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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

CAPACITAÇÃO EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

ÍNDICE

1 – Energia – Conceitos e Fundamentos pag. 02


2 – Energia e Meio Ambiente pag. 09
3 – Auditoria energética pag. 19
4 – Tarifação de energia elétrica pag. 23
5 – Análise econômica em Eficiência Energética pag. 37
6 – Aspectos legais e institucionais em eficiência energética pag. 47
7 – Iluminação: Conceitos e Aplicações pag. 52
8 – Bombas de fluxo e ventiladores pag. 62
9 – Refrigeração e ar condicionado pag. 72
10 – Compressores e ar comprimido pag. 98
11 – Transformadores pag. 70
12 – Qualidade de energia pag. 81
13 – Fontes alternativas de energia pag. 94

Autores deste material em ordem alfabética:

- Prof. Abraão Silveira Luz (itens 9 e 10)


- Prof. Gustavo Antonio Velho (item 5)
- Prof. Hélio Pinola Filho (item 12)
- Prof. Itailson Cunha Júnior (itens 4 e 6)
- Prof. José Américo Marsulo (itens 8 e 11)
- Prof. Julio de Carvalho Monteiro de Barros (itens 1, 2 e 7)
- Prof. Wagner Seizo Hokama (itens 3 e 13)

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01 - ENERGIA – CONCEITOS E FUNDAMENTOS

Prof. Julio de Carvalho Monteiro de Barros

O conceito de energia é, na verdade, algo intuitivo, pois não existe uma definição
específica para esse fenômeno físico. A energia está presente em nossa vida de diversas
maneiras. Por exemplo, quando usamos motores ou músculos, quando acendemos o queimador
de um fogão, quando nos alimentamos ou mesmo quando nos informamos pela televisão ou nos
jornais, que frequentemente se referem a alguma questão energética no Brasil ou no mundo.

Por tal diversidade, o campo dos estudos energéticos é vasto, cobrindo desde o uso dos
recursos naturais até os aspectos relacionados ao desempenho das modernas tecnologias,
permitindo uma abordagem que considere apenas os temas de caráter técnico ou envolva seus
componentes socioeconômicos e ambientais, inclusive quanto à sua evolução histórica e suas
perspectivas futuras. Para este largo campo do saber, procura-se nestas notas efetuar uma revisão
das definições, das leis básicas e da terminologia empregada, em particular buscando
fundamentar a racional utilização dos fluxos de energia.

A unidade de Sistema Internacional (SI) utilizada para quantificar a Energia é o Joule (J).
Este nome foi atribuído em homenagem ao físico inglês James Joule, que viveu entre 1818 e
1889, e que efetuou estudos em diversas áreas no sentido de compreender melhor as
manifestações e transferências de energia entre sistemas. Há outras unidades que podem ser
utilizadas para quantificar a Energia. Uma das mais importantes é o QuiloWatt Hora (KWh),
utilizada pelas empresas de fornecimento de eletricidade para controlar o consumo dos seus
clientes.

O Watt hora (Wh) é a medida de energia usualmente utilizada em eletrotécnica. Um Wh é a


quantidade de energia utilizada para alimentar uma carga com potência de 1 Watt pelo período
de uma hora. 1 Wh é equivalente a 3.600 joules.
O Watt é uma unidade de potência, o watt-hora é uma unidade de energia gerada e o Watt/Hora
indica uma taxa de variação da potência consumida com o tempo.
Exemplo: Uma lâmpada cuja potência é 100 W consome energia a uma taxa de 100 joules por
segundo. Em uma hora consome 360.000 joules ou, equivalentemente, 100 Wh. Se ficar acesa
durante 10 horas, consumirá 1000 Wh ou 1 kWh.
A unidade Watt por hora (W/h) dever ser usada para indicar "consumo por unidade de tempo".
Seu múltiplo, o megawatt por ano (MW/a), é usado para expressar a variação da potência
consumida em certo sistema de carga;

Definições

Século IV A.C. - Aristóteles em sua obra Metafisica identificava energia (“energeia”)


como uma realidade em movimento.

Meados do Século XIX - Na acepção moderna, energia corresponde essencialmente a um


conceito tendo sido criado juntamente com a Termodinâmica e utilizado atualmente para
descrever uma ampla variedade de fenômenos físicos.

Mais usualmente, é encontrada em muitos livros define-se: “energia é a medida da


capacidade de efetuar trabalho”.

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Esta definição não é totalmente correta e aplica-se apenas a alguns tipos de energia, como a
mecânica e a elétrica, que, em principio, são totalmente conversíveis em outras formas de
energia.

Este modo de se definir energia perde o sentido ao ser aplicado ao calor, pois esta forma
de energia é apenas parcialmente conversível em trabalho.
De fato, quando está a temperaturas próximas a do ambiente, o calor pouco vale como trabalho.
Assim, a definição anterior não e completa.

Em 1872 Maxwell propôs uma definição que pode ser considerada mais correta:
“Energia é aquilo que permite uma mudança na configuração de um sistema, em oposição a uma
força que resiste a esta mudança”.
A definição refere-se a mudanças de condições, a alterações do estado de um sistema e
inclui duas ideias importantes: as modificações de estado implicam em vencer resistências e
justamente a energia que permite obter estas modificações de estado. Assim para elevar uma
massa até uma determinada altura, aquecer ou esfriar um volume de gás, transformar uma
semente em planta, converter minério em ferramentas, jogar futebol, ler este texto, sorrir, enfim,
qualquer processo que se associe a alguma mudança implica em se ter fluxos energéticos.

Potência - conceito frequentemente associado à energia é a velocidade na qual a energia é


produzida ou consumida. Corresponde ao fluxo de energia no tempo. É de enorme importância
ao se tratar de processos humanos e econômicos, onde o tempo é essencial.
Exemplo: a taxa na qual um material é oxidado pode levar a uma grande diferença, desde
representar a possibilidade de sua utilização como combustível ou apenas a formação lenta de
um resíduo, como é caso respectivamente da queima de madeira e da formação da ferrugem.
Ambos são processos energéticos, mas de sentido totalmente diverso devido às distintas taxas ou
velocidades nas quais ocorrem.

Em geral, qualquer capacidade instalada poderia atender qualquer necessidade de


energia, desde que lhe seja dada tempo suficiente, o que evidentemente não atende às
necessidades impostas pela realidade. Por isso, podemos afirmar que a sociedade moderna, que
busca atender suas demandas energéticas de forma rápida, é tão ávida em potência quanto em
energia.

Observando os usos diários de energia, pode-se avaliar se o tempo é ou não importante


para o atendimento da demanda. Conclui-se que a taxa de utilização dos fluxos energéticos é tão
importante quanto sua mera disponibilidade.

As formas da Energia

A energia se apresenta de diversas formas, que podem ser convertidas entre si. É
importante observar ainda que apenas nos processos de conversão se identifica a existência de
energia, que surge na fronteira do sistema como calor ou como trabalho.

Calor – define-se como o fluxo energético decorrente de diferença de temperatura.


Trabalho - se entende todo processo análogo a elevação de um peso.
Trabalho corresponde a uma variação ordenada de energia, enquanto o calor apresenta-se
desordenado.

Energia nuclear - no interior das estrelas, inclusive no Sol, resulta da fusão (união) dos núcleos
de átomos leves, como do hidrogênio, em um processo físico onde ocorre um déficit de massa,
entre os reagentes e os produtos de reação, que corresponde a significativas quantidades de
energia liberada.
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Energia Atômica - relaciona-se com processos de fissão (divisão de um átomo pesado em dois
ou mais fragmentos) de átomos pesados, como urânio, tório e plutônio, em decorrência da
instabilidade natural ou provocada de alguns isótopos destes materiais, que tendem a converter-
se em outros materiais com número atômico mais baixo, com liberação de energia devido à
perda de massa observada.
A energia resultante destes processos também é elevada e se apresenta, essencialmente, como
calor. Aplicação: como fonte energética para geração de energia elétrica e para mover navios e
submarinos, mediante ciclos térmicos.

A dependência entre a variação de massa observada nos processos de fusão nuclear ou


fissão atômica e a energia liberada, é dada pela conhecida expressão proposta em 1922 por
Einstein:

Energia Química - depende de reações químicas e da liberação da energia acumulada na forma


de ligações entre os átomos e moléculas. Apresenta grande interesse por sua extensa aplicação.
Exemplo: a energia dos combustíveis é, na realidade, energia química.
Nas reações espontâneas, as ligações químicas existentes nas moléculas dos reagentes, contem
mais energia do que as ligações observadas nas moléculas dos produtos.
Aplicação típica associa-se aos processos de combustão nos motores, fornos e caldeiras,
onde a energia química de materiais como gasolina, álcool, óleo combustível ou lenha é
convertida em energia térmica, na forma de gases em altas temperaturas.
O conteúdo energético dos combustíveis é medido por seu Poder Calorifico, um
parâmetro que fornece a quantidade de calor disponível por unidade de massa ou de volume do
combustível.
Também nas baterias químicas e nas pilhas elétricas se observam processos envolvendo
energia química e eletricidade.
Células a Combustível (CaCs) - Disponibilizam a energia química dos combustíveis de forma
direta convertendo-a em energia elétrica, com alta eficiência mediante reações isotérmicas a
temperaturas relativamente baixas, sem empregar a combustão.
Reações similares são realizadas nos músculos dos animais e do homem, permitindo a
transformação da energia química dos alimentos, uma espécie de combustível, em energia
mecânica nos músculos para suas atividades vitais, em processos de baixa temperatura.

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Energia Elétrica - embora seja correto considerar-se a existência de energia elétrica nas cargas
estacionarias, como se observa nas nuvens eletricamente carregadas e na iminência de uma
descarga atmosférica ou ainda nos capacitores elétricos, a energia elétrica é mais
frequentemente associada à circulação de cargas elétricas através de um campo de potencial
elétrico. A energia elétrica pode ser definida como a capacidade de trabalho de uma corrente
elétrica.

Energia Térmica - equivocadamente denominada de calor, pode apresentar-se essencialmente


de duas formas: radiação térmica ou energia interna.

Calor - corresponde a um fenômeno observável apenas na fronteira de um sistema onde existe


uma diferença de temperaturas, onde a energia térmica resulta da conversão da energia química,
mediante uma reação de combustão.
Um fluxo de calor pode resultar tanto de uma variação de energia térmica como de outra forma
energética, energia nuclear, por exemplo. A energia interna está associada à agitação térmica de
um material, que pode ser medida por sua temperatura.
Quanto maior a temperatura de um material, mais energia interna ele contém.

A radiação térmica é de fato uma potência e a energia associada pode ser determinada por
sua integral no tempo.
Como radiação térmica, por exemplo, na radiação solar, a energia térmica não apresenta
qualquer meio material de suporte, já que se trata de uma radiação eletromagnética, com
magnitude e distribuição espectral dada basicamente em função da temperatura do corpo
emissor.

Energia Interna - corresponde a capacidade de promover mudanças, associada a agitação


térmica de um material, que pode ser medida por sua temperatura.
No caso de sistemas monofásicos (fase física), onde a variação da energia interna implica em
variação de temperatura, o calor especifica expressa a relação entre esta energia e a variação de
temperatura.
No caso de sistemas em mudança de estado (fusão, evaporação, etc.) e, portanto com
duas fases, o calor latente indica esta variação isotérmica.
Nomes como calor latente e calor específico, ainda hoje extensamente usado, são lembranças do
tempo em que se acreditava, equivocadamente, que calor se armazenava nas substancias.

Energia mecânica - pode ser potencial ou cinética.


No primeiro caso, a energia mecânica associa-se diretamente a uma força estática e pode ser
potencial elástica, tal como se acumula em molas ou em gases comprimidos, ou gravitacional,
dependendo da posição de uma massa em um campo gravitacional. Um exemplo desta última
forma de energia é a energia hidráulica na água acumulada em uma represa.
A energia mecânica cinética, que se associa à inércia das massas em movimento, pode
considerar velocidades lineares, como é o caso da energia eólica, ou movimentos rotacionais,
como dos volantes de inércia.

Outras formas de energia

Energia Magnética - acumulada na forma de campos magnéticos e utilizada de modo


prático na transformação de energia elétrica em transformadores.
Energia Elástica - associada à tensão superficial de um liquido e que se mostra na formação de
bolhas de sabão.
Energia Difusiva - decorrente da diferença de concentrações entre gases, líquidos e
sólidos solúveis.

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As formas anteriormente apresentadas não esgotam todas as maneiras de se considerar a


energia, que existirá sempre que houver possibilidade de promover alguma mudança de estado,
em uma ampla acepção.
Energia disponível em sistemas reais

Níveis de potência em processos reais

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As leis das conversões energéticas

Interconversão - uma forma energética eventualmente pode ser convertida em outra, modo
espontâneo ou intencional. Quando intencional, pode adequar-se a alguma utilização desejada.

Processo de conversão de energia

Quaisquer que sejam os sistemas considerados e as formas de energia envolvidas, todos


os processos de conversão energética são regidos por duas leis físicas fundamentais, que
constituem o arcabouço essencial da ciência energética.

A primeira lei básica é a Lei da Conservação da Energia, segundo a qual energia não se
cria nem se destrói, salvo nos casos em que ocorrem reações atômicas ou nucleares e então
podem se observar transformações de massa em energia. ΔEentra = ΔEsai + ΔEsistema.

Diagrama em bloco de uma Termoelétrica

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Lei da Dissipação de Energia - em todos os processos reais de conversão energética, sempre


deve existir uma parcela de energia térmica como produto.

Exemplo: se o objetivo do processo e transformar energia mecânica em calor, tal conversão pode
ser total. Se o proposito for o inverso, a conversão de energia térmica em energia mecânica será
sempre parcial, pois uma parcela dos resultados devera sempre ser calor.

Recursos Energéticos

São as reservas ou fluxos de energia disponíveis na natureza e que podem ser usados para
atender as necessidades humanas.

Classificação: - Recursos Fósseis


- Recursos Renováveis

Recursos Energéticos Fósseis - referem-se aos estoques de materiais que armazenam


energia química, acumulada primariamente a partir da radiação solar em épocas geológicas,
como e o caso do petróleo, carvão mineral, turfa, gás natural, xisto betuminoso, bem como
podendo acumular energia atômica na forma de material físsil, por exemplo, o uranio e o tório. A
reserva de energia fóssil quer sejam medidas, indicadas ou estimadas, são necessariamente
finitas e, portanto, se reduzem na medida em que são consumidas.

Recursos Energéticos Renováveis - são dados por fluxos naturais, como ocorre na energia
solar, em suas distintas formas, como na energia hidráulica, na energia eólica, na energia das
ondas do mar e na energia da biomassa, bem como nos fluxos energéticos dependentes do
movimento planetário, por exemplo, a energia talassomotriz, associada a variação do nível do
mar nas mares e a energia geotérmica, que na escala das realizações humanas existe como
potencia disponível.
A utilização inadequada de alguns potenciais energéticos renováveis pode determinar sua
exaustão, como acontece em reservatórios geotérmicos sobre explorados ou nos recursos de
biomassa, quando explorados além de sua taxa natural de reposição.

Reservas Energéticas Brasileiras (2012 – BEM)

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Camada Pré-Sal - Apenas com a descoberta dos três primeiros campos Tupi, Iara e
Parque das Baleias, as reservas brasileiras comprovadas, que eram de 14 bilhões de barris,
aumentaram para 33 bilhões de barris. Além destas, existem reservas possíveis e prováveis de 50
a 100 bilhões de barris.

Matriz Energética - mostra a oferta ou consumo de energético de uma industrial, região ou pais.
Objetivo é avaliar como estão oferta e consumo dos energéticos, sua disponibilidade e seu custo.

Matriz Energética Brasileira (2011 – EPE)

Sistema Energético e sua Transformação

Energia Limpa
A energia limpa refere-se a fontes que são renováveis e que não lançam poluentes na atmosfera,
interferindo no ciclo do carbono, ao contrário dos combustíveis fósseis.

Conclusão

Nem sempre uma disponibilidade energética está na forma como se necessita, mas,
felizmente, a energia pode ser convertida e armazenada. Na acepção mais geral, os sistemas
energéticos constituem-se de uma sequência de processos, através dos quais progressivamente
obtém-se, converte-se e, eventualmente, armazena-se energia da Natureza, visando sua
adequação em termos de tempo e disponibilidade para atender aos diversos usos na sociedade.
Todas as atividades humanas requerem energia, seja na forma de fluxos energéticos
como calor e energia elétrica, seja na forma de produtos e serviços, que de forma indireta,
também correspondem a fluxos energéticos, sem o que eles não poderiam ser obtidos.

Referências Bibliográficas

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Energia e Meio Ambiente; Roger A. Hinrichs, Merlin Kleinbach, Tradução da 4ª Ed. Norte
Americana, 2010.
Eficiência Energética Fundamentos e Aplicações; 1ed. Elektro, Univ. Fed Itajubá, Excen, Fupai,
Campinas, 2012.
Eficiência Energética Curso para otimização do uso de energia na indústria; CPFL Energia,
Campinas, 2006.
http://www.aneel.gov.br/; 21/11/2014
http://pt.wikipedia.org/wiki/Watt-hora; 21/11/2014
http://www.brasilescola.com/quimica/energia-limpa.htm; 22/11/2014
http://www.infopedia.pt/$quilowatt-hora; 22/11/2014

02 - ENERGIA E MEIO AMBIENTE

Prof. Julio de Carvalho Monteiro de Barros

De acordo com a resolução CONAMA 306:2002: “Meio Ambiente é o conjunto de condições,


leis, influência e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

Encontra-se na ISO 14001:2004 a seguinte definição sobre meio ambiente: “circunvizinhança em


que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora fauna, seres
humanos e suas inter-relações”.

Uma organização é responsável pelo meio ambiente que a cerca, devendo, portanto, respeitá-lo,
agir como não poluente e cumprir as legislações e normas pertinentes (ISO 14001).

Apesar de se encontrar na Norma referência sobre a responsabilidade das organizações com o


meio, muitas fábricas que possuem principalmente atividades ou processos danosos ao meio
ambiente e que passam a sofrer restrições no seu país de origem devido à leis locais acabam se
transferindo ou mudando essa produção para outro país onde não haja impedimento ou lei
específica.
A maior parte destes países está em desenvolvimento, e seus governantes, interessados na
entrada de capital na sua economia, acabam submetendo a população aos riscos ambientais que
são gerados. Isso está começando a mudar, com a conscientização de que tudo está interligado no
planeta, e mesmo com a pressão de grupos ambientalistas e organizações internacionais que
trabalham pela igualdade e respeito à vida.

No Art. 225 da Constituição Federal há a seguinte frase: “Todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida
impondo-se ao Poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.

A sociedade como um todo é responsável pela preservação do meio ambiente, então, é preciso
agir da melhor maneira possível para não modificá-lo de forma negativa, pois isso terá
consequências para a qualidade de vida da atual e das futuras gerações, entendendo que: “O meio
ambiente concebido, inicialmente, como as condições físicas e químicas, juntamente com os
ecossistemas do mundo natural, e que constitui o habitat do homem, também é, por outro lado,
uma realidade com dimensão do tempo e espaço”. Essa realidade pode ser tanto histórica (do
ponto de vista do processo de transformação dos aspectos estruturais e naturais desse meio pelo
próprio homem, por causa de suas atividades) como social (na medida em que o homem vive e
se organiza em sociedade, produzindo bens e serviços destinados a atender “as necessidades e
sobrevivência de sua espécie” EMÍDIO, 2006, p.127).
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Sistemas de Geração Energia Elétrica: Prós e Contras

Usinas Hidroelétricas

A energia hidrelétrica é o resultado do aproveitamento do curso dos rios e seus desníveis,


usando a força da água (energia potencial) para movimentar turbinas que geram energia
mecânica, e é transmitida, por fios, à população em forma de energia elétrica.

O Brasil tem hoje, nas hidrelétricas, sua principal fonte de energia, quase 95% da energia
consumida no país é gerada por esse tipo de usina, o restante é proveniente de usinas nucleares e
termelétricas. Com seus grandes rios, o país possui o terceiro maior potencial hidráulico do
planeta, ficando atrás somente de países como China e Rússia.

As usinas hidrelétricas no Brasil podem ser classificadas quanto à sua potência para
geração de energia, em dois tipos:

 As que produzem de 1 MW (Megawatt) a 30 MW e possuem reservatório com área


menor que 3 km² são classificadas como Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH‟s);
 Aquelas que produzem mais que 30 MW são classificadas como Grandes Centrais
Hidrelétricas (GCH‟s).

Desvantagens:
 Forte dependência de um regime de chuvas;
 Forte impacto socioambiental causado pela inundação de grandes áreas, com consequente
deslocamento de comunidades inteiras e a destruição do habitat de espécies natural de
espécies nativas e endêmicas;
 Antigamente pensava-se que esta fonte não poluía, mas sabe-se hoje que existe a
decomposição da vegetação submersa que dá origem gases como o metano, gás
carbônico e o óxido nitroso.
 A atenção deve ser chamada ao fato que ocorreu em Junho de 2001, a crise energética do
"Apagão".

Vantagens:
 Não é necessário qualquer combustível: Uma das principais vantagens das centrais
hidroelétricas é que não necessitam de nenhum combustível para produzir energia. As
centrais hidroelétricas utilizam a energia renovável de água para gerar eletricidade.
 O preço da eletricidade é constante: Como não é necessário qualquer combustível para as
centrais hidroelétricas, o preço da eletricidade produzida por estas é mais ou menos
constante. Não depende do preço de combustíveis como carvão, petróleo e gás natural no

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mercado internacional. O país nem sequer tem de importar o combustível para dirigir a
central hidroelétrica poupando, assim, imensa moeda local.
 Não é criada poluição do ar: Como as centrais hidroelétricas não queimam nenhum
combustível, não cria qualquer poluição. Não emitem gases perigosos e matéria de
partículas, e assim mantêm a atmosfera circundante limpa e sã para a vida.
 Vida longa: a vida das centrais hidroelétricas é mais longa do que a vida de centrais
termais. Há algumas centrais hidroelétricas que foram construídas há mais de 50-100
anos e ainda estão em funcionamento.
 Preço da produção de eletricidade: são necessárias muito poucas pessoas para o
funcionamento de uma central hidroelétrica, visto que a maior parte das operações é
automatizada, os custos operacionais das centrais hidroelétricas são baixos. Além disso,
conforme as centrais ficam mais velhas, o preço da eletricidade que gera fica mais barato,
visto que o preço de capital inicial investido na fábrica é recuperado durante o longo
período de operações.

Termoelétrica

Desvantagens
 A liberação de dióxido de carbono aumenta o efeito estufa;
 O dióxido de carbono também contribui para o aumento do número de chuvas ácidas;
 O calor extraído da usina é liberado em rios e mares; aumentando a temperatura das
águas;
 As cinzas liberadas pelas chaminés caem e poluem águas, florestas e cidades ao redor da
usina;
 Nas termoelétricas de energia nuclear, existe o problema com o armazenamento do lixo
atômico;
 Combustível é caro;
 Combustível não renovável que se esgotará um dia.

Vantagens
 Construção fácil e apenas onde é necessária, diminuindo a perda de energia;
 Possibilidade do uso do gás natural, que polui menos;
 Não depende de quaisquer condições climáticas para a produção.

Eólicas

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Desvantagens
 A intermitência, ou seja, nem sempre o vento sopra quando a eletricidade é necessária,
tornando difícil a integração da sua produção no programa de exploração;
 Provoca um impacto visual considerável, principalmente para os moradores em redor,
a instalação dos parques eólicos gera uma grande modificação da paisagem;
 Impacto sobre as aves do local: principalmente pelo choque destas nas pás, efeitos
desconhecidos sobre a modificação de seus comportamentos habituais de migração;
 Impacto sonoro: o som do vento bate nas pás produzindo um ruído constante (43dB).
As habitações mais próximas deverão estar no mínimo a 200m de distância.

Vantagens
 É inesgotável;
 Não emite gases poluentes nem geram resíduos;
 Diminui a emissão de gases de efeito de estufa (GEE);
 Os parques eólicos são compatíveis com outros usos e utilizações do terreno como a
agricultura e a criação de gado;
 Os aero geradores não necessitam de abastecimento de combustível e requerem escassa
manutenção, uma vez que só se procedem à sua revisão em cada seis meses.

Solar

Desvantagens
 Em dias de chuva ou com baixa incidência de sol (dias nublados) diminui a geração de
energia;
 No período da noite não ocorre produção de energia;
 As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando comparadas,
por exemplo, aos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) e a energia hidroelétrica
(água);

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 Os painéis solares têm um rendimento de apenas 25%;


 O custo para compra e instalação dos equipamentos ainda é alto no Brasil.

Vantagens
 Ela é renovável, ou seja, nunca acaba;
 É uma energia limpa, ou seja, não gera poluentes para o meio ambiente;
 Baixo custo de manutenção dos equipamentos usados;
 É uma excelente fonte de energia em locais não atendidos por outras fontes de energia;
 A energia hidrelétrica, mais consumida no Brasil, não chega aos locais de difícil acesso
ou com grandes dificuldades para instalação de torres e cabos de energia elétrica;
 O equipamento pode ser instalado em residências, baixando o custo da conta de energia
elétrica.

Nuclear

Desvantagens
 Ser uma energia não renovável;
 As elevadas temperaturas da água utilizada no aquecimento causa a poluição térmica,
pois esta é lançada nos rios e nas ribeiras, destruindo assim ecossistemas e interferindo
com o equilíbrio destas mesmas;
 O risco de acidente, visto que qualquer falha humana, ou técnica poderá causar uma
catástrofe sem retorno;
 A formação de resíduos nucleares perigosos e a emissão causal de radiações causam a
poluição radioativa;
 Os resíduos produzidos podem ter uma vida até 300 anos;
 Pode ser utilizada para fins bélicos, para a construção de armas nucleares, está foi uma
das primeiras utilizações da energia nuclear;
 Ser uma energia cara, visto que tanto o investimento inicial, como posteriormente a
manutenção das energias nucleares são de elevados custos;
 O plutónio 239 leva 24.000 anos para ter sua radioatividade reduzida à metade, e cerca de
50.000 anos para tornar-se inócuo.

Vantagens
 É um combustível mais barato que muitos outros como, por exemplo, o petróleo;
 É uma fonte mais concentrada na geração de energia, um pequeno pedaço de urânio pode
abastecer uma cidade inteira;
 Não causa nenhum efeito de estufa ou chuvas ácidas;
 É fácil de transportar como novo combustível;
 É uma fonte de energia segura, visto que até a data só existiram dois acidentes mortais;
 Permite reduzir o défice comercial;

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 Permite aumentar a competitividade.

Eficiência Energética e Meio Ambiente

O espaço ocupado pelo homem está a todo o momento sofrendo modificações relacionadas ou
impostas pelo próprio homem, que podem ser danosas ao meio quando não administradas
corretamente.

Os indicadores de eficiência energética podem ser calculados de diversas formas atualmente têm
sido propostos cerca de 600 indicadores, para a composição do programa, mas o número de
indicadores calculado por cada país depende de suas necessidades especificas de informações.
Principalmente nos países em desenvolvimento, serão mais confiáveis quando a sociedade se
conscientizar da necessidade de mudança de comportamento.

Os indicadores de eficiência energética podem indicar caminhos, porém é a vontade política e a


conscientização ambiental da humanidade que farão com que sejam formuladas políticas adequadas
para utilização eficiente dos recursos naturais e para a preservação dos ecossistemas.

Os indicadores poderão fornecer dados com a finalidade de comparar eficiência energética entre
países, empresas e setores, determinando as influências tecnológicas, alocativas e políticas que
podem determinar o comportamento da sociedade em relação à eficiência energética e às medidas
para diminuir as emissões de GEE e outros. Os governos não podem mais desprezar a importância da
preservação do meio ambiente por intermédio do uso eficiente dos recursos naturais. Produzir os
mesmos ou melhores produtos com menos energia e outros recursos naturais deve ser uma meta, um
propósito, de todas as indústrias e dever dos governos, por intermédio de uma regulamentação
adequada, a fim de preservar os direitos das próximas gerações.

A energia é um insumo ou produto, dependendo do uso final, de extrema importância para o


desenvolvimento de qualquer sociedade. A partir das restrições econômicas e ambientais e a
dificuldade de substituição do petróleo e dos combustíveis fósseis para gerar energia, consagrou
a importância do estudo e aplicação da eficiência energética em todos os níveis de produção,
consumo e distribuição da mesma.

Os critérios de escolha dos sistemas energéticos, para um determinado uso têm sido em função dos
seguintes itens:

 Tecnologia;
 Preço;
 Disponibilidade no local;
 Segurança de fornecimento e
 Minimização do investimento fixo nas instalações.

Efeito Estufa

O debate sobre o efeito estufa e a medida adequada de preveni-lo tem, fortemente, apontado para
a necessidade de basear as negociações que na avaliação e comparação da evolução da eficiência
energética e na emissão de CO2 em vários países. Essa comparação tornou-se muito difícil
devido à falta de homogeneidade nas definições e medidas. Os indicadores calculados para medir
a eficiência energética são diferentes de um país para outro; por isso a interpretação dos dados
diverge consideravelmente. Essas divergências não impedem desses indicadores ainda serem
utilizados, muitas vezes, como instrumentos para determinar cotas de CO2, principalmente para
a indústria.
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Energia Meio Ambiente e Brasil

Desacoplamento Crescimento do PIB e Energia

Nos países em desenvolvimento a tendência é aumentar o consumo total de energia, à medida


que a economia cresce e o poder aquisitivo melhora a maior parte da população começa a ter
acesso à energia e a outros bens, que lhes eram negados, por falta de poder aquisitivo e
infraestrutura. Com isso a produção de bens tende a crescer e o consumo de energia também.
Nesses países a intensidade energética tende a crescer, porque estes têm dificuldades em ter
acesso às novas tecnologias com menor consumo de energia.
Segundo Goldemberg (1997), nos países desenvolvidos, nas décadas de setenta e oitenta as
novas tecnologias, disponíveis comercialmente, tornaram possível prover os mesmos serviços
energéticos, com uma entrada de energia menor que a possível. Isso significou um
desacoplamento entre o crescimento do PIB e o crescimento de energia nessas décadas.

Indicadores: PIB e Energia Elétrica

OCDE- Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico

Principais problemas ambientais relacionados às fontes e usos da energia.

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A produção de energia elétrica, utilizando carvão e combustíveis fosseis, é um dos fatores que
mais contribuem para o aumento de CO2, na maioria dos países.
O cálculo, para as emissões, foi estimado tendo como referência uma usina de 1GW/ano.
Os dados técnicos do carvão são:
eficiência de 38%, poder calorífico de 8MWh/t, 7% de conteúdo de cinzas, densidade de 6,6t/m3
e 1% de Enxofre (Mattos & Meldonian, IPEN, s/data).
Porém, esse quadro tende a mudar, com a introdução de termoelétricas a gás natural e carvão
mineral na matriz energética brasileira. O gás natural, normalmente, é citado como uma fonte
mais limpa do que os outros combustíveis fósseis, para produção de energia elétrica, porém, isso
só é verdade com relação à emissão de CO2 e para comparação com países nos quais a energia
elétrica é produzida por carvão.

A tendência nacional e mundial, quanto ao aproveitamento do gás natural como fonte alternativa
de eletricidade, é de crescimento devido principalmente a três aspectos:
(1) desenvolvimento de ciclos combinados, (2) expansão de sistemas de cogeração e (3) poucas
restrições ambientais. No Brasil, a assinatura do contrato de compra do gás natural da Bolívia,
tem contribuído para a expansão das termoelétricas e da cogeração na indústria.

Participação de renováveis na matriz energética

Em 2013, a participação de renováveis na Matriz Energética Brasileira manteve-se entre as mais


elevadas do mundo, com pequena redução devido à menor oferta de energia hidráulica.

Repartição da oferta interna de energia

Lixívia (água de lavagem das cinzas da queima de madeira)


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Crescimento do consumo de energia

 Consumo de energia elétrica cresce mais que o PIB (residencial e comercial);


 Incremento do consumo de combustíveis líquidos (gasolina e diesel).

Emissões de CO2 no Brasil

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Conclusão

A questão ambiental é real e urgente, mesmo os que acreditam que a tecnologia pode substituir a
falta de recursos naturais compreendem que as consequências ambientais, dos seus efeitos em
cadeia, do uso intensivo dos recursos naturais, dos combustíveis fosseis e de outras ações, não
podem ser revertidas automaticamente e nem no curto prazo.
A prevenção e o uso eficiente dos recursos naturais ainda são a saída imediata e depois o
desenvolvimento de um novo padrão de consumo e de comportamento individual e de toda a
sociedade poderá ser a solução.
Portanto, uma política efetiva de ação para enfrentar os desafios ambientais e sociais,
necessariamente, tem que ser de longo prazo, incluir a ideia que o novo estilo de
desenvolvimento deve ser pensado localmente, tendo uma visão global dos resultados que podem
ser obtidos, a partir da interação do Estado, das ONGs e da população, para que seja legitimado e
bem sucedido.

Referências Bibliográficas

Energia e Meio Ambiente; Roger A. Hinrichs, Merlin Kleinbach, Tradução da 4ª Ed. Norte
Americana, 2010.
Energia Sociedade e Meio Ambiente; Yolanda Vieira de Abreu, Marco Aurélio Gonçalves de
Oliveira, Sinclair Mallet-Guy Guerra, Brasil, 2010.
Eficiência Energética Fundamentos e Aplicações; 1ed. Elektro, Univ. Fed Itajubá, Excen, Fupai,
Campinas, 2012.
Eficiência Energética Curso para otimização do uso de energia na indústria; CPFL Energia,
Campinas, 2006.
http://www.aneel.gov.br/; 21/11/2014
http://ambientedomeio.com/gestao-ambiental/conceito-de-meio-ambiente/; 22/11/2014 - Fonte:
Lima, Ana Marina Martins de, Silva, Antonio Carlos da, Silva, Luciani Costa; Proposição de
Implementação de um Sistema de Gestão Ambiental no Instituto Adolfo Lutz. (Monografia de
conclusão do curso de Pós Graduação em Gestão Ambiental ). SENAC. São Paulo 2007.
http://www.mme.gov.br/mme/galerias/arquivos/publicacoes/BEN/2_-_BEN_-_Ano_Base/12_-
_Sxntese_do_Relatxrio_Final_BEN.pdf; Balanço Energético Nacional 2014; 21/11/2014
http://www.portal-energia.com/vantagens-e-desvantagens-da-utilizacao-da-energia/ 21/11/2014.
ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014

03 – AUDITORIA ENERGÉTICA

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Prof. Wagner Seizo Hokama

Introdução:

A ideia é apresentar como uma auditoria energética pode aumentar a eficiência energética de
muitos processos.

Metodologias padronizadas:
Diagnóstico Energético, Auto-avaliação dos pontos de desperdício e Estudo de otimização
energética.

Modelo de Relatórios de Auditoria Energética:


Resumo executivo, empresa, estudos e outros itens a serem averiguados na auditoria.

Análise de Investimento:
A decisão do investimento passará pela análise do investimento, considerando a viabilidade do
projeto.

Processo de Monitoramento e Verificação:


Definido como aquele que abrange todos os procedimentos que apuram a economia obtida.

Definição:

“Análise sistemática dos fluxos de energia em um sistema particular, visando


discriminar as perdas e orientar um programa de uso racional de insumos energéticos.”
Prof. Horta - UNIFEI

Níveis mínimos de consumo de energia:


Analisando um processo, é possível determinar seu requisito teórico de energia e estabelecer o
quanto se está perdendo efetivamente. Em geral, processos reais consomem cerca de 10 vezes
mais que os processos teóricos.

A auditoria energética pode enfrentar vários obstáculos em sua implantação.


Para obter sucesso, muitas vezes pode ser necessário a quebra de paradigmas dentro do ambiente
onde este projeto está sendo implantado.

Frases comuns que podem ser ouvidas:


- Os desperdícios já foram eliminados...
- Não é viável economizar mais...
- Economizar mais afeta a qualidade...

Na necessidade de reduzir perdas, aplica-se a auditoria energética, visando quantificar e


qualificar as possíveis causas dessas perdas, tais como:

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-Termodinâmicas;
- Tecnológicas;
- Operacionais

Sobrando, então, a parte realmente necessária para a produção de um certo processo.

Metodologias padronizadas:

Diagnóstico Energético:
Esse método visa o levantamento do perfil de consumo por uso final. Utiliza-se de software e
requer levantamento em campo para levantamento dos dados. Não trata em detalhes os aspectos
econômicos e aborda, principalmente, eletricidade.

Auto-avaliação dos pontos de desperdício:


Trata-se de um roteiro simples para identificar pontos de desperdício e avaliar a sua eliminação
pelo próprio cliente. Visa diretamente as industrias e não considera a utilização dos
combustíveis.

Estudo de otimização energética:


Mais demorada e custosa, mas é a única que realmente corresponde aos requisitos de auditoria.
Inclui análises econômicas e considera tanto o uso de combustíveis como o de energia elétrica, já
propondo alternativas e priorizando as ações para a sua conservação.

A sequencia apresentada abaixo deve ser adotada para o desenvolvimento de uma auditoria
energética:

1 – Levantamento de dados gerais da instalação;


2 – Estudos dos fluxos de materiais e produtos;
3 – Caracterização do consumo de energia;
4 – Avaliação das perdas de energia;
5 – Desenvolvimento dos estudos técnicos econômicos das alternativas de redução de perdas; 6 –
Elaboração das recomendações e conclusões.

Modelo de Relatórios de Auditoria Energética:

O modelo do relatório é composto de 8 itens, sendo:


1 – Resumo executivo;
2 – Empresa;
3 – Estudos energéticos;

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4 – Análise de racionalização de energia;


5 – Diagramas de Sankey atual e prospectivos;
6 – Recomendações;
7 – Conclusões;
8 – Anexos;

Diagrama de Sankey é um tipo específico de diagrama de fluxo, onde através da largura das setas
é apresentado uma proporção de uma certa quantidade de fluxo. Este tipo de diagrama é muito
utilizado para visualizar a quantidade de energia transferidos entre os processo.

Exemplo de Diagrama de Sankey:

Requerimentos da auditoria:
- Consumos mensais de água, energia elétrica e combustíveis ao longo de um ano;
- Plantas, desenhos e esquemas detalhados das instalações (as built, se possível);
- Balanços energéticos e de material, atualizados, para cada unidade;
- Temperaturas e pressão nos pontos relevantes, valores medidos e de projeto;
- Características elétricas dos equipamentos e valores medidos associados;
- Considerações sobre as especificações do produto de caráter energético;
- Considerações ambientais e de locação da empresa;
- Perspectivas de alterações no processo.

Além dos dados citados, também destacamos:


- Instrumentos de campo;
- Observar criticamente as instalações;
- Equipe de trabalho;
- Uso de programas computacionais;
- Equipe própria ou de terceiros;
- ESCO´s (do inglês Empresas de Serviços de Energia);
- Sazonalidade das avaliações;
- Resultados absolutos ou específicos;
- Comparação dos resultados;
- Contratos de desempenho;

Análise de Investimento:
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Decisões de Investimento
As decisões de investimento em programas de eficiência energéticas passam necessariamente por
uma análise de viabilidade econômica. São aplicados índices econômicos que permitem traduzir
a atratividade de um investimento.

A Taxa de atualização é um percentual que corrige o valor do dinheiro em função do tempo.


A Taxa de desconto são investimentos futuros corrigidos para valores atuais utilizando taxas de
descontos
Taxa de inflação está incorporada nas taxas de atualização e de desconto e deve ser considerada
para achar a taxa real.

Valor presente (VP) é o valor atualizado de um determinado investimento para o tempo presente
e Valor presente líquido (VPL) é o resultado da atualização do fluxo de caixa de um determinado
programa de investimento.

Também deve ser considerado no estudo outros critérios de análise econômica, como Taxa
interna de retorno (payback), Custo de conservação de energia e custo de demanda evitada.

Processo de Monitoramento e Verificação:


O processo de monitoramento e verificação pode ser definido como aquele que abrange todos os
procedimentos que apuram a economia obtida, que é a base para a remuneração do contrato de
desempenho.

Considera-se o processo de monitoramento e verificação uma das principais base para o


desenvolvimento do mercado de ESCO´s, que é o cerne de um contrato de desempenho,
agregando valor ao projeto, não sendo apenas um custo.

Importante salientar que a responsabilidade do monitoramento e da verificação é da ESCO, e


para isso ela deve conhecer profundamente os métodos empregados em seu projeto.

Conclusão:
A auditoria energética busca a redução das
perdas e uso racional dos recursos energéticos.
Quem ganha com a eficiência energética:
• Quem produz e quem compra o serviço ou produto (menores custos)
• O nosso país e o meio ambiente (sustentabilidade)

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04 – TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Prof. Itailson Cunha Júnior

Introdução

Devido a amplitude do tema Eficiência Energética, é necessário discorrer sobre o assunto


Tarifação de Energia Elétrica para o melhor entendimento do sistema tarifário de energia elétrica
atual.

A ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, autarquia vinculada ao MME –


Ministério de Minas e Energia do governo federal brasileiro, rege todo sistema tarifário, com um
conjunto de normas e regulamentos que visam estabelecer valor monetário da eletricidade para
as classes e subclasses das unidades consumidoras – UCs, proporcionando condições favoráveis
para que o mercado de energia elétrica se desenvolva com equilíbrio entre os agentes e em
benefício da sociedade.

Figura 1 - MIssão ANEEL

Desta forma, a Resolução ANEEL nº 456, é o principal mecanismo regulatório que


norteia o estabelecimento e consolidação das Condições Gerais de Fornecimento de Energia
Elétrica.

Porém, o PRODIST – Procedimentos da Distribuição, a Resolução ANEEL nº 414 -


Condições Gerais de Fornecimento de Energia Elétrica, de 9/09/2010 e a Resolução ANEEL nº
464, de 28/11/2011 - Procedimentos de Regulação Tarifária – Proret, também fazem parte desse
conjunto de resoluções normativas que visam regulamentar a estrutura tarifária e sua qualidade.

Segundo Jamil Haddad, Universidade Federal de Itajubá, no livro Conservação de


Energia (2006), a fixação de tarifas, ao longo do tempo, serviu ou como instrumento econômico
ou como política anti-inflacionária (1975-1986) no Brasil, de modo que houvesse garantia do
capital investido dentro de um período de crise financeira no setor elétrico. Ou seja, os reajustes
tarifários tinham base apenas nos custos de operação e manutenção das empresas
concessionárias, com tarifas equalizadas.

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Apenas a partir de 1994, com o advento do Plano Real, foram modificadas faixas de
descontos para UCs residenciais, criando-se uma subclasse de Baixa Renda, com o objetivo de
manter subsídios para as classes consumidoras dos menos favorecidos economicamente.

Outro importante marco foi o incentivo a eficiência através da redução de custos, fixando
um processo de licitação, na qual ganhava a concessionária que oferecesse a menor tarifa pela
concessão. Além disso, nesse período, foram instituídos os Consumidores Lívres,
desverticalizando a estrutura de preços da geração, transmissão, distribuição e comercialização,
respectivamente.

Conceitos e Definições

A seguir alguns conceitos e definições estabelecidos pela Resolução ANEEL nº 456:

I - Carga instalada: soma das potências nominais dos equipamentos elétricos instalados na
unidade consumidora, em condições de entrar em funcionamento, expressa em quilowatts (kW).

II - Concessionária ou permissionária: agente titular de concessão ou permissão federal para


prestar o serviço público de energia elétrica, referenciado, doravante, apenas pelo termo
concessionária.

III - Demanda: média das potências elétricas ativas ou reativas, solicitadas ao sistema elétrico
pela parcela da carga instalada em operação na unidade consumidora, durante um intervalo de
tempo especificado.

Segue abaixo modelo de uma curva típica de demanda:

Figura 2 - Curva Típica de Demanda Diária

IV - Demanda contratada: demanda de potência ativa a ser obrigatória e continuamente


disponibilizada pela concessionária, no ponto de entrega, conforme valor e período de vigência
fixados no contrato de fornecimento e que deverá ser integralmente paga, seja ou não utilizada
durante o período de faturamento, expressa em quilowatts (KW).

V - Demanda de ultrapassagem: parcela da demanda medida que excede o valor da demanda


contratada, expressa em quilowatts (kW).

VI - Demanda faturável: valor da demanda de potência ativa, identificado de acordo com os


critérios estabelecidos e considerada para fins de faturamento, com aplicação da respectiva tarifa,
expressa em quilowatts (kW).

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VII - Demanda medida: maior demanda de potência ativa, verificada por medição,
integralizada no intervalo de 15 (quinze) minutos durante o período de faturamento, expressa em
quilowatts (kW).

VIII - Energia elétrica ativa: energia elétrica que pode ser convertida em outra forma de
energia, expressa em quilowatts-hora (kWh).

IX - Energia elétrica reativa: energia elétrica que circula continuamente entre os diversos
campos elétricos e magnéticos de um sistema de corrente alternada, sem produzir trabalho,
expressa em quilovolt-ampère-reativo-hora (kVAr).

X - Estrutura tarifária: conjunto de tarifas aplicáveis aos componentes de consumo de energia


elétrica e/ou demanda de potência ativas de acordo com a modalidade de fornecimento.

XI - Estrutura tarifária convencional: estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de


consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência independentemente das horas de
utilização do dia e dos períodos do ano.
Segue fórmula de cálculo:

Figura 3 - Preço Médio Horário de Ponta

XII - Estrutura tarifária horo-sazonal: estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas


diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de potência de acordo com as horas
de utilização do dia e dos períodos do ano, conforme especificação a seguir:

a) Tarifa Azul: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de


energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de
tarifas diferenciadas de demanda de potência de acordo com as horas de utilização do dia.
Segue formulação do preço médio:

Figura 4 - Preço Médio Ponta e Fora de Ponta

b) Tarifa Verde: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de


energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de
uma única tarifa de demanda de potência.
Segue cálculo do preço médio:

Figura 5 - Preço Médio Ponta e Fora de Ponta

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c) Horário de ponta (P): período definido pela concessionária e composto por 3 (três) horas
diárias consecutivas, exceção feita aos sábados, domingos e feriados nacionais, considerando as
características do seu sistema elétrico.

d) Horário fora de ponta (F): período composto pelo conjunto das horas diárias consecutivas e
complementares àquelas definidas no horário de ponta.

e) Período úmido (U): período de 5 (cinco) meses consecutivos, compreendendo os


fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano seguinte.

f) Período seco (S): período de 7 (sete) meses consecutivos, compreendendo os fornecimentos


abrangidos pelas leituras de maio a novembro.

XIII - Fator de carga: razão entre a demanda média e a demanda máxima da unidade
consumidora ocorridas no mesmo intervalo de tempo especificado.

O Fator de Carga (FC) é um índice que demonstra se a energia consumida está sendo utilizada de
maneira racional e econômica. Este índice varia entre zero a um, e é obtido pela relação entre a
demanda média e a demanda máxima, durante um período definido.

O fator de carga é expresso pela relação entre a energia ativa consumida num determinado
período de tempo, e a energia ativa total que poderia ser consumida, caso a demanda medida do
período (demanda máxima) fosse utilizada durante todo o tempo.

Figura 6 - Fator de Carga

Onde:
kWh = consumo de energia ativa
kW = demanda de potência ativa medida
t = nº de horas ocorridas no intervalo

XIV - Fator de demanda: razão entre a demanda máxima num intervalo de tempo especificado
e a carga instalada na unidade consumidora.

XV - Fator de potência: razão entre a energia elétrica ativa e a raiz quadrada da soma dos
quadrados das energias elétricas ativas e reativas, consumidas num mesmo período especificado.

A energia elétrica é a força motriz de máquinas e equipamentos elétricos. Essa energia é


utilizada de duas formas distintas: a energia ativa e a energia reativa. A energia ativa é que
realmente executa as tarefas, isto é, faz os motores girarem, realizando o trabalho do dia a dia.

A energia reativa forma um campo magnético necessário para que o eixo dos motores possa
girar. A energia reativa está presente em: motores, transformadores, reatores, lâmpadas
fluorescentes, etc.

Se efetuarmos a composição destas duas formas de energia, achamos a energia aparente ou total.
Resumindo, o fator de potência é um índice que indica quanto da energia foi utilizada em
trabalho e quanto foi utilizada em magnetização.

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O fator de potência (FP) é o quociente da potência ativa (kW) pela potência aparente (kVA). E,
conforme o "Triângulo de Potências" abaixo mostrado, o fator de potência é igual ao cosseno do
ângulo.

Então:

Figura 7 - Triângulo da Potência

A seguir, as fórmulas mais utilizadas:

Figura 8 - Relação do Triângulo da Potência

XVI - Fatura de energia elétrica: nota fiscal que apresenta a quantia total que deve ser paga
pela prestação do serviço público de energia elétrica, referente a um período especificado,
discriminando as parcelas correspondentes.

XVII - Grupo “A”: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em


tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tensão inferior a 2,3 kV a partir de
sistema subterrâneo de distribuição e faturadas neste Grupo nos termos definidos no art. 82,
caracterizado pela estruturação tarifária binômia e subdividido nos seguintes subgrupos:

a) Subgrupo A1 - tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV;

b) Subgrupo A2 - tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV;

c) Subgrupo A3 - tensão de fornecimento de 69 kV;

d) Subgrupo A3a - tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV;

e) Subgrupo A4 - tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV;

f) Subgrupo AS - tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendidas a partir de sistema


subterrâneo de distribuição e faturadas neste Grupo em caráter opcional.

XVIII - Grupo “B”: grupamento composto de unidades consumidoras com fornecimento em


tensão inferior a 2,3 kV, ou, ainda, atendidas em tensão superior a 2,3 kV e faturadas neste

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Grupo nos termos definidos nos arts. 79 a 81, caracterizado pela estruturação tarifária monômia e
subdividido nos seguintes subgrupos:

a) Subgrupo B1 - residencial;

b) Subgrupo B1 - residencial baixa renda;

c) Subgrupo B2 - rural;

d) Subgrupo B2 - cooperativa de eletrificação rural;

e) Subgrupo B2 - serviço público de irrigação;

f) Subgrupo B3 - demais classes;

g) Subgrupo B4 - iluminação pública.

XIX - Potência: quantidade de energia elétrica solicitada na unidade de tempo, expressa em


quilowatts (kW).

XX - Tarifa: preço da unidade de energia elétrica e/ou da demanda de potência ativas.

XXI - Tarifa monômia: tarifa de fornecimento de energia elétrica constituída por preços
aplicáveis unicamente ao consumo de energia elétrica ativa.

XXII - Tarifa binômia: conjunto de tarifas de fornecimento constituído por preços aplicáveis ao
consumo de energia elétrica ativa e à demanda faturável.

XXIII - Tarifa de ultrapassagem: tarifa aplicável sobre a diferença positiva entre a demanda
medida e a contratada, quando exceder os limites estabelecidos.

XXIV - Unidade consumidora: conjunto de instalações e equipamentos elétricos caracterizado


pelo recebimento de energia elétrica em um só ponto de entrega, com medição individualizada e
correspondente a um único consumidor.

Ambiente de Contratação Regulado - ACR / Ambiente de Contratação Livre - ACL

A CCEE – Câmara Comercializadora de Energia Elétrica promove a modicidade


tarifária para garantir o suprimento de energia elétrica, procurando obter competição na geração
e formas de contratação de energia elétrica em dois ambientes distintos.

Desta forma, agentes associados que participam da CCEE estão divididos em categorias
de Geração, Distribuição e Comercialização, sendo facultativos ou obrigatórios.

Segundo publicação da CCEE em seu site, diz que:

“Os agentes de mercado são divididos por categorias, conforme definido na Convenção de
Comercialização. Conheça cada uma das categorias de geração, de distribuição e de
comercialização.

GERAÇÃO

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Na atividade de geração, todos os agentes podem vender energia tanto no Ambiente de


Contratação Regulada - ACR como no Ambiente de Contratação Livre - ACL. Os agentes da
categoria Geração são organizados por classes:

• Concessionário de Serviço Público de Geração: agente titular de concessão para exploração de


ativo de geração a título de serviço público, outorgada pelo Poder Concedente.

• Produtor Independente de Energia Elétrica: agente individual, ou participante de consórcio, que


recebe concessão, permissão ou autorização do Poder Concedente para produzir energia
destinada à comercialização por sua conta e risco.

• Autoprodutor: agente com concessão, permissão ou autorização para produzir energia destinada
a seu uso exclusivo, podendo comercializar eventual excedente de energia desde que autorizado
pela Aneel.

COMERCIALIZAÇÃO

Fazem parte da categoria de Comercialização os agentes importadores, exportadores e


comercializadores de energia elétrica, além dos consumidores livres e dos consumidores
especiais, segundo as definições a seguir:

• Comercializador: agente que compra energia por meio de contratos bilaterais celebrados no
Ambiente de Contratação Livre - ACL, podendo vender energia a outros comercializadores, a
geradores e aos consumidores livres e especiais, no próprio ACL, ou aos distribuidores por meio
dos leilões de ajuste no Ambiente de Contratação Regulada - ACR.

• Consumidor Livre: consumidor que, atendendo aos requisitos da legislação vigente, pode
escolher seu fornecedor de energia elétrica (gerador e/ou comercializador) por meio de livre
negociação. A tabela a seguir resume as condições para que o consumidor de energia possa se
tornar livre.

Critérios vigentes para se tornar Consumidor Livre

• Consumidor Especial: consumidor com demanda entre 500 kW e 3MW, que tem o direito de
adquirir energia de qualquer fornecedor, desde que a energia adquirida seja oriunda de fontes
incentivadas especiais (eólica, Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCHs, biomassa ou solar).

• Importador: agente que detém autorização do Poder Concedente para realizar importação de
energia elétrica para abastecimento do mercado nacional.

• Exportador: agente que detém autorização do Poder Concedente para realizar exportação de
energia elétrica para abastecimento de países vizinhos.

DISTRIBUIÇÃO

Os agentes da categoria Distribuição são as empresas concessionárias distribuidoras de energia


elétrica, que realizam o atendimento da demanda de energia aos consumidores com tarifas e
condições de fornecimento reguladas pela Aneel.

Pela regulamentação vigente, todos os distribuidores têm participação obrigatória no Ambiente


de Contratação Regulada - ACR, celebrando contratos de energia com preços resultantes de
leilões.” (CCEE, 2004)

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Nova estrutura tarifária

Pode-se dividir os consumidores de energia elétrica de acordo com a finalidade da


unidade consumidora, como residência, comércio, indústria, e por nível de tensão no qual é feito
o atendimento, como alta tensão (acima de 69 kV), média tensão (de 1 kV até 69 kV), baixa
tensão (abaixo de 1 kV).

Dessa forma, a estrutura das tarifas de fornecimento de energia elétrica pode ser
desenhada para abranger cada tipo unidade de consumidora classificada pelo nível de tensão de
atendimento e pela sua finalidade.

Como visto, para a maioria dos consumidores, os cativos, a distribuidora é responsável


fornecimento de energia elétrica como um todo, englobando o transporte e o produto (energia
elétrica gerada). Porém, para determinados consumidores, os livres, que podem escolher o
fornecedor do produto energia elétrica, a distribuidora local presta apenas o serviço de
transporte.

Assim, a tarifa de fornecimento de energia elétrica da distribuidora é segregada em


duas: a tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD) e a tarifa de energia (TE).
A TUSD é paga tanto pelos consumidores cativos como pelos livres, pelo uso do
sistema de distribuição da empresa de distribuição à qual estão conectados.

Enquanto que a TE é cobrada somente dos consumidores cativos, pois os livres


compram energia diretamente das comercializadoras de energia elétrica ou dos agentes de
geração.

É importante notar que um consumidor que opte pelo mercado livre continuará pagando
a TUSD ao distribuidor local e deixará de pagar a tarifa de energia, a TE, tendo em vista a
contratação do fornecimento de energia com outro fornecedor.

A TUSD compreende os custos do serviço de distribuição, encargos setoriais,


remuneração dos investimentos e suas depreciações. A TE compreende os custos de compra com
energia elétrica que inclui também encargos setoriais associados.

Para os consumidores cativos atendidos em média e alta tensão, as tarifas de


fornecimento de energia elétrica são binômias, ou seja, cobradas pelo consumo de energia e pela
máxima potência utilizada no período.

Há três tipos possíveis de Tarifação para os consumidores: a tarifa convencional, tarifa


horo-sazonal verde (THS Verde) e a tarifa horo-sazonal azul (THS Azul).

Contudo, não são todos os consumidores que podem optar por essas três modalidades
tarifárias. Somente os consumidores conectados em média tensão (tensões inferiores a 69 kV) e
com demanda contratada inferior a 300 kW podem escolher a melhor, dentre as três, o que
depende do fator de carga e do fator de modulação do consumidor. Aqueles atendidos em média
tensão e com demanda contratada igual ou superior a 300 kW podem optar por uma das duas
tarifas horo-sazonais, enquanto os demais, obrigatoriamente, devem contratar a THS Azul, como
pode ser visto na tabela abaixo.

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Figura 9 - Opções de Contratação para consumidores MT e AT

Para os consumidores atendidos em baixa tensão, a tarifa é cobrada somente em função


do consumo de energia elétrica do período, não existindo o preço para a potência. Isto não
significa, porém, que os custos de uso do sistema de distribuição não contribuem para o seu
cálculo, pois a metodologia sempre os utiliza nos diversos períodos de uso da rede,
independentemente do nível de tensão de conexão. Na prática o que dificulta a implantação da
tarifa de binômia para os consumidores conectados em baixa tensão é o custo da medição.

Taxas e tarifas
TARIFAS PARA O FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA
Resolução 1.271/ANEEL de 03/04/2012, publicada no DOU - Diário Oficial da União em 05/04/2012,
cuja as taxas e tarifas terão vigência no período de 08/04/2012 a 07/04/2013.
PREÇOS DE TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA PRATICADAS NA CPFL - PAULISTA
Consumo Consumo Desconto
Grupo B
R$/kWh R$/MWh %/kW
Residencial - Normal 0,33715 337,15 -

Baixa Renda
0 a 30 kWh 0,11329 113,29 65
31 a 100 kWh 0,19419 194,19 40
101 a 220 kWh 0,29129 291,29 10
> 220 kWh 0,32369 323,69 -

Rural 0,1821 182,1 -


Coop Eletrificação Rural 0,11777 117,77 -
Serviço Público de Irrigação 0,16749 167,49 -
Demais Classes 0,29052 290,52 -
Iluminação Pública -
B4a - Rede de Distribuição 0,14972 149,72 -
B4b - Bulbo da Lâmpada 0,16435 164,35 -
Estrutura Horo-
Demanda R$/ Consumo - R$/ MWh Ultrapassagem R$/
Sazonal
kW kW
Período Seco Período Úmido
AZUL Fora de Fora de Fora de Fora de
Ponta Ponta Ponta Ponta
Ponta Ponta Ponta Ponta
A2 (88 a 138 kV) 15,77 3,53 286,18 177,26 258,52 161,21 31,54 7,06
A3 (69 kV) 20,11 5,11 286,18 177,26 258,52 161,21 40,22 10,22
A3a (30 a 44 kV) 20,17 5,92 286,18 177,26 258,52 161,21 40,34 11,84
A4 (2,3 a 25 kV) 27,93 8,49 286,18 177,26 258,52 161,21 55,86 16,98

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VERDE
A3a (30 a 44 kV) 5,92 754,42 177,26 726,76 161,21 11,84
A4 (2,3 a 25 kV) 8,49 934,66 177,26 907 161,21 16,98
Demanda Energia Ultrapassagem
Grupo A Convencional
R$ / kW R$ / MWh R$ / kW
A3a (30 kV a 44 kV) 20,44 179,93 40,88
A4 (2,3 kV a 25 kV) 28,60 179,93 57,2
TARIFAS de USO do SISTEMA
TUSD - Consumidor Livre - CPFL Paulista
TUSD
TUSD Fio
Encargos
(R$/kWh)
(R$/kWh)
Fora
Sub Grupo Ponta Fora Ponta Ponta
Ponta
A2 - Industrial e
15.77 3.53 26.72 26.72
Comercial
A3 - Industrial e
20.11 5,11 26.72 26.72
Comercial
A3a - Industrial e
20.17 5.92 26.72 26.72
Comercial
A4 - Industrial e
27.93 8,49 26.72 26.72
Comercial
Descontos Tarifários Demanda Consumo
GRUPO A
Rural 10% 10%
Serv. Água / Esgoto 15% 15%

GRUPO B
Serv. Água / Esgoto 0% 15%
Grupo B - R$ Grupo A
Serviços Executados
MONO BI TRI R$

Vistoria Unidade Consumidora 4,66 6,67 13,33 40,04


Aferição de Medidor 6 10 13,33 66,74
Verificação Nível Tensão 6 10 12,01 66,74
Religação Normal 5,32 7,33 22,01 66,74
Religação Urgência 26,69 40,04 66,74 133,49
Emissão 2ª via conta 1,99 1,99 1,99 4,00
Emissão 2ª via declaração quitação anual
1,99 1,99 1,99 4,00
de débitos
Disponibilização dados medição
4,66 6,67 13,33 40,04
(Memória Massa)
Desligamento ou Religação Programada 26,69 40,04 66,74 133,49
Fornecimento de pulsos de potência e
4,66 6,67 13,33 40,04
sincronismo
Comissionamento de obra 13,97 20 40 120,11
Remoção de poste (*) (*) (*) (*)
Remoção de Rede (*) (*) (*) (*)
Visita Técnica 4,66 6,67 13,33 40,04
Custo Administrativo de Inspeção 79,16 118,78 198,01 2.640,16
(*) Objeto de orçamento específico (art 103 da REN 414/2010)
Resolução 1.271/ANEEL de 03/04/2012 DOU de 05/04/2012.
Tarifas SEM os tributos Federais PIS/PASEP e COFINS, inclusos no preço.
Vigência: A partir de 08/04/2012 a 07/04/2013.

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A tarifa vigente para o consumidor residencial (B1) da CPFL Paulista para o período de 8
de abril de 2007 a 7 de abril de 2008 é de R$ 0,33782/kWh. O gráfico abaixo ilustra quanto esse
consumidor pagará por componente (geração, transmissão, distribuição e encargos e tributos),
caso a sua conta seja de R$ 100,00.

Figura 10 - Custo % tarifa a cada R$100,00 de consumo

A tabela abaixo apresenta a previsão de recolhimento de encargos setoriais pela CPFL


Paulista no ano de 2007.

Figura 11 - Encargos Região CPFL Paulista

Além dos encargos setoriais, o consumidor da CPFL Paulista arca com os impostos. Em
São Paulo, como previsto na legislação estabelecida pelo próprio Estado (Lei 6.374/89), as
alíquotas do ICMS, um dos impostos incidentes sobre as contas de energia elétrica, podem ser
zero, 12%, 18% ou 25%, conforme a classe de consumo.
A seguir, apresentamos um exemplo prático da incidência dos tributos na conta de luz de
um consumidor residencial de Campinas/SP:

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O valor da tarifa de energia aplicada aos consumidores é alterado de acordo com as


características de cada área de concessão.

Verifique, na ilustração abaixo, as tarifas residenciais das distribuidoras do país, com


vigência válida em 10 de julho de 2007.

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Figura 12 - Fonte CPFL - 2007

Entre as décadas de 70 e 90, havia uma única tarifa de energia elétrica em todo Brasil. Os
consumidores dos diversos estados pagavam o mesmo valor pela energia consumida. Esse valor
garantia a remuneração das concessionárias, independente da sua eficiência, e as empresas não
lucrativas eram mantidas por aquelas que davam lucro e pelo Governo Federal.
Essa modalidade de tarifa não incentivava as empresas à eficiência, pois todo o custo era
pago pelo consumidor. Por diversas razões, entre elas a contenção das tarifas para controle da
inflação, a remuneração mínima prevista para as concessionárias não era atingida, gerando um
círculo vicioso, com inadimplência entre distribuidoras e geradoras e falta de capacidade
econômico-financeira para a realização de novos investimentos. Nesse contexto, surgiu a Lei nº
8.631/1993, pela qual a tarifa passou a ser ficadas por concessionária, conforme características
específicas de cada área de concessão.
E, em 1995, foi aprovada a Lei nº 8.987 que garantiu o equilíbrio econômico-financeiro
às concessões de distribuição de energia elétrica.
Desde então, estabeleceu-se uma tarifa por área de concessão (território geográfico onde
cada empresa é contratualmente obrigada a fornecer energia elétrica). Se essa área coincide com
a de um estado, a tarifa é única naquela unidade federativa. Caso contrário, tarifas diferentes
coexistem dentro do mesmo estado.
Dessa maneira, as tarifas de energia refletem peculiaridades de cada região, como número
de consumidores, quilômetros de rede e tamanho do mercado (quantidade de energia atendida
por uma determinada infra-estrutura), custo da energia comprada, tributos estaduais e outros.
A cartilha – Por dentro da conta de luz da Aneel, exemplifica bem o entendimento dos
mecanismos para manter o equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias:

“Imagine-se como um síndico de um condomínio que precisa determinar o valor da taxa mensal
a ser paga pelos moradores. Você arcará com custos como água e impostos, que na realidade, são
apenas divididos entre os condôminos. Existirão ainda outros custos, como pagamento de
pessoal, material de limpeza e obras, passíveis de controle para que se gaste mais ou menos, de
acordo com as necessidades do condomínio. Assim, você terá de aplicar as disposições do
estatuto do condomínio para arrecadas, de cada morador, um valor que, somado, comporá uma
receita capaz de cobrir as despesas do condomínio e deixar uma sobre para obras e
investimentos.
Em certa medida, isto também se aplica ao órgão regulador na definição das tarifas de energia. A
ANEEL, seguindo dispositivos do contrato de concessão, fixa valores que, somados, representam
uma receita suficiente para que a concessionária cubra seus custos eficientes e possa realizar
investimentos prudentes para a manutenção da qualidade do serviço.” (ANEEL, 2007)

A receita requerida da empresa, chamada “receita do serviço de distribuição”, pode ser dividida
em dois grandes conjuntos de repasse de custos:

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Figura 13 - Estrutura divisão da tarifa

Figura 14 - Extratificando as parcelas A e B

Considerações Finais:

Como reduzir a conta de energia elétrica:

ANEEL - Avaliar a possibilidade de reduzir o nível de qualidade exigido da concessionária para


prestação do serviço de distribuição de energia elétrica, já que o grau de qualidade é
proporcional ao montante de investimentos requeridos. Ou seja, para se ter energia de melhor
qualidade, é necessário maior volume de recursos aplicados. Vale ressaltar que os investimentos
já realizados deverão ser admitidos e os novos poderão ser planejados e implementados sob a
nova orientação.

CONGRESSO NACIONAL - Reduzir o número e o valor dos encargos setoriais e dos tributos
federais que incidem sobre a tarifa de energia elétrica.

ESTADO - Diminuir a alíquota do ICMS incidente sobre o serviço de energia elétrica.

MUNICÍPIO - Abaixar o valor da Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (CIP).

CONCESSIONÁRIA - Reduzir perdas comerciais, Aumentar a fiscalização para coibir


adulteração de medidores, Usar novas tecnologias para evitar furto de energia e fraudes.

CONSUMIDOR - Adotar atitudes para redução do consumo de energia elétrica, Denunciar à


empresa quando houver suspeita de furto e fraude.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Resolução n◦456. Brasília. 29 de novembro
de 2000 57p.

BRASIL, Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Por dentro da Conta de Luz – Cartilha
ANEEL. Brasília. 2012, 34p.

HADDAD, Jamil, 2012, Eficiência Energética: Fundamentos e Aplicações, 1ª Edição, Editora


ELEKTRO, Itajubá-MG.

HADDAD, Jamil, 2006, Conservação de Energia: Eficiência Energética em Equipamentos e


Instalações, 3ª Edição, Editora FUPAI, Itajubá-MG.

SANTA CATARINA, Portal CELESC, 2014. Disponível em:


http://portal.celesc.com.br/portal/grandesclientes/index.php?option=com_content&task=view&id=128&It
emid=220>. Acesso em: 30 nov. 2014.

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BRASIL, Câmara Comercializadora de Energia Elétrica – CCEE, 2014. Disponível em:


<http://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/quem-
participa/conheca_os_agentes?_afrLoop=1580313331822596#%40%3F_afrLoop%3D158031333182259
6%26_adf.ctrl-state%3Djdggcpsda_4> Acesso em: 30 nov. 2014.

FUGIMOTO, Sérgio Kynia. Estrutura de Tarifas de Energia Elétrica. ANEEL - Tese, São Paulo, SP,
2010. Disponível em:
<http://www.aneel.gov.br/biblioteca/trabalhos/trabalhos/Tese_Sergio_Fugimoto.pdf>. Acesso em 30 nov.
2014.

05 – ANÁLISE ECONÔMICA EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Prof. Gustavo Antonio Velho

Quando utilizamos energia, necessitamos constantemente de avaliar se nossos processos estão de


acordo, se nossos equipamentos proporcionam lucros conforme desejado e, então, avaliar se a
continuação ou não de um processo ou a troca de um equipamento deverá ocorrer.

E, para isto, deveremos empregar um capital a fim de recuperá-lo futuramente com vantagens, ou
seja, realizar um investimento. Será necessário, então, saber avaliar qual é o melhor
investimento.

Nas atividades que envolvem transações financeiras, para selecionar e implementar alternativas,
é necessário ter o conhecimento de como analisar corretamente um investimento. Nestes casos,
as questões econômicas surgem com força e o seu conhecimento nos ajuda a tomar a decisão
correta.

Juros, valor presente e valor futuro

Quando pretendemos comprar algo, é comum pensarmos em duas possibilidades: a de realizar a


compra à vista ou a de realizar a compra a prazo. Quando temos condições financeiras de optar
entre uma das duas, um exercício que se faz é somar as prestações e comparar o resultado do
montante a ser pago a prazo com o valor a ser pago à vista.

Para exemplificar, vamos criar uma situação hipotética. Um determinado equipa- mento custa na
loja R$ 1.100,00 a ser pago em uma única vez, no ato da compra. Uma outra condição de
pagamento é em 12 prestações de R$ 110,00. Pode-se, então, calcular que, a prazo, o custo deste
equipamento será:

Custo do equipamento = 12 x R$110,00 = R$1.320,00

Como o equipamento à vista custa R$ 1.100,00 e a prazo R$ 1.320,00, chega-se à conclusão de


que o pagamento em prestações nos fará desembolsar R$ 220,00 a mais para se ter o
equipamento.

Matematicamente se diz que, neste exemplo, para o pagamento a prazo há um juro de R$ 220,00.
Portanto, juro significa o valor a ser acrescido ao valor de um objeto para pagá-lo em um
determinado tempo.

Juro = Valor pago a prazo – Valor à vista (Equação 1.1)

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O juro pode ser expresso em valores absolutos como no exemplo anterior, ou em percentual.
Para determinar o valor do juro em percentual, usamos:

( )
(Equação 1.2)

Agora é possível avançar mais um pouco. Veja, a seguir, mais um exemplo.

Se você emprestou R$ 2.000,00 e pretende cobrar juros fixos de dois por cento ao mês (2% a.m),
quanto receberá após 6 meses?

Neste exemplo, vamos destacar como são chamados matematicamente os valores envolvidos:

- O valor inicial, R$ 2.000,00, é chamado de valor presente P;


- O valor que receberá de volta é chamado de valor futuro F;
- A taxa de juros de dois por cento ao mês é escrita: i = 2% a.m;
- A quantidade de parcelas é definida por n. No caso, n = 6.

Em cálculos de juros simples, envolvendo um só período, o valor futuro é deter minado por:

F = P + (P x i); colocando P em evidência,

F = P x (1 + i) (Equação 1.3)

Quando existe mais de um período, o valor futuro em termos de juros simples é determinado por:

F = P + (P x i x n); colocando P em evidência,

F = P x (1 + i x n) (Equação 1.4)

Define-se, como juros simples, o juro calculado sempre sobre o valor presente.

Existem situações em que os juros são calculados sobre juros. São, então, chama- dos de juros
compostos.

Para calcular juros compostos, imagine que você deposite R$10.000,00 numa aplicação que
pague juros fixos de um por cento ao mês (1% a.m). Quanto será o montante após 5 meses?

No final do primeiro mês o valor do capital passará de R$10.000,00 para R$ 10.100,00, ou seja,
1% a mais sobre R$ 10.000,00. Para o segundo mês deve- se acrescer 1% sobre o valor
atualizado, no caso R$ 10.100,00. Portanto, o valor do capital passará para R$ 10.201,00, que
equivale a 1% sobre R$ 10.100,00. No terceiro mês deverá ser acrescentado 1% sobre este
último valor passando para R$ 10.303,10. Assim ocorrendo sucessivamente, teremos no quinto
mês R$ 10.510,10.

Para calcular um F com aplicação de juros compostos, podemos usar, então:

( ) (Equação 1.5)

Custo de oportunidade

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É muito comum nos depararmos com a necessidade de realizar investimentos, seja na nossa vida
pessoal ou na empresa onde trabalhamos. Para que se faça um bom negócio, devemos fazer de
forma eficiente uma análise de investimento. Assim, o risco de algo sair errado torna-se menor.

Quando pensamos em melhorar a relação custo x benefício dos equipamentos elétricos dentro de
uma empresa, é necessário analisar as várias soluções, ou seja, fazer uma análise de
investimentos.

Se, por exemplo, decide-se trocar os motores da empresa pelos de melhor rendimento, e pagá-los
à vista, isso por um lado diminuirá o consumo de energia, mas, por outro, retirará da empresa um
capital que tinha em mão e que poderia ser investido em novas máquinas. Mas se este motor for
pago em prestações, mesmo que com juros, além de diminuir o consumo de energia, poderá
permitir novos investimentos.

A melhor escolha, então, só poderá ser feita após uma análise de cada alternativa ou
oportunidade e de seus custos, e estas só serão atrativas caso permitam lucros, seja no presente
ou no futuro.

Na verdade, podemos considerar que sempre se tem o que fazer com qualquer dinheiro que
temos em reserva. Podemos, também, dizer que temos diversas alternativas, ou oportunidades, de
como e onde realizar estes investimentos. Porém, para realizarmos determinado investimento,
abrimos mão de outros. Assim, ao abrirmos mão, deixamos de ter rendimentos dali. Este
rendimento é chamado de custo de oportunidade.

Como exemplo, imagine que, entre a opção de trocar um conjunto de lâmpadas por outras mais
eficientes ou adquirir uma nova máquina, sendo que ambas trariam retorno financeiro, você
decidiu pela segunda alternativa. Desta forma, para ganhar de um lado, decidiu não ganhar de
outro. O valor que você rejeitou, ou seja, o do beneficio da troca de lâmpadas, é o seu custo de
oportunidade.

Fluxo de caixa

Quando se deseja analisar um investimento, surge a necessidade de colocar no papel um


esquema que facilite a análise, de forma a organizar todas as receitas e despesas num
determinado período, podendo, assim, avaliar se o mesmo é compensatório ou não. O fluxo de
caixa é uma ferramenta criada com este fim. De uma forma gráfica, registram-se as entradas, as
saídas e os períodos, o que ajuda na análise do investimento.

Um fluxo de caixa é representado por uma linha horizontal, em que setas verticais indicam
entradas e saídas. Por convenção, as setas que apontam para baixo representam saídas e as que
apontam para cima representam entradas. A linha horizontal representa a linha do tempo.

Veja um exemplo:

Uma pessoa emprestou R$ 10.000,00 para receber após um ano R$ 11.000,00. Desenhe este
fluxo de caixa.

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Figura 1 – Exemplo de fluxo de caixa

Observa-se no fluxo de caixa desenhado que o valor que a pessoa emprestou está representado
para baixo, pois significa uma saída para ela. Após um ano, o dinheiro recebido está
representado por uma seta indicando para cima.

Num fluxo de caixa representado por uma série uniforme, o valor futuro pode ser determinado
pela equação da soma dos termos de uma PG

Fator de Valor Futuro (F/A)

( )
( )
(equação 1.6)

( )
( )
(Equação 1.7)

Em outras palavras F/A mostra o fator para multiplicar o valor da prestação (A), para que se
conheça o valor futuro (F), com os respectivos juros e números de prestações conhecidos.

Fator de Amortização (A/F)

Este fator é o inverso do fator de valor futuro (F/A), ou seja, com ele descobre-se o fator a ser
multiplicado o valor futuro (F) para determinar o valor da prestação (A), com os respectivos
juros e o número de prestações conhecido.

( )
( )
(Equação 1.8)

Fator de Recuperação de Capital (FRC)

Considere que você pretende, em um determinado período (n), ter, numa aplicação de juros fixos
(i) (série uniforme), um valor estipulado (F). Por meio do fator de amortização (A/F) chega-se ao
valor do depósito mensal (A) necessário.

Quando depositar a primeira parcela (A1), qual o fator do valor futuro (F) estará garantido?
(obs.: fator é o percentual).

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Este valor pode ser definido substituindo a equação 1.5 na equação 1.6:

( )
( ) (equação 1.5) e ( ) (equação 1.6)

( )
( ) ( ) que resulta em

( )
( )
(equação 1.9)

Logo, com o fator de recuperação de capital (FRC) também é possível determinar o valor das
prestações.

Fator de Valor Presente (FVP)

É o inverso do fator de recuperação de capital (FRC). Enquanto em FRC corrigem- se todos os


valores para o tempo futuro (F) e determina-se a relação (A/P), em FVP trazem-se os valores
para o tempo presente (P) e determina-se a relação (P/A), ou seja, quantas vezes é o valor
presente em relação à prestação (A).

( )
( )
(equação 1.10)

Critérios para tomada de decisões

Para alcançar maior eficiência energética, muitas vezes será necessário tomar decisões que
envolvam custos. Para tanto, é preciso conhecer métodos que ajudam a tomar decisões
necessárias.

Quando comparadas entre si, cada uma dessas técnicas apresenta vantagens e desvantagens, o
que exige, de quem as aplica, o conhecimento de suas limitações e de seus pontos positivos.

A seguir, serão apresentados estes conceitos, utilizando exercícios resolvidos.

Valor Presente Líquido (VPL)

Este método de análise consiste em trazer para o presente os valores futuros de um fluxo de caixa
e compará-los ao investimento inicial. Assim, será possível verificar se é ou não viável a
negociação a ser feita. Nesse caso, ao trazer para o presente os valores futuros, considera-se que
o valor do dinheiro muda ao longo do tempo, ou seja, uma determinada quantia, hoje, não tem o
mesmo valor futuramente.

Para exemplificar, analisaremos o fluxo de caixa a seguir, em que as prestações se darão em 5


parcelas de R$ 1.000,00.

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Caso a nossa necessidade fosse calcular o valor futuro desta série uniforme, teríamos que corrigir
cada parcela individualmente até a data da última prestação, utilizando a equação 1.6.

( ) ( )
( ) ( )

Porém, nesse caso, o que se deseja fazer é corrigir os valores para o presente, ou seja, deve-se
desvalorizar as parcelas para valores atuais. Calcularemos, então, quanto valia cada R$1.000,00
anteriormente. Para isso, deduzimos a equação 1.5, para juros compostos e determinamos, por
meio da soma destes valores, quanto esse montante vale no tempo presente.

( ) ( )

Para determinar, de forma mais rápida, o valor presente, utiliza-se a seguinte equação:

VP = A x FVP(i,n)

Onde: A = valor da prestação

( )
( ) ( )

( ) ( )
( ) ( )

Obtém-se, portanto, o mesmo resultado encontrado na Tabela.


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Conhecendo-se, então, o conceito de valor presente, podemos compreender o que significa valor
presente líquido (VPL). Para determiná-lo, basta subtraí-lo do investimento inicial (I)

VPL = VP – I

( )
( )
(equação 1.11)
Valor Anual Líquido (VAL)

Este método de análise de investimento é utilizado assim como o VPL, para com- parar duas ou
mais situações. A diferença básica é que neste não existe a necessidade de se comparar projetos
de mesmos períodos de duração, podendo, então, comparar produtos e/ou serviços de duração
diferentes e que precisam de reposição contínua, por tempo indeterminado inclusive.

Mas como isso é possível?

O que se faz é trabalhar com resultados anuais de cada caso. Unifica-se a base de tempo e esta
passa a ser a referência. Determinar-se-á, portanto, o quanto representa o projeto por ano,
considerando todas as entradas e todas as saídas que se visualiza no fluxo de caixa.

Quando o VAL for positivo, trata-se de uma alternativa aceitável. Na comparação entre dois
projetos de investimento, aquele que apresentar o maior VAL é o mais atrativo (maior receita ou
menor custo).

Portanto, a grande vantagem na utilização do VAL numa análise é poder selecionar alternativas,
sem a necessidade de que tenham o mesmo período de duração.

Exemplo:

Deseja-se investir num sistema de iluminação. Um dos projetos analisados prevê a instalação de
lâmpadas para 7.300h de vida média útil, com potência total de 15kW. Sabendo-se que:

- o custo total de instalação é de R$ 7.860,00;


- 1kWh custa R$0,15;
- o uso diário deste sistema é, em média, de 5h;

Qual o valor anual de custos deste investimento, considerando uma taxa de juros de 12% a.a?

Solução

Vamos primeiramente determinar o custo anual do consumo de energia do sistema de


iluminação:

Consumo = potência x tempo


Consumo = 15kW x 5h x 365dias
Consumo = 27.375 kWh/ano

Agora determinamos o custo anual deste consumo:


Custo = R$ 0,15 x 27.375kWh
Custo= R$ 4.106,25

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Vamos, então, verificar qual o tempo de duração deste sistema:

Tempo de duração = = 4 anos

Como o sistema de iluminação terá uma vida média de quatro anos, vamos distribuir o custo de
instalação neste tempo e verificar seu custo anual. Neste caso, devemos lembrar que a taxa de
juros é de 12% a.a.

O que estamos procurando é o valor da parcela para uma taxa de juros de 12%, para 4 períodos,
em que o valor presente é de R$ 7.860,00, ou seja, o valor do investimento inicial.

Para isto utilizamos a equação do fator de recuperação de capital (FRC).

( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )

Finalmente, podemos determinar o custo deste sistema no ano, somando-se os custos calculados:

Neste exemplo analisamos somente um projeto, sem verificar os benefícios, ou seja,


consideraram-se só as despesas. Para determinar o VAL, compara-se este valor de despesa com o
valor da receita e verifica-se a viabilidade do projeto.
Esse método é interessante para comparar diferentes sistemas. No caso anterior pode-se fazer
outro projeto com diferentes tipos de lâmpadas e custos de instalação e compará-los facilmente.

Taxa Interna de Retorno (TIR)

É a taxa de juros que determina o ponto de equilíbrio em um investimento, quando comparado ao


valor presente (VP) e ao valor do investimento (I). É, então, a taxa de juros que faz o valor
presente líquido (VPL) ser igual a zero, ou seja, não existe nem prejuízo, nem lucro (ponto de
equilíbrio).

Exemplo:

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Este fluxo mostra que, para um investimento inicial de R$ 2.000,00, haverá qua- tro pagamentos
de R$ 525,25. Se uma aplicação financeira paga 2% ao período, a negociação feita conforme o
fluxo anterior foi melhor ou pior?

Solução

Utilizando o critério do valor presente líquido (VPL), temos, conforme a equação 1.11

( ) ( )
( ) ( )

VPL = 2.000,00 – 2.000,00 VPL = zero

Neste caso, uma taxa de juros de 2% faz com que VPL seja zero, ou seja, apresentou o mesmo
rendimento que a aplicação. Portanto, esta é a taxa interna de retorno (TIR) deste fluxo de caixa,
ou seja, o ponto de equilíbrio entre o valor presente (VP) e o valor do investimento (I).

Tempo de Retorno de Capital (n)

O critério do tempo de retorno de capital, também conhecido por payback é, sem dúvida, o mais
difundido no meio técnico para análises de viabilidade econômica, principalmente devido à sua
facilidade de aplicação.

O tempo de retorno de capital pode ser determinado de duas maneiras:

- payback não descontado;


- payback descontado.

No caso do payback não descontado, leva-se em consideração apenas o custo do investimento e


o benefício que este trará, sem considerar o custo de capital, ou seja, as taxas de juros. Para
determiná-lo, utiliza-se a seguinte equação:

(equação 1.11)
Onde:
n = tempo de retorno
I = investimento realizado
A = economia proporcionada

Para o payback descontado, obtém-se o tempo de retorno considerando as taxas de juros. Neste
caso, a equação a ser utilizada é:
( )
( )
(equação 1.12)
Onde:
n = tempo de retorno
I = investimento realizado
A = economia proporcionada
i = taxa de juros

Exemplo:

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Calcular o tempo de retorno não descontado, para um investimento em uma tecnologia de


iluminação que garante a economia mensal de R$ 50,00, a um investimento inicial de R$300,00.
Calcular, também, o tempo de retorno descontado, considerando uma taxa de juros de 2% a.m.

Dados
I = R$300,00
A = R$50,00
i = 2% a.m.

Solução para tempo de retorno não descontado

Solução para tempo de retorno descontado

( ) ( )
( ) ( )
Resumindo

O critério do valor presente líquido (VPL) confronta situações, trazendo os custos e be- nefícios
(despesas e receitas) para o momento presente, visando compará-los com o investimento inicial.

O valor anual líquido (VAL), da mesma forma, confronta situações, mas avaliando o resultado
anual de cada uma, o que permite comparar projetos com diferentes tempos de validade.

A taxa interna de retorno (TIR) ajuda-nos a determinar a taxa de juros que faz uma aplicação
empatar suas despesas e receitas. Assim, pode-se saber quando uma taxa representa lucro ou
prejuízo, no caso de estar acima ou abaixo da TIR.

Por fim, vimos o tempo de retorno de capital (TRC), o payback, que mostra em quanto tempo
um investimento se paga.

Risco e Incerteza

A realização de um investimento quase sempre gera indecisões no momento de sua efetivação, às


vezes por dúvidas em relação a situação econômica da em- presa ou do país, da confirmação ou
não de alguns negócios, da busca de novas formas de investimentos. Quando se avalia
tecnicamente as situações, é possível diminuir os erros e, conseqüentemente, aumentar os
acertos. Assim, veremos dois fatores que são fundamentais para um investimento e que é preciso
saber diferenciar: o risco e a incerteza.

Conceitos de risco e incerteza

O conceito de risco pode apresentar diferentes sentidos, dependendo do con- texto em que estiver
inserido. De forma simples, podemos dizer que existe uma situação de risco quando as
probabilidades dos resultados das decisões são conhecidas.

Mas existem casos em que não se conhecem as probabilidades dos resultados que poderão
acontecer. É como “dar um tiro no escuro”. Este caso é conhecido como uma situação de
incerteza. Uma incerteza permite definir várias possibilidades, mas não probabilidades.

Risco – situação que permite conhecer as probabilidades quanto aos resultados das decisões.
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Incerteza – situação em que não se conhece as probabilidades quanto aos resultados das decisões.

Na área energética, as incertezas e, conseqüentemente, os riscos estão ligados a situações como


previsão de crescimento da demanda e, também, às políticas econômicas adotadas pelo governo.

Quanto mais incertezas houver em um determinado projeto, maiores serão os riscos e quanto
mais se reduzem as incertezas, menor será o risco.

Um exemplo bem simples de risco e incerteza pode ser a construção de uma ter- melétrica para
operar com gás natural, cujo preço esteja atrelado a uma moeda estrangeira, como o dólar. Se o
valor do dólar sofrer mudanças muito rápidas e de forma imprevisível, ou seja, comportar-se
com muita incerteza, maior será o risco deste projeto.

Bibliografia:

- Guia Básico de Análise Econômica de Investimentos da PROCEL, feito com o apoio da


Confederação Nacional da Indústria, da Eletrobrás e do Instituto Euvaldo Lodi nos trás estes
conceitos que passamos a expor.

06 – ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Prof. Itailson Cunha Júnior

Introdução:

Atualmente, devido o crescimento do setor energético brasileiro, o governo dispõe de


uma estrutura para implementação de um programa que incorpore a Eficiência Energética (EE)
no Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030), de modo a introduzir o Plano Nacional de
Eficiência Energética (PNEf) nas estratégias de estudos futuros.

O PNE 2030 prevê ganho de EE através de progresso autônomo considerando projeções


de demandas, com redução de 5%. Para promover o progresso induzido, o PNEf deve identificar
os instrumentos de ação e de captação dos recursos, de forma a possibilitar um mercado
sustentável de EE e mobilizar a sociedade brasileira no combate ao desperdício de energia,
preservando recursos naturais..

Equipe de Trabalho permanente:

- Ministério de Minas e Energia (MME).


- Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (INMETRO).
- EPE (Empresa de Pesquisa em Energia).
- Petrobrás (CONPET).
- Eletrobrás (PROCEL).
- Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL).
- Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI).

Contextualização:

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“A preocupação mais acentuada com EE surgiu com os choques do petróleo de 1973-74


e 1979-81 que trouxeram a percepção de escassez deste recurso energético e forçaram a alta
dos preços dos energéticos, abrindo espaço para uma série de ações voltadas à conservação e
maior eficiência no uso dos seus derivados. Nesta mesma época, começou uma corrida para a
diversificação da matriz energética visando uma maior segurança no atendimento à demanda de
energia.
Com a publicação dos estudos do Clube de Roma, com os movimentos em prol do meio
ambiente e com os tratados relacionados à mudança climática, a EE foi alçada à condição de
instrumento privilegiado e, por vezes, preferencial para a mitigação de efeitos decorrentes das
emissões de gases de efeito estufa e destruidores da Camada de Ozônio. Ao mesmo tempo,
ressaltou-se a percepção de que o aumento de eficiência pode constituir uma das formas mais
econômica e ambientalmente favoráveis de atendimento de parte dos requisitos de energia.”
(MME, 2010)

O Brasil possui, há pelo menos duas décadas, programas de EE reconhecidos


internacionalmente:

- Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL)


- Programa Nacional de Racionalização de uso dos Derivados de Petróleo e Gás Natural
(CONPET)
- Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE)
- Programa de Eficiência Energética das Concessionárias de Distribuição de Energia Elétrica
(PEE)

O objetivo é apresentar as projeções de EE para energia elétrica no período de 2010 até


2030 para o PNEf, discriminando os setores da economia e partindo de premissas adotadas no
PNE 2030 e no PDE 2019.

Segue quadro institucional do Setor Elétrico Brasileiro:

PRO
CEL
:

PRO
CEL
-
Prog
rama
Naci
onal
de
Cons
ervaç
ão de
Figura 15 - Setor Elétrico Brasileiro, MME, 2008 Ener
gia
Elétrica é um programa de governo, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia – MME e
executado pela Eletrobrás. Foi instituído em 30 de dezembro de 1985 para promover o uso
eficiente da energia elétrica e combater o seu desperdício. As ações do PROCEL contribuem

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para o aumento da eficiência dos bens e serviços, para o desenvolvimento de hábitos e


conhecimentos sobre o consumo eficiente da energia e, além disso, postergam os investimentos
no setor elétrico, mitigando, assim, os impactos ambientais e colaborando para um Brasil mais
sustentável.

Nesse contexto, o PROCEL promove ações de eficiência energética em diversos


segmentos da economia, que ajudam o país a economizar energia elétrica e que geram benefícios
para toda a sociedade.

Equipamentos – identificação, por meio do Selo Procel, dos equipamentos e


eletrodomésticos mais eficientes, o que induz o desenvolvimento e ao aprimoramento
tecnológico dos produtos disponíveis no mercado brasileiro.

Áreas de Atuação

- Edificações – promoção do uso eficiente de energia no setor de construção civil, em


edificações residenciais, comerciais e públicas, por meio da disponibilização de recomendações
especializadas e simuladores.

- Iluminação pública (Reluz) – apoio a prefeituras no planejamento e implantação de projetos


de substituição de equipamentos e melhorias na iluminação pública e sinalização semafórica.

- Poder público – ferramentas, treinamento e auxílio no planejamento e implantação de projetos


que visem ao menor consumo de energia em municípios e ao uso eficiente de eletricidade e água
na área de saneamento.

- Indústria e comércio – treinamentos, manuais e ferramentas computacionais voltados para a


redução do desperdício de energia nos segmentos industrial e comercial, com a otimização dos
sistemas produtivos.

- Conhecimento – elaboração e disseminação de informação qualificada em eficiência


energética, seja por meio de ações educacionais no ensino formal ou da divulgação de dicas,
livros, softwares e manuais técnicos.

Considerando os resultados acumulados do PROCEL no período de 1986 a 2013, a


economia total obtida foi de 70,1 bilhões de kWh. Os ganhos energéticos anuais mais recentes
podem ser verificados no gráfico abaixo.

Figura 16 - Economia de energia nos últimos cinco anos (bilhões de kWh)

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Legislação:

As leis seguem uma hierarquia, sendo elas: Constituição, Leis, Medidas Provisórias,
Decretos, Portarias e Resoluções.

Segue abaixo leis e projetos de lei das esferas federal, estadual e municipal; decretos;
portarias e resoluções da ANEEL.
 Resolução Normativa ANEEL 233 de 24.10.2006 - Procedimentos para cálculo dos
recursos previstos na Lei no 9.991;
 Lei 10.438 de 29.04.2002 - Dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica
emergencial;

 Lei 10.295 de 17.10.2001 - Dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional
de Energia;
 Resolução ANEEL 492 de 03.09.2002 - Estabelece critérios para aplicação de recursos
em programas de eficiência energética;
 Resolução CGCE 004 de 22.05.2001 - Estabelece regimes especiais de tarifação, limites
de uso e fornecimento de energia elétrica;
 Projeto de Lei 6164/05 - Prorroga até 2010 a aplicação de recursos em programas
de eficiência energética;
 Resolução ANEEL 176 de 28.11.2005 - Estabelece critérios para aplicação de recursos
em programas de eficiência energética;
 Resolução ANEEL 334 de 02.12.1999 - Autoriza o desenvolvimento de projetos que
visam à melhoria do fator de carga;
 Resolução ANEEL 394 de 17.09.01 - Estabelece critérios para aplicação em projetos de
combate ao desperdício de energia elétrica;
 Decreto 4.059 de 19.12.2001 - Estabelece níveis máximos de consumo de energia, ou
mínimos de eficiência energética, para máquinas e aparelhos fabricados ou
comercializados no país;
 Decreto 3.867 de 16.07.01 - Define onde os recursos de P&D em eficiência energética
serão depositados;
 Resolução ANEEL 456 de 29.11.2000 - Estabelece as condições de fornecimento de
energia elétrica;
 Portaria Interministerial 132 de 12.06.2006 - Aprova regulamentação para
lâmpadas fluorescentes compactas;
 Lei 10.334 de 19.12.2001 - Trata da fabricação e da comercialização de lâmpadas
incandescentes;
 Resolução ANEEL 215 de 28.03.2006 - Propõe modificações no texto do Manual para
Elaboração do Programa de Eficiência Energética;
 Medida Provisória 2.147 de 15.05.2001 - Trata da criação da Câmara de Gestão da Crise
de Energia Elétrica (GCE);
 Decreto 1.040 de 11.01.1994 - Determina que agentes financeiros oficiais de fomento
incluam projetos de conservação e uso racional da energia;
 Decreto 3.806 de 26.04.2001 - Acrescenta inciso a decreto que trata de medidas
emergenciais de racionalização de energia;
 Decreto 3.789 de 18.04.2001 - Institui Comissão de Gerenciamento da Racionalização da
Oferta e do Consumo de Energia Elétrica (CGRE);
 Decreto 45.643 de 26.01.2001 - Estabelece procedimentos para aquisição de lâmpadas
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de alto rendimento;
 Decreto 4.145 de 25.02.2002 - Dispõe sobre meta de consumo emergencial;
 Decreto 3.330 de 06.01.2000 - Define meta de redução de consumo de energia nos
órgãos públicos para iluminação, refrigeração e arquitetura ambiental;
 Resolução ANEEL 271 de 19.07.2000 - Estabelece critérios de aplicação de recursos
no combate ao desperdício de energia e P&D do setor elétrico;
 Resolução ANEEL 153 de 18.04.2001 - Estabelece percentual de aplicação de
recursos no Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica Ciclo 2000/2001;
 Resolução ANEEL 185 de 21.05.2001 - Define as deduções para a obtenção da Receita
Operacional Líquida;
 Resolução ANEEL 186 de 23.05.2001 - Altera dispositivos e promove ajustes nos
critérios para aplicação de recursos no combate ao desperdício de energia ciclo
2000/2001;
 Portaria 113 de 15.03.2002 - Estabelece meta de consumo para os órgãos públicos;
 Portaria 466 de 12.11.1997 - Dispõe sobre as condições gerais de fornecimento de
energia elétrica;
 Decreto 0-006 de 8.12.1993 - Institui o Selo Verde de Eficiência Energética;
 Decreto 93.901 de 09.01.1987 - Estabelece critérios para o racionamento de energia
elétrica;
 Decreto 0-002 de 8.12.1993 - Cria o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional da
Energia;
 Lei 4.507 de 30.03.2005 - Trata da instalação de aquecedores solares em conjuntos
habitacionais populares em Birigui;
 Projeto de Lei 1.045 de 2006 - Torna obrigatório o uso de tubulação que permita a
adoção de sistema de aquecimento solar;
 Projeto de Lei 518 de 2005 - Institui a Política Municipal de Incentivo ao Uso de Formas
Alternativas de Energia para Belo Horizonte;
 Lei 3.486 de 2001 - Torna obrigatória a instalação de equipamentos de energia solar e/ou
aquecimento a gás em Varginha;
 Decreto 34.979 de 23.11.1993 - Institui o Programa Estadual de Conservação de Energia
nas Edificações;
 Portaria Interministerial 553 de 08.12.2005 - Define os índices mínimos de rendimento
nominal dos motores elétricos de indução trifásicos;
 Portaria Interministerial 1.877 de 30.12.1985 - Institui o Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica (Procel);
 Portaria 46 de 07.03.2001 - Cria o Comitê de Acompanhamento das Metas de Conservação
de Energia;
 Decreto 21.806 de 26.07.2002 - Torna obrigatória a adoção do Caderno de Encargos
para Eficiência Energética em prédios públicos;
 Decreto 19.147 de 14.11.2000 - Dispõe sobre a redução do consumo de energia elétrica
em prédios públicos;
 Decreto 45.765 de 04.05.2001 - Institui o Programa Estadual de Redução e
Racionalização do Uso de Energia;
 Resolução CC-23 de 18.03.2004 - Institui grupo técnico para estudar e propor melhores
práticas de projeto e técnicas de gestão de sistemas no uso da energia elétrica;
 Resolução CC-64 de 29.09.2005 - Define denominação do grupo técnico do Comitê de
Qualidade da Gestão Pública;
 Portaria 174 de 25.05.2001 - Constitui a Comissão Interna de Redução do Consumo de
Energia;
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 Portaria 001 de 13.08.1998 - Cria grupo de trabalho para estudar a eficiência energética;
 Lei 11.456 de 29.03.2007 - Prorroga a aplicação de recursos nos programas de eficiência
energética até 2010;
 Decreto 99.656 de 26.10.1990 - Cria a Comissão Interna de Conservação de Energia
(CICE);
 Lei 14.459 de 3 de julho de 2007 - Dispõe sobre a instalação de sistema de aquecimento de
água por energia solar;
 Regulamentação para etiquetagem voluntária de nível de eficiência energética de
edifícios comerciais, de serviços e públicos - Versão experimental aprovada pelo Comitê
Gestor de Indicadores e Níveis de Eficiência Energética que trata da etiquetagem
voluntária de edificações comerciais e públicas;
 Decreto municipal 49.148 de 21.01.2008 - Regulamenta a Lei 14.459 de 3 de julho de
2007 que dispõe sobre a instalação de sistema de aquecimento solar no município de São
Paulo;
 Portaria interministerial nº 1.877, de 30 de dezembro de 1985 - Portaria que institui o
Procel em 30 de dezembro de 1985.

Referências Bibliográficas:

BRASIL, Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Resolução n◦456. Brasília. 29 de


novembro de 2000 57p.

HADDAD, Jamil, 2006, Conservação de Energia: Eficiência Energética em Equipamentos e


Instalações, 3ª Edição, Editora FUPAI, Itajubá-MG.

BRASIL, Eficiência Energética. MME – Ministério das Minas e Energia. Brasília, 2010.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/clima/energia/eficiencia-energetica>. Acesso em: 30
nov. 2014.

BRASIL, Plano Nacional de Eficiência Energética – PNEf. MME – Ministério das Minas e
Energia. Brasília, 2010. Disponível em:
<file:///E:/Curso%20Efici%C3%AAncia%20Energ%C3%A9tica%20nov14/PNEf_-
_Premissas_e_Dir._Basicas.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2014.

BRASIL, Programa de Eficiência Energética – PEE. Eletrobrás, Procel, 2006. Disponível em:
<http://www.eletrobras.com/pci/data/Pages/LUMISE3DEEFEDITEMIDF9E25EC22E3645E094
C572115887EF57PTBRIE.htm> Acesso em: 30 nov. 2014.

BRASÍLIA, Eficiência Energética na Indústria. CNI – Confederação Nacional da Indústria,


2009. Disponível em:
<http://www.cni.org.br/portal/data/files/00/FF808081234E24EA0123627A07156F8E/Eficiencia.
pdf> Acesso em: 30 nov. 2014.

07 - ILUMINAÇÃO – CONCEITOS E APLICAÇÕES

Prof. Julio de Carvalho Monteiro de Barros

Luz é a radiação eletromagnética capaz de produzir uma sensação visual.

A iluminação é responsável por, aproximadamente, 23% do consumo de energia elétrica no setor


residencial, 44% no setor comercial e serviços públicos e 1% no setor industrial (Santos, 2007).
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Vários trabalhos desenvolvidos mostram que a iluminação ineficiente é comum no Brasil. Uma
combinação de lâmpadas, reatores e refletores eficientes, associados a hábitos saudáveis na sua
utilização, podem ser aplicados para reduzir o consumo de energia elétrica.

A construção do futuro da humanidade ocorre em função dos resultados das pesquisas e


descobertas científicas e tecnológicas.
Uma das tecnologias mais benéficas desenvolvidas nos últimos 100 anos foi a iluminação
elétrica.

Necessidades Humanas

 Visibilidade;
 Execução das tarefas;
 Conforto visual;
 Agradabilidade;
 Saúde e bem-estar;
 Avaliação estética;
 Atender as Normas Técnicas.

Benefícios da boa iluminação

Para a iluminação, tanto natural quanto artificial, o primeiro objetivo da iluminação é a obtenção
de boas condições de visão associadas à visibilidade, segurança e orientação dentro de um
determinado ambiente.

 Proteção à vista;
 Influências positivas sobre o sistema nervoso autônomo (parte do sistema nervoso central
que comanda o metabolismo e as funções do corpo);
 Elevação do rendimento no trabalho;
 Diminuição de erros e acidentes;
 Maior conforto, bem-estar e segurança.

Características de um bom sistema de iluminação

O bom desempenho de um sistema de iluminação depende de cuidados que se iniciam no projeto


elétrico, envolvendo informações sobre luminárias, perfil de utilização, tipo de atividade a ser
exercida no local, entre outros.
Entre vários aspectos que podem caracterizar um bom sistema de iluminação, podem-se indicar
os seguintes:

 Máximo aproveitamento da luz natural;


 Determinação de áreas efetivas de utilização;
 Nível adequado de iluminação ao trabalho;
 Circuitos independentes para utilização de iluminação parcial e por setores;
 Iluminação localizada em pontos especiais;
 Sistema de ventilação que permita retirar o calor gerado pela iluminação, a fim de reduzir
a carga térmica nos condicionadores de ar;
 Seleção cuidadosa de lâmpadas e luminárias;
 Luz uniforme sobre todos os planos de trabalho;
 Reprodução de cor compatível com a natureza do trabalho;

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 Seleção cuidadosa dos reatores visando à redução das perdas e com fator de potência
igual ou maior que 92%.

Concepção do Projeto de Iluminação

Qualidade da Iluminação

O bom projeto de iluminação depende da boa relação entre o cliente, o arquiteto, o projetista, o
fornecedor e o executor da obra.

A iluminação afeta profundamente as reações humanas ao ambiente e estas reações podem variar
desde a visão do óbvio, como também da beleza dramática de uma paisagem iluminada, ou da
resposta emocional provocada por um candelabro com velas em uma mesa de jantar, as
influencias provocadas na produtividade dos ocupantes de um escritório ou nas vendas em uma
loja varejo.

Gasto com iluminação residencial (COPEL, 2014).

Como economizar com iluminação

 Evite acender lâmpadas durante o dia; abra bem as cortinas e persianas e use ao máximo
a luz do sol;
 Use cores claras nas paredes internas da sua residência, as cores escuras exigem
lâmpadas com potência maior (Watts) que consomem mais energia;

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 Prefira lâmpadas fluorescentes ou fluorescentes compactas, pois iluminam melhor,


consomem menos energia e duram até dez vezes mais do que as lâmpadas
incandescentes;
 Apague sempre as luzes dos ambientes desocupados, salvo aquelas que contribuam para a
segurança;
 Limpe regularmente luminárias, globos e arandelas para ter um bom nível de
iluminamento.

Selo de Eficiência Energética

Definições – Absorção

Transformação de energia radiante numa forma diferente de energia por interação com a matéria,
por exemplo, transformação de energia ultravioleta em luz visível através da camada de fósforo
existente em lâmpadas fluorescentes.

Transformação da luz ultravioleta em luz visível (Sylvania, 2001).

Fluxo Luminoso (Φ)

Quantidade de luz produzida pela lâmpada, emitida em todas as direções, que pode produzir
estímulo visual. Sua unidade é o lúmen (lm).

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Eficiência Luminosa

É a relação entre o fluxo luminoso total emitido pela fonte e a potência por ele absorvida.
Unidade é o lumens por watts (lm/W).

Iluminamento (E)

A luz que uma lâmpada irradia, relacionada à superfície a qual incide, define o Iluminamento ou
Iluminância. Unidade é o lux (lx).

Área Projetada (S)

A área projetada de uma luminária, numa dada direção, é a área de projeção ortogonal da
superfície luminosa, num plano perpendicular à direção específica. Unidade é o m².

Campo Visual

O campo visual do olho humano é a extensão angular do espaço no qual um objeto pode ser
percebido, é dado por: 50º para cima, 60º para baixo e 80º horizontalmente para cada lado.

Controlador de Luz

É a parte da luminária projetada para modificar a distribuição espacial do fluxo luminoso das
lâmpadas; podendo ser do tipo refletor, refrator, difusor, lente e colmeia.

Fator de Manutenção - Depreciação do Fluxo Luminoso (Fd)

É a diminuição progressiva da iluminância do sistema de iluminação devido ao acúmulo de


poeira nas lâmpadas e luminárias, e também, ao decréscimo do fluxo luminoso das lâmpadas.
Este fator depende do período de uso sem limpeza e do tipo de ambiente (limpo, médio ou sujo).

Fator de Utilização (Fu)

É a razão do fluxo utilizado pelo fluxo luminoso emitido pelas lâmpadas. É um índice da
luminária e influi no rendimento desta. Por exemplo, uma luminária para lâmpada fluorescente
com fator de utilização de 0,82, com uma lâmpada que produz um fluxo luminoso de 3.100
lúmens, fornecerá um fluxo utilizado de 2.542 lúmens.

Índice de Reprodução de Cor (IRC)

O IRC, no sistema internacional de medidas, é um número de 0 a 100 que classifica a qualidade


relativa de reprodução de cor de uma fonte, quando comparada com uma fonte padrão de
referência da mesma temperatura de cor.

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O IRC identifica a aparência como as cores dos objetos e pessoas serão percebidas quando
iluminados pela fonte de luz em questão. Quanto maior o IRC, melhor será o equilíbrio entre as
cores.

Temperatura de Cor Correlata (TCC)

É usado para descrever a cor de uma fonte de luz. A TCC é medida em Kelvin, variando de
1.500K, cuja aparência é laranja/vermelho até 9.000K, cuja aparência é azul. As lâmpadas com
TCC maior que 4.000K são chamadas de aparência “fria”, as lâmpadas com TCC menores que
3.100K são de aparência “quente” e as lâmpadas com TCC entre 3.100 e 4.000K são chamadas
de aparência “neutra”.

Tipos de Lâmpadas

Lâmpadas Incandescentes Comuns

A iluminação incandescente resulta da incandescência de um fio percorrido por corrente elétrica,


devido ao seu aquecimento, quando este é colocado no vácuo ou em meio gasoso apropriado.

Eficiência Luminosa:
Considerando que uma lâmpada incandescente de 200 W possui um fluxo luminoso de
aproximadamente 3.400 lm, a mesma irá apresentar uma eficiência luminosa de 17 lm/W. A
eficiência luminosa da lâmpada incandescente é baixa, pois a maior parte da energia consumida
é transformada em calor.
Existem alguns tipos de lâmpadas incandescentes que são utilizadas para aplicações específicas
como, por exemplo, aparelhos domésticos (geladeira e fogão).

Lâmpadas Halógenas

As lâmpadas halógenas pertencem à família das lâmpadas incandescentes de construção especial,


pois contêm halogênio adicionado ao gás criptônio dentro do bulbo, e funciona sob o princípio
de um ciclo regenerativo que tem como funções evitar o escurecimento, aumentar a vida
mediana e a eficiência luminosa da lâmpada.

A lâmpada halógena possui uma vida mediana e uma eficiência luminosa um pouco maior do
que a incandescente comum. Devido ao fato de apresentarem um fluxo luminoso maior e uma
boa reprodução de cores, são utilizadas em iluminação de fachadas, áreas de lazer, artes gráficas,
teatros, estúdios de TV, faróis de automóveis, entre outras.

Lâmpadas de Descarga

Uma lâmpada de descarga funciona com equipamento auxiliar (reator e em alguns casos um
ignitor) ligado ao seu circuito elétrico. O reator tem como função limitar a corrente da lâmpada e
o ignitor ajudar a produzir a tensão necessária para o início da descarga elétrica.

As lâmpadas de descarga são divididas em lâmpadas de baixa e alta pressão sendo:

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 Lâmpadas de alta pressão: Mercúrio, Sódio, Mista e Vapores Metálicos;


 Lâmpadas de baixa pressão: Mercúrio (Fluorescente) e Sódio baixa pressão.

Lâmpadas Fluorescentes

São lâmpadas de descarga de baixa pressão, onde a luz é produzida por pós-fluorescentes que
são ativados pela radiação ultravioleta da descarga.

Lâmpadas fluorescentes compactas

São lâmpadas fluorescentes de tamanho reduzidas, criadas para substituir com vantagens as
lâmpadas incandescentes em várias aplicações.
Suas vantagens, em relação às incandescentes, estão, principalmente, no fato de apresentarem o
mesmo fluxo luminoso com potências menores, o que gera uma economia de energia de até 80
%, uma vida mediana maior, além de possuírem uma boa definição de cores.

A eficiência luminosa de uma lâmpada fluorescente compacta é maior em comparação com as


incandescentes, comparando uma incandescente de 100 W e fluorescente compacta de 23 W, que
produzem respectivamente 1.470 e 1.520 lúmens, tem se: 66 lm / W para a fluorescente
compacta e 15 lm / W para a incandescente.

Lâmpadas a Vapor de Mercúrio de Alta Pressão

Assim como a fluorescente, a lâmpada a vapor de mercúrio também necessita de um reator para
que este forneça tensão necessária na partida e limite a corrente de operação.

A vida mediana de uma lâmpada a vapor de mercúrio de alta pressão é superior a 15.000 horas
com 30 % de depreciação do fluxo luminoso no período.
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A eficiência luminosa, para uma lâmpada de 400 W que produz 22.000 lúmens, irá apresentar
um valor de 55 lm / W.

Lâmpadas a Vapor Metálicas

A vida mediana de uma lâmpada a vapor metálica está na ordem de 15.000 horas com 30 % de
depreciação do fluxo luminoso no período. A eficiência luminosa, para uma lâmpada de 400 W
que produz 36.000 lúmens, irá apresentar um valor de 90 lm / W.
As lâmpadas de vapor metálicas possuem um grande número de aplicações, a se destacar a
iluminação de lojas de departamentos, estádios de futebol, monumentos, indústrias, e até para
iluminação automotiva.

Lâmpadas Mistas

A luz produzida por essa lâmpada é de cor branca difusa, derivada da lâmpada vapor de mercúrio
de alta pressão e da luz de cor quente da incandescente, o que dá uma aparência agradável. A
vida mediana de uma lâmpada mista é superior a 6.000 horas com 30 % de depreciação do fluxo
luminoso no período. A eficiência luminosa, para uma lâmpada de 250 W que produz 5.500
lúmens, irá apresentar um valor de 22 lm / W, sendo, portanto, mais eficiente apenas que a
lâmpada incandescente.
Quanto à altura de montagem tem a mesma restrição das lâmpadas a vapor de mercúrio de alta
pressão, ou seja, devem ser instaladas em locais onde o pé direito for superior a 4 metros.

Lâmpadas a vapor de sódio de baixa pressão

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A vida mediana de uma lâmpada a vapor de sódio de baixa pressão é de aproximadamente


15.000 horas com depreciação de 30 % do fluxo luminoso no período e sua eficiência luminosa é
da ordem de 200 lm / W, portanto, maior do que todas as lâmpadas apresentadas anteriormente.
Devido ao fato de sua luz ser monocromática, sua aplicação fica limitado aos locais em que não
é necessário um alto índice de reprodução de cores, ou seja, autoestradas, portos, pátios de
manobras, entre outras.

Lâmpadas Diodos Emissores de Luz (LEDs)

A tecnologia LED está sendo produzida com custos cada vez menores e está sendo utilizada em
iluminação para diversas aplicações, como por exemplo, sinalização e orientação (degraus e
escadas), letreiros luminosos, iluminação de piso, balizamento, segmento automotivo, etc.
Os LEDs apresentam alguns benefícios, como por exemplo: longa durabilidade (pode-se obter
até 50.000 horas de funcionamento); alta eficiência luminosa; variedade de cores; dimensões
reduzidas; alta resistência a choques e vibrações; não gera radiação ultravioleta e infravermelha;
baixo consumo de energia e pouca dissipação de calor; redução nos gastos de manutenção,
permitindo a sua utilização em locais de difícil acesso; possibilidade de utilização com sistemas
fotovoltaicos em locais isolados; etc.

Principais características das lâmpadas

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Mortalidade de Lâmpadas

É o número de horas de funcionamento das lâmpadas antes que uma percentagem delas deixe de
funcionar. É dependente do número de vezes que se acendem e apagam em um dia.

Luxímetro

Instrumento utilizado para medição de iluminâncias em ambientes com iluminação natural e ou


artificial.

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A Norma brasileira NBR-5413

Estabelece os valores de iluminâncias médias mínimas em serviço para iluminação artificial em


interiores, onde se realizem atividades de comércio, indústria, ensino, esporte e outras.
Considerando as Iluminâncias por classe de tarefas visuais e a idade do observador.

Métodos utilizados no cálculo luminotécnico

 Método dos Lúmens


 Método das Cavidades Zonais
 Método ponto por ponto

Conclusão

Existe no mercado, vários software livres para aperfeiçoar o cálculo do projeto de iluminação de
uma empresa, ruas, pátios, quadras e residências. Os gastos com iluminação são responsáveis por
uma parcela significativa no consumo de energia elétrica.
Sempre devemos aproveitar a iluminação natural, manter o sistema limpo funcionando
adequadamente com manutenções periódicas e com atualizações tecnológicas.

Referências Bibliográficas

Eficiência Energética Curso para otimização do uso de energia na indústria; CPFL Energia,
Campinas, 2006.
Eficiência Energética Fundamentos e Aplicações; 1ed. Elektro, Univ. Fed Itajubá, Excen, Fupai,
Campinas, 2012.
Iluminação Conceitos e Projetos, OSRAM.
http://www.aneel.gov.br/; 21/11/2014.
http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/manuais/projetodeiluminacao.pdf, Luís
Antônio Greno Barbosa, 2007.
http://www.lighting.philips.com.br/connect/support/faq_conceitos_de_iluminacao.wpd;
20/11/2014.
http://www.copel.com/, 20/11/2014.

8 – BOMBAS DE FLUXO E VENTILADORES

Prof. José Américo Marsulo

8.1. Bombas de Fluxo

As Bombas são como máquinas operatrizes hidráulicas que conferem energia ao fluido com a
finalidade de transportá-lo por escoamento de um ponto para outro obedecendo as condições do
processo. As bombas transformam o trabalho mecânico que recebem para seu funcionamento em
energia. Elas recebem a energia de uma fonte motora qualquer e cedem parte dessa energia ao
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fluido sob forma de energia de pressão, cinética ou ambas. Isto é, elas aumentam a pressão do
líquido, a velocidade ou ambas essas grandezas. A energia cedida ao líquido pode ser medida
através da equação de Bernoulli. A relação entre a energia cedida pela bomba ao líquido e a
energia que foi recebida da fonte motora, fornece o rendimento da bomba.
As bombas hidráulicas podem trabalhar com diferentes tipos de vazões, alturas de elevação e
tipos de fluidos.
No quadro a seguir são classificados os diversos tipos de bombas disponíveis no mercado:

Puras ou radiais As bombas podem ser classificadas pela sua aplicação ou pela
Bombas centrífugas
Dinâmicas ou Tipo Francis forma com que a energia é cedida ao fluído. Normalmente, existe
turbobombas Bombas de fluxo misto uma relação estreita entre a aplicação e a característica da bomba
Bombas de fluxo axial que, por sua vez, está intimamente ligada à forma de cessão de
Bombas periféricas ou regenerativa energia ao fluido.
Pistão O modo pelo qual é feita a transformação do trabalho em energia
Bombas Alternativas Êmbolo hidráulica e o recurso para cedê-la ao líquido aumentando a sua
Volumétricas ou Diafragma pressão e ou sua velocidade permitem que elas se classifiquem em:
bombas de deslocamento positivo, turbobombas e bombas
Deslocamento Engrenagens
especiais. Dentre as classificações de turbobombas e de
Positivo Lóbulos deslocamento positivo podemos enumerar algumas das mais
Bombas rotativas
Parafusos importantes subdivisões destas bombas, como mostra a tabela ao
Palhetas Deslizantes lado.

Turbobombas:

São caracterizadas por possuírem um órgão rotatório dotado de pás (rotor) que, devido a
sua aceleração, exerce forças sobre o líquido. Essa aceleração não possui a mesma direção e o
mesmo sentido do movimento do líquido em contato com as pás. A descarga gerada depende das
características da bomba, do número de rotações e das características do sistema de
encanamentos.

Bomba centrífuga pura ou radial:

São o tipo mais simples e mais empregado das turbobombas. Nelas, a energia fornecida
ao líquido é primordialmente do tipo cinética, sendo posteriormente convertida em grande parte
em energia de pressão. A energia cinética pode ter origem puramente centrífuga ou de arrasto, ou
mesmo uma combinação das duas, dependendo da forma do impelidor. A conversão de grande
parte da energia cinética em energia de pressão é realizada fazendo com que o fluido que sai do
impelidor passe em um conduto de área crescente.
As bombas deste tipo possuem pás cilíndricas (simples curvatura), com geratrizes
paralelas ao eixo de rotação, sendo estas pás fixadas a um disco e a uma coroa circular (rotor
fechado) ou a um disco apenas (rotor aberto, para bombas de água suja, na indústria de papel,
etc.).
O uso normal das bombas centrífugas é feito sob pressões de até 16 kgf/cm² e
temperaturas de até 140°C. Entretanto, existem bombas para água quente até 300°C e prassões
de até 25kgf/cm² (bombas centrífugas de voluta).

Tipos de bombas centrífugas:

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Bomba Centrífuga Radial: nas centrífugas radiais, toda a energia cinética é obtida através do
desenvolvimento de forças puramente centrífugas na massa líquida devido à rotação de um
impelidor de característica especiais. Bombas desse tipo são empregadas quando se deseja
fornecer uma carga elevada ao fluido e as vazões são relativamente baixas. A direção de saída do
fluido é normal ao eixo e por isso essas bombas são chamadas também de centrifugas puras.

Bomba Centrífuga Tipo Francis: existe uma bomba centrífuga radial que usa um impelidor
com palhetas chamadas Francis, daí o nome de bomba tipo Francis. A característica deste
impelidor é que suas palhetas possuem curvaturas em dois planos. Essa particularidade aproxima
o desempenho dessa bomba ao de uma bomba de fluxo misto, embora tenha aplicação específica.

Bomba de fluxo misto ou bomba diagonal:

Bomba hélico-centrífuga – neste tipo de bomba, o líquido penetra no rotor axialmente,


atingindo as pás cujo bordo de entrada é curvo e inclinado em relação ao eixo; segue uma
trajetória que é uma curva reversa, pois as pás são de dupla curvatura, e atinge o bordo de saída
que é paralelo ao eixo ou ligeiramente inclinado em relação a ele. Sai do rotor segundo um plano
perpendicular ao eixo ou segundo uma trajetória ligeiramente inclinada em relação ao plano
perpendicular ao eixo. A pressão é comunicada pela força centrífuga e pela ação de
"sustentação" ou "propulsão" das pás.
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Bomba helicoidal ou semi-axial – o líquido atinge o bordo das pás que é curvo e bastante
inclinado em relação ao eixo; a trajetória é uma hélice cônica, reversa, e as pás são superfícies de
dupla curvatura. Esta bombas prestam-se a grandes descargas e alturas de elevação pequenas e
médias.

Bomba axial ou propulsora – as trajetórias das partículas líquidas começam paralelamente ao


eixo e se transformam em hélices cilíndricas. Forma-se uma hélice de vórtice forçado, pois, ao
escoamento axial, superpõem-se um vórtice forçado pelo movimento das pás. São empregadas
para grandes descargas e alturas de elevação de até mais de 40 metros. Outra característica é que
possuem difusor de pás guias. O eixo, em geral, é vertical, e por isso são conhecidas como
bombas verticais de coluna.

Bomba de simples estágio: por conter apenas um rotor, o fornecimento de energia ao líquido é
feito em um único estágio (constituído por um rotor e um difusor). Estas bombas não sào
utilizadas para alturas de elevação grandes por suas dimensões excessivas e correspondente custo
elevado, além do baixo rendimento.

Bombas de múltiplos estágios: quando a altura de elevação é grande, faz-se o líquido passar
sucessivamente por dois ou mais rotores fixado são mesmo eixo e colocados em uma caixa cuja
forma permite esse escoamento. A passagem do líquido em cada rotor e difusor constitui um
estágio na operação de bombeamento. Seu eixo pode horizontal ou vertical. São próprias para
instalação de alta pressão, já que a altura total de elevação é a soma das alturas parciais de cada
rotor.

Bomba de aspiração simples ou entrada unilateral: a entrada do líquido se faz de um lado e


pela abertura circular na abertura do rotor.

Bomba de aspiração dupla ou entrada bilateral: o rotor permite receber o líquido por dois
sentidos opostos, paralelamente ao eixo de rotação. Equivale a dois rotores em paralelo que,
teoricamente, são capazes de elevar uma descarga dupla da que se obteria com o rotor simples. O
empuxo longitudinal do eixo é equilibrado nas bombas de rotores bilaterais. O rendimento dessas
bombas é muito bom, o que explica o seu largo emprego para descargas médias.

Bombas de deslocamento positivo:

Possuem uma ou mais câmaras, em cujo interior o movimento de um órgão propulsor comunica
energia de pressão ao líquido, provocando o seu escoamento. Assim, proporciona as condições
para que se realize o escoamento na tubulação de aspiração até a bomba e na tubulação de
recalque até o ponto de utilização. A característica principal desta classe de bombas é que uma
partícula líquida em contato com o órgão que comunica a energia tem aproximadamente a

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mesma trajetória que a do ponto do órgão com o qual está em contato. As bombas de
deslocamento positivo podem ser Alternativas ou Rotativas.

Bombas Alternativas

Nas bombas alternativas, o líquido recebe a ação das forças diretamente de um pisão ou êmbolo
ou de uma membrana flexível (diafragma). Elas podem ser acionadas pela ação do vapor ou por
meio de motores elétricos ou também por motores de combustão interna. São bombas de
deslocamento positivo porque exercem forças na direção do próprio movimento do líquido. No
curso da aspiração, o movimento do êmbolo tende a produzir o vácuo no interior da bomba,
provocando o escoamento do líquido. É a diferença de pressões que provoca a abertura de uma
válvula de aspiração e mantém fechada a de recalque. No curso de descarga, o êmbolo exerce
forças sobre o líquido, impelindo-o para o tubo de recalque, provocando a abertura da válvula de
recalque e mantendo fechada a de aspiração. A descarga é intermitente e as pressões variam
periodicamente em cada ciclo. Estas bombas são auto-escorvantes e podem funcionar como
bombas de ar, fazendo vácuo se não houver líquido a aspirar.

Classificação das Bombas Alternativas:

Acionadas por vapor – empregadas na alimentação de água nas caldeiras, pois aproveitam o
vapor gerado na caldeira para seu próprio funcionamento;

De potência ou de força – acionadas por motores elétricos ou de combustão interna, são


utilizadas no acionamento de prensas, nas indústrias de borracha, algodão, óleo, etc.;

De descarga controlada – deslocam com precisão um predeterminado volume de líquido em um


tempo preestabelecido. Acionadas por motores, possuem mecanismos de eixo de manivela-biela.
Podem ser dos seguintes tipos:

Bombas alternativas de pistão: o órgão que produz o movimento do líquido é um pistão que se
desloca, com movimento alternativo, dentro de um cilindro. No curso de aspiração, o movimento
do pistão tende a produzir vácuo. A pressão do líquido no lado da aspiração faz com que a
válvula de admissão se abra e o cilindro se encha. No curso de recalque, o pistão força o líquido,
empurrando-o para fora do cilindro através da válvula de recalque. O movimento do líquido é
causado pelo movimento do pistão, sendo da mesma grandeza e do tipo de movimento deste.

Bombas alternativas de êmbolo: seu princípio de funcionamento é idêntico ao das alternativas


de pistão. A principal diferença entre elas está no aspecto construtivo do órgão que atua no
líquido. Por serem recomendadas para serviços de pressões mais elevadas, exigem que o órgão
de movimentação do líquido seja mais resistente, adotando-se assim, o êmbolo, sem modificar o
projeto da máquina. Com isso, essas bombas podem ter dimensões pequenas.

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Bombas alternativas de diafragma: o órgão que fornece a energia do líquido é uma menbrana
acionada por uma haste com movimento alternativo. O movimento da menbrana, em um sentido,
diminui a pressão da câmara fazendo com que seja admitido um volume de líquido. Ao ser
invertido o sentido do movimento da haste, esse volume é descarregado na linha de recalque. São
usadas para serviços de dosagens de produtos já que, ao ser variado o curso da haste, varia-se o
volume admitido. Um exemplo de aplicação dessa bomba é a que retira gasolina do tanque e
manda para o carburador de um motor de combustão interna.

Bombas Rotativas:

Bombas de Engrenagens: essas bombas podem ser de engrenagem interna ou engrenagem


externa. Por esta segunda ser mais comum, é a respeito dela que daremos uma breve explicação.
Destinam-se ao bombeamento de substâncias líquidas e viscosas, lubrificantes ou não, mas que
não contenham partículas (óleos minerais e vegetais, graxas, melaços, etc.). Consiste em duas
rodas dentadas, trabalhando dentro de uma caixa com folgas muito pequenas em volta e do lado
das rodas. Com o movimento das engrenagens o fluido, aprisionado nos vazios entre os dentes e
a carcaça, é empurrado pelos dentes e forçado a sair pela tubulação de saída. Os dentes podem
ser retos ou helicoidais. Quando a velocidade é constante, a vazão é constante.

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Bombas de Lóbulos: têm o princípio de funcionamento similar ao das bombas de engrenagens.


Podem ter dois, três ou até quatro lóbulos, conforme o tipo. Por ter um rendimento maior, as
bombas de três lóbulos são as mais comuns. São usadas no bombeamento de produtos químicos,
líquidos lubrificantes ou não-lubrificantes de todas as viscosidades.

Bombas de Parafuso: constam de um, dois ou três "parafusos" helicoidais que têm movimentos
sincronizados através de engrenagens. Esse movimento se realiza em caixa de óleo ou graxa para
lubrificação. Por este motivo, são silenciosas e sem pulsação. O fluido é admitido pelas
extremidades e, devido ao movimento de rotação e aos filetes dos parafusos, que não têm contato
entre si, é empurrado para a parte central onde é descarregado. Essas bombas são muito
utilizadas para o transporte de produtos de viscosidade elevada.

Bombas de Palhetas Deslizantes: muito usadas para alimentação de caldeiras e para sistema
óleodinâmicos de acionamento de média ou baixa pressão. São auto-aspirantes e podem ser
empregadas também como bombas de vácuo. São compostas de um cilindro (rotor) cujo eixo de
rotação é excêntrico ao eixo da carcaça. O rotor possui ranhuras radiais onde se alojam palhetas
rígidas com movimento livre nessa direção. Devido à excentricidade do cilindro em relação à
carcaça, essas câmaras apresentam uma redução de volume no sentido de escoamento pois as
palhetas são forçadas a se acomodarem sob o efeito da força centrífuga e limitadas, na sua
projeção para fora do rotor, pelo contorno da carcaça. Podem ser de descarga constante (mais
comuns) e de descarga variável.

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8.2. Ventiladores

O princípio de operação dos ventiladores é semelhante ao das bombas centrífugas e


também é considerada uma máquinas de fluxo que transfere energia a gases, através da ação de
um rotor.
Sistemas de ventilação aplicados no condicionamento de ar (refrigeração, aquecimento,
exaustão, filtragem, renovação, diluição de poluentes, etc) em ambientes residenciais, comerciais
e industriais constituem uma grande parcela das unidades em uso. Os ventiladores utilizados
nestas instalações são, geralmente, de baixa pressão, isto é, não transferem energia suficiente
para impor uma variação apreciável de densidade do de trabalho do fluido de trabalho (o gás). O
escoamento nestes sistemas tem velocidade relativamente baixa.
Os ventiladores, assim como as bombas, são classificados, em primeira instância, quanto
à forma do rotor. Subclassificações compreendem número de estágios, nível de pressão e mesmo
detalhe construtivo.
Quanto à forma do rotor os ventiladores se subdividem em ventiladores radiais
(referidos, na linguagem corrente de instaladores, como ventiladores centrífugos) e axiais.
No quadro a seguir é apresentado os diversos tipos de ventiladores disponíveis no mercado:

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Tipo referido como: # estágios características referido como:


baixa pressão: vent. centrífugo
até 150 mmH2 O,
r2 /r1 = 1,1 ~ 1,3;

média pressão:
até 250 mmH2 O, vent. centrífugo
1
Radial vent. centrífugo r2 /r1 = 1,3 ~ 1,6;

alta pressão:
Até 250 ~ 750 mmH2 O,
r2 /r1 = 1,6 ~ 2,8. soprador
.
Dp até 10 kgf/cm2 (100mH2 O), compressor ou
>1
até 12 rotores em série, r2 /r1 até turbocompressor
hélice simples p/ movimentação
de ar ambiente, ventilador de vent. helicoidal
teto, vent. de coluna.

1
Axial vent. axial
carcaça tubular envolve rotor
tubo-axial
único.

>1 Dp até 3 kgf/cm2 (30mH2O) turbocompressor


Ventilador centrífugo de pás retas: É um tipo comum, geralmente de custo mais baixo (custo
relativo, evidentemente!). Desenvolve pressões razoavelmente elevadas (até cerca de 500
mmH2O), opera em altas temperatuturas, e tem capacidade de exaurir ou insuflar material com
particulado sólido (o canal reto entre aletas facilita o escoamento e a separação dos solidos).
Naturalmente, é um ventilador de baixa eficiência, propriedade relacionada ao ângulo de saída
a
dissipação viscosa no canal entre aletas e no difusor). Estas características induzem também um
nível elevado de ruído (produzido por turbulência, alta velocidade do escoamento, aerodinâmica
das aletas não-favorável, etc), o que também é um demérito para o equipamento (em sistemas de
ventilação o ruído do ventilador normalmente é uma condição crítica de projeto, pois o
equipamento normalmente está próximo do ambiente habitado, além do ruído se propagar pelos
dutos que formam o sistema de ventilação).

A figura a seguir representa a vista de corte radial de um ventilador centrífugo de rotor radial.

A seguir está a sua curva característica (mais as curvas de potência e eficiência). Note que a
curva característica é „bem comportada‟, que a potência deste rotor é sempre crescente com a
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vazão, e que sua eficiência máxima ocorre para valores relativamente baixos (< 50% da
vazão máxima).
P o t ên c ia [K w , H P , e tc]

P re ssã o to ta l [m m H 2 O , in H 2 O , etc ]
E fic iê n c ia (% )

V a z ão [m 3 /h , m 3 /s , c fm , e tc ]

Ventilador centrífugo de pás ou aletas curvadas para trás: É o mais eficiente entre os
centrífugos. Como a velocidade do escoamento é a menor, e o canal formado pelas aletas tem a
forma apropriada para o escoamento do gás através do rotor, é o que produz ruído menos
intenso. Entretanto, tem custo mais elevado que o de rotor radial. Não é indicado também para
movimentar gases com particulado sólido, os quais podem erodir as aletas com rapidez (a força
centrífuga desloca as partículas sólidas para a face de sucção das aletas). São ventiladores muito
utilizados em sistemas de condicionamento de ar.
Os modelos mais sofisticados, de maior potência e responsabilidade, têm aletas com perfil
aerodinâmico (um pouco mais eficientes, produzindo ruído menos intenso). A fotografia abaixo
é um rotor com aletas curvadas para trás (da VMB Enterprises, fabricante canadense). O
esquema construtivo e a curva característica típica estão mostrados a seguir. Um elemento de
destaque neste ventilador é a sua curva de potência: o valor máximo ocorre em um ponto
operacional equivalente a 70% ~ 80% da vazão máxima. Resulta, então, que este ventilador
nunca terá problemas de sobrecarga por projeto incorreto ou operação inadequada do sistema de
ventilação. Por este motivo, o ventilador de aletas curvadas para trás é denominado de „sem
sobrecarga‟ („non-overloading‟, em inglês).

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P o tê ncia [K w , H p , etc]

P res são to tal [m H 2O , inH 2O , etc]


E fic iên cia (% )

V a zão [m 3 /h, m 3 /s, cfm , etc]


Ventilador centrífugo de aletas curvadas para a frente: Assim como o centrífugo de aletas
curvadas para trás, esse tipo de ventilador é utilizado com gases isentos de particulado sólido.
Uma das particularidades de sua curva característica é uma extensa faixa de pressão quase
constante, o que o torna particularmente adequado para aplicaçao em sistemas onde se deseja
minimizar a influência de alterações de dispositivos, como os „dampers‟ de controle de vazão;
outra particularidade é o ramo instável da curva característica, na faixa das baixas vazões. A
potência cresce constantemente com o aumento da vazão, o que requer um grande cuidado na
determinação do ponto de operação do sistema e na seleção do motor de acionamento, que pode
„queimar‟ se a vazão resultante for muito superior àquela projetada. Um tipo muito comum de
ventilador centrífugo radial é o Sirocco, que tem rotor largo e muitas aletas curtas. Para uma
dada vazão e uma certa pressão total, o Sirocco é o menor entre os ventiladores centrífugos,
operando em uma rotação mais baixa (o que é importante para minimizar a geração de ruído).
Sua eficiência, entretanto, é menor que a do centrífugo de aletas curvadas para trás. A figura
abaixo é uma fotografia de tal ventilador, visto do lado da boca de sucçao.

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P o tê n c ia [K w , H P , e tc ]

P r e ssã o to ta l [ m c H 2 O , in H 2 O , e tc ]
E f ic iê n c ia ( % )

V a z ão [m 3 /s , m 3 /h , c f m , e tc ]

O ventilador tubo-axial é constituído de um rotor axial e uma carcaça tubular que o envolve. O
motor pode ser diretamente conectado ao rotor, estando exposto ao escoamento do gás, ou
colocado sobre a carcaça, acionando o rotor através de polias e correia. O gás insuflado deixa a
carcaça tubular com alta vorticidade, o que impede, algumas vezes, sua aplicação em sistema
onde a distribuição do gás é crítica ou exige a aplicação de retificadores de escoamento. Como
qualquer máquina de fluxo axial, é aplicado em sistemas com grande vazão e baixa pressão. Sua
curva característica também apresenta uma região de instabilidade, e a potência é máxima
quando a vazão é nula (a potência máxima é dissipada em recirculação através do rotor). Abaixo
estão uma fotografia frontal (fabricação Sheva, de Israel), o esquema construtivo e a curva
característica de um ventilador tubo-axial.

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P r e ssã o to ta l [ m c H 2 O , in H 2 O , e tc ]
E f ic iê n c ia ( % )

P o tê n c ia [K w , H P , e tc ]

V a z ão [m 3 /s , m 3 /h , c f m , e tc ]

Fonte:
http://www.feng.pucrs.br/

09 – REFRIGERAÇÃO E AR CONDICIONADO

Prof. Abraão Luz Silveira

A refrigeração industrial, a exemplo do condicionamento de ar, tem como objetivo o controle da


temperatura de algum produto, substância, ambiente ou meio. Os componentes básicos de ambos
os sistemas não diferem: compressores, trocadores de calor, ventiladores, bombas, tubos, dutos e
equipamentos de proteção e controle.

Não há dúvidas quanto ao predomínio dos sistemas de climatização sobre a refrigeração


industrial no que diz respeito ao número de unidades instaladas, volume de vendas e número de
engenheiros empregados. Entretanto, apesar da inferioridade comercial observada, a refrigeração
industrial envolve uma indústria atuante e tem reservado um papel fundamental na sociedade
moderna.

A refrigeração industrial apresenta características próprias que requerem tanto mão de obra mais
especializada quanto maiores investimentos em projetos, em relação ao ar condicionado. Além
disso, muitos problemas típicos de operação a baixas temperaturas, normais em instalações de
refrigeração industrial, não se observam a temperaturas características da climatização.

A refrigeração industrial poderia ser caracterizada pela faixa de temperatura de operação. No


limite inferior, a temperatura pode atingir a ordem de −60 °C a -70 oC, enquanto no limite
superior podem ser observadas temperaturas de 15 oC.

Outra forma de caracterizar a refrigeração industrial é através das aplicações, que abrangem
desde processos utilizados nas indústrias químicas, de alimentos e de processos, até aplicações
relacionadas à indústria manufatureira e laboratórios.

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9.1. Conceitos Importantes

Este item tem por objetivo apresentar algumas definições termodinâmicas importantes para a
refrigeração, bem como analisar algumas das propriedades das substâncias mais usadas nestes
sistemas. Esta apresentação, contudo, não se deterá em análises termodinâmicas rigorosas, ao
contrário, fará apenas uma apresentação superficial de tais definições e das propriedades
termodinâmicas e suas inter-relações, suficientes para o propósito deste estudo. Assim, tem-se:

• Temperatura de saturação: designa a temperatura na qual se dá a vaporização de uma


substância pura a uma dada pressão, a qual, por sua vez, é chamada “pressão de saturação” (para
a temperatura).

• Líquido Saturado: se uma substância encontra-se como líquido à temperatura e pressão de


saturação diz-se que ela está no estado de líquido saturado.

• Líquido Sub-resfriado: se a temperatura do líquido é menor que a temperatura de saturação para


a pressão existente, o líquido é chamado de líquido sub-resfriado ou líquido comprimido.

• Título (x): quando uma substância se encontra parte líquida e parte vapor, na temperatura de
saturação, a relação entre a massa de vapor e massa total é chamada de título. Assim, tem-se:

(9.1)

• Vapor Saturado: se uma substância se encontra completamente como vapor na temperatura de


saturação ela é chamada de “vapor saturado”.

• Vapor Superaquecido: quando o vapor está a uma temperatura maior que a temperatura de
saturação é chamada de “vapor superaquecido”.

A Figura 9.1 retrata a terminologia anteriormente definida para os diversos estados


termodinâmicos em que se pode encontrar uma substância pura.

Figura 9.1 - Representação dos estados de uma substância pura à pressão, P e temperatura

9.1.1. Principais Propriedades Termodinâmicas de uma Substância

As propriedades termodinâmicas mais comuns são: temperatura (T), pressão (P), volume
específico (v) e massa específica (ρ). Além destas propriedades termodinâmicas mais familiares,

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e que são mensuráveis diretamente, existem outras propriedades termodinâmicas fundamentais


para a análise de transferência de energia (calor e trabalho), não mensuráveis diretamente, que
são: energia interna (u), entalpia (h) e entropia (s), sendo as duas últimas de interesse para os
sistemas de refrigeração.

• Entalpia (h): na análise térmica de alguns processos específicos, frequentemente são


encontradas certas combinações de propriedades termodinâmicas.

Uma dessas combinações ocorre quando se tem um processo a pressão constante, resultando u +
Pv. Assim define-se uma nova propriedade termodinâmica, chamada “entalpia”, representada
pela letra h e dada matematicamente por:

h = u + P v (12.2)

• Entropia (s): representa, segundo alguns autores, uma medida da desordem molecular da
substância ou, segundo outros, a medida da probabilidade de ocorrência de um dado estado da
substância.

9.1.2. Tabelas e Diagramas de Propriedades Termodinâmicas dos Fluidos Frigoríficos

Uma maneira rápida de se determinar as propriedades termodinâmicas de uma substância é


através de tabelas de propriedades termodinâmicas. Elas estão disponíveis para todos os fluidos
refrigerantes existentes e são obtidas através de equações de estado. As tabelas de propriedades
termodinâmicas estão divididas em três categorias, uma que relaciona as propriedades do líquido
comprimido (ou sub-resfriado), outra que relaciona as propriedades de saturação (líquido
saturado e vapor saturado) e as de vapor superaquecido. Em todas as tabelas as propriedades são
apresentadas em função da temperatura ou pressão ou em função de ambas. Para a região de
líquido+vapor, conhecido o título, as propriedades devem ser determinadas através das equações:

h = hL + x(hv - h L) (9.3)

v = vL + x(vv - vL) (9.4)

s = sL + x(sv - sL) (9.5)

Nessas tabelas, para condições de saturação, basta conhecer apenas uma propriedade para obter
as demais. Para as condições de vapor superaquecido é necessário conhecer duas propriedades
para se obter as demais.

As propriedades termodinâmicas de uma substância também são frequentemente, apresentadas,


em diagramas que relacionam estas propriedades.

Os diagramas tendo como ordenada pressão absoluta (P) e como abscissa a entalpia específica
(h), chamados de diagramas de Mollier, são mais frequentes para os fluidos refrigerantes, visto
que estas coordenadas são mais adequadas para a representação do ciclo termodinâmico de
refrigeração por compressão de vapor. A Figura 9.2 mostra, de forma esquemática, as curvas
essenciais do diagrama pressão-entalpia. Diagramas completos, para a leitura dos dados a serem
utilizados nas análises térmicas de sistemas frigoríficos são dados em anexo.

No diagrama de Mollier podem-se destacar três regiões características, que são:

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a. A região à esquerda da linha de líquido saturado (x=0) chamada de região de líquido sub-
resfriado.

b. A região compreendida entre as linhas de líquido saturado (x=0), e vapor saturado (x=1),
chamada de região de vapor úmido ou região de líquido + vapor.

c. A região à direita da linha de vapor saturado (x=1), chamada de região de vapor


superaquecido.

Para determinar as propriedades termodinâmicas de um estado, nas condições saturadas (sobre as


linhas de vapor saturado e líquido saturado), basta conhecer uma propriedade e o estado estará
definido. Para as regiões de líquido sub-resfriado e vapor superaquecido é necessário conhecer
duas propriedades para definir um estado termodinâmico.

9.2. Refrigeração por Compressão de Vapor

9.2.1. Ciclo Teórico de Refrigeração por Compressão de Vapor

Um ciclo térmico real qualquer deveria ter para comparação o ciclo de CARNOT, por ser este o
ciclo de maior rendimento térmico possível. Entretanto, dado as peculiaridades do ciclo de
refrigeração por compressão de vapor, define-se outro ciclo, o qual é chamado de ciclo teórico,
cujos processos são mais próximos aos do ciclo real, facilitando a sua comparação. Este ciclo
teórico ideal é aquele que terá o maior rendimento operando nas mesmas condições do ciclo real.

Figura 9.2 - Esquema do diagrama P-h (Mollier) de um fluido refrigerante.

O ciclo teórico simples de refrigeração por compressão de vapor é mostrado na Figura 9.3,
construído sobre um diagrama de Mollier no plano P-h. A Figura 9.4 é o esquema básico com os
componentes principais de um sistema de refrigeração, os quais teoricamente são suficientes para
realizar o ciclo teórico mostrado na Figura 9.3. Os equipamentos esquematizados na Figura 9.4
representam, genericamente, qualquer dispositivo capaz de realizar o processo
específico indicado.

Os processos termodinâmicos que compõe o ciclo teórico, em seus respectivos equipamentos,


são:

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a. Processo [1]→[2], que ocorre no compressor. É adiabático reversível e, portanto, isentrópico,


como mostra a Figura 9.3. O refrigerante entra no compressor à pressão do evaporador, P0, e
com título, x =1. O refrigerante é então comprimido até atingir a pressão de condensação, e
neste estado está superaquecido com temperatura T2, que é maior que a temperatura de
condensação TC.

b. Processo [2]→[3], que ocorre no condensador. É um processo de rejeição de calor do


refrigerante para o meio de resfriamento a pressão constante. Neste processo o fluido é resfriado
da temperatura T2 até a temperatura de condensação TC e em seguida condensado até se tornar
Embora o COP do ciclo real seja sempre menor que o do ciclo teórico, pode-se, com o ciclo
teórico, verificar quais parâmetros influenciam no rendimento do sistema, assim como o grau de
influência de cada um destes parâmetros. O COP é dado pela equação abaixo:

(9.11)

Pode-se inferir da equação 9.11 que, para ciclo teórico, o COP é função somente das
propriedades do refrigerante, consequentemente, das temperaturas de condensação e
vaporização. Para o ciclo real, entretanto, o desempenho dependerá muito das propriedades na
sucção do compressor, do próprio compressor e dos demais equipamentos do sistema.

Outra forma de indicar a eficiência de uma máquina frigorífica é a Razão de Eficiência


Energética (EER), do inglês “Energy Efficiency Rate”. O EER é expresso em Btu/W.h,
representando a relação entre a capacidade frigorífica e a quantidade de trabalho consumido,
sendo dado por:

(9.9)

Uma forma bastante usual de indicar a eficiência de um equipamento frigorífico é relacionar o


seu consumo, em kW, com a capacidade frigorífica, em TR, o que resulta em:

(9.13)

9.2.4. Parâmetros que Influenciam o COP do Ciclo de Refrigeração

Vários parâmetros influenciam no rendimento do ciclo de refrigeração.


A seguir será analisada a influências de cada parâmetro separadamente.
Para ilustrar o efeito que a temperatura de vaporização tem sobre o rendimento do ciclo será
considerado um conjunto de ciclos onde somente a temperatura de vaporização, To, é alterada,
sendo que os demais parâmetros permanecem constantes. Estes ciclos são mostrados na Figura
9.10. Nesta análise utilizou-se o refrigerante R-22, típico de sistemas de ar condicionado, porém
resultados semelhantes seriam obtidos para outros fluidos frigoríficos. De forma geral, para cada
1,0 ºC de aumento na temperatura de evaporação reduz-se o consumo de energia de 2,0 a 4,0 %
(ETSU, 2000).

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Figura 9.10 - Influência da Temperatura de vaporização, TO, no COP do ciclo.

Como no caso da temperatura de vaporização, a influência da temperatura de condensação é


mostrada em um conjunto de ciclos onde apenas se altera a temperatura de condensação, Tc. Esta
análise está mostrada na Figura 9.11

Observe que, para a mesma variação de temperatura de 15 oC, na condensação, em relação à


temperatura de vaporização, To, a variação no rendimento do ciclo é menor para a temperatura
de condensação. De forma genérica para cada 1,0 ºC de redução na temperatura de condensação
reduz-se o consumo de energia do sistema frigorífico de 1,5 a 3,0% (ETSU, 2000).

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Figura 9.11 - Influência da temperatura de condensação, TC, no COP do ciclo de refrigeração.

Aa Figura 9.12 mostra a influência do sub-resfriamento do líquido, antes de entrar no dispositivo


de expansão, no desempenho do ciclo. Embora haja um aumento no COP do ciclo, o que é ótimo
para o sistema, na prática projetasse o sistema com sub-resfriamento para garantir somente a
entrada de líquido no dispositivo de expansão, mantendo desta forma a capacidade frigorífica do
sistema, e não com o objetivo de se obter ganho de desempenho.

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Figura 9.12 - Influência do sub-resfriamento, ΔTsr, no COP do ciclo de refrigeração.

Quando o superaquecimento do refrigerante ocorre retirando calor do meio que se quer resfriar,
chama-se a este superaquecimento de “superaquecimento útil”. Na figura 9.13 é mostrada a
influência desse superaquecimento no desempenho do ciclo de refrigeração. Como pode ser
observado no último “slide” desta figura, a variação do COP com o superaquecimento depende
do refrigerante. Nos casos mostrados, para o R-717 o COP sempre diminui, para R134a o COP
sempre aumenta e para o R22, o caso mais complexo, há um aumento inicial e depois uma
diminuição. Para outras condições do ciclo, isto é, TO e TC, poderá ocorrer comportamento
diferente do mostrado aqui. Mesmo para os casos em que o superaquecimento melhora o COP,
ele diminui a capacidade frigorífica do sistema de refrigeração. Assim, só se justifica o
superaquecimento do fluido, por motivos de segurança, para evitar a entrada de líquido no
compressor.

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Figura 9.13 - Influência do superaquecimento, ΔTsa, no COP do ciclo de refrigeração.

9.3. Refrigeração Por Absorção de Vapor

9.3.1. Introdução

Nos ciclos de refrigeração por compressão de vapor a remoção do vapor de fluido refrigerante do
evaporador é realizada conectando-se o evaporador ao lado da sucção de um compressor. Um
resultado semelhante pode ser obtido conectando-se o evaporador a outro vaso, denominado de
“absorvedor”, que contenha uma substância capaz de absorver o vapor. Assim, se o refrigerante
fosse água, um material higroscópico, como o brometo de lítio, poderia ser usado no absorvedor.
À substância utilizada para absorção do vapor de fluido refrigerante dá-se o nome de “substância
portadora”.

Para se obter ciclos fechados, tanto para o refrigerante como para o portador, o estágio seguinte
do processo deve ser a liberação do refrigerante absorvido numa pressão que permita a sua
subsequente condensação, num condensador refrigerado a água ou ar. Esta separação é realizada
no “gerador”, onde calor é fornecido à mistura portador- refrigerante, e o refrigerante é liberado
como vapor.

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O absorvedor e o gerador juntos substituem o compressor no ciclo de compressão de vapor. Com


relação ao refrigerante, o resto do ciclo de absorção é semelhante ao ciclo de compressão, isto é,
o vapor se liquefaz no condensador e é trazido para o evaporador através de expansão. O
portador, ao sair do gerador, naturalmente, retorna ao absorvedor para outro ciclo. Num sistema
de refrigeração por absorção, requer-se água para resfriamento tanto do condensador
como do absorvedor.

A principal vantagem do ciclo de absorção em relação a outros sistemas de refrigeração é o fato


deste poder operar com energia de baixa qualidade termodinâmica em forma de calor (vapor de
exaustão, água quente a pressão elevada).

Teoricamente, é necessária apenas uma bomba para transportar a mistura portador-refrigerante


do absorvedor, a baixa pressão, para o gerador, a alta pressão. Na prática, duas bombas
adicionais são muitas vezes usadas, uma para recircular a solução sobre serpentinas de
resfriamento no absorvedor e outra para recircular o refrigerante sobre a serpentina de água
gelada no evaporador.

9.3.2. Ciclo de Absorção

A Figura 9.14 mostra um sistema de absorção, no qual o compressor do sistema de compressão


de vapor (linhas tracejadas) foi substituído por um absorvedor, uma bomba e um gerador de
vapor, enquanto o restante do ciclo é o mesmo, em comparação com o sistema de compressão de
vapor.

Atualmente, os dois ciclos de refrigeração por absorção mais utilizados são aqueles baseados nos
pares (misturas binárias) água e brometo de lítio (H2OLiBr) e amônia e água (NH3-H2O). No
ciclo com brometo de lítio a água é o refrigerante e o brometo de lítio o absorvente, já no ciclo
amônia e água, uma solução de água e amônia age como refrigerante, enquanto a água age como
absorvente.

Em termos do ciclo mostrado na Figura 9.14, a solução de amônia no gerador de vapor é


aquecida até se criar vapor de amônia. O vapor de amônia liberado do gerador prossegue ao
longo da parte indicada rumo ao condensador e assim passa através da parte convencional do
ciclo. Após deixar o evaporador, a amônia entra no absorvedor. A solução diluída, originada no
gerador, absorve a amônia no absorvedor, resultando uma solução concentrada, que é bombeada
para o gerador. Neste ciclo, o trabalho da bomba para a circulação do fluido é muito pequeno
para um dado efeito de refrigeração.

O maior inconveniente das máquinas de absorção é o seu consumo de energia (calor e trabalho
nas bombas), muito mais elevado que o das máquinas de compressão mecânica. As máquinas de
absorção mais evoluídas consomem uma quantidade de energia superior a sua produção
frigorífica.

Por outro lado, estas máquinas têm a vantagem de utilizar a energia térmica em lugar de energia
elétrica, que é mais cara e mais nobre. Além disto, elas se adaptam bem as variações de carga
(até cerca de 10% da carga máxima) apresentando um rendimento crescente com a redução da
mesma.

Elas permitem por esta razão, uma melhor utilização das instalações de produção de calor,
ociosas. É o caso, por exemplo, das instalações de aquecimento destinadas ao conforto humano
durante o inverno, as quais podem fornecer energia térmica a preço acessível durante o verão.

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Figura 9.14 - Ciclo elementar de refrigeração por absorção.

As máquinas de absorção permitem também a recuperação do calor que seria perdido num
processo, por exemplo, em turbinas a vapor, turbinas a gás, etc. Além das vantagens apontadas,
as instalações de absorção se caracterizam pela sua simplicidade e por não apresentarem partes
internas móveis, o que lhes garante um funcionamento silencioso e sem vibração.

Por todas essas razões as máquinas de absorção atualmente estão cada vez mais difundidas,
sendo construídas desde pequenas unidades empregadas em refrigeradores domésticos, até
grandes unidades de ar condicionado com capacidades de 1000 TR. Maiores detalhes sobre
ciclos de absorção podem ser vistos em (Harold et al, 1996).

9.4. Bombas de Calor

A bomba de calor utiliza os mesmos equipamentos de um sistema de refrigeração, porém tem


por objetivo fornecer calor ao reservatório de alta temperatura.

Assim, embora o equipamento seja o mesmo, os objetivos são diferentes, com o ciclo frigorífico
visando a retirada de calor e a bomba o fornecimento de calor. Em outras palavras, a bomba
térmica é uma máquina que extrai energia de uma fonte a baixa temperatura e torna essa energia
disponível a uma temperatura mais alta (ver Figura 9.15).

Um exemplo de operação de uma bomba de calor seria retirar calor a baixa temperatura do ar
externo, da terra ou da água de um poço e cedê-lo a alta temperatura para um edifício ou para
aquecimento de uma piscina.

A relação entre a energia térmica utilizável, QU, e a energia total consumida para operar a
bomba térmica, W, define a sua eficiência. Esta relação é conhecida por diversos nomes, tais
como: coeficiente de performance (cop ), coeficiente de aquecimento, relação de performance. É
conveniente, neste momento, empregar um subscrito para diferenciar o coeficiente de
performance das bombas de calor do coeficiente de performance dos sistemas de refrigeração
dado pela equação 9.11. Por exemplo, pode-se ter COPh para as bombas de calor, e COPc para
os sistemas de refrigeração. Seja a equação abaixo:

(9.14)

As bombas térmicas são realmente eficientes em termos energéticos, mas, a sua utilização não é
ampla. A principal razão é o custo de investimento relativamente alto, comparado com
alternativas já estabelecidas (caldeiras, aquecedores, etc.). Para cada aplicação em particular, a
bomba térmica deverá ser avaliada comparando-a com os outros sistemas para determinar se ela

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oferece vantagem econômica. Essa avaliação deverá considerar as diferentes eficiências dos
sistemas alternativos e, considerando ainda os custos totais, incluindo o custo do capital e de
manutenção e operação.

MR - máquina de refrigeração QU - calor utilizável


BC - bomba de calor W - trabalho
QR - calor rejeitado Q0 - calor extraído da fonte de calor

Figura 9.15 - Esquema da máquina de refrigeração e da bomba de calor.

Dada à rápida mudança dos fatores econômicos relacionados com o fornecimento e custo da
energia, o campo de aplicação viável das bombas de calor está sendo reconsiderado, e ao mesmo
tempo, a cada aumento de custo dos combustíveis, o campo de aplicação torna-se maior.
Por meio da bomba térmica e do emprego de somente uma fração de energia de alto grau pode-se
dispor de toda a energia necessária, inclusive reciclando-a. O fornecimento 10 kW de calor para
obtenção de água quente a 60 oC, pode ser obtido consumindo o equivalente a 13,5 kW com 1,3
kg de óleo combustível.

Porém também pode ser obtido o mesmo resultado queimando 0,5 kg de óleo num motor de
combustão interna e tomando o calor restante necessário de baixo grau, por exemplo, do ar a 20
oC, obtendo-se água a 60 oC.

Estudos mais recentes têm demonstrado que a utilização de bombas térmicas para aquecer água
pode ser econômica em contraposição à utilização de aquecimento elétrico para resistências.
Uma residência típica consome entre 3000 e 5000 kWh ano para esses fins. No Brasil, o
problema pode ser analisado da seguinte forma: a maioria dos aquecedores residenciais e
comerciais de água é do tipo elétrico, com potência da ordem de 1,5 até 6,0 kW, e capacidades
de 50 a 250 litros. Segundo estudos realizados, quase 5% da energia elétrica é utilizada pelo
consumidor doméstico e desta, 80% é utilizada para aquecimento de água. Se for considerada a
utilização de uma bomba térmica, com COP de 3,5, para redução de consumo de energia elétrica,
ter-se-á uma economia de 3,5%.

9.5. Ar Condicionado

O condicionamento de ar é um processo que visa o controle simultâneo, num ambiente


delimitado, da pureza, umidade, temperatura, e movimentação do ar. Eles são indispensáveis em:

• Ambientes de trabalho, visando aumentar o conforto do operário e produtividade.


• Ambientes onde se exige segurança, onde se manipulam produtos inflamáveis ou tóxicos.
• Processos de manufatura que exigem controle de umidade, temperatura e pureza do ar, como a
fabricação de produtos farmacêuticos e alimentícios, gráficas, indústrias têxteis, etc.
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• Ambientes onde se processam materiais higroscópicos.


• Locais onde é necessário eliminar a eletricidade estática para prevenir incêndios ou explosões.
• Operações de usinagem com tolerância mínima.
• Laboratórios de controle e teste de materiais.

Os diferentes tipos de instalações de ar condicionado adotados na prática podem ser classificados


segundo o fluido, ou fluidos, que se emprega para a remoção de calor do ambiente climatizado.
Assim, tem-se: Instalações apenas ar; instalações ar-água; instalações apenas água; e instalações
de expansão direta.

A seguir tem-se uma breve descrição de alguns desses sistemas.

9.5.1. Instalações Apenas Ar

Estas instalações se caracterizam por baixo custo inicial, manutenção centralizada e, portanto,
econômica, apresentando a possibilidade de funcionar com ar exterior durante as estações
intermediárias.
A regulagem da temperatura ambiente (resfriamento) pode ser efetuada por meio de um
termostato ambiente, ou também, no ar de recirculação. O termostato pode atuar sobre o fluido
que chega à serpentina de resfriamento, sobre um "by-pass" da serpentina de resfriamento, ou
sobre uma serpentina de aquecimento. Em qualquer caso a vazão de ar permanece constante.

Instalação com regulagem da serpentina de resfriamento

A Figura 9.16 mostra um esquema deste tipo de instalação. Ao diminuir a temperatura do ar de


recirculação, ou a temperatura ambiente, o termostato T, de duas posições, provoca o fechamento
da válvula solenóide S. O compressor continua funcionando até que pára por ação do pressostato
de baixa. Quando a temperatura aumenta, o termostato T abre a válvula solenóide S e põe o
compressor em funcionamento.
Como variante desse sistema, o termostato pode fechar a válvula solenóide e parar o compressor.
A umidade relativa ambiente tende a aumentar durante os períodos em que o compressor está
parado, já que o ar externo (renovação) é introduzido no ambiente sem que seja desumidificado.

Instalação com regulação do by-pass da serpentina de resfriamento

Neste tipo de instalação (Figura 9.17) ao diminuir a temperatura do ar de recirculação (ou


ambiente), o termostato T faz diminuir a vazão de ar que travessa a serpentina e aumenta a vazão
pelo "by-pass", controlando um servomotor M que posiciona os registros (dampers) do "by-
pass". O compressor pára, geralmente, acionado pelo pressostato de baixa pressão.

Um interruptor auxiliar de fim de curso I, acionado pelo servomotor M, fecha a válvula


solenóide S, situada na alimentação da serpentina de expansão direta, quando o damper da
serpentina se aproxima da posição completamente fechada.

Este tipo de regulagem descrita apresenta substancial vantagem à anteriormente citada, já que a
temperatura ambiente é muito mais constante e, o controle da umidade relativa é melhor, posto
que, ao diminuir a carga sobre a serpentina de refrigeração diminuem a temperatura de
evaporação do refrigerante e, portanto, a umidade do ar de saída da serpentina.

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Instalação com regulagem da serpentina de aquecimento (ou reaquecimento)

Nesta instalação (Figura 9.18) ao aumentar a temperatura do ar de recirculação o termostato T


abre a válvula solenóide S e o compressor entra em funcionamento. Ao diminuir a temperatura
do ar de recirculação o termostato T fecha a válvula solenóide S e abre, progressivamente, a
válvula V, colocada na serpentina de aquecimento. Ao aumentar a umidade relativa do ar de
recirculação o humidistato H abre a válvula solenóide S e o grupo frigorífico entra em
funcionamento resfriando e desumidificando o ar. O termostato T regula o reaquecimento de
maneira que a temperatura no ambiente seja a requerida.

A instalação descrita permite manter no ambiente a temperatura de projeto e uma umidade


relativa igual ou inferior a de projeto.

Instalação com vazão constante e temperatura variável

Este tipo de instalação representa uma ampliação da descrita anteriormente, poia a totalidade do
ar é resfriado centralmente, até uma temperatura que seja capaz de satisfazer as exigências da
zona cuja carga térmica seja máxima. Para cada zona, a regulagem da temperatura se realiza
independentemente, aquecendo o ar até se alcançar a temperatura requerida para atender a sua
carga.

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Figura 9.18 - Instalação com expansão direta com reaquecimento.

Instalação com temperatura constante e vazão variável

Neste tipo de instalação, ao diminuir a temperatura da zona, o termostato ambiente reduz a vazão
do ar introduzido na mesma atuando sobre um servomotor acoplado a um damper de regulagem.

Um regulador de pressão estática comanda outro damper motorizado, situada na sucção do


ventilador, de forma a manter uma diferença de pressão constante entre a descarga do ventilador
e o ambiente de referência. Este controle impede que, ao fechar a comporta de alguma das zonas,
a vazão do ar que chega às demais aumente sensivelmente, devido ao incremento da pressão
estática.

Outra outra solução para o controle da pressão estática na descarga do ventilador é a adoção de
inversores de frequência para variação da rotação do compressor.

Instalação com variação de temperatura e vazão

Para este tipo de instalação, ao diminuir a temperatura dos espaços condicionados, os termostatos
fecham progressivamente os dampers motorizados correspondentes, reduzindo a vazão de ar
introduzido até um valor mínimo preestabelecido.

Um posterior decréscimo da temperatura ambiente faz com que o termostato abra gradualmente a
válvula instalada na tubulação de alimentação da serpentina de aquecimento. Este sistema pode
ser visto na figura 9.19.

Figura 9.19 - Instalação com variação de vazão e temperatura

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9.5.2. Instalações Ar-Água

Neste tipo de instalação, as condições dos ambientes condicionados são reguladas mediante
condicionadores de ar do tipo "fan-coil". Os fan-coils são condicionadores de ar constituídos
essencialmente de um ventilador centrífugo, filtros, uma serpentina e uma bandeja de
condensado. Os condicionadores de indução, por sua vez, são dotados de um bocal, para a
indução de ar do ambiente condicionado, o qual, juntamente com o ar primário, atravessa as
serpentinas.

As serpentinas dos condicionadores, de acordo com o tipo e funcionamento da instalação, podem


ser alimentadas com água quente ou com água fria.

Instalações ar-água a dois tubos

Neste tipo de instalação o ar primário, tratado em uma unidade central, é enviado até as unidades
instaladas nos diferentes ambientes, onde se mistura com o ar de recirculação. As serpentinas
locais são alimentadas por água fria ou quente, dependendo da estação. Contudo, quando água
fria está circulando, somente água fria está disponível. O mesmo ocorre quando água quente está
circulando.

Este tipo de instalação apresenta a vantagem, que caracteriza todas as instalações com ar
primário, de separar o controle da temperatura ambiente, mediante a variação da vazão de água
quente ou fria, do controle do ar de ventilação e da umidade relativa, a qual é regulada
centralmente no climatizador de ar primário. O ar exterior, tratado somente no condicionador
central, evita que exista transferência de ar de um local para outro.

Instalações ar-água a três tubos

Neste tipo de instalação cada serpentina local é alimentada por dois tubos. Um de água fria e
outro de água quente. Estes tubos estão conectados à serpentina mediante uma válvula especial
não misturadora de três vias, que modula, em sequência, a vazão de água fria e quente, em
função das necessidades impostas pelo ambiente. Um tubo de retorno único conduz a água que
sai da serpentina até a central térmica (caldeira) ou até a central frigorífica, de acordo com a
temperatura do fluxo.

Quando o termostato ambiente não acusa nem frio nem calor a válvula se situa em posição
neutra e não existe nenhum fluido passando através da mesma. Como consequência, devem ser
adotadas medidas para não prejudicar as bombas de circulação, como, por exemplo, o controle
de sua rotação.

Instalações ar-água a quatro tubos

A diferença principal entre as instalações a três e a quatro tubos é que no caso destas últimas a
água fria e a água quente não se misturam na saída das serpentinas, ou seja, no tubo de retorno.
Elas retornam em tubos separados, sendo enviadas uma para a central frigorífica e outra para a
central térmica (caldeira).

Desta maneira evita-se a perda de energia térmica que se produz nas


instalações a três tubos, para algumas condições de operação, devido à mistura da água quente
com a água fria.

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9.5.3. Instalações Apenas Água

Instalação com "fan-coils" a dois tubos

Este tipo de instalação representa certamente a versão mais econômica e mais difundida das
instalações com condicionadores do tipo "fan-coil". Os equipamentos são alimentados por água
fria durante a época de verão e por água quente durante o inverno. A comutação verão/inverno é
efetuada a cargo da instalação e pode ser realizada manual ou automaticamente, desde a central
frigorífica.

É importante ressaltar que, neste tipo de instalação, o condicionador é, geralmente, dotado de


uma tomada de ar exterior, normalmente com regulagem manual, que permite misturar o ar de
recirculação com o de ar exterior de renovação, de forma a satisfazer as exigências do ambiente.

De acordo com o exposto, este tipo de instalação pode ser satisfatório apenas quando todos os
locais servidos necessitem somente frio ou calor, sendo inadequado quando alguns ambientes
possuam uma carga térmica positiva e outros uma carga térmica negativa.

Este tipo de instalação está caracterizado por certa deficiência no controle da umidade relativa
ambiente, da vazão de ar exterior, e da temperatura ambiente nas estações intermediárias,
durante as quais se apresentam cargas sensíveis positivas em alguns ambientes e negativas em
outros.

Instalações com "Fan-Coils" a três tubos

Este tipo de instalação supera as limitações próprias da instalação com "fan-coils" a dois tubos,
podendo, ao mesmo tempo, aquecer alguns locais e resfriar outros. Com a adoção do sistema de
três tubos estas limitações são superadas totalmente, já que cada "fan-coil" pode tomar, segundo
as necessidades detectadas pelo termostato ambiente, água fria ou água quente. A válvula não
misturadora de três vias evita que possa passar simultaneamente os dois fluidos por um mesmo
condicionador.Neste tipo de instalação a desumidificação se dá nos "fan-coils", sendo a água
entregue a temperatura de 7 °C.

Instalações de "Fan-Coils" a quatro tubos

A instalação é, no que a sua funcionalidade, idêntica a de três tubos com a exceção de que o
circuito com quatro tubos permite evitar as perdas pela mistura entre água quente e água fria no
retorno. Este tipo de instalação possui menor custo de operação que a anterior, porém, seu custo
inicial é maior.

Instalações de expansão direta

O sistema de climatização mais elementar é, sem dúvida alguma, o condicionador de ar de


janela. Estes aparelhos são dotados de compressor, condensador resfriado a ar, dispositivo de
expansão, serpentina de resfriamento e desumidificação, do tipo expansão direta, filtros e
ventiladores para circulação do ar condicionado e para resfriamento do condensador.
Normalmente o aquecimento é feito por meio de uma bateria de resistências elétricas, muito
embora possam existir aparelhos de janela que operam como bomba de calor, através da inversão
do ciclo frigorífico. São normalmente encontrados com capacidades variando entre 7500 a 30000
Btu/h.

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Estes equipamentos são compactos e não requerem instalação especial, são de fácil manutenção,
não ocupam espaço interno (útil) e são relativamente baratos. No entanto possuem as seguintes
desvantagens: pequena capacidade, maior nível de ruído, são menos eficientes, promovem a
distribuição de ar a partir de ponto único e provocam alterações na fachada da edificação.

Os Splits são equipamentos que, pela capacidade e características, aparecem logo após os
condicionadores de janela. Estes aparelhos são constituídos de duas unidades (evaporadora e
condensadora), que devem ser interligadas por tubulações, através das quais circulará o fluido
refrigerante. São produzidos com capacidades que variam de 7.500 a 60.000 Btu/h.

Estes equipamentos são compactos e de fácil manutenção, tem grande versatilidade, podem
promover a distribuição do ar através de dutos e também podem operar como bomba de calor
(ciclo reverso). No entanto ainda possuem capacidade limitada, sua instalação requer
procedimentos de vácuo e carga em campo, não operam com renovação de ar (exceto alguns
equipamentos mais modernos) e possuem custo inicial superior aos condicionadores de ar de
janela.

Quando se trata de maiores capacidades, há que se falar nos Self Contained (condicionadores
autônomos), os quais são condicionadores de ar compactos ou divididos que encerram em seus
gabinetes todos os componentes necessários para efetuar o tratamento do ar, tais como:
filtragem, resfriamento e desumidificação, umidificação, aquecimento e movimentação do ar.

Nestes equipamentos também se pode conectar uma rede de dutos de distribuição de ar a baixa
velocidade. Podem ser encontrados com capacidades variando entre 5 e 30 TR. São
equipamentos simples, de fácil instalação, com baixo custo específico (R$/TR), a sua fabricação
seriada leva a aprimoramentos técnicos constantes e resultam em grande versatilidade para
projetos (zoneamentos, variações de demanda), etc. Como desvantagens destes equipamentos
pode-se citar o fato de não serem produzidos para operar como bomba de calor, capacidade
limitada, e o fato dos equipamentos divididos requerem procedimentos habituais de vácuo e
carga de gás em campo.

9.6. Fluidos Refrigerantes

As unidades de refrigeração são utilizadas numa faixa de temperaturas consideravelmente ampla,


abrangendo processos que vão do condicionamento de ar ao de refrigeração de baixíssima
temperatura. O fluido refrigerante adequado para uma unidade de refrigeração é selecionado
entre muitos fluidos, de acordo com diversos fatores, entre os quais se pode citar a temperatura e
a pressão de vaporização, a temperatura e a pressão de condensação, etc. As características
desejáveis de um fluido refrigerante são listadas abaixo:

• Pressão de vaporização não muito baixa. É desejável que o fluido refrigerante apresente uma
pressão de vaporização não muito baixa, para uma dada temperatura de vaporização, o que evita
a operação com vácuo elevado no evaporador e, também, uma baixa da eficiência volumétrica
do compressor, devido à grande relação de pressão.
• Pressão de condensação não muito elevada. Para uma dada temperatura de condensação, que é
função da temperatura da água ou do ar de resfriamento, quanto menor for a pressão de
condensação do fluido refrigerante, menor será a relação de pressão e, portanto, melhor o
desempenho do compressor. Além disso, se a pressão, no lado de alta do ciclo de refrigeração é
relativamente baixa, contribui-se para a segurança operacional da instalação.
• Calor latente de vaporização elevado. Se o fluido refrigerante tiver um grande calor latente de
vaporização, será necessária menos vazão de refrigerante para uma dada capacidade de
refrigeração.

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• Volume específico (especialmente da fase vapor) reduzido. Se o fluido refrigerante apresenta


um grande valor do calor latente de vaporização e um pequeno volume específico, na fase vapor,
a vazão volumétrica do compressor será pequena e o tamanho da unidade de refrigeração torna-
se a menor, para uma dada capacidade de refrigeração.
• Coeficiente de performance elevado. O fluido refrigerante utilizado deve gerar um coeficiente
de performance elevado porque o custo de operação está essencialmente relacionado a este
coeficiente.
• Condutibilidade térmica elevada
• Baixa viscosidade na fase líquida e gasosa
• Grande resistência elétrica e característica de não-corrosão dos materiais isolantes elétricos.
• Devem ser estáveis e inertes, ou seja, não devem reagir com os materiais da instalação.
• Não deve ser poluente. O exemplo mais recente é o dos CFCs, que por possuírem cloro em sua
composição, destroem a camada de ozônio da terra.
• Não devem ser tóxicos ou excessivamente estimulantes.
• Não devem ser inflamáveis ou explosivos.
• Devem ser de detecção fácil quando houver vazamentos.
• Devem ser de preços moderados e facilmente disponíveis.

9.6.1. Umidade nos Fluidos Refrigerantes

Quando a umidade se infiltra para o interior de um sistema de refrigeração, ela pode reagir com o
fluido refrigerante e causar vários problemas na operação da unidade de refrigeração. Estes
problemas diferem conforme o tipo do fluido refrigerante, a quantidade de umidade infiltrada, a
presença ou não de ar e sujeira, etc. Os problemas podem ser divididos em duas categorias:

a - “Congelamento” da válvula de expansão e outros.


b – Oxidação do sistema de refrigeração e deterioração do óleo lubrificante.

A amônia forma facilmente uma solução com a água e, desta forma, a umidade circula através do
sistema como uma solução água-amônia. Portanto, no caso da amônia, são raros os problemas
decorrentes do congelamento da água na instalação. Os hidrocarbonetos halogenados (CFCs),
por outro lado, praticamente não formam uma solução com a água.

9.6.2. Propriedades Elétricas dos Fluidos Refrigerantes

A ampla utilização das unidades de condicionamento de ar, de unidades de resfriamento de água,


etc., deve-se muito à adoção dos compressores herméticos.

Por sua vez, o desenvolvimento dos compressores herméticos deve-se às excelentes propriedades
elétricas dos novos fluidos refrigerantes, que não atacam o isolante do enrolamento do motor, o
qual, para este tipo de compressor, está em contato direto com o fluido refrigerante.

9.6.3. Inflamabilidade e Toxicidade dos Fluidos Refrigerantes

Geralmente, o vazamento de fluido refrigerante de um sistema de refrigeração é relativamente


pequeno, excetuando-se os casos de acidentes. Entretanto, é muito importante conhecer a
característica de toxicidade e de inflamabilidade dos fluidos refrigerantes, porque é necessário
encher ou drenar uma instalação de refrigeração numa inspeção ou numa operação de
manutenção.

A amônia apresenta um forte odor característico e uma grande toxicidade, portanto, deve-se
manuseá-la com muito cuidado. Em caso de acidente, a sala de máquinas deve ser bem ventilada

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e as pessoas devem utilizar máscaras contra gases. No entanto, em qualquer caso, as normas de
segurança vigentes devem ser consultadas e obedecidas.

9.6.4. Óleo Lubrificante da Unidade de Refrigeração

O óleo lubrificante de uma máquina de refrigeração dotada de compressor alternativo é utilizado


somente para lubrificar as superfícies deslizantes do compressor. Parte do óleo lubrificante
circula, misturado ao fluido refrigerante, através do circuito frigorífico (condensador,
evaporador, etc.), devido ao fenômeno mencionado anteriormente. Por esta razão, o óleo
utilizado numa unidade de refrigeração deve apresentar propriedades adequadas para a
lubrificação, bem como características que não originem problemas quando penetrar no sistema
de refrigeração.

Por outro lado, o óleo de uma unidade de refrigeração deve apresentar resistência às altas
temperaturas originadas no processo de compressão do vapor de refrigerante.

9.6.5. O Fim da Utilização dos CFCs e HCFCs

Os CFCs foram sintetizados em 1890 e industrializados em 1928, quando se iniciou seu emprego
como fluido refrigerante. Na década de 50, passaram a ser utilizados em larga escala como
propelentes aerossóis, agentes expansores de espuma, e como fluidos refrigerantes.

Os CFCs reúnem, várias propriedades desejáveis: não são inflamáveis, explosivos ou corrosivos,
são extremamente estáveis e muito pouco tóxicos. No entanto, em 1974, foram detectados, pela
primeira vez, os problemas dos CFCs, tendo sido demonstrado que eles poderiam migrar para a
estratosfera e destruir moléculas de ozônio.

A decisão de reduzir o uso dos CFCs veio em 1987, com a assinatura do Protocolo de Montreal
por quarenta e seis países. Em 1989, foi aprovada pelo Congresso Nacional a adesão do país às
regras. A Resolução CONAMA 267 de Set/2000, passou a ditar os prazos para substituição dos
CFCs, estabelecendo datas e limites para importações destas substâncias. Em 2007, foi proibida
a produção/importação do R12, exceto para a produção de medicamentos.

Outra classe de fluidos refrigerantes, que agride a camada de ozônio, porém em menor escala, é a
dos HCFCs (hidroclorofluorcarbono), sendo o foco atual da indústria a eliminação do uso destas
substâncias. A Tabela 9.1 mostra, de forma resumida, a proposta de antecipação de metas de
redução do uso de HCFCs. A Tabela 9.2 apresenta alguns gases alternativos para substituição
dos CFCs e HCFCs, bem como suas aplicações e temperaturas típicas de operação.

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9.7. Termoacumulação

O ar condicionado, nos dias de verão, é o maior responsável individual pela ocorrência de pontas
de demanda de energia elétrica em instalações comerciais. No período da tarde, quando o ar
condicionado é mais necessário, para manter temperaturas confortáveis, este aumento da
demanda de energia soma-se a àquela já causada pela iluminação, equipamentos, computadores e
outros usuários. Isto exige que as concessionárias públicas coloquem em serviço fontes de
geração adicionais, mais dispendiosas, para atender tal aumento da demanda.

Os consumidores comerciais, cujas elevadas cargas de climatização contribuem para essa


necessidade de geração suplementar, acabam tendo um custo adicional, baseado na sua mais alta
demanda de eletricidade das horas de ponta. Além disso, a energia elétrica consumida, durante o
horário de ponta, tem uma tarifa diferenciada (R$ / kWh), isto é, superior a do período fora de
ponta. A armazenagem de frio, ou termoacumulação, é um método para deslocamento dos
horários de ponta de carga, ou ainda, para nivelamento da carga, que reduz a demanda,
transferindo o consumo de energia do horário de ponta para um horário fora de ponta.
Consequentemente, reduz os custos de energia. O “frio” é armazenado através da produção de
gelo, ou através do resfriamento de água.

Isto ocorre durante a noite, fora dos horários de ponta, quando a demanda de energia é mínima.

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O frio armazenado auxilia no resfriamento, nos horários de ponta de carga do ar condicionado no


dia seguinte. Armazenar frio durante a noite e usálo durante o dia, não é uma idéia nova, nem tão
pouco experimental. Durante muitos anos este conceito tem sido usado no condicionamento de
ar em instalações com demanda de pico de curta duração, como igrejas e teatros. Agora há
interesse renovado no uso mais de sistemas de armazenagem de frio, tanto por parte dos usuários
como também por parte das empresas geradoras de eletricidade, responsáveis pela oferta de
energia elétrica. Isto ocorre porque a termoacumulação pode se constituir numa maneira segura e
econômica de reduzir os custos operacionais e de investimentos em novas usinas de geração de
energia.

A termoacumulação não só pode reduzir, até pela metade, os custos operacionais, como também
pode reduzir substancialmente os desembolsos de capital, quando os sistemas são
adequadamente projetados para novos edifícios comerciais e industriais. Projetistas podem
especificar equipamentos (chillers) de capacidade média, operando 24 horas por dia, ao invés de
máquinas com capacidade integral para atender aos picos, operando somente 10 ou 12 horas por
dia. Quando aplicados em reforma ou reequipamento de instalações existentes, um sistema de
termoacumulação pode, freqüentemente, suprir as cargas térmicas adicionais sem aumento da
capacidade do chiller existente.

Em projetos convencionais de sistemas de ar condicionado, as cargas térmicas de refrigeração


são medidas em termos de “Toneladas de Refrigeração” ou “TR”. Sistemas de
Termoacumulação, entretanto, têm suas capacidades indicadas em “Toneladas Hora” ou “TR-
HORA”. A Figura 9.20 representa a carga teórica de refrigeração de 100 TR mantida durante 10
horas, ou uma carga de refrigeração de 1000 TR-HORA. Cada quadrado no diagrama representa
10 TR-HORA.

Na prática, nenhum sistema de ar condicionado de edifícios comerciais opera com 100% de


capacidade durante um ciclo diário. A carga de ar condicionado atinge o seu pico durante o
período da tarde - geralmente entre 14:00 e 16:00h - quando as temperaturas ambientes são mais
altas. A Figura 9.21 representa o perfil típico da carga de ar condicionado de um edifício
comercial durante o dia.

Figura 9.20 – Carga de refrigeração de 100TR mantida por 10 horas.

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Figura 9.21 - Perfil típico da carga de ar condicionado de um edifício comercial durante o dia

Como se vê, o chiller de 100 TR é necessário somente durante duas das dez horas do ciclo de
refrigeração. Durante as outras oito horas, apenas uma parcela da capacidade total do chiller é
solicitada. Somando-se os quadrados sombreados, encontra-se um total de 75, cada um dos quais
representando 10 TR-HORA. Entretanto, é necessário especificar chiller de 100 TR, para atender
à carga de refrigeração de 100 TR no horário de ponta. O fator de carga é definido como a
relação entre a carga real de refrigeração e a capacidade total do chiller (vide equação abaixo).

Neste caso, o chiller tem um fator de carga de 75%, sendo capaz de prover 1000 TR−HORA,
quando somente são solicitadas 750 TR−HORA. Se o fator de carga é baixo, o desempenho
financeiro do sistema também é baixo. Dividindo- se o total de TR-HORA pelo número de horas
que o chiller opera, tem-se a carga média do edifício durante o período de refrigeração. Se a
carga do ar condicionado pudesse ser deslocada para um horário fora de ponta, ou nivelada
para a carga média, poder-se-ia utilizar um chiller de menor capacidade, com um fator de carga
de 100%, reduzindo os gastos.

9.7.1. Escolhendo Armazenagem Total ou Parcial

Duas estratégias de administração de carga são possíveis com o sistema de armazenagem de frio
por bancos de gelo. Quando as tarifas de energia elétrica requerem um deslocamento completo e
carga, pode-se usar um chiller de capacidade convencional, com armazenagem de frio suficiente
para deslocar a carga total para as horas fora de ponta, a qual é chamada “Armazenagem Total” e
é frequentemente usada em instalações existentes usando a capacidade do chiller existente.

A Figura 9.22 mostra o mesmo perfil da carga de ar condicionado do edifício comercial, mas
com a carga de refrigeração completamente deslocada para as 14 horas fora do horário de uso da
refrigeração. O chiller é usado para produzir e armazenar gelo ou para resfriar água durante a
noite. O frio armazenado atende à demanda de 750 TR-HORA durante o dia. A carga média foi
reduzida para 53,6 TR (750 TR-HORA / 14:00 horas = 53,6 TR), o que resulta em significativa
redução dos custos de energia, tanto pela redução do pico da demanda, quanto pela redução nas
horas de tarifas altas.

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Figura 9.22 - Sistema de Armazenagem Total.

Em instalações novas, um Sistema de Armazenagem Parcial é a estratégia de administração de


carga mais prática e aquela de maior eficiência de custo. Neste método de nivelamento de carga,
o chiller funciona continuamente. Ele formará gelo ou resfriará água durante a noite, e durante o
dia, funcionará para atender a carga do sistema de ar condicionado com a ajuda do frio
armazenado.

O aumento das horas de operação de 14 para 24 horas resulta na carga média mais baixa possível
(750 TR-HORA / 24 horas = 31,25 TR), como ilustrado na Figura 9.23. A incidência de tarifa de
ponta da demanda é, consideravelmente, reduzida e a capacidade do chiller pode ser diminuída
em 50 a 60%.

Figura 9.23 - Sistema de Armazenagem Parcial.

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9.8. Conservação de Energia em Sistemas de Refrigeração.

A grande importância dada ao uso racional de energia elétrica, no setor de ar condicionado e


refrigeração, é facilmente compreendida quando são considerados os percentuais de consumo
destes setores. Segundo artigo publicado na revista Oficina do Frio (1997) estes setores
representam 20% do consumo total de energia do Brasil, sendo que os refrigeradores e freezers
são responsáveis pelo maior consumo no setor residencial, com participação de 32%, e
respondem ainda por 17% do consumo comercial e 9% do consumo global do país.

A seguir são ressaltados alguns aspectos que, se observados, podem reduzir não só o consumo de
energia dos equipamentos, como também aumentar a sua vida útil. Os aspectos abordados
procuram identificar e eliminar problemas relacionados a projeto, instalação, operação e
manutenção destes sistemas, sempre com o principal enfoque na conservação de energia. Assim,
devem ser observados:

9.8.1. Nível Inadequado de Temperatura.

Quando as temperaturas medidas em uma câmara frigorífica ou em um ambiente condicionado


estão abaixo das temperaturas recomendadas, há um consumo desnecessário de energia elétrica,
o qual pode ser facilmente evitado pelo ajuste correto do termostato de controle.

9.8.2. Inexistência de Controle Automático (Termostato ou Pressostato)

Os equipamentos de geração de frio são, geralmente, dimensionados para operarem em média de


16 a 18 horas para cada ciclo de 24 horas. Na falta de acessórios de controle (termostatos ou
pressostatos), o funcionamento do equipamento frigorífico será contínuo, o que provoca
desperdício de energia, portanto, a utilização destes controles é imprescindível para o
funcionamento.

9.8.3. Tipo Inadequado de Iluminação.

Se as lâmpadas utilizadas em ambientes refrigerados forem do tipo incandescente, pode-se obter


uma economia considerável com a sua substituição por lâmpadas mais eficientes, como as
lâmpadas fluorescentes.

9.8.4. Incidência Direta de Raios Solares e/ou Isolamento Deficiente.

Em se tratando de câmaras frigoríficas, o consumo excessivo de energia devido à incidência


direta de raios solares e/ou isolamento deficiente é proporcional às dimensões da câmara, à
diferença entre a temperatura externa e a interna, ao material e à espessura do isolamento e ao
tempo funcionamento diário da câmara. Este consumo excessivo pode ser facilmente evitado,
pela utilização de isolantes adequados, de um correto planejamento da localização e da
orientação do espaço refrigerado.

Em edifícios comerciais é comum a utilização de grandes áreas envidraçadas, o que eleva


consideravelmente a carga térmica do ambiente. A simples adoção de cortinas, persianas ou
brise-soleil, que evitem a radiação direta, pode reduzir de forma significativa a carga térmica
destes ambientes.

Deve-se evitar também que portas e janelas fiquem abertas além do tempo estritamente
necessário, pois enquanto as portas e/ou janelas permanecem abertas ocorre a entrada de ar não
refrigerado no ambiente condicionado.

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9.8.5. Condições e Forma de Armazenagem de Produtos nos Espaços Refrigerados.

A armazenagem dos produtos de forma inadequada em câmaras frigoríficas prejudica a


circulação de ar frio, assim, deve-se corrigir este problema para que ocorra um ganho de
eficiência térmica do sistema, o que acarreta na redução do consumo de energia elétrica.

A instalação de câmaras, balcões, ilhas, etc., próximo a fontes de calor, também aumenta a carga
térmica do sistema. Assim, deve-se evitar a proximidade destas fontes, dentro das possibilidades,
evitando-se o consumo excessivo de energia elétrica.

Com relação aos balcões e ilhas, deve-se cobrir, ou fechar, as suas aberturas no final da jornada
de trabalho, para que não haja “perda de frio” para o ambiente. Pode-se também desligar o
equipamento frigorífico, quando as características do produto e/ou operacionais permitirem, ao
final do expediente. Porém sempre obedecendo as normas sanitárias vigentes.

9.8.6. Ventilador do Evaporador.

O ventilador do evaporador é responsável pela circulação do ar frio no ambiente refrigerado,


sendo que sua ausência gera formação de gelo no evaporador, diminuindo a eficiência das trocas
térmicas, e elevando o consumo de energia elétrica.

A formação de gelo no evaporador e tubulações do circuito frigorífico eleva o consumo de


energia do sistema, pois o gelo atua como isolante no evaporador. Este problema também pode
ser causado por falta de isolamento das tubulações, desregulagem da válvula termostática, ou
carga de refrigerante inadequada.

Pode-se conseguir uma redução de até 20% no consumo de energia com a manutenção do
evaporador limpo, isto é, sem acúmulo de gelo.

9.8.7. Inexistência de Controle Automático da Iluminação de uma Câmara Frigorífica.

A iluminação interna de uma câmara frigorífica deve ser desligada automaticamente com o
trancamento externo da porta. A simples instalação de um interruptor no batente da porta, que
cumpra esta função, pode contribuir para a redução do consumo de energia elétrica.

9.8.8. Ventiladores do Condensador.

A instalação de um ventilador axial descentralizado, em relação à área responsável pela troca


térmica, diminui a eficiência do condensador, pois desta forma há um direcionamento de ar para
as laterais do condensador. Além disto, os colarinhos de proteção dos ventiladores axiais, além
de protegerem a hélice, são os principais responsáveis pelo correto direcionamento do ar através
do condensador, elevando sua eficiência térmica e, conseqüentemente, diminuindo o consumo de
energia elétrica. Portanto, estes colarinhos devem ser mantidos em bom estado, e não devem ser
retirados.

Deve-se evitar a obstrução do fluxo de ar de resfriamento do condensador, pois a dificuldade de


circulação de ar através da área responsável pela troca térmica, eleva a temperatura de

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condensação, o que acaba por aumentar o consumo de energia elétrica, ou até mesmo danificar o
compressor.

9.8.9. Limpeza do Condensador e do Evaporador.

A presença de sujeira (óleo, poeira, etc.) prejudica a eficiência dos trocadores de calor
(condensador e evaporador), conseqüentemente ocorre o aumento do consumo de energia
elétrica. A falta de separador de óleo na saída do compressor, em instalações de grande porte,
equipadas com compressor modulador de capacidade, permite a passagem do óleo do cárter para
as linhas da instalação e demais componentes, comprometendo a eficiência do sistema.

Referências Bibliográficas

Costa, E. C., 1982, “Refrigeração”, 3ª Edição, Editora Edgard Blucher Ltda.,


São Paulo.
Dossat, R. J., 2004, “Pricipios de Refrigeración”, John Wiley & Sons, México.
ETSU, 2000, “Designing Energy Efficient Refrigeration Plant”, GPG-
283, London.
Herold, K., Radermacher, R., Klein, S. A., 1996, “Absorption Chillers and
Heat Pumps”, CRC Press
McQuiston, F. C., Parker, J. D., 1994, “Heating, Ventilating and Air Conditioning:
Analysis and Design”, 4a Ed., John Wiley & Sons, New York.
Pizzetti, C., 1970, “Acondicionamiento del Aire y Refrigeracion – Teoria
y Calculo de lãs Instalaciones”, Editora Interciencia, Madrid.
Revista ABRAVA, abril-agosto de 1980, março de 1982, setembro-outubro 1990,
Revista OFICINA DO FRIO, jullho-agosto de 1996, novembro de 1997 (vol. 34).
Stoecker, W. F., e Jones, J. W., 1985, “Refrigeração e Ar Condicionado”,
Ed. Mcgraw-Hill do Brasil, São Paulo.
Stoecker, W. F., Jabardo, J. M., 2002, “Refrigeração Industrial”, 2ª Ed.,
Edgard Blucher Ltda. São Paulo.
Venturini, O. J., Pirani, 2005, “Eficiência Energética em Sistemas de Refrigeração
Industrial e Comercial”, Livro Técnico PROCEL, Eletrobrás,
Rio de Janeiro.
Yamane, E. e Saito, H., 1986, “Tecnologia do Condicionamento de Ar”,
Ed. Edgard Blucher Ltda., São Paulo.

10 – COMPRESSORES E AR COMPRIMIDO

Prof. Abraão Luz Silveira

10.1 – INTRODUÇÃO

Quase toda indústria utiliza ar comprimido como um insumo produtivo. Ele também encontra
muitas aplicações nos setor de serviços. Por isso os equipamentos que produzem, distribuem e
utilizam o ar comprimido são essenciais. Geralmente o ar comprimido representa uma parcela
significativa na composição no consumo da energia elétrica da empresa. Além disso, diversos
estudos apontam que os sistemas de ar comprimido como um dos pontos onde ocorrem perdas
significativas de energia. Ou seja, existem bons potenciais para a economia de energia. Em vista
disso, nesse capítulo o assunto ar comprimido será abordado visando principalmente o aumento
da eficiência energética e conseqüentemente a redução dos custos envolvidos.
Inicialmente apresenta-se um breve histórico e são resumidas as aplicações do ar comprimido.
Na seqüência são mostrados os principais tipos e aspectos construtivos dos compressores. A

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seguir apresentam-se aspectos básicos de Termodinâmica. Também são dadas sugestões para as
redes de distribuição, para a operação e para a manutenção do sistema de ar comprimido.
Finalmente são analisadas algumas recomendações para melhorar a eficiência energética do
sistema.

10.2 – HISTÓRICO

Por volta de três mil anos A.C., quando o homem começou a trabalhar com os metais, foi preciso
alcançar temperaturas elevadas, muitas vezes acima de 1000 °C. Para isso era necessário muito
para a combustão. Os egípcios e sumérios já usavam tubos rudimentares de cerâmica para avivar
as chamas.
Depois surgiu o fole manual, introduzido por volta de 1500 A.C. Esses compressores
rudimentares, operados manualmente, pelos pés, por animais ou por meio de rodas d‟água,
permaneceram em uso durante mais de 2000 anos e sobreviveram até 1762, quando começaram a
ser substituídos pelo invento de John Smeaton. Tratava-se de um equipamento dotado de cilindro
e pistão feitos de ferro fundido e acionado por meio de uma roda d‟água. Depois disso, o
desenvolvimento dos compressores se deu de forma muito rápida.
Os compressores foram evoluindo acompanhando as máquinas a vapor e, posteriormente, dos
motores de combustão interna, época em que os compressores alternativos dominaram. Depois
disso, no período entre as duas grandes guerras mundiais, surgiram os primeiros compressores
dinâmicos. Atualmente, tecnologias mais avançadas permitiram o aperfeiçoamento e a difusão
dos compressores rotativos de parafusos.

10.3 - IMPORTÂNCIA DO AR COMPRIMIDO

O ar comprimido é uma forma de transporte de energia de enorme utilidade e com inúmeras


aplicações. Em muitos campos chega a competir com a eletricidade e, em alguns casos
particulares, somente ele pode ser usado. Por exemplo, no interior das minas, onde podem existir
gases explosivos, ou em trabalhos subaquáticos, onde existe o risco de descargas elétricas.
Nas indústrias, o ar comprimido é muito empregado nas máquinas operatrizes, em motores
pneumáticos, equipamentos de movimentação e transporte de materiais, ferramentas manuais,
em sistemas de comando, controle, regulagem, instrumentação e na automação de processos. O
ar comprimido também é usado nas instalações dos aeroportos, portos, hospitais, obras civis, nas
minerações, postos de combustível, nos equipamentos de climatização e em diversos outros
locais.
O ar comprimido tem aplicações em:

a) Equipamentos a pressão de ar – o ar é usado para encher pneus e câmaras, etc.


b) Equipamentos de jato livre – ejetores, jateamento, pulverização, bicos de limpeza, entre
outros.
c) Equipamentos de percussão – marteletes, prensas, bate-estacas, vibradores, etc.
d) Motores a ar comprimido – de pistões, de palhetas, de engrenagens, etc.
e) Automação de operações industriais – sensores, atuadores, controles e processos.

Citamos como principais vantagens do uso do ar comprimido: o ar está sempre disponível, ele
pode ser armazenado e distribuído sem isolamento, não oferece riscos de incêndio ou de
explosão; seu uso se dá de forma versátil e compacta. No entanto, sua maior desvantagem é
baixa eficiência energética. Mas isso não impede seu uso face às vantagens que oferece. Por
essas razões, a operação dos compressos e utilização adequada do ar comprimido é de extrema
importância.
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10.4 - COMPRESSORES

Os ventiladores e os compressores são enquadrados como máquinas de fluxo geradoras de


escoamento compressível. Elas podem ser contínuas como os turbocompressores ou
intermitentes como as máquinas de pistões. Os ventiladores são equipamentos cujo objetivo é
apenas promover o escoamento de um gás. As elevações de pressão são da ordem de 0,1 atm, o
suficiente para vencer as perdas de carga do sistema de distribuição. Os compressores são
utilizados para proporcionar maiores elevações de pressão, que podem variar desde cerca de 1,0
até milhares de atm.

10.4.1 - Classificação quanto ao princípio construtivo

Os compressores seguem dois princípios construtivos básicos: o volumétrico e o dinâmico. O


compressor volumétrico, ou deslocamento positivo, opera com a redução de volume. O processo
é intermitente e podem ser identificadas diversas etapas que formam um ciclo contínuo.
Inicialmente o ar é admitido no interior de um espaço, que então é fechado. Depois disso, esse
espaço sofre uma redução de volume e, por consequência, um aumento da pressão. Finalmente o
espaço é aberto e o ar comprimido é liberado.
Nos compressores dinâmicos, ou turbocompressores, a elevação de pressão é feita de forma bem
diferente. Essa máquina é constituída basicamente de duas partes. Um rotor, peça rotativa
munida de pás que transfere para um fluxo de ar a energia mecânica de uma fonte externa
aumentando a sua velocidade e a sua temperatura. Depois esse fluxo de ar passa por um difusor,
que é conjunto de pás fixas que converte uma parte da energia cinética em aumento de entalpia e
elevando a pressão.

10.4.2 - Compressores alternativos a pistão

Esse tipo de compressor se constitui de um cilindro com um pistão no seu interior. O mesmo está
conectado a uma biela e eixo de manivela, conforme a Figura 10.1. A primeira etapa se dá com o
pistão se movendo de cima para baixo e aumentando o volume no interior do cilindro, isso faz
com que a pressão no interior do cilindro diminua e o ar é aspirado. Depois que o pistão alcança
o ponto mais baixo ele passa a movimentar para cima, reduzindo o volume dentro do cilindro e
aumentando a pressão do ar, duas válvulas controlam o fluxo na entrada e na saída do ar.

10.4.3 - Compressores de palhetas

Esse compressor possui um rotor excêntrico em relação a uma carcaça, o rotor é provido de
rasgos onde são inseridas palhetas, como na Figura 10.2. Quando em rotação, pela ação da força
centrifuga, as palhetas são forçadas para fora e ficam em contato com a carcaça fazendo a
vedação. O ar entra pela abertura de sucção e ocupa os espaços entre as palhetas. Devido à
excentricidade do rotor e a posição das aberturas de sucção e descarga, quando o rotor gira o
volume entre duas palhetas vai diminuindo realizando a compressão.

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Figura 10.1 – Compressor alternativo Figura 10.2 – Compressor de palhetas.

10.4.4 - Compressores de parafusos

Esse tipo de compressor possui dois rotores semelhantes a parafusos com rosca sem-fim que
giram mantendo um engrenamento, conforme mostrado na Figura 10.5. Esse engrenamento, feito
com muita precisão, também faz o papel da vedação. O ar penetra pela abertura de sucção e
ocupa os espaços entre os filetes e a carcaça. O movimento de rotação faz com que esses espaços
sejam reduzidos e se desloquem para a abertura de descarga.

10.4.5 - Compressores de lóbulos

O compressor da Figura 10.6 possui dois lóbulos que giram em sentido contrário, mantendo uma
folga muito pequena no ponto de tangência entre si e com relação à carcaça. O ar penetra pela
abertura de sucção e ocupa a câmara de compressão, sendo conduzido até a abertura de descarga
pelos rotores.

Figura 10.3 – Compressor de parafusos. Figura 10.4 – Compressor de lóbulos.

10.4.6 - Compressores centrífugos

O princípio de funcionamento desse compressor é semelhante ao das bombas centrífugas. O ar é


aspirado pelo centro de um rotor radial e descarregado na periferia do mesmo, num movimento
provocado pela rotação. Depois disso esse ar passa por um difusor, formado por um espaço
anular em torno do rotor, onde ele é desacelerado resultando em elevação da pressão. Em
seguida, o ar é recolhido pela voluta e conduzido para a descarga, conforme mostra o esquema
da Figura 10.5.

10.4.7 - Compressores axiais

Esses compressores são dotados de um rotor com palhetas dispostas em série na periferia. Essas
palhetas são intercaladas por palhetas semelhantes, porém fixas ao longo da carcaça, conforme o
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esquema da Figura 10.6. Cada conjunto de palhetas móveis e fixas forma um estágio de
compressão. As palhetas móveis são desenhadas de forma a transmitir ao gás a energia entregue
pelo acionamento, isso introduz aumentos de velocidade e de entalpia no gás que está em
escoamento. As palhetas fixas, por sua vez, são projetadas de modo a promoverem aumentos de
pressão, como nos difusores. Como a elevação de pressão em cada estágio é pequena, são usados
vários estágios.

Figura 10.5 – Compressor centrífugo. Figura 10.6 – Compressor axial.

10.5 - CONCEITOS BÁSICOS DE TERMODINÂMICA

A produção de ar comprimido envolve diversas transformações no estado desse ar. Observa-se


que, além do aumento da pressão e do volume específico do ar, aparecem diversas variações na
temperatura e verifica-se também a formação de água condensada.
Isso fica muito bem compreendido quando se conhecem os conceitos e fenômenos
termodinâmicos envolvidos nessas transformações.

10.5.1 - Transformações termodinâmicas

O estado termodinâmico de um gás é completamente caracterizado quando se conhece o volume


específico, a pressão e a temperatura desse gás. Quando qualquer dessas grandezas, sozinha ou
em conjunto, muda de valor alterando o seu estado inicial diz-se que ocorreu uma transformação
termodinâmica. Existem três transformações termodinâmicas básicas:

a) Transformação isobárica

Foi estudada por Gay-Lussac (1770 – 1840) que concluiu: “Mantendo-se constante a pressão de
uma determinada massa de gás, o seu volume varia diretamente com a temperatura”. No
diagrama V x T essa transformação se apresenta na forma de uma reta, como mostrado na Figura
10.7.

b) Transformação isométrica

A lei de Charles (1678 – 1740) diz que: “Mantendo-se constante o volume de uma massa de gás,
sua pressão varia diretamente com a temperatura”. Isso tem a forma de uma reta no diagrama P x
T, como está na Figura 10.8.

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Figura 10.7 – Transformação isobárica. Figura 10.8 – Transformação isométrica.

c) Transformação isotérmica

A transformação isotérmica foi estudada pelo cientista inglês Robert Boyle (1627 – 1691) que
enunciou: “Mantendo-se constante a temperatura de um determinado gás, o seu volume e pressão
variam inversamente”. Isso tem a forma de hipérboles no diagrama P x V, como se vê na Figura
10.9.

d) Transformação adiabática

Essa transformação se realiza sem trocas de calor e só estão envolvidas transferências de


trabalho. Ela pode ser representada em um diagrama P x V pelo produto da pressão pelo volume
elevado a um expoente, , igual à relação entre os calores específicos à pressão constante e
volume constante. A Figura 10.10 compara o processo adiabático com o isotérmico. K

Figura 10.9 – Transformação isotérmica. Figura 10.10 – Transformação adiabática

e) Transformação politrópica

O processo isotérmico só seria possível com uma compressão muito lenta e trocas de calor que
fossem perfeitas. Por outro lado, o adiabático exigiria isolamento perfeito, mesmo a compressão
sendo feita de forma muito rápida. Mas se for considerado que exista proporcionalidade entre
calor e trabalho trocados durante a compressão do gás, o processo obedece a uma equação
semelhante à usada para transformação adiabática. A diferença reside no expoente passa a ser
denotado por , sendo uma grandeza variável. As transformações isotérmicas e adiabáticas são
casos particulares de politrópicas com e , respectivamente. Para expoentes entre , trata-se de um
processo de compressão com resfriamento, ; é o caso de compressão com aquecimento . A
Figura 10.11 mostra um gráfico com três transformações politrópicas com expoente crescente. n

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Figura 10.11 – Representação de curvas politrópicas.

10.5.2 - Gases perfeitos

Um gás que obedece rigorosamente às três transformações citadas anteriormente, sob quaisquer
condições de pressão e temperatura, é denominado de gás perfeito. A partir dessas
transformações é possível deduzir uma equação que engloba todas variáveis de estado, ou seja,
pressão, volume e temperatura. Essa equação foi proposta por Clapeyron e recebeu a
denominação de Equação dos Gases Perfeitos. Essa equação evolui com as experiências de
Avogadro resultando em uma equação de estado escrita em termos específicos, igual a:

Onde: R constante particular do gás

10.5.3 - Gases reais

Os gases reais em pressões moderadas e temperaturas próximas ou acima da ambiente podem ser
tratados como gases perfeitos com razoável precisão. No entanto, em pressões mais elevadas ou
em temperaturas muito baixas o comportamento dos gases reais é muito diferente do que essa
equação prediz e os erros no cálculo das propriedades podem ser exagerados.
Nesse caso podem ser usados gráficos especiais para corrigir os desvios da Equação dos Gases
Perfeitos, por exemplo, o gráfico do fator de compressibilidade. Ou ainda podem ser usadas
equações mais complexas que representam com grande precisão o comportamento dos gases
reais.
No entanto, para os nossos propósitos, estudar a compressão do ar usando a equação dos gases
perfeitos é plenamente satisfatório, pois o objetivo principal é o entendimento dos fenômenos
básicos que estão ocorrendo no processo de compressão.

10.5.4 - Determinação do Trabalho na compressão

Considera-se um gás ideal no interior de um cilindro. Esse gás é comprimido pela aplicação de
uma força sobre um êmbolo móvel. Isso pode ser analisado considerando o cilindro como um
Sistema, isto é, certa quantidade de massa no interior de um volume fechado cujas fronteiras são
permeáveis à passagem de trabalho e de calor, mas são impermeáveis ao gás. O trabalho ideal
desenvolvido pela força nesse processo é dado por:

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Esse resultado, denominado trabalho específico de compressão ideal, equivale numericamente à


área sob uma curva que representa o processo de compressão, quando representado em um
diagrama P x V, como está indicado na Figura 10.12.
Mas esse conceito, no entanto, não é adequado para os compressores, pois não considera um
fluxo de massa. O mais indicado é estudar esses processos usando um Volume de Controle, uma
região delimitada por uma fronteira permeável aos fluxos de massa, calor e de trabalho. As
propriedades dos fluxos são observadas nessa fronteira. De forma análoga ao que se fez para os
Sistemas, pode ser demonstrado que o trabalho específico para se realizar a compressão de um
gás em Volume de Controle é dado pela integral a seguir. Nota-se semelhança com a integral
anterior, como se vê na Figura 10.13.

Figura 10.12 – Trabalho em um sistema. Figura 10.13 – Trabalho em um volume de


controle.

Demostra-se que, em iguais condições, o trabalho específico de compressão em um Volume de


Controle é sempre maior que o aquele desenvolvido sobre um Sistema. Pois o primeiro engloba a
parcela responsável pela compressão do gás e a parcela de trabalho necessária ao transporte da
massa. A expressão a seguir é a solução da integral da compressão politrópica no volume de
controle.

- Compressão em vários estágios

A compressão em um só estágio é usada quando a pressão de descarga não é muito elevada. Os


rendimentos obtidos são razoáveis e as temperaturas na saída gás não atingem valores
proibitivos. No entanto, se a pressão de descarga for maior, com apenas um estágio de
compressão, o rendimento será mais baixo e as temperaturas na descarga serão altas e podem
causar problemas técnicos. A solução para essa situação é utilizar a compressão em estágios.

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Com o resfriamento entre as fases de compressão aproxima-se da compressão isotérmica e o


trabalho de compressão é reduzido.
O trabalho para a compressão de um gás realizado em vários estágios é dado pela expressão
mostrada adiante. Considera-se que relação de compressão seja constante entre os estágios e que
a temperatura no início da compressão de cada estágio também seja constante e igual à
temperatura no início do primeiro estágio e que a perda de carga nos trocadores de calor.

A Figura 10.14 mostra a compressão politrópica realizada em dois estágios. A área hachurada
representa uma redução do trabalho de compressão.

Figura 10.14 – Compressão em dois estágios.

10.5.6 - Compressão de um gás real

O trabalho que foi determinado pelas expressões anteriores é um valor teórico que sempre fica
abaixo do valor real. Mas isso pode ser corrigido usando um rendimento que é determinado em
laboratório definido como a relação entre o trabalho que se consome teoricamente para
comprimir um gás e aquele efetivamente utilizado na compressão.

Os três tipos de processos ideais dão origem a três versões para o rendimento termodinâmico: o
rendimento isotérmico, o adiabático e o rendimento politrópico.

10.5.7 - Rendimento mecânico


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Durante o processo de compressão ocorrem também perdas provocadas pelo atrito mecânico,
somente parte do trabalho recebido pelo compressor é fornecida ao gás, como mostra a Figura
10.15.
Para que isso seja computado nos cálculos da compressão utilizamos o rendimento mecânico ,
com valores típicos entre 0,92 e 0,98, cuja definição é dada por:

Sendo o trabalho efetivamente fornecido ao gás para um suprimento de trabalho ao compressor.


A mesma definição poderia ser apresentada em termos das potências consumidas. W C W

10.5.8 - Rendimento volumétrico

O rendimento tem influência na vazão dos equipamentos. Examinando o ciclo da Figura 10.16
consta-se que durante o processo de compressão 1 – 2 a quantidade de gás efetivamente
transportada da sucção para a descarga é menor que a aspirada. Pois do volume V2 ocupado ao
final dessa fase só uma parcela é descarregada, o volume V3 fica retido no interior do
compressor em espaços internos.

Figura 10.15 – Transferência de energia ao Figura 10.16 – Volume morto de um


gás. compressor.

O rendimento volumétrico pode ser avaliado com a expressão a seguir. Esse valor é função da
relação de pressão e da fração de volume morto do compressor, que por sua vez é função da
qualidade de construção do equipamento.

Observa-se que o rendimento volumétrico varia inversamente a fração de volume morto, varia no
mesmo sentido do expoente politrópico e também varia inversamente a relação de pressão.

10.5.9 - Potência de compressão

Compressores são equipamentos caracterizados termodinamicamente como volumes de controle,


cujo desempenho deve ser analisado através da identificação de fluxos de energia, ou seja,
potências envolvidas no processo.
A potência elétrica exigida pelo acionamento de um compressor é dada por:
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10.6 - INSTALAÇÕES DE AR COMPRIMIDO


As instalações de ar comprimido podem ser dividas em dois elementos principais: a sala de
compressores e as redes para a distribuição. Na sala de compressores existem, obviamente, além
dos compressores, diversos equipamentos e acessórios necessários ao bom funcionamento do
sistema. A Figura 10.17 mostra alguns desses equipamentos:

Figura 10.17 – Esquema de uma instalação típica de ar comprimido.

1 compressor 4 reservatório 7 conexão dos ramais


2 amortecedor de pulsação 5 drenagem de condensado 8 pontos de uso
3 resfriador posterior 6 rede com inclinação

O compressor é o equipamento responsável pela produção do ar comprimido. O amortecedor de


pulsações, normalmente usado apenas com compressores alternativos, reduz as variações
instantâneas de pressão. O resfriador posterior é responsável pela condensação e retirada da
maior parte da umidade contida no ar comprimido. O reservatório ou pulmão tem como objetivo
principal a redução das variações de pressão em função das variações do consumo. Por fim a
rede de distribuição leva o ar comprimido até os pontos de consumo. Nessa rede também existem
pontos de drenagem de condensado.
Nas indústrias, em algumas situações é necessário o uso de filtros especiais e do controle da
umidade do ar, usando-se secadores frigoríficos ou químicos.

10.6.1 - Distribuição do ar comprimido


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Os três pontos seguintes são os mais importantes para a eficiência, segurança e economia de um
sistema de distribuição de ar comprimido:

A queda de pressão no sistema de distribuição implica pressões, nos pontos de consumo de ar,
mais baixas do que na descarga do compressor e, conseqüentemente, também decréscimo na
potência disponibilizada para as ferramentas, máquinas ou outros consumidores de ar
comprimido.
Se a queda de pressão, ou perda de carga, é tão alta que a pressão de trabalho é menor que a
pressão prescrita, a perda de potência é proporcionalmente muito maior do que a queda de
pressão. A potência desenvolvida por uma ferramenta a 5,0 bar, por exemplo, é de somente 45 a
50% da potência fornecida com a pressão de 7,0 bar. Por esse motivo as redes de distribuição
devem ser corretamente dimensionadas, já se considerando ampliações futuras, de modo que um
acréscimo no consumo não prejudique todo o sistema e torne necessária a substituição de uma
rede inteira. Isso se aplica, acima de tudo, para o ramal principal. O custo inicial é largamente
compensado pelos ganhos operacionais.
Às vezes, uma grande queda de pressão na rede tem que ser compensada pelo aumento da
pressão de trabalho do compressor. No caso da diminuição do consumo a pressão ficará acima
do desejado, aumentando as perdas por vazamentos e a potência consumida. Além disso, nem
todas as ferramentas e acessórios são projetados para trabalhar e resistir tais aumentos de
pressão.
As redes de distribuição de ar comprimido devem ser projetadas de modo que a queda de pressão
total, do compressor até o ponto de consumo mais distante, não exceda 0,3 bar. Para o caso de
instalações que cobrem grandes áreas, tais como minas, pedreiras, etc., uma queda de pressão
maior no sistema de tubos pode ser aceita, mas não deve ser superior a 0,5 bar. Nesse valor já
deve ser incluída a queda de pressão causada pelas mangueiras de borracha, luvas de
acoplamento, engates rápidos e conexões. Especial atenção deve ser dada ao dimensionamento e
especificação dessas peças, pois as perdas mais sérias, geralmente, ocorrem nos trechos finais.

Embora seja recomenda a utilização do alimentador em anel, isto é, em circuito fechado, a linha
aberta é muito usada devido a menor investimento inicial. O dimensionamento pode ser feito
usando os critérios da velocidade e o da perda de carga. O primeiro deles é usado apenas para
trechos curtos.

10.6.2 - Separação da umidade do ar comprimido

O ar atmosférico nunca está completamente seco, sempre contém alguma umidade. A umidade é
a água contida no ar, no estado de vapor. Quando o ar contém a quantidade máxima possível de
água sob a forma de vapor se diz que está saturado: a umidade é de 100%.
O ponto de saturação depende da pressão e da temperatura, principalmente da temperatura: Se a
temperatura aumenta o ar pode absorver mais umidade, caso contrário, esse ar perde umidade
por condensação. Para a pressão ocorre o inverso, quanto maior a pressão menor é a capacidade
do ar comprimido em reter a umidade. Por exemplo, o ar à pressão atmosférica com 50% de
umidade passa a ter 100% de umidade; à pressão de 2,0 bar, 150% de umidade a 3,0 bar; e 300%
de umidade à pressão de 6,0 bar, comum em todas as aplicações. Ressalta-se que acima de 100%
de umidade sempre vai haver condensação de água. Já para a temperatura, o aumento é calculado
duplicando-se cada 11% da capacidade de retenção a cada aumento de 10 °C.

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Com o resfriamento, artificial ou natural, do ar comprimido a umidade excedente vai se


depositando nas paredes dos cilindros dos compressores alternativos, no resfriadores
intermediário e posterior, no reservatório e tubos da rede principal e secundária. É vital que essa
umidade seja retirada antes de chegar até o equipamento de uso final. Para isso são instalados
separadores de umidade e em casos mais críticos secadores de ar por refrigeração ou colunas de
absorção. Durante a instalação da rede devem ser tomadas precauções para que a drenagem do
condensado seja feita de maneira eficiente: a rede deve ser instalada com uma inclinação de 0,5
m a cada 100 m, deve ser providenciada a colocação de poços de drenagem nos pontos mais
baixos, instalar drenagem no reservatório. É fundamental a manutenção cuidadosa dos
dispositivos de drenagem manual e automática.
Os fenômenos físicos que ocorrem com a mistura de ar e de vapor d‟água podem ser estudados
usando-se as Cartas Psicrométricas ou métodos analíticos. A Figura 10.18, mostra uma dessas
cartas

Figura 10.18 – Carta psicrométrica calcula para pressões próximas da atmosférica

10.7 - AUMENTO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

A eficiência energética nas instalações que envolvem o ar comprimido pode ser alcançada
adotando-se medidas que se iniciam no projeto da planta, com a especificação correta dos
compressores e do seu sistema de controle, dos acessórios e periféricos, que devem ser
adequados aos níveis de pressão e vazão e qualidade do ar comprimido que são requeridos pela
unidade, além do seu comportamento em face das variações desses parâmetros.
Com essas precauções podemos garantir que os rendimentos elétricos, mecânicos, volumétricos e
termodinâmicos sejam os mais elevados, pois são parâmetros que dependem das características
construtivas e do esmero usado na fabricação de cada equipamento.
A operação e a manutenção deverão estar a cargo de pessoal especialmente treinado para essas
tarefas. Todos os parâmetros de funcionamento devem ser monitorados. Perdas de carga,
acréscimos de temperatura, etc. são facilmente percebidos. Atualmente com as facilidades e
recursos oferecidos pela instrumentação e pelos microprocessadores é não é difícil acompanhar
em tempo real, por exemplo, as variações do expoente da politrópica em um compressor. A

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análise desse parâmetro fornece indicações importantes sobre a qualidade do resfriamento do


equipamento.
Para que isso possa ser feito é importante quantificar os benefícios de cada melhoria possam
trazer e comparar com os investimentos que são necessários para a sua realização. Quando essa
relação custo-benefício for economicamente atrativa, as medidas de melhoria devem ser
aplicadas.
Para minimizar a energia consumida pode-se ainda reduzir o valor do trabalho específico de
compressão e da vazão mássica de ar comprimido.
Após uma rápida inspeção da equação 10.1, que nos dá o trabalho específico de compressão,
observa-se que o valor desse trabalho é função dos seguintes parâmetros:

10.7.1 - Temperatura de admissão do ar

A influência das condições de admissão do ar no equipamento de compressão pode ser


quantificada observando-se na equação 10.1 que o trabalho de compressão é função direta da
temperatura de admissão do ar.

10.7.2 - Relação de pressão

Quanto menor a pressão de trabalho, menor será a relação de pressão e, conseqüentemente,


menor o trabalho específico de compressão. Por esse motivo é de suma importância operar na
pressão adequada para os equipamentos e controlar rigorosamente as perdas de carga. Pois
muitas vezes, para compensar os aumentos nas perdas de carga, aumenta-se a pressão de trabalho
do sistema. Ressalta-se que a redução do custo operacional dos compressores normalmente
compensa o investimento no projeto e na melhoria das redes de distribuição de ar comprimido.
Outra forma de reduzir a relação de pressão do sistema de compressão de ar é manter os filtros
de admissão sempre em bom estado. As perdas de carga nesses elementos fazem com que a
pressão de admissão nos compressores seja reduzida e como resultado a relação de pressão
aumenta. Partindo-se da equação 10.2, também se pode quantificar o benefício com a redução da
pressão de trabalho.

10.7.3 - Compressão em estágios

Usar compressores com mais estágios é outro modo de reduzir o trabalho de compressão. O
benefício dessa medida também pode ser quantificado com base na equação 10.2.

10.7.4 - Vazamentos

Os vazamentos estão presentes em qualquer sistema de ar comprimido. Uma instalação apresenta


vazamentos ao longo do seu funcionamento em maior ou menor escala. Com 6 meses de uso,
podem apresentar índices de vazamentos de 10% ou mais.
A redução da vazão mássica em um sistema de ar comprimido implica diretamente em redução
da potência consumida, como pode ser visto na equação 10.3. Essa redução dessa vazão pode ser
alcançada diminuindo-se a vazão perdida pelos vazamentos Essa medida traz bons resultados e
exige, na maioria das vezes, medidas de caráter operacional e pequenos investimentos.
Os vazamentos ocorrem na rede de ar comprimido propriamente dita, mas também nos próprios
equipamentos consumidores. Uma manutenção regular faz-se necessária em todo sistema, devido

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à deterioração natural de vedações, mangueiras, tubos, etc. A seguir estão listadas algumas
recomendações, com as quais estes vazamentos podem ser minimizados:

Desligando-se o equipamento, a válvula solenóide é fechada, eliminando uma fonte de


vazamentos. É claro que essa medida não exclui a necessidade de manutenção do equipamento,
necessária para reduzir os vazamentos durante a operação do mesmo.

pressão mais baixa possível. Os vazamentos aumentam com o aumento


da pressão de trabalho.

compressor trabalha somente para cobrir perdas por vazamento. Esse ponto parece óbvio, mas a
experiência mostra que muitas vezes o compressor não é desligado.

espuma de sabão ao longo ou com detectores ultrassônicos, marcando os pontos de formação de


bolhas, para posterior correção pela manutenção.

pontos em vazamentos que foram detectados pelos operadores.

A quantificação do ar comprimido que escapa pelos vazamentos deve ser comparada com a
vazão que é realmente utilizada pelos equipamentos. Em instalações novas percentuais de
vazamento de até 5% são toleráveis.

10.8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

- ATLAS COPCO. Compressed air engeneering. Suécia: Atlas Copco Literature Departament,
1971. 1 volume, 360 páginas.
- COSTA, E. C. Compressores. 1a Edição. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 1988 . 1
volume, 368 páginas
- HAHN, A, Programa de Eficientização Industrial - Compressores. Rio de Janeiro:
Eletrobrás / PROCEL, 2003. 1 volume, 88 páginas.
- MACINTYRE A.J, Instalações hidráulicas prediais e industriais. 2a Edição. Rio de Janeiro:
Editora Guanabara SA, 1988. 1 volume, 798 páginas.
- NADEL, S.; SHEPARD, M. et al. ENERGY-EFFICIENT MOTOR SYSTEMS: A
Handbook on Technology, Programs and Policy Oppotunities. USA: ACE3, [2000].
- RODRIGUES, P.S.B. Compressores industriais. 1a Edição. Rio de Janeiro: EDC – Ed.
Didática e Científica, 1991. 1 volume, 515 páginas.
- SPIRAX SARCO, Manual de produtos para seu sistema de ar comprimido. 1a Edição. São
Paulo: 1996. 1 volume, 120 páginas.
- STREETER, V.L, WYLIE, E.B, Mecânica dos fluídos. 7a Edição. São Paulo: Editora
McGraw-Hill do Brasil Ltda., 1988. 1 volume, 583 páginas.
- VAN WYLEN, J.G., SONNTAG, R.E. Fundamentos da Termodinâmica clássica. 2a Edição.
São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda, 1991 . 1 volume, 565 páginas.

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11 - TRANSFORMADORES

Prof. José Américo Marsulo

Definição:

O transformador é uma máquina elétrica estática cujo funcionamento se baseia no princípio do


eletromagnetismo. Ele é utilizado para elevar ou abaixar a tensão elétrica alternada em um
circuito elétrico.
Os transformadores também são utilizados para isolar eletricamente partes de um circuito
elétrico e para casar impedância entre diferentes circuitos ou como parte de filtros em circuitos
de rádio frequência.
Existem transformadores de diversos tipos, cada um com uma finalidade, construção e tamanho
específicos.

Princípio de Funcionamento:

LEI DE FARADAY: Toda vez que um condutor estiver sujeito à variação de fluxo magnético,
nele se estabelecerá uma tensão induzida enquanto o fluxo estiver variando. Esta tensão é
diretamente proporcional à taxa de variação do fluxo no tempo.
A figura a seguir ilustra a geração de energia elétrica através do movimento de um imã no
interior de uma bobina.

Figura 1 – Geração de energia


De forma análoga, se injetarmos uma corrente alternada em uma bobina, iremos produzir um
campo magnético.
Dessa forma, podemos ter a interação entre dois enrolamentos, conforme demonstrado na figura
abaixo:

Figura 2 – Interação de campo magnético de duas bobinas

Um transformador básico é composto de um enrolamento primário, onde é injetada a tensão de


entrada, um enrolamento secundário, onde é retirada a tensão de saída e um núcleo comum aos
dois enrolamentos.

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Figura 03 – Transformador básico Figura 04 – Diagrama elétrico

Transformador ideal:

Relação de espiras, tensão e corrente: A relação entre as voltagens no primário e no


secundário, bem como as correntes nesses enrolamentos, pode ser facilmente obtida através
da seguinte equação:

Onde:
V1, V2: tensão eficaz nos enrolamentos primário e secundário, [V].
N1, N2: número espiras nos enrolamentos primário e secundário.
I1, I2: correntes nos enrolamentos primário e secundário, [A].

Transformador real:

Na prática, ocorrem alguns efeitos indesejáveis nos transformadores


Perdas no cobre:
 Resultam da resistência dos fios de cobre nas espiras primárias e secundárias. As perdas
pela resistência do cobre são perdas sob a forma de calor (perdas joule) e não podem ser
evitadas.

Perdas no ferro:
 Perdas por histerese: Energia é transformada em calor na reversão da polaridade
magnética do núcleo transformador.

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Figura 05 – Curva de histerese

 Perdas por correntes parasitas: Quando uma massa de metal condutor se desloca num
campo magnético, ou é sujeita a um fluxo magnético móvel, circulam nela correntes
induzidas. Essas correntes produzem calor devido às perdas na resistência do ferro. Para
reduzir essas perdas o núcleo dos transformadores são constituídos de chapas de ferro
cilício isoladas com verniz.

Figura 06 – Correntes parasitas

Modelo Equivalente do Transformador:

O circuito equivalente do transformador real é constituído de elementos de circuito: resistências


e indutâncias.

Figura 07 – Circuito equivalente de um transformador

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Polaridade dos enrolamentos:

A marcação da polaridade dos terminais dos enrolamentos de um transformador indica quais são
os terminais positivos e negativos em um determinado instante, isto é, a relação entre os sentidos
momentâneos das f.e.m. nos enrolamentos primário e secundário. Por outro lado, o ângulo de
defasagem entre tensões primária e secundária, isto é, o defasamento angular (D.A.), é
importante de ser determinado nas seguintes situações:
 Ligação em paralelo de transformadores
 Ligações de transformadores de corrente e potencial nos circuitos de medição e/ou
proteção.

A ABNT recomenda que os terminais de tensão superior sejam marcados com H1 e H2, e os de
tensão inferior com X1 e X2, de tal modo que os sentidos das fem momentâneas sejam sempre
concordantes com respeito aos mesmos índices.

Figura 08 – Indicação de polaridade de um transformador

Também é comum a indicação da polaridade com utilizando pontos, conforme a figura a seguir.

Figura 09 – Indicação de polaridade de um transformador

Método de ensaio para verificação da polaridade de um transformador:

 Ligam-se aos terminais de tensão superior a uma fonte de corrente contínua através de
uma chave de pulso;

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 Instala-se um voltímetro de corrente contínua entre os terminais de tensão (para esse


ensaio um voltímetro analógico, de ponteiro, em se mostrado mais eficiente);
 Aplicar pulsos de corrente contínua no lado de tensão superior e observar a deflexão
inferior de modo a se obter uma deflexão positiva quando se aplica pulsos de corrente
contínua no enrolamento de tensão superior;
 Marcar a polaridade do lado de tensão superior no terminal em que está ligado o fio de
polaridade positiva da fonte de corrente contínua;
 Marcar a polaridade do lado de tensão inferior, no terminal em que está ligada a ponta
positiva do voltímetro CC, quando o mesmo apresentou pulsos de tensão positiva em seu
indicador;

Associação de Transformadores:

Os transformadores podem ser associados de forma a trabalharem com seus enrolamentos em


paralelo, aumentando a potencia disponível, ou terem seus enrolamentos associados em série
aumentando a tensão.
Para a associação em paralelo em regime permanente, as características dos transformadores
devem ser idênticas e também devem ser obedecidas as polaridades, de maneira que não ocorram
correntes indesejáveis ou até curtos-circuitos.
A seguir apresentamos alguns exemplos de associação de transformadores:

Figura 10 –Polaridade subtrativa Figura 11 – Polaridade aditiva

Transformador Trifásico:

Um transformador trifásico é constituído por três enrolamentos no primário e três enrolamentos


no secundário, os quais podem estar conectados tanto em Y (estrela) quanto em Δ (triângulo ou
delta). A ligação em Y ou Δ dos enrolamentos é estabelecida através da conexão dos seus
terminais.
Esses transformadores são utilizados em sistemas trifásicos de energia onde as tensões/correntes
são defasadas em 120º entre as fases.

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Figura 12 – Tipos de ligação de um transformador trifásico

Essas várias formas de conexão dão origem aos quatro tipos de ligação dos transformadores
trifásicos: Y-Y, Y-Δ, Δ-Y e Δ-Δ. Cada um desses tipos possui propriedades diferentes que
determinam o uso mais adequado conforme a aplicação.

Os transformadores trifásicos são normalmente construídos de duas maneiras: Banco ou


mononuclear.

 Banco: É constituído por três transformadores monofásicos idênticos, sendo que os


respectivos enrolamentos primários, bem como os respectivos enrolamentos secundários,
podem estar conectados em Y ou em Δ.

Figura 13 – Banco de transformadores monofásicos

 Mononuclear: É constituído de apenas um núcleo de material ferromagnético sobre o


qual são colocados os enrolamentos primários e secundários idênticos.

Figura 14 – Transformador trifásico mononuclear

A escolha da associação adequada depende de diversos fatores como: acesso a neutro, bitola dos
condutores por fase, sistema de aterramento, nível de isolamento, defasagem angular requerida e
facilidade de manutenção.

Em um sistema trifásico é considerada tensão de linha a tensão entre as fases da rede trifásica
que alimenta o circuito e tensão de fase a tensão na bobina do transformador.

A relação de transformação se da entre a bobina do lado de alta e a bobina do lado de baixa.

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A tensão de linha é igual à tensão de fase quando a ligação do transformador for triângulo.

Quando o transformador estiver ligado em estrela, a tensão de fase é dada pelas seguintes
equações:

Onde:
If = corrente fase
IL = corrente de linha
Vf = tensão de fase
VL = tensão de linha

Autotransformador:

Um autotransformador é um transformador cujos enrolamentos primário e secundário coincidem


parcialmente, isto é, são interligados. Os acessos ao primário e ao secundário são coincidentes ou
com as extremidades ou com pontos intermédios do enrolamento, sendo um dos terminais do
primário sempre coincidente com um dos do secundário. O autotransformador é do tipo redutor
quando o número de espiras do secundário é inferior ao do primário ou do tipo elevador no caso
contrário.

Figura 15 – Diagrama de um autotransformador


Em qualquer dos casos, a relação de transformação é dada pelo cociente entre o número de
espiras.

Uma das consequências da coincidência parcial entre os enrolamentos do primário e do


secundário é a perda de isolamento galvânico entre as bobinas. No entanto, o autotransformador
apresenta algumas vantagens em relação aos transformadores convencionais, tais como baixo
custo assim como menor volume e menor perdas nos enrolamentos.
Exemplo: Se a bobina tem no primário 200 espiras para 100 V, e você deseja no secundário 50
V, observando a figura a seguir, o número de espiras no secundário pode ser calculado da
seguinte forma:

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Figura 16 – Relação de espiras e tensão de um autotransformador

Se a corrente que entra for de 2A, o autotransformador poderá induzir uma corrente de, por
exemplo, 3 A. Assim, a corrente na carga (D) conforme a figura a seguir será de 5 A.
A corrente da carga é a soma de I1+I2 ou 2A + 3A = 5 A.

Figura 17 – Correntes em um autotransformador

Nesse exemplo, a corrente foi mais que dobrada. Mas foi necessária apenas uma bobina, por isso,
o núcleo deve ter capacidade apenas para a corrente induzida. Num transformador comum, seria
necessário o dobro de secção do núcleo para a mesma carga. Daí o fato de esse transformador ser
econômico quanto ao emprego de materiais.

Transformadores para Instrumentos:

São equipamentos destinados a adequar os níveis de tensão e corrente de um circuito elétrico


para aplicar a sistemas de medição e proteção.

Os TPs – Transformadores de Potencial: São instalados nas subestações ou cabines para


abaixar o valor da tensão para um nível adequado para operação dos relés e medidores (proteção
e medição), transformando, por exemplo, a tensão de 138 KV, ou 13,8 KV para 115 V. Os
transformadores de potencial (TP) de tensão mais alta são construídos em porcelana, isolados em
óleo, em formato cilíndrico e instalados sobre bases metálicas. Os transformadores de potencial
(TP) de tensão mais baixa são construídos em epóxi. O funcionamento assemelha-se bastante aos
transformadores de potência, possuindo enrolamentos de isolamentos.

Os TCs – Transformadores de Corrente: Os transformadores de corrente (TC), são instalados


nas subestações para reduzir o valor da corrente elétrica que passa pelos equipamentos, a um
nível adequado para atuação da proteção e da medição. Sua finalidade se assemelha ao TP –
transformador de potencial, na medida que reduz os valores para medição e proteção. Enquanto o
TP – transformador de potencial reduz a tensão, o TC – transformador de corrente reduz a
corrente elétrica.

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Nas figuras a seguir, são apresentados os esquemas elétricos de ligação dos TPs e TCs. No anexo
I estão ilustrados os diversos equipamentos disponíveis no mecado.

Figura 18 – Diagrama de ligação de um transformador de potencial

Figura 19 – Diagrama de ligação de um transformador de corrente

Ensaios básicos em transformadores:

Ensaio em vazio: O ensaio a vazio de um transformador caracteriza-se pela aplicação do valor


nominal de tensão em um dos lados do mesmo, sendo que o outro lado mantém-se sem carga
conectada.
Normalmente é aplicada tensão nominal do lado da baixa tensão por razões de praticidade, sendo
de melhor acesso tensões em níveis menores.
Nesse tipo de ensaio também é possível verificar a relação de tensão entre o primário e
secundário.

Figura 20 – Diagrama de ligação para ensaio em vazio

Ensaio em Curto Circuito: Consiste da aplicação da tensão em um dos lados do transformador


sendo que o outro fica em curto circuito. A tensão é elevada até que se atinja o valor da corrente
nominal do lado onde esta sendo efetuado o ensaio. Esta corrente não deve ultrapassar a 10% da
corrente nominal do lado ensaiado.

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Figura 21 – Diagrama de ligação para ensaio de curto circuito

12 – QUALIDADE DE ENERGIA

Prof. Hélio Pinola Filho

12.1. Distúrbios que afetam a Qualidade de Energia.

Antes de analisar os distúrbios que afetam a qualidade da energia elétrica, vamos


verificar quais seriam as condições ideais de operação de um sistema elétrico. Assim, na falta de
critérios específicos para avaliar a qualidade de energia, podemos comparar as condições reais de
operação com as características de um sistema ideal e, a partir daí, estabelecer uma escala
quantitativa e classificatória para os desvios observados.

12.1.1. Condições ideais de operação de um sistema elétrico

Por razões que veremos em seguida, um sistema elétrico trifásico ideal deve satisfazer às
seguintes condições de operação em regime permanente:

1. Tensões e correntes alternadas, com formas senoidais;


2. Amplitudes constantes, nos valores nominais;
3. Freqüência constante, no valor síncrono;
4. Tensões trifásicas equilibradas;
5. Fator de potência unitário nas cargas;
6. Perdas nulas na transmissão e distribuição.

Essas seis condições garantem que o sistema atenderá adequadamente a qualquer carga
prevista para operar com corrente alternada na freqüência industrial. Podemos justificar essas
condições ideais da seguinte maneira:

Forma senoidal

A escolha da função senoidal como forma ideal, está associada ao princípio básico da
conversão eletromagnética de energia, expressa pela lei de indução de Faraday, básica na
conversão eletromecânica e eletromagnética de energia:

e(t) = dΦ( t ) / d (t) (1.1)

Φ( t ) = ∫ e( t ).dt 1.2)
onde:
Φ(t) = fluxo magnético variando em uma região envolvida por um condutor elétrico;
e(t) = tensão elétrica induzida nos terminais do condutor.

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Em função das relações (1.1) e (1.2), para se garantir a reversibilidade do processo de


conversão eletromagnética, preservando as formas das ondas do fluxo e da tensão, é necessário
que as variações temporais sejam senoidais. Isso porque as operações matemáticas de derivação
e integração produzem apenas mudança de amplitude e deslocamento de fase, sem alterar a
forma de onda básica da função senoidal. É também com base nessas relações que foi possível
desenvolver o transformador elétrico, viabilizando a transmissão de energia em altas tensões para
longas distâncias, bem como fazer a interligação de sistemas com cargas operando em diferentes
níveis de tensão, preservando sempre a forma de onda original da tensão.

Fica fácil, portanto, entender porque a manutenção do padrão de qualidade da tensão


suprida em sistemas CA passa pela preservação da forma de onda senoidal. Para caracterizar
matematicamente uma tensão senoidal, usaremos a seguinte notação:

e(t) = A.sen(2πft +θ ) (1.3)


onde:
A = amplitude da onda senoidal;
f = freqüência da onda;
θ = ângulo de fase relativo à referência temporal.

Amplitude constante

Amplitude constante garante o nível de potência desejado para cargas passivas de


impedância constante. No entanto, para manter constante a amplitude da tensão no ponto de
alimentação, independente da carga solicitada, é necessário dispor de recursos de controle em
todos os níveis de tensão: nos geradores, a amplitude da tensão terminal é controlada através do
campo de excitação; em transformadores reguladores, o nível de tensão é controlado através da
troca de derivações. Em outros pontos da rede, a tensão pode ser regulada através de dispositivos
controlados eletronicamente, os chamados compensadores estáticos de reativos, que controlam a
absorção de corrente indutiva ou capacitiva, em função dos desvios da referência de tensão.

Freqüência constante

A freqüência constante facilita manter o sincronismo entre os diferentes geradores através


de um sistema de controle da geração descentralizado, capaz de manter o equilíbrio dinâmico
entre a potência gerada e a potência solicitada pelas cargas, que entram e saem livremente ao
longo do tempo. A necessidade desse controle contínuo da geração em função da demanda
variável decorre da impossibilidade de armazenamento da energia elétrica. Isso evidentemente
complica o atendimento durante situações de emergência.
Desequilíbrios temporários entre a geração e a demanda acarretam variações da
velocidade das turbinas e dos geradores que, por princípio, precisam operar em sincronismo.
Por essa razão os desvios de freqüência são utilizados como indicador de erro de geração,
para verificar se a potência gerada atende ou não a carga a cada instante. Redução da freqüência
em relação à síncrona, acusa geração insuficiente e aumento da freqüência, indica excesso de
geração. Uma vez que os geradores das usinas interligadas pela rede operam em sincronismo,
independente da distância geográfica entre elas, suas capacidades de absorção das cargas se
somam na proporção das inércias das respectivas máquinas. Com isso, além das variações da
freqüência tornarem-se relativamente menores, as constantes de tempo envolvidas no controle da
geração tornam-se grandes. Conseqüentemente, o controle da freqüência do sistema pode ser
considerado um processo de ajuste gradual de pequenas perturbações, que o consumidor em

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geral nem percebe. Isto significa que, do ponto de vista do consumidor, a freqüência da rede
pode ser considerado o indicador de qualidade da energia elétrica menos preocupante.

Fases Equilibradas

Em sistemas trifásicos, além da forma de onda, amplitude e freqüência constantes é


necessário garantir que a potência se distribua igualmente entre as três fases. Para que isso ocorra
é necessário que o sistema seja equilibrado, ou seja, que atenda às seguintes condições:

- os elementos em cada fase devem ter as mesmas características elétricas e magnéticas;


- as tensões em cada fase devem apresentar amplitudes e defasagens iguais.

Essas condições serão satisfeitas se as tensões trifásicas forem dadas na seguinte forma:

va ( t ) = A.sen( 2πft +θ ) (1.4)


v t A ft b( ) = .sen( 2π +θ − 2π / 3) (1.5)
v t A ft c( ) = .sen( 2π +θ − 4π / 3) 1.6)

Usando a notação vetorial, as tensões com amplitudes iguais e defasadas de 120° podem
ser representadas pelos vetores Va, Vb e Vc no plano complexo.
.
Pode-se mostrar que quando o sistema está equilibrado, o fluxo de potência total é
unidirecional e constante, indo da fonte para a carga. Isto garante que não haverá circulação
desnecessária de potência na rede e nem sobrecarga de uma fase em relação às outras.

Fator de potência unitário

Manter o sistema trifásico equilibrado não garante, no entanto, que o fluxo de potência
nas linhas seja mínimo para atender a uma dada carga. Essa condição só será satisfeita se a carga
apresentar fator de potência unitário. Nessa situação os sistemas de transmissão e distribuição
ficam livres de suprir potência reativa, que aumentaria as perdas de transmissão.
A demanda da carga por potência reativa pode ser atendida localmente, através de bancos
de capacitores e de reatores fixos ou controlados, no caso de carga variável. As normas atuais
prevêem um fator de potência mínimo de 0.92, com tendência a se tornar ainda mais elevado
(0.95-0.96) no futuro. A elevação do fator de potência não é um problema apenas de melhoria da
qualidade da energia, mas sim uma questão econômica, associada a outros fatores de operação
como a manutenção do perfil plano de tensões ao longo da rede, a minimização das perdas e
garantir a capacidade de regulação da tensão.

Perdas nulas

Manter as perdas mínimas é, sem dúvida, uma condição desejável do ponto de vista da
eficiência do transporte do produto energia elétrica desde os locais de geração até os pontos de
consumo. No entanto, sem a resistência série das linhas e transformadores, não ocorreria a
atenuação dos transitórios de chaveamento durante a energização das linhas, transformadores e
capacitores. A excitação de qualquer freqüência de ressonância criaria sobre-correntes ou sobre-
tensões sustentadas que se propagariam pelo sistema, inviabilizando a operação segura na
freqüência fundamental. Devido à existência de perdas na rede, pode-se conviver com certo grau
de perturbações que, grosso modo, são atenuadas tanto mais rapidamente quanto maior for a sua
freqüência característica. É usual considerar que perdas de transmissão de 3% a 5% constituem
um compromisso satisfatório para a operação do sistema elétrico.

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12.1.2. Condições reais de operação

Em um sistema real é impossível satisfazer totalmente as condições ideais descritas


anteriormente, pois a rede e os equipamentos elétricos estão sempre sujeitos a falhas ou
perturbações que deterioram de alguma maneira as condições que seriam desejáveis para a
operação. Quem determina o grau de confiabilidade com que essas condições podem ser
atendidas depende, em grande parte, dos sistemas de monitoração e controle que estiverem
disponíveis no sistema.
Usando como referência as condições de operação do sistema ideal, podemos adotar
como critério para avaliar a qualidade da energia elétrica o afastamento que o sistema real
experimenta dessas condições ideais. Essa abordagem nos permite estabelecer índices que
avaliam a deterioração das condições de operação, em função dos distúrbios que são impostos ao
sistema.

12.1.3. Critérios de avaliação da qualidade

Assim colocado, o critério de avaliação da qualidade da energia elétrica pode incluir a


verificação das normas estabelecidas para qualificar e quantificar a deterioração imposta por um
distúrbio. Podemos, por exemplo, considerar:

a) a continuidade do fornecimento, quantificada através da duração e da freqüência das


interrupções (índices DEC e FEC) de fornecimento de energia;
b) o nível de tensão adequado, obtido através do controle dos limites mínimos e máximos
de tensão dos consumidores, bem como de índice que avalie a freqüência de violação dos
mesmos limites para os consumidores conectados;
c) a distorção da forma de onda através da avaliação da presença de freqüências
harmônicas e de inter-harmônicas;
d) a regulação da tensão em torno dos valores nominais, mesmo com cargas variáveis,
quantificando a amplitude e freqüência das flutuações de tensão;
e) a freqüência nominal da rede, que atualmente é estabelecida através do balanço de
energia entre sistema produtor e consumidor;
f) o fator de potência, cujo valor mínimo atual (0.92) é regulamentado através de
legislação específica;
g) o desequilíbrio entre fases, dado como valor percentual dos componentes de seqüência
negativa e zero, medidos em relação à seqüência positiva.

12.1.4. Terminologia básica e definições

No contexto de qualidade de energia é necessário conhecer alguns conceitos básicos


extraídos das respectivas Normas bem como de conceitos de Compatibilidade Eletromagnética:

Distúrbio eletromagnético:

É qualquer fenômeno eletromagnético que pode degradar o desempenho de um


dispositivo, equipamento ou sistema, e afetar adversamente matéria viva ou inerte.

Interferência eletromagnética (IEM)

É a degradação do desempenho de um dispositivo, equipamento ou sistema causado por


um distúrbio eletromagnético.

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Compatibilidade eletromagnética (CEM)

É a capacidade de um equipamento ou sistema operar satisfatoriamente no seu ambiente


eletromagnético sem impor distúrbios eletromagnéticos intoleráveis em nada nesse ambiente.

Nível de emissão

É o nível de um determinado distúrbio eletromagnético emitido por um dispositivo,


equipamento ou sistema, medido de acordo com uma dada especificação.

Nível de imunidade

É o nível máximo de um dado distúrbio eletromagnético, incidente sob certas condições


em um dado dispositivo, equipamento ou sistema sem que ocorra degradação de operação.

Nível de compatibilidade

É o nível de distúrbios eletromagnéticos que é usado como referência para a coordenação


entre o nível de emissão e de imunidade dos equipamentos.

Antes de aprofundarmos a análise sobre os distúrbios e as formas de avaliação, vamos


apresentar a terminologia específica que será aplicada neste contexto. Os conceitos e definições,
aqui apresentados por ordem alfabética, podem ser encontrados em documentos oficiais, como a
coletânea “Distribuição de Energia Elétrica” editada pela Eletrobrás (1985), e na proposta
elaborada pela a Comissão de Serviços Públicos de Energia (CSPE), da Secretaria de Energia do
Estado de São Paulo que produziu o documento "Qualidade do Fornecimento de Energia Elétrica
- Indicadores, Padrões e Penalidades" (Jul/97) para discussão. Importantes fontes de informação
sobre os novos procedimentos de rede podem ser encontradas nos sites da Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL) - http://www.aneel.gov.br e do Operador Nacional do Sistema (ONS)
- http://www.ons.org.br.

Definições:

Componente Fundamental

É a componente senoidal, na freqüência nominal da rede, de um sinal de tensão ou corrente.

Desequilíbrio ou Desbalanço de Tensão

É o desvio, em sistemas trifásicos, nos módulos e/ou ângulos das tensões em relação à
condição equilibrada que é caracterizada pela igualdade dos módulos e defasagem de 120° entre
si.

Distorção Harmônica

É a distorção na forma do sinal de tensão ou corrente alternada causada por harmônicos,


que são componentes senoidais, com freqüências iguais a múltiplos inteiros da freqüência do
sistema.

Função Distribuição de Tensão

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É uma função que apresenta a distribuição estatística de ocorrências de níveis de tensão,


obtidas através de medição apropriada (constante de tempo < 90s), considerando intervalos de
amplitude iguais a 1% da tensão nominal. Objetiva identificar a quantidade de ocorrências de
níveis de tensão fora dos limites adequados ou fora dos limites precários.

Flutuação de Tensão

É uma série de variações regulares ou irregulares no valor eficaz ou na amplitude da


tensão, que muitas vezes causa o efeito de cintilação (¨flicker¨), que é a impressão visual
resultante das variações do fluxo luminoso das lâmpadas.

Limites Adequados da Tensão Medida

São os limites admissíveis de variação da tensão medida, para as condições permanentes


de funcionamento do sistema.

Limites Precários de Tensão Medida

São os limites admissíveis de variação da tensão medida, para condições provisórias de


funcionamento do sistema.

Ponto de Entrega ou de Acoplamento

É a fronteira entre as instalações da concessionária e as do consumidor.

Tensão de Fornecimento

É a tensão eficaz fixada pela concessionária, em contrato de fornecimento de energia


elétrica.

Tensão Medida

É a média das tensões eficazes obtidas por medição, em um intervalo de tempo de 10


minutos, no ponto de entrega de um consumidor.

Tensão Medida Máxima e Mínima

São, respectivamente, os valores máximos e mínimos de um conjunto de tensões eficazes


medidas, obtidas seqüencialmente, em um período pré-determinado, segundo procedimento
específico vigente.

Tensão Nominal

É a tensão eficaz fixada como base para um sistema de energia elétrica.

Variação de Tensão

É o aumento ou redução do valor eficaz ou da amplitude de tensão, durante um dado


intervalo de tempo.

12.1.5. Caracterização de Distúrbios

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Os distúrbios aos quais o sistema elétrico está exposto, podem ser caracterizados de
diversas maneiras: em função da duração do evento (curta, média ou longa duração), da faixa de
freqüências envolvidas (baixa, média ou alta freqüência), dos efeitos causados (aquecimento,
vibrações, cintilação luminosa, erro de medidas, perda de eficiência, redução da vida útil) ou de
acordo com a intensidade do impacto (pequeno, médio ou grande impacto).
Para se fazer qualquer dessas classificações é preciso conhecer melhor as características
de cada tipo de distúrbio, como será visto a seguir (apresentados por ordem alfabética):

Afundamento ou mergulho de tensão (voltage sag)

É uma redução do valor rms da tensão durante meio ciclo até 1 minuto. É provocado
tipicamente pela entrada de uma carga temporária, de porte significativo em relação ao nível de
curto-circuito local. Pode também ser devido a um curto-circuito próximo. Em geral, seu efeito
desaparece depois que a causa direta é removida.

Elevação de tensão (voltage swell)

É um aumento do valor rms da tensão com duração entre meio ciclo e 1 minuto. Trata-se
do efeito contrário ao do afundamento, sendo as principais causas as saídas temporárias de
cargas ou a conexão de um banco de capacitores.
Sobre-tensão

É o aumento do valor rms da tensão durante mais de 1 minuto. Esse seria o


prolongamento da elevação de tensão. Em geral os equipamentos apresentam menor tolerância à
sobre tensões do que à sub-tensões, devido a problemas de rompimento do dielétrico;

Subtensão

É a redução do valor rms da tensão durante mais de 1 minuto. Corresponde ao


prolongamento do afundamento de tensão. Pode causar problemas para motores de indução que
perdem torque e podem ficar sobrecarregados;

Colapso de tensão

É um afundamento gradual e auto-sustentado da tensão abaixo de níveis toleráveis pelas


cargas. Ocorre, em geral, associado à falta de suporte reativo, à insuficiência de capacidade de
controle ou falta de coordenação das ações de controle, por exemplo, entre reguladores de tensão
e mudança de tap de transformadores. A dinâmica típica do colapso é não oscilatória, com a
tensão caindo gradualmente e provocando desligamentos em cascata.

Desequilíbrios de tensões

São variações desiguais em amplitude e/ou fase das tensões trifásicas. São causadas pela
conexão desigual de cargas mono- ou bifásicas em sistemas trifásicos. Cargas trifásicas não
lineares de grande porte também podem produzir desequilíbrio, como os fornos de arco elétrico;

Interrupção momentânea

É uma interrupção de meio ciclo até 3 segundos de duração. No caso de interrupções


causadas pela ação correta da proteção da rede, é esperado que ao final do defeito o sistema

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possa retornar à condição de operação normal. Nestes casos é desejável dispor de fontes
especiais do tipo UPS ("Uninterruptible Power Source") para suprir energia aos sistemas de
processamento de dados para suportar uma interrupção tão prolongada;

Interrupção temporária

É uma interrupção com duração entre 3 segundos e 1 minuto. Neste caso já se requer uma
fonte ininterrupta que utiliza bateria como fonte alternativa, para a qual a carga é transferida
automaticamente em caso de falta da alimentação principal. Esse tipo de evento em geral é
causado pelo sistema de proteção com religa mento automático após a eliminação de curto
circuito na rede;

Interrupção permanente ("outage")

É uma interrupção com duração maior que 1 minuto. Este é o caso de desligamento de
uma linha sem previsão de retorno imediato. Pode ocorrer de forma imprevista, no caso de
defeito, ou de forma programada, para fins de manutenção ou transferência de carga. Existem
critérios de qualidade de serviço, que medem a duração ou a freqüência anual das interrupções
por consumidor.

Micro-interrupção

É a perda completa da alimentação de até meio ciclo da freqüência da rede. Esse tipo de
defeito em geral é devido a um curto-circuito em sistemas de distribuição com extinção rápida.
Fontes de alimentação CC com capacitores dimensionados adequadamente podem suportar esse
tipo de distúrbio sem afetar o dispositivo alimentado. Se o defeito for persistente, a proteção
poderá entrar uma ou mais religações, impondo tensões temporárias baixas, que por sua vez
podem danificar equipamentos, principalmente motores que não conseguem partir.

Distorção harmônica

É a combinação da tensão (ou corrente) fundamental com componentes de freqüência


múltipla inteira. Normalmente é causada por dispositivos não-lineares de conversão com
espectro harmônico característico, como ponte de retificadores, compensadores controlados a
tiristores; ciclo-conversores, etc.

Distorção inter-harmônica

Combinação da tensão (ou corrente) fundamental com componentes não múltiplas


inteiras. São produzidas em geral por cargas não-lineares, com espectro contínuo. Fornos a arco
são exemplos típicos que produzem distorção devido a harmônicas e inter-harmônicas;

Recortes de Comutações ("notches")

São transições sucessivas e bruscas de tensão ou corrente entre diferentes níveis.


Normalmente associadas com curto-circuito momentâneo da fonte, devido à comutação de
chaves eletrônicas de potência, por exemplo conversores trifásicos. São fontes de ruídos e
interferências indesejáveis e de difícil tratamento;

Oscilações transitórias

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São oscilações rápidas devidas a manobras de disjuntores. Em geral são causadas por
chaveamento de capacitores na rede. Devido aos elevados valores de di/dt provocados pela
brusca energização do capacitor, são excitadas ressonâncias em alta freqüência, que se
convertem em oscilações rápidas da tensão no ponto de conexão do capacitor. Essas oscilações
podem provocar a atuação da proteção ou produzir sobre-tensões em outros equipamentos
próximos.

Flutuações de tensão

São mudanças sustentadas da amplitude da tensão fundamental. Em geral são provocadas


por variações de cargas como fornos a arco, elevadores, bombas e compressores. O efeito
principal é o fenômeno de flicker, mas as flutuações de tensão podem ocasionar oscilações de
potência nas linhas de transmissão, levando os geradores a oscilar entre si (oscilações
eletromecânicas) ou com a turbina (ressonância sub-síncrona). Podem também ser decorrentes de
ajuste inadequado ou descoordenado dos reguladores de tensão, que realimentam pequenas
variações positivamente, devido à taxa de amortecimento negativa das malhas de controle;

Modulação da amplitude

Consiste na variação periódica da amplitude da tensão ou da corrente. O afundamento


regular da tensão, provocado por uma carga cíclica como um compressor de pistão acionado por
motor elétrico provoca o efeito de modulação da amplitude da corrente absorvida e, com isso, da
tensão do sistema alimentador. Esse processo pode provocar o fenômeno de flicker ou cintilação
luminosa quando a freqüência modulante cai na faixa entre 0 e 30 Hz.

Cintilação luminosa (efeito flicker)

É efeito da variação de emissão luminosa percebida visualmente, em decorrência de


flutuações da magnitude da tensão. O fenômeno está associado à operação de cargas variáveis. A
percepção visual do fenômeno ocorre na faixa de modulação da tensão entre 0 e 30 Hz, sendo
máxima em torno de 8,8 Hz. Vários fatores afetam o nível do incômodo provocado, tais como a
forma da modulação (quadrada ou senoidal), o tipo de iluminação (incandescente ou
fluorescente), a inércia térmica das lâmpadas, etc. Seus efeitos são subjetivos e acumulativos,
podendo afetar o sistema nervoso central, provocando estresse e até crises epilépticas em pessoas
propensas.

Interferência eletromagnética

São ruídos impostos por indução ou por condução. No caso da indução, é devido ao
acoplamento magnético entre circuitos previstos para operar em diferentes faixas de freqüências
e que se localizam fisicamente próximos. Este fenômeno é mais acentuado em altas freqüências,
pois o alcance dos efeitos é maior (ex. rádio-interferência). No caso de condução, em geral o
efeito se manifesta por falta de um terra comum suficientemente sólido (ex. ruído no "terra" de
fontes, causado pelo chaveamento da corrente, mau contato, etc.);

Interferência telefônica

É um ruído audível em linhas telefônicas, causado por indução eletromagnética na faixa


60Hz a 5kHz. Esse é um tipo especial de interferência, que tem tratamento particular devido à
importância da comunicação telefônica. Com a tendência atual pela digitalização dos meios de
transmissão de dados e informações, esse problema ficou bem menos crítico devido à imunidade
maior da transmissão digital aos ruídos de fundo. Como a sensibilidade auditiva não é uniforme

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em toda a faixa de percepção sonora, criou-se uma curva de ponderação para o nível de
interferência (TIF) aceitável na faixa entre 60 e 5000 Hz.

Ruídos

São componentes espectrais de larga faixa de freqüência observados na tensão ou


corrente fundamentais. Do ponto de vista do sistema de 60 Hz, no qual a faixa de avaliação vai
até a 50ª harmônica (3 kHz), tudo que estiver acima disso é considerado ruído. Em sistemas
telefônicos essa faixa realmente representa ruído audível (até 20 kHz), daí a necessidade da
ponderação pela curva de sensibilidade auditiva. freqüência, estejam presentes, indevidamente,
na tensão da rede, podendo afetar o funcionamento de outros equipamentos conectados na
mesma rede.

Oscilações eletromecânicas

São oscilações angulares do rotor do gerador na velocidade síncrona, devido à


elasticidade do acoplamento eletromagnético entre o rotor e o campo girante da máquina
síncrona. Essas oscilações de baixa freqüência ( 0.2 a 2.0 Hz) são pouco amortecidas e podem
durar vários minutos, causando oscilações de potência entre a máquina e a rede (modo local) ou
entre diferentes máquinas ou grupos de máquinas (modos inter-máquinas ou inter-áreas). Para
prevenir essas oscilações da máquina, a solução usual é forçar o sistema de excitação do gerador
a modular a tensão interna (Eq) de modo a amortecer as oscilações da velocidade do rotor;

Ressonâncias sub-síncronas

São oscilações de potência associadas com a plasticidade do acoplamento mecânico entre


o rotor da turbina e o rotor do gerador. Esse problema só foi observado quando se começou a
usar a compensação série de linhas de transmissão longas, no início dos anos 60. Devido à
ressonância eletromecânica, na faixa típica de 10 a 30 Hz, as massas girantes do rotor da turbina
oscilam contra as do rotor do gerador, podendo provocar a ruptura do acoplamento por
cisalhamento. A solução também envolve o uso de ESP (Estabilizadores do Sistema de
Potência), para introduzir amortecimento das oscilações do fluxo de potência entre a máquina e o
sistema. Esse controle pode ser realizado por um CSCT (Compensador Série Controlado por
Tiristores);

Descargas eletrostáticas

São correntes de fuga de cargas acumuladas em campos elétricos intensos. Em geral são
de origem externa (descargas atmosféricas), mas podem ser de origem interna (efeito corona)
como sobre tensões entre espiras e carcaça ou núcleo de máquinas e transformadores;

Surto de tensão ("voltage surge")

É a elevação impulsiva de tensão. Esse tipo de distúrbio pode estar associado a descargas
atmosféricas ou a chaveamento de corrente imposta em circuitos altamente indutivos, seja
através da conexão de capacitor ou pela comutação de dispositivo eletrônico. O efeito mais
comum é a ruptura do dielétrico no ponto fraco do isolamento do sistema e a queima de
componentes eletrônicos por sobre tensão ou excessivo dv/dt. Devido à rapidez do evento (micro
segundos) não existem muitas formas de evitar os efeitos. Está-se pesquisando intensamente os
varistores a base de cerâmicas especiais, com capacidade de ceifar os picos de tensão, drenando a
energia excedente para terra;

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12.1.6. Classificação dos distúrbios segundo faixas de freqüências

Em função das freqüências que caracterizam cada fenômeno, podemos definir três faixas
principais, a saber:

Distúrbios de baixa freqüência ou sub-síncronos (f < 60 Hz);

Na faixa inferior de freqüências podemos incluir:


• colapso de tensão;
• oscilação eletromecânica;
• cintilação ou flicker;
• ressonância sub-síncrona.

Como já foi visto, entre os distúrbios elétricos mais lentos a que um sistema está sujeito,
temos o colapso da tensão, que pode se estender por vários minutos; depois vem as oscilações
eletromecânicas dos geradores, que ocorrem na faixa 0.2 a 2 Hz; a seguir temos a modulação da
tensão, responsável pelo efeito da cintilação luminosa (flicker), na faixa de 0 a 30 Hz e a
ressonância sub-síncrona entre turbina e gerador, que se manifesta tipicamente na faixa entre 10
a 20 Hz.

Distúrbios de média freqüência (60 Hz < f < 9 kHz);

Na faixa intermediária de freqüências têm-se basicamente os efeitos harmônicos:


• distorção harmônica e inter-harmônica;
• interferência telefônica;
• ressonâncias paralelas entre transformadores, cargas e compensadores.

Nesta faixa intermediária de freqüências estão incluídos todos os processos que produzem
distorções de forma de onda das tensões e correntes com freqüência fundamental 60 Hz, e cujo
espectro pode apresentar componentes significativas até da 50ª harmônica (3 kHz). Elementos
não lineares, que distorcem as formas de onda de tensão e corrente, sempre estiveram presentes
no sistema elétrico, por exemplo, em dispositivos com núcleo ferromagnético saturável. Com a
introdução dos dispositivos chaveados eletronicamente, no entanto, o grau de distorção
produzido aumentou significativamente, gerando a necessidade de constantes verificações dos
níveis harmônicos no sistema. A presença de harmônicas e inter-harmônicas na rede cria uma
série de problemas como ressonâncias, sobre-aquecimento, erros de medição, vibrações em
máquinas, etc. À medida que o problema de distorção harmônica vem se agravando nos últimos
anos, cresce a necessidade de estabelecer limites mais rigorosos, atendendo aos interesses de
todos os consumidores, fabricantes de equipamentos elétricos e concessionárias de energia. Essa
necessidade de estabelecer limites aceitáveis para os níveis harmônicos em sistemas de potência
e instalações industriais, é que tem estimulado a monitoração da qualidade da energia elétrica
que é entregue aos consumidores.

Distúrbios de alta freqüência (9 kHz < f < 30 MHz)

Na faixa superior de freqüências temos os fenômenos de interferência:

• chaveamentos rápidos de disjuntores e conversores eletrônicos;


• descargas eletrostáticas e surtos de tensão;
• interferências eletromagnéticas conduzidas e irradiadas.

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Surtos, descargas de tensão e manobras de disjuntores, são exemplos típicos de distúrbios


com conteúdo espectral de alta freqüência. Porém, os distúrbios de alta freqüência mais comuns
são devidos ao chaveamento (comutação de chave eletrônica na faixa de dezenas de kHz) para o
comando de conversores estáticos. A alta freqüência para o chaveamento eletrônico é usada
devido à melhoria da resposta dinâmica do circuito e a redução física dos elementos de filtragem
(indutores e capacitores) e de eventuais transformadores, com a elevação da densidade de
potência do conversor. No entanto, quando alimentados a partir da rede elétrica, componentes de
corrente em alta freqüência podem circular pela rede, devido à própria característica topológica
do conversor e também por fenômenos de acoplamento via indutâncias e capacitâncias parasitas.
Isso pode afetar o funcionamento de outros equipamentos conectados à mesma linha de
alimentação, sensíveis a essas interferências. Os fenômenos de interferência eletromagnética
(IEM), que ocorrem acima de 100 kHz, também podem ser provocados por esses chaveamentos.
Para atenuar esses problemas, utiliza-se em geral a blindagem eletromagnética. Os níveis de IEM
conduzida podem ser reduzidos a valores aceitáveis pela adequada seleção e projeto do
conversor ou pela inclusão de filtros de linha. Tais filtros, no entanto, podem afetar o
comportamento dinâmico do conversor, pois alteram a ordem do sistema, e, por isso, devem ser
motivo de cuidadoso projeto, para cada aplicação específica. Médias freqüências Baixas
freqüências Altas freqüências.

Tabela Resumo dos Eventos

DISTURBIO CAUSAS EFEITOS


Afundamento da tensão degrau Curto-Circuito Perda de Falha de operação
de carga Potência
Cintilação luminosa Cargas variáveis Incomodo visual, estresse
Colapso da tensão falta Falta de Suportes Reativos Perda de Sincronismo,
Desligamentos
Descarga eletrostática Sobre-tensões Ruptura de Isolantes Sobre-
Correntes
Desequilíbrio de tensões Cargas desiguais, curto Sobre-tensão, sobre-corrente,
entre fases vibração em máquinas
Elevação da tensão Redução de carga, Excesso Estresse de dielétrico,
de reativos, curto sobrecarga
desequilibrado
Flutuação da tensão Cargas variáveis, oscilação Cintilação, modulação de
de torque
Potência
Harmônicas Cargas não lineares, Ressonância, perdas
chaveamento, adicionais, ruído,
Descontinuidades aquecimento, interferência
telefônica
Impulso da tensão Descarga eletrostática Ruptura de dielétrico
Interferência eletromagnética Mau contato, chaveamento Aquecimento localizado, falha
em alta de
Freqüência sistemas digitais
Interferência telefônica Correntes harmônicas em Ruído telefônico
linhas
Inter harmônicas Cargas não lineares Modulação harmônica,
variáveis interferências
Interrupção momentânea Curto circuito momentâneo Falha de equipamentos
sensíveis
Interrupção temporária Curto circuito temporário, Perdas em processos
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atuação da produtivos
Proteção
Interrupção permanente Manutenção programada, Parada de produção
falha
imprevista
Micro interrupção Curto circuito momentâneo Falha de equipamentos
sensíveis
Modulação de amplitude Carga cíclica, ressonância Cintilação, oscilação de torque

Oscilação eletromecânica Desbalanço entre geração e Modulação da potência gerada,


carga variação da freqüência
Oscilação transitório Manobra de disjuntor, curto Sobre-tensões, ressonâncias
circuito
Oscilação sub-transitória Descontinuidade brusca em Surtos de tensão
circuitos
reativos
Recorte de comutação Curto circuito momentâneo Estresse de dielétricos,
devido a modulação
comutação de conversores harmônica, poluição sonora
eletrônicos
Ressonância sub-síncrona Compensação capacitiva Vibração mecânica entre
série de turbina e
linha gerador
Ruído Descargas e arcos elétricos, Interferências, falha de
mau sistemas
contato digitais
Sobre-tensão Curto desequilibrado, Ruptura de dielétricos, sobre
entrada de corrente,
capacitor, redução de carga aumento de perdas, queima
de aparelhos, redução da vida
útil
Sub-tensão Curto circuito, partida de Sobre-corrente, falha na
motores, operação,
falta de suporte reativo desligamento
Surto de tensão Descarga eletrostática, Ruptura de dielétrico, queima
curto circuito de
Equipamentos

Referencias Bibliográficas:

- Curso Avaliação da Qualidade da Energia Elétrica – Unicamp.


- Faculdade de Engenharia Elétrica de Computação – Unicamp.
- Workshop – Instalações Elétricas de Baixa Tensão – Qualidade de Energia Harmônicas.
- Curso de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica - Qualidade de Energia Elétrica –

Ewaldo L. M. Mehl.

13 – FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA

Prof. Wagner Seizo Hokama

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Programa de Eficiência Energética – ANEEL

O objetivo desse programa é demonstrar à sociedade a importância e a viabilidade econômica de


ações de combate ao desperdício de energia elétrica e de melhoria da eficiência energética de
equipamentos, processos e usos finais de energia.

Fontes de Energia – Vamos analisar as principais fontes alternativas de energia hoje utilizadas.

Tipos de Usinas – Como as fontes alternativas de energia se convertem em energia elétrica.

Micro e Minigeração – Resolução 482/2012 da ANEEL e seus impactos no nosso dia a dia.

Programa de Eficiência Energética - ANEEL:

Receita Operacional Líquida (ROL): Resultado obtido, após deduzir-se da Receita Operacional
Bruta os impostos incidentes sobre vendas, as vendas canceladas e os abatimentos concedidos.

Receita Operacional Bruta (ROB): Decorrente das vendas totais de uma empresa, sem as
deduções, devoluções, abatimentos, etc. Corresponde à receita total, não considerando qualquer
desconto, nem mesmo as despesas operacionais ou custos.

Número de Identificação Social – NIS, número recebido quando da inscrição no Cadastro Único.

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MERCADO REGULADO : 0,5% DA ROL DE TODAS CONCESSIONÁRIAS Até 2013


60% - Residencial – Baixo Poder Aquisitivo com TSEE (Tarifa Social de Energia Elétrica)
40 % - Prédios Públicos
Estimado após queda da ROL em 900 MM / Ano

As regras da ANEEL distribui os recursos, sendo obrigatório que 60% desses recursos sejam
destinados à projetos envolvendo a população de baixa renda.

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O projeto CPFL nas Escolas tem como principal objetivo capacitar educadores de escolas
públicas municipais da área de concessão da CPFL Paulista e CPFL Piratininga , para
disseminar conceitos básicos de uso eficiente e seguro da energia elétrica.
A metodologia utilizada é a do PROCEL (“A Natureza da Paisagem: Energia Recurso da Vida”)
e é aplicada junto ao público infanto-juvenil (ensino fundamental – 2º ao 9º ano), envolvendo
suas famílias e a comunidade, através de ações lúdicas e interativas contribuindo para a mudança
de hábitos e comportamento.
Após a conclusão das etapas, temos a parte prática que é a exposição da Unidade Móvel de
Ensino multifuncional, para visitação dos educadores/professores, alunos das escolas
participantes do projeto e comunidade, onde são desenvolvidas atividades educativas que
possibilitam uma interação, de forma concreta, com os conceitos de energia elétrica e suas
práticas de conservação, utilização racional dos recursos e meio ambiente, além de proporcionar
atividades de lazer e entretenimento.

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Fontes de Energia:

Hidrelétricas (PCH) – Pequenas Centrais Hidrelétricas Utiliza da força das águas, energia
cinética, para mover geradores síncronos, transformando energia mecânica em elétrica; Trata-se
de uma energia renovável e de médio impacto ambiental; É uma fonte constante e, assim, pode
ser despachada sob demanda;

Eólica: Utiliza da força dos ventos, energia cinética, para mover geradores síncronos,
transformando energia mecânica em elétrica; Trata-se de uma energia renovável e de baixo
impacto ambiental; Todavia não é uma fonte constante, assim não pode ser despachada sob
demanda;

Solar: Aquela proveniente dos raios solares, transformando luz em energia elétrica; Trata-se de
uma energia renovável e de baixo impacto ambiental; Apresenta-se como a fonte de energia mais
viável para a micro-geração; Todavia não é uma fonte constante (quando não utiliza-se bateria),
assim não pode ser despachada sob demanda;

Maremotriz/ondomotriz: Utiliza da força da águas, energia cinética, para mover geradores


síncronos, transformando energia mecânica em elétrica; Trata-se de uma energia renovável e de
baixo impacto ambiental; Todavia não é uma fonte constante, assim não pode ser despachada sob
demanda;

Termelétrica: Aquela energia proveniente de uma fonte de calor: Geotérmica (renovável);


Bagaço de cana (renovável); Biogas (renovável); Dependendo da fonte de calor pode ser uma
energia renovável; É uma fonte de energia constante e, assim, pode ser despachada;

Tipos de Usinas:

Hidroelétrica:

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Utiliza como fonte de energia a água dos rios e lagos, transformando energia cinética em energia
elétrica;
De acordo com a capacidade de geração, elas são definidas como:
Maior que 30 MVA – UHE – Usina Hidroelétrica de Energia;
Entre 1 à 30 MVA – PCH – Pequena Central Hidroelétrica;
Menor que 1 MVA – CGH - Central Geradora Hidroelétrica;
Normalmente é utilizado Geradores Síncronos, mas Geradores de indução também é considerado
devido ao baixo investimento inicial e de manutenção;
Representa cerca de 70% da matriz energética do Brasil; Energia Limpa!

Termoelétrica:

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Utiliza o princípio da termodinâmica para transformar calor em movimento (panela de pressão).


Energia cinética que se transforma em energia elétrica, assim como nas usinas hidroelétricas;
No Brasil destaca-se a produção com biomassa – bagaço de cana;
CHP – Combined Heat and Power;
Rendimento de 14,2 kWh por tonelada de bagaço;

Eólicas:

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Evolução do aerogerador no tempo


Aumento de potencia ao longo do tempo
Potencial energético do Brasil, separado por regiões
Destaque para as regiões Nordeste e Sul;

Usinas Solares

A energia do sol é a fonte indireta de muitos combustíveis, como a própria biomassa. Mas foi na
década de 70, marcada pelos choques do petróleo que elevaram de forma acentuada os preços do
“ouro negro”, afetando em efeito domínio as economias dos países ao redor do mundo, que as
pesquisas com o uso da energia solar para a produção de energia deslanchou. Com os preços do
petróleo - que dominava as matrizes energéticas dos países industrializados - subindo sem
escalas, era necessário buscar alternativas que reduzissem a dependência desta commodity.
O aproveitamento da energia solar para a geração de energia elétrica galgou, nos últimos anos,
alguns degraus em seu desenvolvimento no Brasil, com a implementação de projetos de maior
porte, com cerca de 1 megawatt (MW) de capacidade. Segundo estimativas da Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), órgão que responde pelo planejamento do setor elétrico, existem no
Brasil cerca de 20 MW de capacidade instalada de geração fotovoltaica, em sua grande maioria
distribuída em sistemas isolados e remotos. O número de pedido de registros de usinas
fotovoltaicas encaminhados à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) até 2012 alcançou
117 projetos, somando 3.128 MW de capacidade, o que revela uma predisposição a uma forte
ampliação do parque gerador de geração de energia a partir da radiação solar. A expectativa é a
de que, nos próximos cinco anos, a energia solar, em especial a geração fotovoltaica, ganhe mais
corpo no Brasil, ampliando a sua competitividade e, em consequência, a sua inserção na matriz
energética.

Objetivo Atender integralmente a chamada 13/2001 da ANEEL. Planta FV com Site MT (1,05
MWp) e BT (0,075 MWp) (site BT integra energia solar fotovoltaica e energia eólica), integrada
e monitorada pelo Smart Integration, um sistema de instrumentação virtual a ser desenvolvido no
projeto com plataforma de hardware e software aberta com simulação de cargas variáveis e
conexão aos serviços auxiliares da subestação.

Descrição Técnica Monitoramento e análise do sistema solar (e eólico) no que tange ao


desempenho comparativo do sistema e da conexão com a rede.
Projetar e construir bancada (Smart Integration) que irá permitir monitorar e avaliar impactos da
conexão da planta na rede de distribuição.
Análise do potencial de nacionalização de equipamentos fotovoltaicos e eólicos, inclusive
inversores, para geração distribuída em baixa tensão.
Teste e avaliação de equipamentos nacionais.

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Estudo técnico-econômico do projeto de geração solar PV, Projeto Básico e Projeto Executivo de
uma planta PV conectada à rede da CPFL, com 1,05 MWp(2 tecnologias distintas), sendo a
conexão na MT.
Estudo e avaliação técnico-econômica de tecnologias de PV Originalidade Planta.

Solar: Iniciativa CPFL


Telhado Solares 200 residências em um alimentador 0,8 MWp
Este projeto vai instalar 200 telhados solares com potencia total de 0,8 MWp, na baixa tensão de
um mesmo alimentador na cidade de Campinas, no Bairro de Barão Geraldo.
A ideia é implementar um ambiente vislumbrando o ano de 2030.

Micro e Minigeração Distribuída:

Desde 17 de abril de 2012, quando entrou em vigor a Resolução Normativa ANEEL nº


482/2012, o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir de fontes
renováveis e inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua localidade. Trata-
se da micro e da minigeração distribuídas de energia elétrica, inovações que podem aliar
economia financeira, consciência socioambiental e autossustentabilidade. Veja aqui quantos
consumidores já estão operando como micro e minigeradores no Brasil.

Os estímulos à geração distribuída se justificam pelos potenciais benefícios que tal modalidade
pode proporcionar ao sistema elétrico. Entre eles, estão o adiamento de investimentos em
expansão dos sistemas de transmissão e distribuição, o baixo impacto ambiental, a redução no
carregamento das redes, a minimização das perdas e a diversificação da matriz energética

De acordo com a Resolução Normativa nº 482/2012, os microgeradores são aqueles com


potência instalada menor ou igual a 100 quilowatts (kW), e os minigeradores, aqueles cujas
centrais geradoras possuem de 101 kW a 1 megawatt (MW). As fontes de geração precisam ser
renováveis ou com elevada eficiência energética, isto é, com base em energia hidráulica, solar,
eólica, biomassa ou cogeração qualificada.

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Crédito de energia

A novidade da norma é simplificar a conexão das pequenas centrais à rede das distribuidoras de
energia elétrica e permitir que a energia excedente produzida possa ser repassada para a rede,
gerando um “crédito de energia” que será posteriormente utilizadopara abater seu consumo. Um
exemplo é o da microgeração por fonte solar fotovoltaica: de dia, a “sobra” da energia gerada
pela central é passada para a rede; à noite, a rede devolve a energia para a unidade consumidora e
supre necessidades adicionais. Portanto, a rede funciona como uma bateria, armazenando o
excedente até o momento em que a unidade consumidora necessite de energia proveniente da
distribuidora.

O saldo positivo desse crédito de energia não pode ser revertido em dinheiro, mas pode ser
utilizado para abater o consumo em outro posto tarifário (ponta/fora ponta), quando aplicável,
em outra unidade consumidora (desde que as duas unidades estejam na mesma área de concessão
e sejam do mesmo titular) ou na fatura do mês subsequente. Os créditos de energia gerados
continuam válidos por 36 meses.

Condições para a adesão

Compete ao consumidor a iniciativa de instalação de micro ou minigeração distribuída – a


ANEEL não estabelece o custo dos geradores e tampouco eventuais condições de financiamento.
Portanto, o consumidor deve analisar a relação custo/benefício para instalação dos geradores,
com base em diversas variáveis: tipo da fonte de energia (painéis solares, turbinas eólicas,
geradores a biomassa, etc), tecnologia dos equipamentos, porte da unidade consumidora e da
central geradora, localização (rural ou urbana), valor da tarifa à qual a unidade consumidora está
submetida, condições de pagamento/financiamento do projeto e existência de outras unidades
consumidoras que possam usufruir dos créditos do sistema de compensação de energia elétrica.

Por fim, é importante ressaltar que, para unidades consumidoras conectadas em baixa tensão
(grupo B), ainda que a energia injetada na rede seja superior ao consumo, será devido o
pagamento referente ao custo de disponibilidade –valor em reais equivalente a 30 kWh
(monofásico), 50 kWh (bifásico) ou 100 kWh (trifásico). Em situação análoga, para os
consumidores conectados em alta tensão (grupo A), a parcela de energia da fatura será
zerada,sendo que a parcela da fatura correspondente à demanda contratada será faturada
normalmente.

Bibliografia:

- Site da CPFL, www.cpfl.com.br, visita no dia 15/11/2014;


- Site da CPFL, www.cpfl.com.br, visita no dia 15/11/2014;
- Site da ANEEL, www.aneel.org.br, visitado no dia 15/11/2014;
- Capacitação em energia fotovoltaica, LSF – Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos da USP;
- Aula de Mestrado da Unicamp, “Geração Distribuída”, Prof. Walmir De Freitas Filho

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