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9. Termodinâmica
SUMÁRIO: Introdução; A Lei zero da Terodinâmica, temperatura e escalas de temperatura;
Escala de temperatura absoluta; Os gases ideais; Calor, Capacidade témica e calor latente;
Transferência de energia térmica: condução, convecção e radiação; A Primeira Lei da
Termodinâmica; O Diagrama PV, o cãlculo do trabalho e as diferentes transformações;
Capacidade témica; As transformações adiabáticas; A segunda Lei da Termodinâmica e o
rendimento das máquinas térmicas; A entropia; As máquinas de fazer frio; Problemas
9.1 Introdução
A Termodinâmica é a disciplina da Física que estuda o calor e as
transformações de energia. A elaboração de toda a sua teoria foi feita sobretudo a partir
de meados do século XIX, embora o estudo do fenómeno calor e a sua utilização para
fins industriais já ocorresse desde o século XVIII.
No que adiante estudaremos teremos necessidade de utilizar alguns
conceitos que, embora não definidos de uma forma matemáticamente rigorosa, vão ser
necessários em toda a teoria da termodinâmica. O primeiro é a noção de sistema
termodinâmico. É vulgar usar-se a expressão «temperatura de um corpo» quando
queremos designar esta propriedade para um objecto que ocupa um determinado volume
e uma determinada forma no espaço, mas já não usamos a mesma designação de
«corpo» no caso do objecto ser líquido ou gasoso, isto é, apesar de ter volume, tem uma
forma variável no espaço. Pode até acontecer que se queira determinar a temperatura de
uma mistura de água, gelo e vapor de água; neste caso mencionaremos a temperatura de
que objecto ou de que corpo? Passaremos então a utilizar a designação geral de sistema
termodinâmico: uma região bem determinado no espaço, isto é, limitado por uma
fronteira que passaremos a designar por «paredes», definida por um volume e pelas
propriedades físicas do que está contido no seu interior. Ao espaço exterior que cerca
todo o sistema chamamos-lhe vizinhança. Assim, substituiremos a frase «temperatura de
um corpo», por «temperatura do sistema»...
æ
329 J e 2129 J . Assim a relação entre temperaturas em 9 G a>G b e em 9 J a>J bé dada por
temperaturas do gelo fundente e de ebulição da água, respectivamente, os valores de
h
A
gás
C1 C2 C3
0 oC
-273,15
Fig.9.1 Fig.9.2
A escala de temperaturas absoluta (X ) define-se como a temperatura cuja
origem é #($ß "&9 G e a sua unidade é igual ao grau centígrado e exprime-se em grau
Kelvin (O ). Assim, de acordo com a expressão anterior, T œ T9 Š #($ß"'>
#($ß"' ‹, obtem-se
X œ #($ß"'
T9 T 9.4
onde T é a pressão de um termómetro de gás quando este se encontra em equilíbrio com
o sistema cuja temperatura se pretende medir, T9 é a pressão do gás no termómetro
quando está em equilíbrio com o sistema água-gelo-vapor no ponto triplo. Porque o grau
centígrado corresponde a um intervalo de temperaturas igual ao grau Kelvin, a
conversão entre a escala centígrada (>- ) e absoluta (X ) é dada por
X œ >- #($ß "& 9.5
æ
Esta lei verifica-se de uma forma aproximada para todos os gases de baixas
massas volúmicas. Posteriormente a esta lei, e resultantes de observação experimental,
fo3 enunciada a Lei de Charles-Gay Lussac. Nesta última, como já se fez referência,
vericou-se que, à pressão constante, o volume varia proporcionalmente com a
temperatura absoluta do gás, ou, a volume constante, a pressão varia proporcionalmente
com a temperatura absoluta (9.4). Os resultados destas duas leis podem sintetizar-se na
expressão
T Z œ GX 9.7
em que G é uma contante que depende do gás em causa. Dadas duas amostras de igual
volume ÐZ Ñ do mesmo gás à mesma temperatura ÐX Ñ e à mesma pressão ÐT ), se forem
postas em contacto, o novo sistema passa a ocupar um volume #Z , mantendo-se a
pressão e temperatura anteriores. Não é
difícil ver que na expressão (9.7) a
contante G deverá duplicar em relação
ao valor que possuia para cada um dos PV=nRT
sistemas anteriores. Concluimos assim
que esta constante depende da massa do
gás que passaremos a exprimir em
T4<T3<T2< T1
número de mole (molécula-grama). A
expressão (9.7) passa escrever-se
V
T Z œ 8VX 9.8
Fig.9.3
onde 8 representa o número de moles da substância e V é uma constante universal cujo
valor é V œ )ß $"% N Î796 † O ou V œ !ß !)#!' 6 † +>7Î796 † O Þ Definimos gás
ideal como o gás que obedece à equação (9.8). A mesma equação é conhecida sob a
designação da equação de estado dos gases ideais; o estado de uma massa de gás é
determinado por duas grandezas do conjunto T ß Z / X Þ Na fig.9.3 estão representadas
graficamente várias isotér-micas (T Z œ -98=>+8>/).
EXEMPLO-1: Cem gramas de GS# ocupa um volume de && 6 à pressão de
" +>7Þ Determine:
a) a temperatura;
b) o valor da pressão no caso de o gás ocupar o volume de )! 6 e a
temperatura não se alterar.
RESOLUÇÃO:
a) Extraimos o valor da temperatura da equação dos gases ideais. Para aplicar esta
equação temos que conhecer 9 87/<9 ./ 796/= contidos em cem gramas de gás
7+==+ .9 1=
8 œ 796-?6+ 1<+7+
8 œ "!! %%
8 œ #ß #( 796
Então para o valor da temperatura vem
X œ T8VZ "‚&&
X œ #ß#(‚!ß!)#" X œ #*& O
b) Usando a mesma equação, a equação dos gases ideais, para os dois estados,
T" Z" œ 8VX" T# Z# œ 8VX# onde X" œ X# ,
então T" Z" œ T# Z# , logo
T# = TZ"#Z" T# = &&‚"
)! T# =!ß ')) +>7
U œ 7P 9.11
onde P é o calor latente da mudança de fase ÐP0 , calor latente de fusão, P@ , calor latente
de vaporização).
constante e vale #ß !& 5N Î51 † O (TABELA 5.1), o calor necessário aU" b para elevar a
RESOLUÇÃO: Admitindo que a acapacidade caloríficas mássica do gelo é
O calor necessário aU3 b para que a temperatura da massa de gelo fundido (água)
U2 œ 7P 0 U# œ " ‚ $$% U# œ $$% 5N
T6 œ /5EaX % X9 b
entre a potência da radiação emitida e absorvida pelo corpo é
%
9.14
Um corpo de emissividade ! é um corpo que não emitiria nenhuma
radiação, enquanto que o corpo com / œ " emitiria todos os comprimentos de onda do
espectro electromagnético.
æ
dá-nos o valor do trabalho elementar realizado pelo sistema; o sinal negativo deriva da
convenção de sinais. O trabalho total produzido pelo sistema quando seu volume varia
entre Z" e Z# é dado por
[ œ ( .[ [ œ(
Z#
T .Z 9.17
Z"
o que corresponde à area do diagrama T Z limitada pela curva que descreve a
transformação ocorrida e o eixo das abcissas.
P P P
P1V1 P1V2 P1V1 P1V1 P1V2
V V V
[ œ(
Z#
T .Z
Z"
8VX
mas como T œ Z esta expressão dá lugar a
[ œ( [ œ 8VX (
Z# Z#
8VX .Z
.Z
Z Z
[3=9>/<73-+ œ 8VX 68 Š ZZ#" ‹
Z" Z"
9.18
.Y œ GT .X T .Z
A equação (9.20) substituida nesta última permite-nos obter
GZ .X œ GT .X T .Z 9.21
e, recorrendo à equação dos gases perfeitos, diferenciando ambos os termos (T ,
constante)
T .Z œ 8V.X
que substituidos na equação anterior dá
GZ .X œ GT .X 8V.X
Portanto
GT GZ œ 8V 9.22
para um gás ideal a diferença entre as duas capacidade térmicas é 8V e a diferença
entre as capacidades térmica molar é
GQ T GQ Z œ V 9.23
Esta relação verifica-se, de uma forma aproximada, para todos os gases. Por outro lado
prova-se que para os gases monoatómicos GQZ œ $# V e para os gases diatómicos
GQZ œ &# VÞ
Quando o sistema sofre uma transformação em que não há trocas de calor
com a sua vizinhança, esta transformação designa-se por adiabática. Como U œ !, o
primeiro princípio conduz a ?Y œ W, recorrendo à expressão (9.8) dos gases ideais e a
(9.20)
GZ .X œ T .Z GZ .X œ 8VX .Z Z
Rearranjando esta expressão
.X 8V .Z
X œ GZ Z
utilizando o resultado obtido para as capacidades térmicas (9.22)
.X GT GZ .Z
X œ GZ Z
aT Z b œ -98=>+8>/
8V Z œ -98=>+8>/
#
9.26 p
cuja representação gráfica no diagrama Isotérmica
T Z está na fig.9.8. (pv = constante)
Num transformação adiabática,
tendo presente GZ .X œ T .Z , o
trabalho é Adiabática
γ = constante)
.[ œ GZ .X (pv
[+.3+,+>3-9 œ GZ ?X
v
Fig.9.8
Prove que o trabalho realizado por um gás ideal durante uma transformação
adiabática é dado por
[+.3+,+>3-9 œ :" Z"
" :# Z#
#
æ
responsáveis pela sua marcha no tempo. Por exemplo, água passando a vapor, não é
uma pequena variação da temperatura (descê-la de um infinitésimo) que leva esse
mesmo vapor a condensar-se... Na natureza os processos não são reversíveis, não se
invertem naturalmente, são irreversíveis.
Das suas observações
Carnot formulou o seu célebre RESERVATÓRIO QUENTE - Tq
X ; 68 Š Z# ‹
U< œ Z
%
"
Finalmente chegamos a
kU- k X
œ X0; U< 9.27
onde o rendimento da máquina de Carnot é dado por
kU- k X0
( œ" U< ( œ" X;
fonte quente, terá que rejeitar mais calor para a fonte fria kUw- k kU- k
máquina for irreversível o seu rendimento (w (, logo se receber o mesmo calor da
kUw- k X0
" U< " X;
portanto ?W !
EXEMPLO-3: Durante um ciclo, uma máquina de Carnot retira de um
reservatório à temperatura de %!! O a energia de "!! N , realiza trabalho e transfere
energia para um reservatório à temperatura de 3!! O . Determine a variação de entropia
em cada reservatório para cada um dos ciclos, mostre que a variação de entropia no
sistema é nula.
X
RESOLUÇÃO: O rendimento de um ciclo de carnot é ( œ " X0; , logo
( œ " $!!
%!! ( œ !ß #&
Conhecido o rendimento, e sabido que kU< k œ "!!, é possível calcular o calor
cedido à fonte fria Uc
Uc
!ß #& œ " 1!! Uc œ (& N
Como a fonte quente perde calor, a variação de entropia é
100
?Wq œ %!! ?Wq œ !ß #& N ÎO
A fonte fria vai receber calor, logo a sua entropia sofrerá uma variação dada por
75
?Wf œ 3!! ?Wf œ !ß #& N ÎO
?Wq +?Wf = !ß #&+!ß #&=0
æ
máquina W máquina W
térmica frigorífica
Qf Qf
RESERVATÓRIO FRIO - Tf
Fig.9.10
Uma máquina frigorífica é, no essencial, uma máquina térmica que funciona
no sentido inverso. É necessário fornecer trabalho à máquina frigorífica Ð[ Ñ para que
extraia calor do reservatório que se encontra à temperatura da fonte fria X0 ÐU0 Ñ e o
transfira para o reservatório que se encontra à temperatura da fonte quente X; Þ Neste
caso o rendimento (a razão entre o produzido e o recebido) será
-+69< :<9.?D3.9 U0
(œ ><+,+629 </-/,3.9 (œ [
da qual se extrai que ( "Þ Exactamente porque o rendimento da máquina térmica, tal
como o definimos, é superior à unidade, nas máquinas frigoríficas esta grandeza é
substituída pela sua inversa e passa a designar-se por eficiência , %
" [
%œ ( %œ U0
Quanto maior for a sua eficiência, melhor será a máquina térmica, os seus
valores típicos rondam entre 5 e 6.
EXEMPLO-4: Durante um ciclo, uma máquina de Carnot retira de um
reservatório à temperatura de %!! O a energia de "!! N , realiza trabalho e transfere energia
para um reservatório à temperatura de 3!! O . Determine a variação de entropia em cada
reservatório para cada um dos ciclos, mostre que a variação de entropia no sistema é nula.
X
RESOLUÇÃO: O rendimento de um ciclo de carnot é ( œ " X0; , logo
$!!
( œ" ( œ !ß #&
Conhecido o rendimento, e sabido que kU< k œ "!!, é possível calcular o calor
%!!
9.12 Problemas
1. Determine a variação da energia interna do sistema em cada uma das
seguintes situações:
a)recebe 500 cal e realiza um trabalho de 400 J
b)recebe 300 cal e sovre ele é feito um trabalho de 420 J
c)cede 1200 cal, mantendo-se o sistema com volume constante.
11. " mol de um gás ideal (# œ "ß %), encontra-se inicialmente à pressão de
"+>7 e à temperatura de !9 G . O gás é aquecido, a volume constante, até à temperatura
de "&!9 G , expandido-se depois adiabaticamente ate´que a pressão atija de novo "+>7,
seguidamente é comprimido a pressão constante até ao seu estado inicial. Determine:
a) a temperatura a que se encontra depois da expansão adiabática;
b)o calor que entra ou sai do sistema durante todo o processo;
c) o rendimento deste ciclo
12. Uma máquina térmica opera num ciclo em que as fontes estão às
temperaturas de 400 e 200 OÞ A máquina retira da fonte quente calor no valor de "!!!N
e realiza trabalho, em cada ciclo, no valor de #!! N Þ
a) Qual o rendimento da máquina?
b) Determine a variação da entropia da máquina e de cada reservatório;
c) Qual o rendimento da máquina de Carnot que trabalhasse com as mesmas
fontes?
d)Quanto trabalho produziria esta máquina de Carnot se retirasse da fonte
quente calor no valor de "!!!N ?