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Física II

TEORIA CINÉTICA DOS GASES


- Equilíbrio térmico
- Escala absoluta
- Teoria Cinética

Jorge Costa
jorge.costa@iseclisboa.pt 1
Teoria Cinética dos Gases

Temperatura e a Lei zero da termodinâmica

A temperatura é comumente associada a quão quente ou frio sentimos um


objecto quando lhe tocamos.

Embora os nossos sentidos nos forneçam indicações qualitativas de temperatura,


muitas vezes enganam-nos. Uma bandeja metálica de gelo parece mais fria ao
toque do que um pacote de legumes congelados à mesma temperatura, porque
os metais conduzem a energia térmica mais rapidamente do que um pacote de
cartão.

Dois objetos com temperaturas iniciais diferentes eventualmente alcançarão


uma temperatura intermedia, quando colocados em contacto um com o outro.

Se adicionarmos um cubo de gelo a uma caneca de café quente, o gelo aumenta


de temperatura e, eventualmente, derrete e a temperatura do café diminui.
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Teoria Cinética dos Gases

Compreender o conceito de temperatura requer a compreensão do contacto


térmico e do equilíbrio térmico. Dois objetos estão em contacto térmico se a
energia puder ser trocada entre eles. Dois objetos estão em equilíbrio térmico se
estiverem em contato térmico e não existir troca líquida de energia.

Contacto térmico – Dois objectos estão em contacto térmico se puder existir


transferência de energia térmica entre eles.

Equilíbrio térmico – Dois objectos em contacto térmico estarão em equilíbrio


térmico se não existir transferência de energia térmica entre eles.

Calor – O calor é a energia transferida entre dois objectos que estão a


temperaturas diferentes.

Temperatura – Medida do movimento dos átomos e moléculas individuais num


gás, líquido ou sólido.
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A temperatura é a característica que determina se dois objectos poderão estar em


equilíbrio térmico.

Lei zero da termodinâmica – Se dois


objectos A e B estiverem em
equilíbrio térmico com um objecto C,
então estão em equilíbrio térmico
entre si.

Dois objetos em equilíbrio térmico um


com o outro estão à mesma temperatura.
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Termómetros e escalas de temperatura


Os termómetros são dispositivos usados ​para medir a temperatura de um objeto
ou de um sistema.
Quando um termómetro está em contacto térmico com um sistema, a energia é
trocada até que o termómetro e o sistema estejam em equilíbrio térmico um com
o outro.
Para leituras precisas, o termómetro deve ser muito menor que o sistema, para
que a energia que o termómetro ganha ou perde não altere significativamente o
conteúdo energético do sistema.

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Todos os termómetros utilizam propriedades físicas que se modificam com a temperatura


e podem ser calibrados para tornar a temperatura mensurável. Algumas das propriedades
físicas utilizadas são:
(1) o volume de um líquido,
(2) o comprimento de um sólido,
(3) a pressão de um gás mantido em volume constante,
(4) o volume de um gás mantido a pressão constante ,
(5) a resistência elétrica de um condutor,
(6) a cor de um objeto muito quente.

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Um termómetro comum de uso diário consiste numa massa de líquido - geralmente


mercúrio ou álcool - que se expande num tubo capilar de vidro quando a sua temperatura
aumenta. Neste caso, a propriedade física que muda é o volume do líquido.

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No entanto, as substâncias de que são feitos os termómetros


podem não ter um comportamento linear em toda a gama de
temperaturas.

Características mais importantes:


- Sensibilidade,
- Precisão,
- Reprodutibilidade,
- Velocidade

Termómetro de gás a volume constante e escala de Kelvin


A figura representa um termómetro de gás. A mudança física verificada neste dispositivo é
a variação da pressão de um volume fixo de gás com a temperatura. O frasco é imerso num
banho de água gelada e o reservatório de mercúrio B é elevado ou baixado até o topo do
mercúrio na coluna A estar no ponto zero da escala. A altura h (a diferença entre os níveis
de mercúrio no reservatório B e na coluna A) indica a pressão no frasco a 0 °C através da
equação P = P0 + ρgh. 8
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O frasco é então imerso em água no ponto de vapor. O reservatório B é reajustado até que
o topo do mercúrio na coluna A esteja novamente em zero na escala, o que garante que o
volume do gás seja o mesmo de quando o frasco estava no banho de gelo (daí a designação
de “volume constante”). Este ajuste do reservatório B fornece um valor para a pressão do
gás a 100 °C. Esses dois valores de pressão e temperatura são representados num gráfico,
de acordo com a figura. A linha que liga os dois pontos serve como curva de calibração para
temperaturas desconhecidas.

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Agora suponha que temperaturas de diferentes gases em diferentes pressões iniciais são
medidas com termómetros de gás. As experiências mostram que as leituras do termómetro
são quase independentes do tipo de gás usado, desde que a pressão do gás seja baixa e a
temperatura esteja bem acima do ponto em que o gás se liquefaça.
Se estendermos as linhas retas na Figura em direção às temperaturas negativas,
encontramos um resultado notável: em todos os casos, a pressão é zero quando a
temperatura é de –273,15 °C!
Foi com base em curvas deste tipo que se chegou à
escala de Kelvin: gases diferentes apresentam declives
diferentes mas a ordenada na origem é sempre a
mesma

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Esta temperatura é utilizada como base para a escala de temperatura absoluta, que define
–273,15 °C como o seu ponto zero, designando-se por zero absoluto. É indicada como zero
porque a uma temperatura inferior, a pressão do gás tornar-se-ia negativa, o que não faz
sentido. O tamanho de um grau na escala de temperatura absoluta é escolhido para ser
idêntico ao tamanho de um grau na escala Celsius. Assim, a conversão entre essas
temperaturas é: TC = T – 273,15
Onde TC corresponde à temperatura em Celcius e T corresponde à temperatura absoluta.

Actualmente, as escalas de temperatura são estabelecidas com base num único ponto, o
ponto triplo da água, que corresponde à temperatura para a qual a água líquida, o vapor
de água e o gelo coexistem em equilíbrio: 273,16 K.
O zero absoluto (0 K) não pode ser alcançado, embora as experiências de laboratório
tenham chegado muito próximo deste valor, atingindo temperaturas inferiores a 1 nK
(nanoKelvin).

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Escalas de temperatura

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Exercício 44
Num determinado dia, a temperatura mínima da atmosfera foi 50 °F.
a) Qual é a temperatura em graus Celsius e em Kelvin? R: 10 °C e 283 K
b) Se a variação entre a temperatura mínima e a temperatura máxima foram
12 °C, determine a variação em Kelvin.

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Expansão Térmica de Sólidos e Líquidos


O termómetro líquido faz uso de uma das alterações mais conhecidas numa
substância: à medida que a sua temperatura aumenta, o seu volume aumenta.
Este fenómeno, conhecido como expansão térmica, desempenha um papel
importante em inúmeras aplicações de engenharia. Por exemplo, as juntas de
dilatação térmica ou as juntas de expansão térmica devem ser incluídas em
prédios, estradas de betão, ferrovias, paredes de tijolo e pontes, para compensar
as mudanças dimensionais que ocorrem quando a temperatura se altera.

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A expansão térmica é uma consequência da mudança na separação média entre os


átomos de um objeto. Em temperaturas baixas, os átomos oscilam em torno das
suas posições de equilíbrio com uma amplitude de aproximadamente 10-11 m e
com uma frequência de aproximadamente 1013 Hz.
À medida que a temperatura do sólido aumenta, os átomos oscilam com maiores
amplitudes, aumentando a sua separação média, fazendo com que o objeto se
expanda.

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Se a expansão térmica for suficientemente pequena em relação às dimensões


iniciais de um objeto, a alteração em qualquer dimensão será proporcional à
primeira potência da mudança de temperatura. Admitindo que um objeto tem um
comprimento inicial L0 ao longo de uma direção a uma determinada temperatura e
que o comprimento mude uma quantidade L para uma mudança de temperatura
T. Uma vez que é conveniente considerar a mudança fracionária no comprimento
por grau de mudança de temperatura, definimos o coeficiente médio de expansão
linear como
∆𝐿/𝐿0
𝛼≡
∆𝑇
Como  é constante para pequenas mudanças de temperatura, esta equação é
geralmente reescrita como Expansão térmica
∆𝑳 = 𝜶𝑳𝟎∆𝑻 em uma dimensão

A constante de proporcionalidade  é o coeficiente médio de expansão linear


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-1
para um dado material e tem unidades de (°C) .
Teoria Cinética dos Gases

Pode ser útil pensar na expansão térmica como uma


ampliação efetiva do objeto. Por exemplo, quando
uma anilha de metal é aquecida, todas as dimensões,
incluindo o raio do furo, aumentam de acordo com a
Equação anterior.

Para estes materiais,  é positivo, indicando um


aumento no comprimento de acordo com o aumento
da temperatura, mas nem sempre é o caso.

Algumas substâncias, como é o caso da calcite (CaCO3),


expandem-se ao longo de uma dimensão ( positivo) e
contraem-se ao longo de outra ( negativo) à medida
que a temperatura aumenta.

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Teoria Cinética dos Gases

Coeficientes médios de expansão para alguns materiais à temperatura ambiente

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Exercício 45
Um troço de caminho de ferro em aço tem um comprimento de 30,0 km quando a
temperatura é de 0,00 °C.
a) Qual é o seu comprimento num dia em que a temperatura atinge 40,0 °C?
R: 13,2 m
b) Suponha que este troço está fixo de modo a que não se possa expandir
linearmente. Que stress resultaria no troço devido à mudança de temperatura
definida em a)? R: 8,8x107 N/m2

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Uma aplicação prática da expansão térmica é a técnica de usar água quente para
soltar uma tampa de metal presa num frasco de vidro. Esta técnica funciona
porque a circunferência da tampa expande-se mais do que a borda do frasco.

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Teoria Cinética dos Gases

Uma vez que as dimensões lineares de um objeto variam com a temperatura, a


área de superfície e o volume também variam.

Consideremos um material quadrado com um comprimento lateral inicial L0 e,


portanto, uma área inicial A0 = L02. À medida que a temperatura aumenta, o
comprimento de cada lado irá aumentar para:
𝐿 = 𝐿0 + 𝛼𝐿0∆𝑇
A nova área será:
𝐴 = 𝐿 × 𝐿 = 𝐿0 + 𝛼𝐿0∆𝑇 × 𝐿0 + 𝛼𝐿0∆𝑇 = 𝐿02 + 2𝛼𝐿02∆𝑇 + 𝛼2𝐿02∆𝑇2

O último termo nesta expressão contém a quantidade T elevada à segunda


potência. Como T é muito menor que um, o quadrado torna-o ainda menor.
Consequentemente, podemos negligenciar este termo para obter uma expressão
mais simples: 𝐴 = 𝐿 2 + 2𝛼𝐿 2∆𝑇
0 0

𝑨 = 𝑨𝟎 + 𝟐𝜶𝑨𝟎∆𝑻 22
Teoria Cinética dos Gases

Se considerarmos 2 = γ (coeficiente de expansão de área), obtemos:

∆𝑨 = 𝑨 − 𝑨𝟎 = 𝜸𝑨𝟎∆𝑻

Exercício 46
Um anel de cobre circular à temperatura de 20,0 °C tem um orifício com uma área
de 9,980 cm2.
a) Determine a temperatura mínima que este anel deve ter para que possa ser
colocado numa vara de aço com uma secção transversal de 10,000 cm2.
R: 78,9 °C
b) Admitindo que o anel e a vara são aquecidos simultaneamente, determine a
variação mínima na temperatura de ambos que permitirá que o anel seja
deslizado para a extremidade da haste? (Não assuma nenhuma mudança
significativa nos coeficientes de expansão linear sobre esta variação de
temperatura). R: 170 °C
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A variação no volume é proporcional ao volume inicial V0 e à variação de


temperatura, de acordo com a relação
Expansão térmica
em três dimensões
∆𝑽 = 𝜷𝑽𝟎∆𝑻

onde  representa o coeficiente médio de expansão de volume. Para encontrar a


relação entre  e , assumimos que o coeficiente médio de expansão linear do
sólido é o mesmo em todas as direções, ou seja, assumimos que o material é
isotrópico. Neste caso,  = 3.

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Teoria Cinética dos Gases

Exercício 47
a) Determine a variação no volume dos oceanos da Terra devido a uma variação
da temperatura de 1,00 °C devido ao aquecimento global. Assuma que água =
2,07x10-4 (°C)-1. R: 2,07x10-4
b) Admitindo que a profundidade média dos oceanos é 4,00x103 m, determine a
variação da profundidade para a mesma variação de temperatura. R: 0,276 m

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Teoria Cinética dos Gases

Exercício 48
Um cilindro de alumínio com 1,00 litro de capacidade à temperatura de 5,00 °C foi
enchido com gasolina à mesma temperatura. Se o cilindro for aquecido a 65,0 °C,
que quantidade de gasolina derramará (não considere as perdas por evaporação).
R: 5,33 cL

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Teoria Cinética dos Gases

Lei dos gases ideais


As propriedades dos gases são importantes em vários processos termodinâmicos.
O nosso clima é um bom exemplo dos tipos de processos que dependem do
comportamento dos gases.
Se introduzirmos um gás num recipiente, ele expandir-se-á para encher o
recipiente uniformemente com uma pressão que depende do tamanho do
recipiente, da temperatura e da quantidade de gás. Um recipiente maior resultará
numa pressão mais baixa, enquanto temperaturas mais altas ou maiores
quantidades de gás resultarão numa pressão mais alta. A pressão P, o volume V, a
temperatura T e a quantidade n de gás que se encontram no recipiente estão
relacionadas entre si por uma equação de estado.

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Teoria Cinética dos Gases

A equação de estado pode ser muito complicada, mas experimentalmente é


considerada relativamente simples se o gás for mantido a baixa pressão (ou a
baixa densidade).
Esse gás de baixa densidade aproxima-se do que é designado de gás ideal. A
maioria dos gases à temperatura ambiente e à pressão atmosférica comportam-se
aproximadamente como gases ideais. Um gás ideal é um conjunto de átomos ou
de moléculas que se movem aleatoriamente e não exercem forças de longo
alcance uns sobre os outros. Cada partícula do gás ideal é individualmente
pontual, ocupando um volume insignificante.
Um gás é constituído por um número muito grande de partículas, portanto, é
conveniente expressar a quantidade de gás num determinado volume em termos
do número de moles, n.

NA = 6,022 x 1023 partículas/mole


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Teoria Cinética dos Gases

O número de moles de uma substância está relacionado com a sua massa m pela
expressão:
𝑚
𝑛=
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟

em que a massa molar da substância é definida como a massa de uma mole dessa
substância, normalmente expressa em gramas por mole.

O número de Avogadro foi escolhido de modo que a massa em gramas de um


número de Avogadro de um elemento seja numericamente a mesma que a massa
de um átomo do elemento, expressa em unidades de massa atómica (u).

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Teoria Cinética dos Gases

Esta relação é muito conveniente. O carbono tem uma massa atómica de 12u,
então 12 g de carbono consistem exatamente em 6,022x1023 átomos de carbono.

A massa atómica de oxigénio é de 16u, pelo que em 16 g de oxigénio há


novamente 6,022x1023 átomos de oxigénio.

O mesmo vale para as moléculas: a massa molecular do hidrogénio molecular, H2,


é 2 u, e há um número de moléculas de Avogadro em 2 g de hidrogénio molecular.

Uma mole de qualquer substância corresponde à quantidade da substância que


contém tantas partículas (átomos, moléculas ou outras partículas) quantos os
átomos existentes em 12 g de carbono-12.

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Teoria Cinética dos Gases

A massa por átomo para um determinado elemento é dada por:

𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑚𝑜𝑙𝑎𝑟
𝑚á𝑡𝑜𝑚𝑜 =
𝑁𝐴

Por exemplo, a massa de um átomo de hélio é:

4,00 𝑔/𝑚𝑜𝑙 −24 𝑔/á𝑡𝑜𝑚𝑜


𝑚𝐻𝑒 = = 6,64 × 10
6,022 × 1023 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠/𝑚𝑜𝑙

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Teoria Cinética dos Gases

Se admitirmos que um gás ideal se encontra confinado num recipiente cilíndrico


com um volume que pode ser alterado movendo um pistão e que o cilindro não
apresente perdas de gás, então o número de moles permanece constante e é
possível verificar o seguinte:
Primeiro – quando o gás é mantido a uma temperatura constante, a sua pressão é
inversamente proporcional ao seu volume (lei de Boyle).
Segundo – quando a pressão do gás é mantida constante, o volume do gás é
diretamente proporcional à sua temperatura (lei de Charles).
Terceiro – quando o volume do gás é mantido constante, a pressão do gás é
diretamente proporcional à sua temperatura (lei de Gay-Lussac).
Essas observações podem ser resumidas pela seguinte equação de estado,
conhecida como lei dos gases ideais: 𝑛
𝑘𝐵 = 𝑅 ⟺ 𝑁𝑘𝐵 = 𝑛𝑅
𝑁
𝑷𝑽 = 𝒏𝑹𝑻 𝑃𝑉 = 𝑁𝑘𝐵𝑇 32
Constante de Boltzman
Teoria Cinética dos Gases

𝑷𝑽 = 𝒏𝑹𝑻
Nesta equação, R é uma constante para um gás específico e deve ser determinada
experimentalmente, enquanto T é a temperatura em Kelvin. R é designado por
constante universal dos gases perfeitos e é igual a 8,31 J/(mol.K).

Exercício 49
Um gás ideal à temperatura de 20,0 °C e à pressão de 1,50x105 Pa encontra-se
num reservatório com 1,00 L de capacidade.
a) Determine o número de moles de gás que se encontram no reservatório.
R: 6,16x10-2 moles
b) Se o gás exercer pressão contra um pistão, expandindo o volume inicial para o
dobro enquanto a pressão é reduzida para a pressão atmosférica, determine a
temperatura final. R:395K
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Exercício 50
Se um gás ideal, ocupando um volume de 4,50 L à pressão atmosférica, sofrer uma
redução de temperatura 375 K para 275 K, determine:
a) A pressão do gás no final do evento se o volume do reservatório permanecer
constante. R: 7,42x104 Pa
b) O número de moles do gás. R: 0,146 mol

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Teoria Cinética dos Gases

Exercício 51
Uma pessoa que caminhava na praia encontra uma garrafa com uma mensagem.
O ar na garrafa está à pressão atmosférica e a uma temperatura de 30,0 °C. A
rolha da garrafa tem uma área transversal de 2,30 cm2. A pessoa coloca a garrafa
sobre uma fogueira, calculando que o aumento da pressão vai empurrar a cortiça.
Quando a temperatura atingiu 99,0 °C, a rolha foi ejectada da garrafa.
(a) Determine a pressão no interior da garrafa no instante em que a rolha é
ejectada. R: 1,24x105 Pa
(b) Que força de atrito mantinha a cortiça no lugar? Negligencie qualquer
alteração no volume da garrafa. R: 5,22 N

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Teoria Cinética dos Gases

A TEORIA CINÉTICA DOS GASES


A teoria cinética dos gases tem por objectivo utilizar a lei dos gases ideais em
termos do comportamento das moléculas individuais que compõem um gás.
Usando o modelo de um gás ideal, utilizamos a teoria cinética dos gases para
interpretar a pressão e a temperatura de um gás ideal em termos de
variáveis ​microscópicas. A teoria cinética dos gases parte das seguintes premissas:

1. O número de moléculas no gás é grande e a separação média entre moléculas


também é grande em comparação com as suas dimensões. Como o número de
moléculas é grande, podemos analisar estatisticamente o seu comportamento.
A grande separação entre as moléculas significa que estas ocupam um volume
insignificante no recipiente. Esta suposição é consistente com o modelo de gás
ideal, no qual admitimos que as moléculas são pontuais.
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Teoria Cinética dos Gases

2. As moléculas obedecem às leis do movimento de Newton, mas movem-se


aleatoriamente como um todo. Aleatoriamente, significa que qualquer
molécula se pode mover em qualquer direcção, com igual probabilidade e com
uma ampla gama de distribuição de velocidades.
3. As moléculas interagem apenas através de forças de curto alcance durante as
colisões elásticas. Esta premissa é consistente com o modelo de gás ideal, no
qual as moléculas não exercem forças de longo alcance umas sobre as outras.
4. As moléculas realizam colisões elásticas com as paredes.
5. Todas as moléculas do gás são idênticas.

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Teoria Cinética dos Gases

Modelo molecular para a pressão de um gás ideal


A pressão do gás é o resultado de colisões entre as moléculas de gás e as paredes
do recipiente. Durante essas colisões, as moléculas de gás passam por uma
mudança de momento devido à força exercida sobre elas pelas paredes.

Para tal, consideramos que a pressão de um


gás ideal consiste em N moléculas contidas
num reservatório de volume V, onde cada
molécula possui uma massa m. O
reservatório é um cubo com arestas de
comprimento d.

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Teoria Cinética dos Gases

Considere a colisão de uma molécula movendo-se com uma velocidade –vx em


direção à face esquerda da caixa. Após colidir elasticamente com a parede, a
molécula move-se na direção positiva de x com uma velocidade de +vx. Uma vez
que o momento da molécula é –mvx antes da colisão e +mvx depois da colisão, a
mudança de momento pode ser representada por:
∆𝑝𝑥 = 𝑚𝑣𝑓 − 𝑚𝑣𝑖 = 𝑚𝑣𝑥 − −𝑚𝑣𝑥 = 2𝑚𝑣𝑥
Se F1 for a magnitude da força média exercida por uma molécula na parede no tempo t,
então aplicando a segunda lei de Newton à parede obtemos:
∆𝑝𝑥 2𝑚𝑣𝑥
𝐹1 = =
∆𝑡 ∆𝑡

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Teoria Cinética dos Gases

Para que a molécula volte a fazer outra colisão com a mesma parede, após a
primeira colisão, deve percorrer uma distância de 2d na direção de x (ida e volta).
Assim, o intervalo de tempo decorrido entre duas colisões com a mesma parede é
t = 2d/vx. Uma vez que ocorre uma colisão em cada intervalo de tempo, a força
transmitida à parede por uma única molécula ao longo do tempo é
2𝑚𝑣𝑥 2𝑚𝑣𝑥 𝑚𝑣𝑥2
𝐹1 = = =
∆𝑡 2𝑑/𝑣𝑥 𝑑
A força total F exercida por todas as moléculas na parede pode ser determinada
adicionando cada uma das forças exercidas individualmente pelas moléculas.
𝑚 2 2
𝐹= 𝑣1𝑥 + 𝑣2𝑥 +⋯
𝑑

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Teoria Cinética dos Gases

Note que o valor médio do quadrado da velocidade no sentido x para as


moléculas N é:
2 2 2
𝑣1𝑥 + 𝑣2𝑥 + ⋯ + 𝑣𝑁𝑥
𝑣𝑥2 =
𝑁
A força total exercida na parede será:
𝑁𝑚 2
𝐹= 𝑣
𝑑 𝑥
Concentremo-nos agora numa molécula movendo-se dentro do reservatório
numa direcção arbitrária com velocidade 𝑣Ԧ e tendo componentes vx, vy e vz. Neste
caso, devemos expressar a força total na parede em termos da velocidade das
moléculas nas três componentes, em vez de apenas numa única. O teorema de
Pitágoras relaciona o quadrado da velocidade ao quadrado dos respectivos
componentes, de acordo com a expressão v2 = vx2 + vy2 + vz2. Uma vez que o
movimento é totalmente aleatório, as componentes de velocidade são iguais,
logo: 1
𝑣𝑥2 = 𝑣 2 41
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Teoria Cinética dos Gases

A força total exercida na parede será:


𝑁 𝑚𝑣 2
𝐹=
3 𝑑
Esta expressão permite-nos encontrar a pressão total exercida na parede
dividindo a força pela área:
𝐹 𝐹 1 𝑁 2 1 𝑁
𝑃= = 2= 3
𝑚𝑣 = 𝑚𝑣 2
𝐴 𝑑 3 𝑑 3 𝑉
Pressão de um gás
ideal
𝟐 𝑵 𝟏
𝑷= 𝒎𝒗𝟐
𝟑 𝑽 𝟐

Esta equação diz-nos que a pressão é proporcional ao número de moléculas por


unidade de volume e à energia cinética média de uma molécula.
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Teoria Cinética dos Gases

Interpretação molecular da temperatura


Se multiplicarmos a expressão anterior pelo volume, obteremos:
𝟐 𝟏
𝑷𝑽 = 𝑵 𝒎𝒗𝟐
𝟑 𝟐
Comparando esta equação com a equação de estado para um gás ideal, PV = NkBT,
verifica-se que os lados esquerdos das duas equações são idênticos. Igualando o
lado direito, obtemos: 𝟐 𝟏
𝑻= 𝒎𝒗𝟐 A temperatura é
𝟑𝒌𝑩 𝟐 proporcional à energia
Energia cinética média cinética média
por molécula 𝟏 𝟑
𝒎𝒗𝟐 = 𝒌𝑩𝑻
𝟐 𝟐
Energia cinética total de
N moléculas
𝟏 𝟑 𝟑
𝑲𝑬𝒕𝒐𝒕𝒂𝒍 = 𝑵 𝒎𝒗𝟐 = 𝑵𝒌𝑩𝑻 = 𝒏𝑹𝑻
𝟐 𝟐 𝟐
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Teoria Cinética dos Gases

Exercício 52
Um cilindro contém 2,00 moles de hélio gasoso a 20,0 °C. Admitindo que o hélio
se comporta como um gás ideal de massa molar igual a 4,00x1023 kg/mol,
determine:
a) a energia interna total do sistema. R: 7,31x103 J
b) a energia cinética média por molécula. Considere a constante de Boltzman
igual a 1,38x10-23 J/K. R:6,07x10-21 J

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