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FUNDAÇÃO TÉCNICO-EDUCACIONAL SOUZA MARQUES

FACULDADE DE ENGENHARIA SOUZA MARQUES

TENACIDADE

SANDRA PENHA DE SOUZA ALMEIDA

RIO DE JANEIRO/2017
TENACIDADE

1 – INTRODUÇÃO
Os materiais estão sujeitos a dois modos de fratura distintos:
1 - Fratura dúctil
2 - Frágil
A fratura dúctil é acompanhada por intensa deformação plástica e requer
considerável energia para sua ocorrência.
A fratura frágil independe da deformação plástica a níve1 macroscópico e
consequentemente não necessita de tanta energia para se consumar.
O comportamento dos materiais quanto a fratura é, em geral, complexo podendo
em determinadas condições de solicitação caracterizar um ou outro desses dois modos.
Do ponto de vista das aplicações na construção civil a fratura frágil é indesejável.
Ela pode se manifestar de modo súbito até mesmo para cargas médias aplicadas sobre a
seção resistente das estruturas, bem inferiores ao limite de ruptura do material.
A possibilidade de um material de uso estrutural, inicialmente dúctil, sofrer
transição para o comportamento frágil tem sido a causa de inúmeros acidentes.
A ocorrência de fratura frágil em metais depende da ação conjugada ou individual
dos seguintes fatores:
1 - Concentração de tensões
2 - Carga súbita, choque
3 - Temperatura
Qualquer tipo de irregularidade geométrica num material produz concentração de
tensões.
Essas irregularidades podem ser cantos vivos, originados da própria geometria
estabelecida no projeto estrutural. Podem ainda ser geradas durante o processo de
fabricação como é o caso dos defeitos de solda: trincas, porosidade, inclusão de escoria,
falta de penetração.
Por efeito de concentração de tensões, a tensão aplicada junto ao vértice dos
cantos vivos resulta bem superior a tensão média aplicada ao restante da seção
resistente, figura 1.
Figura 1 – Do Autor.
Nos materiais dúcteis, essas concentrações de tensão podem ser aliviadas por
deformação plástica localizada no vértice do canto vivo, figura 2b.

Figura 2 – Do Autor.

(a) canto vivo concentrador de tensões em um material dúctil


(b) canto vivo do mesmo material após deformação.
Entretanto nos materiais frágeis, esse mecanismo de alivio de tensões não atua,
criando condições para que ocorra uma trinca se o limite de resistência à tração do
material for superado nesta região, figura 3.

(a) canto vivo concentrador de tensões em um material frágil


(b) fissura proveniente da deformação do mesmo material.
Figura 3 – Do autor.

Uma vez iniciada a trinca, esta se propaga facilmente, pois ela própria origina
intensa concentração de tensões no seu vértice que aumenta progressivamente até a
fratura.
Sob compressão, um defeito do tipo fissura não é auto propagante; as solicitações
podem ser transferidas através da fissura, sem que isso provoque um aumento nas
tensões.
As cargas subitamente aplicadas aos materiais metálicos favorecem a ocorrência
da fratura frágil.
Temperaturas baixas igualmente favorecem o comportamento frágil.
Para que o material seja adequado aplicações industriais na construção civil é
importante que ele apresente ductilidade e tenacidade na temperatura de trabalho.
Existem diversos ensaios para caracterizar o desempenho quanto a fratura e dentre
eles um dos mais utilizados é o ensaio de Impacto segundo Charpy.
2 - ENSAIO DE CHARPY
O corpo de prova possui geometria padronizada sendo provido de entalhe para
localizar a região da ruptura e produzir um estado definido de concentração de tensões.
O corpo de prova é rompido sobre o efeito de uma flexão por impacto, produzida por
um martelo pendular.
A energia que o corpo de prova absorve para se deformar e romper é medida pela
diferença entre a altura atingida pelo martelo, antes e após o impacto, considerado o
peso do martelo. Geralmente esta energia é lida diretamente na máquina numa escala
já convertida em energia, figura 4.

Figura 4 - CALLISTER Jr., William D.; RETHWISCH, David G. - Ciência e Engenharia de


Materiais - Uma Introdução, 9ª edição. Pg 245.

3 - CORPOS DE PROVA ESPECIFICADOS


Existem três tipos que são classificados conforme a forma de seu entalhe. Assim,
tem-se corpos de prova de Charpy tipo A, B e C, apresentando todos uma seção
quadrada de 10 mm de lado e um comprimento de 55 mm.
O entalhe é feito no meio do corpo de prova e tem a forma correspondente. Os
corpos de prova recomendados pela ABNT e ASTM estão na figura 5.
Figura 5 - https://www.cimm.com.br/portal/noticia/exibir_noticia/7379-ensaio-charpy-mede-a-
resistencia-dos-materiais 2017/09.

Os corpos de prova de Charpy são livremente apoiados na máquina de ensaio,


com uma distância entre apoios especificada de 40 mm, conforme figura 6.

Figura 6 –
http://www.fahor.com.br/images/Documentos/Biblioteca/TFCs/Eng_Mecanica/2016/Matheus_Rai_Gelatt
i.pdf 2017/09. Pg 18.
4 – TÉCNICA DE ENSAIO
O corpo de prova de Charpy é apoiado, sendo o martelo montado na extremidade
de um pendulo e num ponto de tal maneira que sua energia cinética no ponto de impacto
tenha um valor fixo e especificado.
O martelo é solto e bate no corpo de prova no local do entalhe, figura 6.
Depois de romper o corpo de prova, o martelo sobe até uma altura que é
inversamente proporcional à energia absorvida para deformar e romper o corpo de
prova. Assim, quanto menor for a altura atingida pelo martelo, maior será a energia
absorvida pelo corpo de prova.
Essa energia é lida diretamente na máquina de ensaio.
Não é recomendável efetuar apenas um ensaio de impacto, em virtude da
dispersão experimental que é natural nesses ensaios, é necessário fazer-se no mínino
três ensaios para se ter média aceitável.

5 - INFLUENCIA DA TEMPERATURA
Há uma faixa de temperatura relativamente pequena, na qual a energia absorvida
cai apreciavelmente, esta faixa é chamada de temperatura de transição.
Define-se temperatura de transição, como a temperatura onde há mudança no
caráter de ruptura do material, passando de dúctil a frágil, ou vice-versa.

6 - INFLUÊNCIA DO TAMANHO DO CORPO DE PROVA


Nos ensaios de impacto não existe possibilidade de correlacionar resultados de
ensaio obtidos com corpos de prova de tamanhos diferentes. Exprimir a energia
absorvida por unidade de área como resultado de ensaio não tem significado prático.

7 - BIBLIOGRAFIA
COLPAERT, Humbertus Metalografia dos produtos siderúrgicos comuns. São
Paulo: Edgard Blucher, 2008

FREIRE, J. M. Materiais de construção mecânica São Paulo: LTC, 2005.

HELMAN, H.; CETLIN, P. R. Fundamentos da conformação mecânica dos metais.


Rio de Janeiro: Guanabara dois, 2005.

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