não é possível prever a vida em fadiga
dessa amostra através de cálculos teóricos. Os únicos dados disponíveis para essa amostra, era o
material (permitindo definir o módulo de elasticidade), a geometria e o processo de fabricação
(auxilia na compreensão das influências do processo de corte da amostra).
No ensaio, uma série de fatores podem estar associados à influência no resultado obtido do
experimento. Desalinhamento no processo de fabricação e de construção da máquina, influências da
6. AGRADECIMENTOS
7. DIREITOS AUTORAIS
Os autores são os únicos responsáveis pelo conteúdo das informações contidas neste artigo.
REFERÊNCIAS
ABSTRACT: Mechanical failure is all undesirable occurrence of disruption of the normal functioning of a
solid body, being the fracture one of the common events characteristics of failure. One of the causes of these
events can be generated through fatigue, corresponding from 50% to 90% of the total number of failures. In
order to promote the knowledge of the material behavior, it is indispensable to predict it through
mechanical testing, such as in a bending fatigue machine. By means of a data acquisition system through
strain gages reading, coupled to the machine, it is possible to evaluate load or stress with precise results. In
order to ensure that the fatigue analysis equipment develops the requested work, it is essential to calibrate it
establishing the values of the measurand for the given indications, as well as to adopt the necessary
corrections in the equipment and, consequently, to ensure the quality of the machine. In this way, it is
possible to compare between the values obtained in the measuring instrument (strain gages) and the
reference instrument used as reference masses, obtaining a calibration curve. In the present work, the load
cell calibration of a three-point bending fatigue machine, based on ABNT NBR NM-ISO 7500-1:2004
standard and knowledges passed on by specialists in the subject, was performed in order to obtain an
accurate data acquisition system for the study of failure phenomena in the mechanical test. In order to
guarantee the reliability of the obtained results, the equipment was analyzed through a fatigue test in the
equipment. The results showed that the hysteresis had a great influence, being able to be associated to the
misalignment in the process of the machine manufacture and construction and influences of the engine
temperature, for instance. However, the results achieved in the present work are quite promising, and it is
up to another author to continue the calibration and verification of these errors.