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1.Parâmetros de Estado.

Gás perfeito ou ideal

Gás perfeito ou ideal é o gás cujas partículas se encontram muito distantes, sendo
desprezível a interacção entre s suas partículas constituintes.

Um gás perfeito ou ideal apresenta as seguintes características:

 O movimento das suas particulas é caótico e desordenado (movimento browniano);


 Não existe forças de atracão entre suas partículas, sendo desprezível a força gravítica
das mesmas;
 O diametro das suas particulas é desprezível em comparação com a distância entre
uma partícula e outra;
 Os choques entre as suas particulas e com as paredes são perfeitamente elásticos.

Para a descrição do estado em que um gás se encontra empregam-se grandezas físicas


denominadas << Parâmetros de estado>>.

Parâmetros de estado são grandezas físicas que caracterizam o estado de um determinado


gás.

Os parâmetros de estado de um gás, nomeadamente, a temperatura, a pressão e o volume,


encontram-se relacionados numa equação chamada equação de estado do gás perfeito.

2.Equação de estado do gás perfeito ou ideal

A relação entre os parâmetros de estado de um gás perfeito ou ideal é dada pela equação de
estado chamada ≪ equação de Clapeyron-Mendeleev≫ abaixo apresenta:

PV= nRT,

Onde: P-é a pressão; V- é o volume; n- é número de moles; R – é a constante universal dos


gases perfeitos; T- é a Temperatura absoluta.

Refere-se que a temperatura absoluta T é expressa na escala Kelvin (K) e a sua relação com a
escala Celsius (Escala centígrada) é: T=t ℃ + 273. Por vezes, a temperatura apresenta-se
t t
expressa na escala Fahrenheit e a sua relação com escala Celsius é: ℃ = ℉ −32 .O valor
100 180
J
tomado para a constante universal dos gases perfeitos é R = 8,31 Ou R= 8,31J.Mol-1.K
mol . K
-1
.

Conhecendo a massa, m, do gás e a massa de mol dessa substancia, M, é possível calcular o


m
número de moles, n, através da relação n = .
M

Quando uma determinada massa gasosa se encontra à temperatura de 273 K e à pressão de


1,013 x 105 pa, dizemos que ela se encontra nas condições normais de temperatura e pressão
(CNTP). Amedeo Avogadro, cujo enunciado é o seguinte:

Nas condições normais de temperatura e pressão, o volume de qualquer gás é igual a 22,4
litros e contém 6,023 x 1023 partículas.

O número NA= 6,023 x 1023 é conhecido por número de Avogadro.


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A relação entre o número de moles e o número de moléculas é dada pela expressão: N = nN A ,


onde N é o numero de moléculas.

3.Isoprocessos. Diagramas dos isoprocessos (isotérmico, isobárico e isovolúmico)

As transformações que ocorrem num gás sem que haja variação da massa nem de um dos
parâmetros de estado do mesmo são denominadas isoprocessos.

Isoprocessos são transformações gasosas que ocorrem sem a variação da massa com um dos
parâmetros de estado constante.

Distinguem-se três isoprocessos: isotérmico, isobárico e isovolúmico.

3.1 Processo isotérmico (Lei de Boyle – Mariotte)

No processo isotérmico estuda-se a relação entre a pressão e o volume de um gás sem que
haja mudança da temperatura.

Processo isotérmico é o processo termodinâmico que ocorre num gás a temperatura


constante.

A relação entre a pressão e o volume de um gás mantido a temperatura constante foi estudado
pelo cientista R. Boyle e pelo físico E. Mariotte que formularam uma lei conhecida por lei de
Boyle-Mariotte, cujo enunciado é o seguinte:

Para uma transformação isotérmica a pressão de um gás é inversamente proporcional ao


seu volume.

P1. V1 = P2. V2

O gráfico que se obtém da variação da pressão em função do volume é uma hipérbole e


chama-se linha isotérmica ou isoterma (figura 1)

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Para um processo isotérmico podemos representar os seguintes diagramas ( figura 2)

3.2 Processo isobárico ( Lei de Gay- Lussac)

O processo isobárico foi detalhadamente estudado pelo físico L. Gay-Lussac tendo


estabelecido a relação entre a temperatura e o volume de um gás sem que haja mudança da
sua pressão.

Processo Isobárico é o processo termodinâmico que ocorre num gás mantido a pressão
constante pode ser estabelecida a partir da Lei de Gay-Lussac abaixo:

Numa transformação isobárica de um gás a temperatura e o volume são directamente


proporcionais.

V1 V2
T1
= T2

O gráfico de uma transformação gasosa que ocorre com a variação do volume em função de
temperatura absoluta mantendo constante a pressão é uma linha recta denominada linha
isobárica ou isóbara (figura 3). Os diagramas de uma transformação isobárica estão
representados na figura.4.

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3.3 Processo isovolúmico (Lei de Charles)

No processo isovolúmico, também conhecido por processo isocórico, estuda-se a relação


entre a pressão e a temperatura de um gás sem que haja mudança de volume.

Processo isovolumico é o processo termodinâmico que ocorre num gás a volume constante.

A relação entre a pressão e a temperatura de um gás mantido a volume constante foi


estudada por Jacques Charles, tendo enunciado uma lei o seu nome:

Durante uma transformação isovolúmica de um gás, a pressão é directamente proporcional à


temperatura.

P 1 P2
=
T1 T 2

Os diagramas do processo isovolúmico estão representados na figura 5.

4.Trabalho termodinâmico

A termodinâmica é um ramo da física em que se estudam os processos que decorrem da


conversão entre calor e outras formas de energia. Anteriormente, vimos que o movimento
caótico das partículas de um gás depende da temperatura, pois uma variação desta influencia
a variação desse movimento. Deste modo, podemos dizer que um gás pode expandir-se
devido a um acréscimo de temperatura no seu seio.
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Consideremos um cilindro com um êmbolo móvel e que contém uma determinada massa de
gás (figura 6). Se a pressão no interior de cilindro for igual à pressão do ambiente exterior, o
êmbolo do cilindro não irá mover-se (figura 6 - situação 1).

Se aquecermos o gás no interior do cilindro, ele irá expandir-se (dilatar) e, pouco a pouco,
verificar-se-á um movimento do êmbolo de cilindro (figura 6 - situação 2)

Assim, à custa da temperatura, a expansão do gás significa realização de trabalho sobre as


suas partículas. É por isso que escrevemos o trabalho termodinâmico de modo:
W =F . ∆ x (1)

Na equação (1) introduzimos a relação entre a pressão do gás e a força que as suas
partículas constituem exercem no êmbolo, a saber:

F⇒
P= F=P . A ( 2 ) e obtemos W =P . A . ∆ x ( 3 )
A
Na última expressão, o produto dos dois últimos factores corresponde à variação do
volume do gás durante a sua expansão da situação 1 para a situação 2:
A=∆ x=∆V ( 4 )

Substituindo (4) em (3), teremos a expressão do trabalho termodinâmico de um gás na forma:


W =P . ∆V .

Nas transformações isocóricas, um gás não realiza trabalho, pois não ocorre variação de
volume. Na expansão de um gás, este realiza trabalho positivo e as forças exteriores trabalho
negativo; na compressão, o gás realiza trabalho negativo e as forças exteriores trabalho
positivo.

Sendo o trabalho uma medida de transferência de energia entre sistemas, neste processo de
realização de trabalho ocorrem transferências de energia do sistema para o exterior no
decorrer da expansão, e do exterior para o sistema no processo de compressão.

Sintetizando, o trabalho realizado pelo sistema é negativo e o trabalho realizado sobre o


sistema é positivo.
O facto de um gás comprimido poder realizar trabalho ao sofrer um aumento da sua
temperatura emprega-se, por exemplo, para abrir e fechar as portas de certos machimbombos
(autocarros)usando bombas pneumáticas. 9

5. Primeira lei da Termodinâmica

Uma importante lei baseada na teoria termodinâmica, a Lei de conservação de Energia, diz
que << a energia de um sistema não pode ser criada nem destruída, mas sim transformada de
uma forma para outra ou transferida entre sistemas >>. Na termodinâmica, a Lei da
Conservação de Energia é conhecida por Primeira Lei da Termodinâmica. Esta estabelece
uma equivalência entre o trabalho e o calor trocados entre um sistema e o seu meio exterior e
tem o seguinte enunciado:

A variação da energia interna de um sistema depende da quantidade de calor recebida ou


cedida e do trabalho realizado por ou sobre o sistema.

∆ U =∆ Q+W

Onde: ∆ Q -é a energia transferida como calor; ∆ U −¿é a variação da energia interna; W – é a


energia transferida como trabalho.

Convencionou-se que calor recebido e o trabalho realizado sobre um sistema


termodinâmico têm valores positivos e, quando o sistema termodinâmico cede calor e/ou
realiza trabalho sobre o meio, este têm valores negativos. A energia interna é o somatório da
energia potencial interna e da energia cinética interna. A sua variação, ∆ U , deve-se à
variação da energia cinética do movimento térmico das partículas do gás.

5.1 Aplicação da 1ª Lei da Termodinâmica aos isoprocessos

Da primeira Lei da Termodinâmica, é fácil concluir o seguinte:

 Num processo isotérmico, a variação de energia interna de um sistema é dada por


∆ U =W , uma vez que a temperatura é constante e Q=0
 Num processo isobárico, o aumento da temperatura implica o aumento do volume, da-
se a expansão do sistema, o calor recebido é positivo e o trabalho realizado pelo
sistema é negativo:

Q>0 ; W < 0 ∆ U >0 .
Quando a temperatura do sistema diminui, verifica-se uma diminuição do seu
volume, dá-se a compressão do sistema, o calor é negativo e o trabalho realizado
sobre o sistema positivo:

Q<0 ; W > 0 ∆ U <0.
 No processo isovolúmico, onde não há variação de volume do sistema, não ocorre
realização de trabalho pelo ou sobre o sistema:
⇒ ⇒
∆ V =0 W =0 ∆ U =Q .
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EXPERIÊNCIA 1

Objectivo:
 Verificar a ocorrência de um processo isotérmico de um gás.

Materiais: Um balão; dois tubos finos de vidro; uma borracha ou fita-cola; um vasilhame
(pode ser um frasco de maionese); cortiça (para servir de tampa do frasco).

Procedimentos:

 Faz uma tampa justa para o vasilhame com a cortiça.


 Ajusta a boca do balão à extremidade de um dos tubos, introduz uma dada quantidade
de ar e veda de forma a não haver alteração da quantidade de ar existente no interior
do balão.
 Faz dois furos na tampa de cortiça através dos quais irás fazer passar bem ajustados,
os dois tubos.
 Fecha o vasilhame com a tampa de cortiça introduzindo, no seu interior, os dois tubos
de balão.
 De seguida, aspira a extremidade do tubo não ajustado ao balão e tapa-o
imediatamente.
 Destapa o tubo e deixa repor a ar no interior do sistema.
 Expira e introduz mais ar no interior do sistema.
 Regista as observações
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