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A LEI DOS GASES IDEAIS

As variáveis temperatura, pressão e densidade, conhecidas como variáveis de estado, são


relacionadas nos gases pela chamada lei dos gases ideais. Por definição, um gás ideal segue a teoria
cinética dos gases exatamente, isto é, um gás ideal é formado de um número muito grande de pequenas
partículas, as moléculas, que tem um movimento rápido e aleatório, sofrendo colisões perfeitamente
elásticas, de modo a não perder quantidade de movimento. Além disso, as moléculas são tão pequenas
que as forças de atração entre elas são omissíveis. Embora a lei dos gases tenha sido deduzida para
gases ideais, ela dá uma descrição razoavelmente precisa do comportamento da atmosfera, que é uma
mistura de muitos gases.

A lei dos gases pode ser expressa como:

onde p, e T são pressão, densidade e temperatura absoluta. R é a constante do gás. Para o ar seco (sem
vapor d’água).

A equação (4.1) pode ser modificada de modo a ser aplicável ao ar úmido, conforme será visto no
próximo capítulo.

A lei dos gases afirma que a pressão exercida por um gás é proporcional a sua densidade e
temperatura absoluta. Assim, um acréscimo na temperatura ou na densidade causa um aumento na
pressão, se a outra variável (densidade ou temperatura) permanece constante. Por outro lado, se a
pressão permanece constante, um decréscimo na temperatura resulta em aumento na densidade e vice
versa.

Pode parecer, a partir do parágrafo anterior, que em dias quentes a pressão será alta e em dias frios
será baixa. Contudo, isto não ocorre necessariamente. A dependência da pressão em relação a duas
variáveis interdependentes (densidade e temperatura) complica o assunto. Como na atmosfera o
volume de ar pode variar, variações na temperatura afetam a densidade do ar, isto é, a densidade varia
inversamente com a temperatura. Em termos da lei dos gases isto significa que o aumento da
temperatura não é normalmente acompanhado por um aumento na pressão ou que decréscimo de
temperatura não está usualmente associado com pressão mais baixa. Na realidade, por exemplo, sobre
os continentes em latitudes médias as pressões mais altas são registradas no inverno, quando as
temperaturas são menores. A lei dos gases ainda é satisfeita porque a densidade do ar neste caso cresce
(número maior de moléculas) quando a temperatura diminui (menor movimento das moléculas) e mais
do que compensa esta diminuição. Assim, temperaturas mais baixas significam maiores densidades e
freqüentemente maiores pressões na superfície. Por outro lado, quando o ar é aquecido na atmosfera,
ele se expande (aumenta seu volume), devido a um movimento maior das moléculas e sua densidade
diminui, resultando geralmente num decréscimo da pressão.

Transformação isobárica

A transformação isobárica ocorre quando uma massa fixa de determinado gás sofre variação no volume
e na temperatura, mas a pressão mantém-se constante.

As partículas (moléculas ou átomos) dos gases, como as do oxigênio mostradas acima, expandem-se
com o aumento da temperatura

As partículas (moléculas ou átomos) dos gases, como as do oxigênio mostradas acima, expandem-se
com o aumento da temperatura

No caso da transformação isobárica, a variável que permanece constante é a pressão (P), já a


temperatura e o volume variam.

Imagine que coloquemos uma bexiga vazia na boca de uma garrafa PET. Se mergulharmos essa garrafa
em um recipiente com água quente, a bexiga inflará. Por outro lado, se colocarmos a garrafa em contato
com água gelada, a bexiga murchará.

“Em um sistema sob pressão contante, observa-se que o volume ocupado por determinada massa fixa
de gás é diretamente proporcional à temperatura termodinâmica.”

Essa lei é conhecida por primeira lei de Charles e Gay-Lussac, pois ela foi inicialmente observada em
1787 pelo físico francês Jacques Charles (1746-1823) e, em 1802, foi quantificada pelo químico francês
Joseph Gay-Lussac (1778-1850).
Essa quantificação mostrou que se aumentarmos a temperatura para o dobro do seu valor inicial, o
volume também aumentará exatamente o dobro, e se diminuirmos pela metade a temperatura, o
volume ocupado pelo gás também diminuirá a metade. É importante ressaltar que isso só vale se a
temperatura for a termodinâmica, isto é, na escala Kelvin.

Isso acontece porque o aumento da temperatura eleva também a energia cinética das moléculas ou
átomos do gás, o que faz com que elas movimentem-se ainda mais rapidamente, expandindo o volume.
Mas quando a temperatura diminui, as partículas constituintes do gás movimentam-se mais lentamente,
e o gás contrai-se.

Sempre que duas grandezas são diretamente proporcionais, matematicamente temos que a razão entre
elas é igual a uma constante:

V=k

Para verificar se isso é verdade, considere os dados mostrados na tabela a seguir que foram obtidos em
transformações isobáricas:

Dados obtidos em transformação isobárica

Colocando os dados mostrados acima em um gráfico, temos o seguinte:


Em todos os gráficos de transformações isobáricas, obtemos uma reta, pois o volume varia
proporcionalmente com a temperatura e vice-versa.

Observe que o volume e a temperatura aumentaram proporcionalmente e que a relação V/T deu o
mesmo valor em todos os casos, ou seja, é uma constante. Com base nisso, podemos representar essa
relação também da seguinte forma:

Vinicial = Vfinal

Tinicial Tfinal

Veja agora um exemplo de como podemos usar essa relação matemática para resolver problemas
relacionados com transformações gasosas:

Exemplo: “(UnB-DF) Um volume igual a 30 mL de gás metano a 25ºC é aquecido a 35ºC, à pressão
constante. Calcule o novo volume do gás.”

Resolução:

Dados:

Tinicial = 25º C + 273 = 298 K

Tfinal = 35º C + 273 = 308 K

Vinicial = 30 mL

Vfinal = ?

Aplicando na fórmula, temos:

Vinicial = Vfinal

Tinicial Tfinal

30 = Vfinal

298 308

Vfinal = 30 . 308

298

Vfinal = 31 mL

Esse é o volume novo ocupado pelo gás com o aumento da temperatura

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