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FADIGA

1 – INTRODUÇÃO
Um material submetido a um carregamento estático de tração só rompe quando a
tensão aplicada for igual ou superior ao seu limite de resistência.
Por efeito da fadiga, entretanto, um material submetido a um carregamento cíclico
pode vir a fraturar sob tensões aplicadas bem inferiores ao seu limite de ruptura.
A fratura por fadiga ocorre de modo súbito e imprevisível sem que o material
apresente deformação sensível a nível macroscópico.
O projeto de estruturas sujeitas a ação de cargas variadas deve levar em conta a
possibilidade de ocorrência de fadiga.
A presença de concentração de tensões produzidas por cantos vivos ou por
defeitos na estrutura do material favorece a nucleação de trinca por fadiga.
O acabamento superficial das peças interfere na nucleação de trincas por fadiga.
Peças de máquinas solicitadas ciclicamente devem ter as superfícies polidas.
A propagação das trincas por fadiga é facilitada quando a ductilidade do material é
baixa.
As solicitações cíclicas observadas nas estruturas reais são complexas, figura 1.
Os índices característicos do comportamento dos materiais em fadiga utilizados no
projeto são estabelecidos à partir de ciclos de tensão mais simples, usualmente com
formato senoidal podendo ter outros formatos, figura 1.
Figura 1 – Do Autor.

2 – ENSAIO DE FADIGA
Ensaios de fadiga destinados a caracterização dos materiais são realizados em
regime de carga alternada, geralmente com onda senoidal por um dos três seguintes
métodos:
- Flexão rotativa.
- Flexão alternada.
- Carga axial pulsada.
O carregamento por flexão seja alternada ou rotativa permite o emprego das
máquinas de construção relativamente barata o que não acontece quando o carregamento
é axial pulsado.
A flexão rotativa é utilizada quando o material permite a retirada de corpos de
prova de seção circular.
A flexão alternada se aplica a materiais sob forma de chapa fina.
Desenhos típicos de corpos de prova de fadiga são apresentados na figura 2.
Figura 2 – https://slideplayer.com.br/slide/50516/ 2017/09. Slide 8.

Os resultados dos ensaios de fadiga são muito influenciados pela geometria,


formato e principalmente pelo acabamento superficial dos corpos de prova. Para que os
resultados permitam comparações com os valores tabelados e possam ser utilizados no
projeto é indispensável que os corpos de prova sejam rigorosamente fabricados de
acordo com as exigências contidas nas normas próprias.
No ensaio de flexão rotativa o corpo de prova gira ao mesmo tempo que o
carregamento aplicado garantindo um momento fletor constante sob a sua seção útil,
figura 3. Com o movimento do corpo de prova, o material ao longo de sua geratriz ora
acha-se submetido a um máximo de tração ora a um máximo de compressão
caracterizando a carga alternada.

Figura 3 – https://slideplayer.com.br/slide/1803272/ 2017/09. Slide 5.


No ensaio de flexão alternada um corpo de prova de fadiga é engastado na
máquina de ensaio por uma de suas extremidades e sobre a outra é aplicada uma força
cujo sentido se altera com o tempo. O mecanismo utilizado é simples, constituindo-se
em um excêntrico rotativo e uma mola, figura 4.

Figura 4 – Do autor.

3 – CURVA S-N
O comportamento em fadiga dos materiais é em geral caracterizado através da
curva S-N também conhecida por curva de Wohler.
Esta curva relaciona o logaritmo da tensão máxima, “S”, com o logaritmo do
número de ciclos de carregamento até a fratura, “N”, considerando para tanto os
resultados de um conjunto de ensaios de fadiga realizados com o material.
A figura 5 apresenta curvas de fadiga para alguns materiais.
Figura 5 – Do Autor.

Observar dessa figura que para 5 x 106 ciclos de carregamento o ferro fundido
rompe para uma tensão máxima aplicada em regime de carga alternada de 8,4 Kg/mm 2.
O aço 1020 laminado rompe com 19,2 Kg/mm². O aço 3140 laminado a quente rompe
com 45 Kg/mm². O tratamento de têmpera sobre este mesmo aço reduz sua resistência
a fadiga em 5 x 106 Kg/mm².
Conclui-se desses últimos resultados que os tratamentos térmicos podem também
alterar sensivelmente a resistência à fadiga das ligas metálicas.
As curvas S-N para as ligas ferrosas apresentam uma tensão mínima a partir da
qual não ocorre fratura por fadiga qualquer que seja o número de ciclos a elas aplicado.
Esta tensão é chamada “Limite de resistência à fadiga”. Assim para tensões
aplicadas abaixo desse limite as peças apresentam vida infinita.
Já para ligas não ferrosas, como é o caso do alumínio a tensão para fratura diminui
continuamente a medida que o número de ciclos aumentar. Nesse caso o limite de
resistência à fadiga é arbitrado de modo a corresponder a vida útil suficientemente
grande para aplicação a que se destinar, usualmente 1 x 107 ciclos.
A experiência mostra que os resultados dos ensaios de fadiga são sujeitos a
considerável dispersão experimental, figura 6. Assim as curvas S-N da figura 5
representam valores médios obtidos e a caracterização do comportamento de um
material deve estar baseada em grande número de ensaios para poder ser considerada
significativa.

Figura 6 – Do autor.

4 – DIAGRAMA DE SODERBERG
O limite de resistência a fadiga referido na curva S-N trata de carga alternada onde
σm=0 e |σv|=|σmax|. Não sendo esse o caso, o valor de σn deve ser corrigido do efeito da
alteração no regime de carregamento.
O diagrama de Soderberg, figura 7, propõe, com base empírica um processo de
correção que oferece resultados a favor da segurança.

Figura 7 – Do Autor.
Neste diagrama o eixo vertical corresponde às tensões variáveis e o eixo
horizontal às tensões médias.
Segundo este método marca-se no eixo vertical o limite de resistência à fadiga e
no eixo horizontal o limite de escoamento do material.
A linha que une as partes marcadas sobre esses eixos relaciona que combinação
entre as tensões média e variável o material suporta.
Em realidade os resultados experimentais disponíveis mostram que a ruptura
ocorre para combinações mais severas que aquelas indicadas por Soderberg.

5 – MORFOLOGIA DE FRATURA POR FADIGA


A falha por fadiga requer três estágios distintos, figura 8.

Figura 8 - https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/3721/3721_3.PDF 2017/09 pg 32.

- Estágio 1 – nucleação.
- Estágio 2 – crescimento.
- Estágio 3 – Fratura.
As duas primeiras etapas tomam praticamente todo o tempo de vida do material.
Quando o comprimento da trinca atinge um tamanho tal que a seção resistente torna-se
insuficiente para resistir ao carregamento, a ruptura ocorre de modo repentino.
É fácil identificar a causa da falha em serviço de peças que romperam por fadiga
bastando para isso observar a superfície de fratura a olho nu.
O aspecto típico, tal como indicado na figura 8, é caracterizado por uma região
mais lisa, dotada de curvas concêntricas que indicam a área de nucleação da trinca.
Uma segunda região de aspecto irregular caracteriza a ocorrência de ruptura devido a
sobrecarga que acompanha a redução na área resistente.
6 - BIBLIOGRAFIA
COLPAERT, Humbertus Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. São
Paulo: Edgard Blucher, 2008

FREIRE, J. M. Materiais de construção mecânica São Paulo: LTC, 2005.

HELMAN, H.; CETLIN, P. R. Fundamentos da conformação mecânica dos metais. Rio


de Janeiro: Guanabara dois, 2005.

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