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FUNDAÇÃO TÉCNICO-EDUCACIONAL SOUZA MARQUES

FACULDADE DE ENGENHARIA SOUZA MARQUES

DILATAÇÃO DOS GASES

LUCINDA CUSTÓDIO REBELO

RIO DE JANEIRO/2017
DILATAÇÃO DOS GASES

1 – INTRODUÇÃO
No estado gasoso a matéria tende a expandir-se espontaneamente, isto é, a ocupar
todo o espaço disponível, por conseguinte o volume de uma massa gasosa é igual a
capacidade do recinto que ela preenche.
Quando se comprime um gás fortemente, seu volume pode tornar-se
comparativamente muito pequeno, da mesma ordem de grandeza de igual massa de
matéria em estado líquido ou sólido; exemplo, 1 Kg de ar ocupa nas condições
ordinárias volume da ordem de 1 m3, e sob pressão suficientemente elevada ele pode ser
comprimido de modo que seu volume se reduza a 1 l, que é o volume de 1 Kg de água
ou de madeira. Esta propriedade se exprime dizendo que os gases são fortemente
compressíveis.
Por outro lado, quando se oferece a uma mesma massa gasosa recintos cada vez
mais amplos, sem restrição, aquela massa gasosa tende a espalhar-se por todo o espaço
disponível (tendência esta que só não se concretiza quando agem “força de campo”
contrárias, caso da atmosfera terrestre, a qual não se expande pelo espaço a fora em
virtude de ação contrária da gravidade). Esta propriedade se exprime dizendo que os
gases são infinitamente expansíveis.
Não tem sentido dizermos 2 l de oxigênio, se não soubermos a que pressão eles se
encontram e também qual a sua temperatura, pois o volume varia grandemente com a
pressão e a temperatura e por isso as variáveis θ (temperatura), p (pressão) e V (volume)
são chamadas “variáveis de estado” e caracterizam num determinado instante o estado
da massa de gás.

2 – GÁS PERFEITO
Gás perfeito ou gás ideal é aquele que segue rigorosamente as leis de Boyle-
Mariotte, Gay Lussac e Charles.
Admite-se que entre as moléculas de um gás perfeito não exista qualquer espécie
de interação, a não ser em caso de choque.
As principais variáveis de estado de um gás perfeito são: a massa, o volume, a
pressão e a temperatura. Dadas três delas a quarta fica perfeitamente determinada.
Não existe nenhum gás perfeito. Trata-se de uma abstração matemática que
permite estabelecer leis que servem, aproximadamente para os gases reais; o
comportamento de um gás real é tanto mais próximo do comportamento ideal quanto
mais elevada for a sua temperatura e mais baixa a sua pressão. É fácil perceber porque:
estas são as condições em que as moléculas do gás se encontram mais afastadas, sendo
menor a interação entre elas.

3 – LEI DE BOYLE-MARIOTTE
A relação que existe entre os volumes ocupados por determinada massa de gás e
as pressões que suporta ou exerce, entrevista por Robert Boyle, físico inglês (1661) e
enunciada de modo preciso pelo padre francês Mariotte (1676), recebeu o nome destes
dois cientistas e é a seguinte:
À mesma temperatura, os volumes ocupados sucessivamente pela mesma massa
de gás são inversamente proporcionais às pressões que suportam (ou exercem).
Esta lei pode ser indicada analiticamente por:
V P'
 ou
V' P
PV=P’V’= constante,
Sendo necessário repetir que ela é somente aproximada para os gases reais.
Experiências realizadas com hidrogênio, e azoto mostraram que esses gases obedecem
com muita aproximação a lei de Boyle-Mariotte.
A equação é representada por hipérboles equiláteras, cada uma correspondente a
uma determinada temperatura (figura 1).
Figura 1

Figura 1
As curvas são chamadas ISOTERMAS e a transformação ISOTÉRMICA.

4 – LEY DE GAY-LUSSAC
Rege o comportamento de uma determinada massa de gás perfeito em evolução
ISOBÁRICA, isto é, a pressão constante.
Pode ser enunciada assim:
“Os volumes dos gases sob pressão constante são diretamente proporcionais às
suas temperaturas absolutas”.
Sua representação analítica é a seguinte:
V=kT onde a constante k depende da massa, da pressão e da natureza do gás.
Se uma determinada massa gasosa evolui isobáricamente do estado 1 ao estado 2
teremos, para cada estado:
V1=kT1

⸫ V 1
 T1
V 2 T 2

V2=kT2
A lei de Gay-Lussac é por vezes enunciada de outra maneira:
“Sob pressão constante, o volume de uma determinada massa gasosa é
proporcional ao seu binômio de dilatação”.
Chamando α o coeficiente de dilatação volumétrica, podemos representar também
a lei de Gay-Lussac pela equação:
V=Vo(1+αt)
Todos os gases perfeitos possuem, porém, omesmo coeficiente de
1 o 1 1 o 1
dilatação:   C  C
273,16 273
Levando este valor na equação anterior, teremos:
 t   t  273 
V  Vo 1    Vo  
 273   273 
Mas t+273=T (temperatura absoluta)
E então
Vo
V xT V  kT
273
Vo
Onde k  . Chamando 273 de To teremos:
273
Vo
V xT VTo  VoT
To
ou
V T

V o To
O que mostra que os dois enunciados se equivalem.

4.1 – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DA LEI DE GAY-LUSSAC


Levando as temperaturas em abcissas e os volumes em ordenadas obtemos uma
reta (figura 2).

Figura 2
Considerando as moléculas pontuais (sem volume), o volume do gás se anula no
zero absoluto. A reta passa, portanto, pela origem.
A rigor, isto não se verifica, pois, as moléculas possuem determinado volume.
Lembramos que o que diminui quando a temperatura abaixa não é o volume das
moléculas, mas os espaços intermoleculares.
O valor da constante k descrita na equação V=kT diminui quando a pressão
aumenta. Isto permite representar graficamente no mesmo diagrama, um feixe de
isóbaras, vista na figura 3.
Figura 3
Num diagrama de Clapeyron (qualquer diagrama que relacione volume e pressão
é chamada de Clapeyron) a transformação isobárica entre os estados (P1, V1, T1) e (P1,
V2, T2) é representada pelo segmento AB, paralelo ao eixo dos V (figura 4).

Figura 4

5 – LEI DE CHARLES OU 2ª LEI DE GAY-LUSSAC


Rege o comportamento de uma determinada massa gasosa em uma transformação
ISOCÓRICA ou ISOMÉTRICA, ou seja, onde o volume é constante. Podemos
enuncia-la desta maneira:
“Quando o volume permanece constante a pressão exercida por uma determinada
massa gasosa é diretamente proporcional à sua temperatura absoluta”.
Sua representação analítica é p=kT onde a constante k depende da massa, do
volume e da natureza do gás.
Se uma determinada massa gasosa evolui isocóricamente do estado 1 para o
estado 2 teremos, para cada estado:
p1=kT1; p=kT2 e dividindo membro a membro,
P1 T1

P2 T2
Também esta lei pode ser deduzida pelos binômios de dilatação:
Seja β o coeficiente de dilatação a constante:
p=po(1+βt) mas todos os gases perfeitos possuem no entanto:
1 o 1
   C que levado na equação anterior nos dá:
273
 t   t  273 
p  po 1    po  
 273   273 
Mas t+273=T e 273=To logo
T
p  po x
To
Po P
p xT chamando o de k, teremos: p=kT ou
To To
p T
 que mostra que os dois caminhos conduzem no enunciado da lei
po To

6 - BIBLIOGRAFIA
HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física.
8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014.
SCHAUM, Daniel; MERWE, Carel W. V. Física geral. São Paulo: McGraw-Hill do
Brasil, 2005.
SEARS, Francis et all Física. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

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