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Tema: B Teoria cinética de gás ideal
Comportamento térmico dos gases
1- Temperatura

A temperatura é definida como a medida do nível de energia térmica de um material, ou seja, é a medida do nível
ou grau de agitação das partículas constituintes (átomos ou moléculas).

temperatura também é uma grandeza e pode ser medida por meio de um termómetro digital ou de mercúrio. O
termómetro de mercúrio é feito de um fino tubo de vidro com mercúrio dentro. Esse líquido dilata-se com o
aumento da temperatura e assim indica seu valor na graduação, que fica na parte externa do tubo.
Essas graduações são chamadas de escalas termométricas e são três as mais utilizadas: graus Celsius (ºC),
Kelvin (K) e Fahrenheit (ºF).

A temperatura de um gás aumenta se aumentarmos sua energia cinética, Ecin e T são grandezas directamente
proporcionais.

2- Escalas térmicas. Escala absoluta de temperatura

A temperatura é uma medida do nível de energia térmica de um material. O tipo de termómetro mais comum é
aquele que é formado por um tubo de vidro fino com um líquido dentro (mercúrio) e uma graduação na parte
externa do tubo. Quando a temperatura aumenta, o mercúrio se expande e sobe pela coluna do termómetro,
assim, basta relacionar a temperatura com a altura do líquido na coluna.
As graduações que aparecem na parte de fora são chamadas de escalas termométricas e são as unidades
usadas para a temperatura.

O grau Celsius não é a escala mais usada no meio científico. O Sistema Internacional de Unidades (SI) e a IUPAC
(União Internacional da Química Pura e Aplicada) adoptam a temperatura termodinâmica ou escala absoluta, que
é medida pela unidade kelvin, simbolizada por K.
Essa escala foi proposta por William Thomson, quando ele verificou por meio de experimentos que, se um gás for
resfriado de 0º C a -1ºC, ele perderá 1/273,15 de sua pressão.
Assim, ele raciocinou que na temperatura de -273,15 a pressão do gás se tornaria nula, o que significa que a
energia cinética de suas partículas seria igual a zero. Por isso, ele propôs uma escala de temperatura que não
incluía valores negativos, pois partia do zero absoluto (ou zero kelvin, ou ainda, zero termodinâmico) equivalente a
-273,5ºC. Essa temperatura nunca foi atingida.
Devido às grandes contribuições que William Thomson trouxe às ciências, a rainha Vitória o recompensou com o
título de Lord Kelvin, em 1882, e, por isso, essa escala de temperatura passou a ser chamada “kelvin”.

Lord Kelvin (1824-1907)


Visto que 0ºC equivale a -273,5ºC, para converter o grau Celsius em kelvin ou kelvin em Celsius, basta usar a
seguinte expressão:

TK = TºC + 273,15 ou TºC = TK - 273,15

1- Na receita diz que o alimento deveriá permanecer no forno a 453 K durante meia hora. No entanto, o forno
mede a temperatura em graus Celsius. Como realizar essa conversão?”
Basta diminuir o valor na escala kelvin por 273, como mostrado abaixo:

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TºC = TK - 273
TºC = 453 – 273
TºC = 180 ºC

A expressão que pode ser usada para converter a escala Fahrenheit em graus Celsius é dada por:

TºC = (ºF – 32)


1,8
2- Por exemplo, voltemos ao exemplo dado anteriormente, se viesse escrito na receita que a temperatura do
forno deveria ser 392 ºF, quanto seria isso em ºC?
Substituindo o valor da temperatura em Fahrenheit na fórmula, temos:

TºC = (392 – 32) = 200 º


1,8
A relação entre essas três escalas termométricas é mostrada a seguir:

Observe que enquanto a escala kelvin e a Celsius são divididas em exactamente 100 partes, a escala Fahrenheit
é dividida em 180.

3- Estudo dos gases

Gás: é a substância que, na fase gasosa, se encontra em temperatura superior à sua temperatura crítica e que
não pode ser liquefeita por compressão isotérmica.

Vapor: é a substância que, na fase gasosa, se encontra em temperatura abaixo de sua temperatura crítica e que
pode ser liquefeita por compressão isotérmica.

Os gases são constituídos de pequenas partículas denominadas moléculas que se movimentam


desordenadamente em todas as direcções e sentidos.

O estado de um gás é caracterizado pelo valor de três grandezas físicas: o volume V, a pressão p e a temperatura
T, que são denominadas variáveis de estado de um gás.
Em geral, a variação de uma dessas variáveis de estado provoca alteração em pelo menos uma das outras
variáveis, apresentando o gás uma transformação e consequentemente um estado diferente do inicial.

As transformações mais conhecidas são:

Isotérmica Ocorre à temperatura constante


Isobárica Ocorre sob pressão constante.
Transformação Isométrica ou Ocorre a volume constante.
Isocórica
Adiabática Ocorre sem troca de calor com o meio externo.

Obs.: A pressão 1atm e a temperatura 273K ou 0ºC caracterizam as condições normais de pressão e temperatura
que indicamos CNPT.

3.1 - Leis das Transformações dos Gases:

a) Lei de Boyle-Mariotte: Em uma transformação isotérmica, a pressão de uma dada massa de gás é
inversamente proporcional ao volume ocupado pelo gás. PV = constante

Esta constante depende da massa e da natureza do gás, da pressão e das unidades usadas.
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A representação gráfica da pressão em função do volume é uma hipérbole equilátera chamada Isoterma.

P1V1 = P2V2

Com o aumento da temperatura, o produto P.V torna-se maior e as isotermas se afastam da origem dos eixos.

3- Exercícios Resolvidos: O gráfico ilustra uma isoterma de uma certa quantidade de gás que é levado do
estado A para o estado B.
Determinar a pressão do gás no estado B.

Resolução: A transformação é isotérmica (TA = TB).

Estado A (inicial) Estado B (final)

pA = 6,0 atm pB = ?

VA = 3,0  VB = 10,0 

Pela lei de Boyle-Mariotte, temos: pA VA = pB = VB  6,0 . 3,0 = pB . 10,0 pB = 1,8atm

Exercícios de aprendizagem 1
1) Um recipiente contém 6,0 litros de gás sob pressão de 3,0 atmosferas. Sem alterar a temperatura, qual o
volume quando a pressão do gás for 0,6 atmosfera?

2) Um recipiente contém 20 litros de ar e suporta uma pressão de 3,0 atmosferas. Determine o volume ocupado
pelo ar quando a pressão se reduzir a 1/5 da pressão inicial, mantendo-se constante a temperatura.

3) O gráfico a seguir ilustra uma isoterma de uma certa quantidade de gás que é levado do estado A para o
estado B. Determine o volume do gás no estado B.

Respostas: 30 L 100 L 16/3 L

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b) Leis de Charles e Gay-Lussac
→ Lei de Gay - Lussac: Em uma transformação isobárica, o volume ocupado por uma dada massa gasosa é
directamente proporcional à temperatura.

Suponha que uma determinada massa gasosa está contida em um cilindro provido de um êmbolo móvel,
sujeito a uma pressão constante p exercida pela atmosfera.

Com o aquecimento do sistema, as moléculas do gás se agitam mais rapidamente, aumentando o número de
choque contra as paredes do recipiente, deslocando o êmbolo móvel para cima até que haja um equilíbrio entre a
pressão interna e a externa.

Desta maneira, à medida que aumentamos a temperatura do gás, ocorre aumento do volume por ele ocupado no
cilindro, enquanto a pressão permanece constante.
V
= constante Nessa fórmula a temperatura deve ser dada em Kelvin
T
A representação gráfica de uma transformação isobárica é uma recta.
v v

V2 V2 V1 V2
V1 
V1 T1 T2
T1 T2 T(k) - 273 T1 T2 T(ºc)
Na escala kelvin Na escala Celsius
4- Exercício Resolvido: Uma certa massa de gás, no
estado inicial A, passa para o estado final B, sofrendo
a transformação indicada na figura:
Resolução: A transformação é isobárica (pA = pB = 5atm)
Estado A (inicial) Estado B
(final)
VA = 2  VB = 6 
TA = 300K TB = ?
Pela lei de Gay-Lussac:
V A VB 2 6
  
TA TB 300 TB
TB = 900K
Resposta: 900K

Exercícios de aprendizagem 2
1) Um cilindro de paredes rígidas e êmbolo móvel sem atrito, contém um certo gás em seu interior. Quando a
temperatura é de 27ºC, o volume ocupado pelo gás é de 5 litros. Qual deve ser a temperatura para que o
volume do gás seja de 8 litros, mantendo a pressão constante?
480K
2) Um gás ideal ocupa um volume de 1500 cm 3 a 27ºC. Que volume ocupará a 73ºC, sabendo que a
transformação é isobárica?
1730cm3

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3) Certa massa de gás sofre transformação do estrado A para o estado B conforme indica a figura. Qual é a
temperatura no estado A?

600K

→ Lei de Charles: Esta lei diz respeito às transformações isocóricas ou


isométricas, isto é, aquelas que se processam a volume constante, cujo
enunciado é o seguinte:
O volume constante, a pressão de uma determinada massa de gás é directamente proporcional à sua
temperatura absoluta, ou seja:
P
= constante
T
Desta maneira, aumentando a temperatura de um gás a volume constante, aumenta a pressão que ele exerce, e
diminuindo a temperatura, a pressão também diminui. Teoricamente, ao cessar a agitação térmica das moléculas
a pressão é nula, e atinge-se o zero absoluto.
A representação gráfica da transformação isométrica é uma recta:
p
p
p2
p2 p1 p 2

p1 p1 T1 T2

T1 T2 T(k)
- 273 T1 T2 T(ºc)
Na escala kelvin
Na escala Celsius
5- Exercício Resolvido: Dentro de um recipiente fechado existe uma massa de gás ocupando volume de 20
litros, à pressão de 0,50 atmosfera e a 27ºC. Se o recipiente for aquecido a 127ºC, mantendo-se o volume
constante, qual será a pressão do gás?
Resolução:
Dados: P1 = 0,5 atm 2
T1 = 27ºC = 300K p2  atm
3
T2 = 127ºC = 400K
Utilizando a lei de Charles, temos:
p1 p2 0,5 p2
  
T1 T2 300 400

Exercícios de aprendizagem 3
1) Dentro de uma botija existe determinada massa de gás ocupando o volume de 5 litros a 300K e sob pressão de
6 atmosferas. A botija é esfriado até 200K. Determine a pressão final, supondo o volume da botija seja
invariável.
1 atm
2) Um motorista calibrou os pneus de seu carro à temperatura de 27ºC. Depois de rodar bastante, ao medir
novamente a pressão, encontrou um resultado 20% superior ao valor da calibração inicial. Supondo que seja
invariável o volume das câmaras, determine a temperatura que o ar comprimido deve ter atingido.
360 K
3) Uma certa massa de gás está no estado inicial 1 e passa para o estado final 2,
sofrendo a transformação indicada na figura: Determine a pressão p 1
 0,67 atm

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3.2- Equação de estado dos Gases Perfeitos:

Quando as três variáveis de estado de uma determinada massa de gás, pressão volume e temperatura,
apresentarem variações, utiliza-se a equação geral dos gases que engloba todas as transformações vistas
anteriormente.
Estado Estado
P1  V1 P  V2
 2 inicial final
T1 T2
P1 P2
Transformação de uma mesma
massa de gás. V2
V1

A representação gráfica desta transformação pode ser mostrada em um gráfico de dois eixos cartesianos,
considerando-se um feixe de isotermas, cada uma delas correspondendo a uma temperatura.

Obs. Para o estudo dos gases criou-se um modelo teórico, chamado gás perfeito ou ideal, com as seguintes
características:
- O movimento das moléculas é caótico, isto é, não existem direcções privilegiadas. Seu movimento é regido pelos
princípios da Mecânica Newtoniana.
- Os choques entre as moléculas e as paredes e entre as próprias moléculas são perfeitamente elásticos.
- Não existem forças de atracção entre as moléculas, e a força gravitacional sobre elas é desprezível.
- O diâmetro da molécula é desprezível em comparação com a distância média que percorre entre as colisões.

6- Exercício Resolvido: Determinada massa de gás num estado inicial A sofre as transformações indicadas
no diagrama:
Resolução: a) Cálculo de TB

De A  B a transformação é isobárica.

Estado A (inicial) Estado B (final)

Determinar TB e VC pA = 6atm pB = 6 atm

b) Cálculo de VC VA = 2  VB = 4 
De B  C a transformação é isotérmica.
Estado B (final) Estado C (final) T = 200K TB = ?
A
pB = 6 atm pc = 3atm
VB = 4  VC = ?
TB = 400K TC = TB = 400K
p BV B p C V C 6  4 3  VC
Pela equação dos gases perfeitos:     VC  8
TB TC 400 400
Resposta: TB = 400K e VC = 8 

Exercícios de aprendizagem 4

1) Certa massa de gás, sob pressão PA = 2,0 atmosferas, ocupa um volume VA = 3,0 litros à temperatura de TA =
27ºC. Determinar:

a) o volume VB do gás, à temperatura TB = 500K, após sofrer uma transformação isobárica.


b) a pressão PC do gás ao sofrer, a volume constante, um abaixamento de temperatura até T C = 250K
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c) a temperatura Td do gás, quando sua pressão triplicar (Pd = 3 . Pc) e seu volume reduzir-se a metade (Vd=Vc/ 2)
2) Determinada massa de gás num estado inicial A sofre as transformações indicadas no diagrama:
Determine o volume B e a temperatura em C.

Respostas: 1) VB = 5,0L b) Pc = 1atm c) Td = 375K


2) 10 litros 250K
3.3- Equação de Clapeyron:

A equação de Clapeyron relaciona as variáveis da pressão, do volume e da


temperatura, incluindo também a massa m da substância gasosa como variável,
durante uma transformação.
Para se chegar à sua expressão analítica, é necessário relembrar os seguintes conceitos:
- O mol de qualquer gás contém o mesmo número de moléculas, chamado número de Avogado (N = 6,023 . 1023
moléculas)
- Moléculas-grama (M) é a massa em gramas de um mol, isto é, a massa em gramas de 6,023 . 1023 moléculas.
- Volume molar é o volume ocupado por um mol de gás, independendo da natureza desse gás. Nas condições
normais de pressão e temperatura, o volume de um mol de um gás perfeito vale 22,4 litros.
- O volume V0 de um gás pode ser expresso pelo produto do número de moléculas-grama pelo volume molar do
gás, ou seja: V0 = nv0 onde n = nº de moléculas grama do gás. v0 = volume do mol
- O número de moles de uma determinada massa m de um gás pode ser pode ser expresso por: n = m/M , onde
n = número de moles M = massa da molécula-grama m = massa do gás

Consideremos a transformação de uma massa m de gás, de um estado qualquer (p, V, T) para estado definido
pelas condições normais de pressão e temperatura (p 0, V0, T0).
Aplicando a equação geral dos gases perfeitos, vem:

p  V p0V 0 pV p0 nv 0 pV p0 v 0
     n
T T0 T T0 T T0
As grandezas p0, V0 e T0 são constantes, pois referem-se às condições normais de pressão e temperatura.
p0 v 0
Logo, a expressão também é uma constante (R).
T0
p0 v 0 pV
Fazendo-se R = , vem = nR ou pV = nRT Equação de Clapeyron
T0 T
pv 1,0  22,4
R 0 0 R
Como p0 = 1,0atm; v0 = 22,4  e T0 = 273K, o valor de R é: T0 273

atm  
R  0,082 Constante universal dos gases perfeitos
K  mol
O valor de R é o mesmo para todos os gases, dependendo apenas das unidades a serem utilizadas.
𝑚 𝑚 𝑚 𝑝
O.B.S 𝑛 = ; substituindo na eqção de Clapeyron temos 𝑝𝑉 = 𝑅𝑇; 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑎 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 (𝜌) é 𝜌 = 𝑣𝑒𝑚: 𝑝 = 𝑅𝑇
𝑀 𝑀 𝑉 𝑀

7- Exercício Resolvido:
Um volume de 8,2 litros é ocupado por 64g de gás oxigénio, à temperatura de 27ºC. Qual é a pressão no interior
do recipiente?
atm  
Dados: 1 mol de 02 = 32g e R  0,082
K  mol
Resolução:
Dados: V = 8,2 
m = 64g
M = 32g
T = 27ºC = 300K
Aplicando a equação de Clapeyron, temos:

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m 64
pV = nRT  pV = RT  p . 8,2 = . 0,082 . 300 p = 6atm Resposta: 6atm
M 32
Exercícios de aprendizagem 5

1) Sabe-se que 4 mol de um determinado gás ocupam um volume de 200 L à pressão de 1,64 atm. Dado R =
0,082atm . L/(K . mol), determine a temperatura desse gás.
2) Um recipiente de capacidade V = 2 litros contém 0,02 mol de um gás perfeito a 27ºC. Mantendo-se o volume
constante, aquece-se o gás até 227ºC. Determine as pressões inicial e final do gás.
Dados: R = 0,082atm . L/(mol . K)
Respostas: 1) 1000K 2) 0,246 atm e 0,41atm
8- EXERCÍCIO RESOLVIDO: Num recipiente de 10 litros são misturados 3 litros de oxigénio a 37ºC, sob
pressão de 4 atm, e 5 litros de nitrogénio a 77ºC, sob pressão de atm. Determinar a pressão total da
mistura a 27ºC.

pV p1V1 p2V2 p  10 4  3 2  5
    
T T1 T2 300 310 350
Resolução:
p 12 1
 
30 310 35
P  2atm
Exercícios de aprendizagem 6
1) Dispõe-se de dois reservatórios de 5 litros e 6 litros de volume cheios de gás, sob pressões iguais a 4 atm e 8
atm, respectivamente, e de temperaturas iguais. Colocando-se estes reservatórios em comunicação por meio
de um tubo de volume desprezível, de forma que a temperatura não varie, determine a pressão final da
mistura.
6,18atm

4- Teoria Cinética-molecular dos Gases:

a) Introdução: A teoria cinética do gás perfeito foi desenvolvida a partir da aplicação das leis da Mecânica de
Newton a sistemas microscópicos dos gases, ou seja, às suas partículas.
b) Hipóteses: Algumas hipóteses forma atribuídas ao comportamento das moléculas de um gás perfeito:
- Todas as moléculas são idênticas, tendo a forma de “esferas rígidas”
- Todas as moléculas estão em movimento desordenado, em todas as direcções.
- Os choques entre as moléculas e contra as paredes do recipiente são perfeitamente elásticos.
- Entre os choques as moléculas se movem em MRU.
- As moléculas não exercem forças de acção mútua entre si, excepto durante os choques.
- As moléculas têm dimensões desprezíveis em comparação com os espaços vazios que as separam.

4.1- A pressão dos gases

Pressão de um gás: As moléculas de um gás estão em constante e desordenados movimento, chocando-se com
as paredes do recipiente, causando o aparecimento de uma força F, que age contra as paredes.
A relação entre a força f e a área A da parede corresponde à pressão p que o gás exerce sobre o recipiente
(p = F/A).

Esta pressão pode ser encontrada conhecendo-se também a massa de gás m a velocidade média das
moléculas do gás v e o volume do recipiente onde se encontra o gás V:

onde: m = massa do gás.


V = volume da massa do gás.
v = velocidade média das moléculas do gás.

9- EXERCÍCIO RESOLVIDO: Num cilindro de aço de um extintor de incêndio de capacidade de 5 litros estão
contidos 60g de gás CO2 a 0ºC a velocidade média das partículas de CO 2 é igual a 400 m/s. Determine a
pressão em atmosfera indicada no manómetro acoplado ao cilindro do extintor. Admita o CO2 comportar-
se como um gás perfeito.

Resolução:
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Dados: V = 5  = 5 . 10-3m3 Em atmosferas, temos:
m = 60g = 60 . 10-3 kg 1atm __ 105N/m2
v = 400m/s x __ 6,4 . 105N/m2
1 m 2 1 60  10 3
 v  p    400
2
p= x = 6,4atm
3 V 3 5  10  3
p = 6,4 . 105N/m2
Exercícios de aprendizagem 7
Um cilindro fechado de capacidade 2 litros contém 15g de gás O 2 a 0ºC. Sabe-se que a velocidade média das
partículas do O2 a 0ºC é aproximadamente 460m/s. Determine em atm a pressão exercida pelo gás nas paredes
internas do cilindro.
5,29 atm

4.2- Interpretação cinética da temperatura

Obs. No século XIX, o físico e matemático escocês J.C. Maxwell e o físico austríaco Ludwig Boltzmann já
acreditavam que no gás as moléculas se apresentam mais distanciadas do que nos outros estados físicos da
matéria e que praticamente elas não interagem entre si, a não ser em momentos de colisão. O movimento das
moléculas de um gás varia quando varia a temperatura. Esse movimento está relacionado com a energia cinética
média (ec) ou <E>) das moléculas.
A relação entre a energia cinética média das moléculas de um gás e sua temperatura absoluta é mostrada
3
por: ec =  KT onde: T = temperatura absoluta. K = constante de Boltzmann = 1,38 . 10-23 J/K
2
4.3- A temperatura e a velocidade das moléculas

Portanto, a energia cinética das moléculas de um gás é directamente proporcional a sua temperatura absoluta. A
velocidade média (vm) ou <v> das moléculas de um gás também podem ser calculadas da seguinte maneira:

como ec = 3/2 KT e ec = 1/2 mv2m , onde vm = velocidade média quadrática e m = massa da molécula
3KT
então: 3/2 KT = 1/2m v2m logo v2m = 3KT/m ou vm =
m
10- EXERCÍCIO RESOLVIDO: Determine a velocidade média quadrática de uma molécula de oxigénio (O2) a
0ºC, sabendo que a massa de um protão ou de um neutrão corresponde, aproximadamente, a 1,66 . 10-27
Kg.
Solução: Aprendemos em Química que uma molécula de gás oxigénio é composta de dois átomos de oxigénio;
sua massa atómica é 16 e, consequentemente, sua massa molecular é 32. Então, no SI, a massa de cada
molécula é :
m = 32 . 1,66 . 10-27 = 5,31 . 10-26Kg
Assim, para T = 273 + 0 = 273K, temos:

3  1,38  10 23  273


logo: vm =
5,31  10  26

3KT
vm =
m
vm = 461 m/s
Obs. Como a ec = 3/2 KT, para moléculas, temos: Ec = N . 3/2 KT
 A energia cinética média por moléculas é directamente proporcional à sua temperatura absoluta e independe
da natureza do gás.
 a energia interna de uma determinada massa de um gás perfeito depende exclusivamente da temperatura. A
energia interna de um gás não depende nem do volume nem da pressão.

Exercícios de Fixação 1
1) O gráfico mostra uma isoterma de uma massa de gás que é levada do estado A
para o estado C. Determine:
a) Qual a pressão do gás no estado B?
b) Qual o volume do gás no estado C

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2) Um cilindro fechado por um pistão, que se move sem atrito, contém 5 litros de um gás sob pressão atmosférica
norma e temperatura ambiente. Joga-se o cilindro num lago cujas águas estão à mesma temperatura. Qual o
volume do gás quando o cilindro estiver a uma profundidade de 10m?
Dados: Patm = 1,0 . 105 N/m2, densidade absoluta de água = 103Kg/m3 e
g = 10m/s2.

3) (Mauá-SP) A figura representa hipérbole eqüiláteras, diagramas


pV = constante, de um gás perfeito. Ele sofre as transformações AB e BC
indicadas. Sabe-se que VB = 2VA e T3 = 1,5 T1. Sendo VA = 1,00m3;
pA = 2 . 103N/m2 e TA = 200K, determine as pressões, volumes e temperaturas do
gás nos estados B e C.

4) Nos recipientes A e B da figura temos dois gases,


X e Y, nas pressões 3 atm e 1 atm, respectivamente,
na temperatura ambiente que é mantida constantemente. O volume do recipiente B é
o triplo do de A e o volume do tubo que liga A a B é desprezível. Determine a pressão
final do conjunto, depois de se abrir a torneira do tubo de união.

5) (PUC-RS) - No estudo de um gás ideal são definidas as variáveis do estado do gás, que são:
a) massa, volume, temperatura.
b) pressão, massa temperatura.
c) densidade, temperatura, massa.
d) temperatura, pressão, volume.
e) pressão, massa, volume.
6) (Ucsal-BA) Considerando:
P: pressão de uma atmosfera de gás perfeito. V: volume da amostra do gás perfeito.
n: número de mols contidos na amostra. R: constante dos gases perfeitos.
T: temperatura absoluta da amostra.
a equação geral dos gases perfeitos é:
a) PV = nR T b)PVn = RT c) PV = nRT d) PV = nRT2 e) PV = nRT
8) (FGV-SP) - Certa massa de um gás perfeito sofre transformação isobárica desde um estado inicial A até um
estado final B. O gráfico que melhor representa essa transformação é:

9) (Cesgranrio-RJ) - No diagrama P x V ao lado, uma certa quantidade de gás ideal evolui de um estado inicial (1)
para um estado final (2), conforme indicado: Qual das opções a seguir melhor ilustra a variação da temperatura
absoluta T com o volume do gás nesse processo?

10) (UFAL) Certa massa gasosa sofre transformação 1-2-3-4, conforme ilustra o diagrama P x V: É correto
afirmar que:
a) a transformação 1-2 foi realizada sob temperatura constante.
b) a transformação 2-3 foi realizada sob temperatura constante.
c) a transformação 3-4 foi realizada sob pressão constante.
d) na transformação 1-2 o volume não mudou.
e) na transformação 3-4 a temperatura não mudou.
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11) (Fatec-SP) Uma seringa de injeção tem seu bico tapado por um pedaço de
borracha. A seringa aprisiona certo volume de ar (V1) à temperatura (T1). A pressão é
(P1). Colocando sobre o êmbolo da seringa uma massa M, seu peso exerce pressão
(P2) sobre o gás e observa-se que o volume (V2) diminuiu. A temperatura T 1 manteve-
se constante. A relação entre as pressões e os volumes será:
P1 P2 P1 V2
a)  b)  c) P1V1 = P2V2
V1 V2 V1 P2
d) P1 + P2 = V2 + V1 e) P1 - P2 = V2 - V1

Respostas: 1) a) 4atm b) 20 litros 2) 2,5 litros 3) B - 2m3 ; 200K; 1.103N/m 2 C - 2m3 ; 300K ;
1,5 .103 N/m2 4) 1,5atm 5) d 6) e 7) b 8) b 9) b 10) b 11) e
Tema: C
Unidade: Termodinâmica
1– Termodinâmica:

Introdução:
Termodinamica é a parte da Física que estuda as transformações entre calor e trabalho ou estuda as
transferências de energia como calor e como trabalho. Calor e trabalho estão relacionados entre si por
apresentarem em comum a mesma modalidade de energia. Vejamos seus conceitos:
- Calor: energia em trânsito de um corpo para outro em virtude da diferença de temperatura existente entre eles.
- temperatura: é a propriedade de um sistema que determina se ele está, ou não, em equilíbrio térmico com
outro sistema.
- Trabalho: energia em trânsito entre dois corpos devido à acções de uma força.

2- Mecanismos de transferência de energia nível microscópico

- Condução é o processo enque há transmissão de energia anivel microscopico, das partículas constituintes do
sistema, sem que haja deslocamento da matéria de uma região para outra.
- Convecção é o processo que consiste na transferência de energia como calor através do deslocamento de
matéria.
o.b.s A condução e a convecção necessitam de um meio material para se propagarem.
Radiação. Este processo é diferentes dos anteriores, permite à energia propagar-se no vazio.

2.2- Capacidade térmica mássica e calor de transformação Mássico

A capacidade térmica mássica, c de uma substância é a quantidade de energia necessária fornecer, para que 1
kg dessa substância eleve a sua temperatura 1 K g. É uma medida da capacidade que cada substância tem de
armazenar energia.

Calor sensível: Quantidade de calor que é retirada ou fornecida a um corpo e é capaz apenas de gerar variação
de temperatura. A determinação da quantidade de calor sensível é feita pela equação a seguir:

QS=mcΔθ

em que:
QS - quantidade de energia transferida (J)
m - massa de substância (kg)
C- capacidade térmica mássica (J kg-1 C-1)
Δθ- variação de temperatura ocorrida na substância (K)

Calor latente: Quantidade de calor que é fornecida ou retirada de um corpo e gera mudança de estado físico. Para
que o calor seja denominado de latente, é necessário que o corpo esteja na temperatura exata da mudança de
estado físico. A determinação da quantidade de calor latente é dada pela equação abaixo:

 QL = Quantidade de calor latente;


 m = Massa da substância aquecida ou resfriada;
 L = Calor latente da substância, isto é, grandeza que determina a quantidade de calor necessária para que
1 g da substância mude o seu estado físico.

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 Lf –calor de fusão
 Ls – calor de solidificação
 LV – calor de vaporização
 Li - calor de liquefacção ou condensação

É interessante conhecer alguns valores de calores específicos:


Substância c (cal/g°C)
Alumínio 0,219
Água 1,000
Álcool 0,590
Cobre 0,093
Chumbo 0,031
Estanho 0,055
Ferro 0,119
Gelo 0,550
Mercúrio 0,033
Ouro 0,031
Prata 0,056
Vapor d'água 0,480
Zinco 0,093
Quando:
Q>0: o corpo ganha calor.
Q<0: o corpo perde calor.
A relação entre a caloria e o joule é dada por:
1 cal = 4,186J
Partindo daí, podem-se fazer conversões entre as unidades usando regra de três simples.
Como 1 caloria é uma unidade pequena, utilizamos muito o seu múltiplo, a quilocaloria.
1 kcal = 10³cal

11- Exemplo:Qual a quantidade de calor sensível necessária para aquecer uma barra de ferro de 2kg de 20°C
para 200 °C? Dado: calor específico do ferro = 0,119cal/g°C.
2 kg = 2000 g

12- Dois blocos, A e B, feitos do mesmo material, apresentam os seguintes dados iniciais:

Após troca de calor somente entre eles, e uma vez estabelecido o equilíbrio térmico, a temperatura final dos
blocos será igual a:

13- No preparo de uma xícara de café com leite, são utilizados 150 ml (150 g) de café, a 80 ºC, e 50 ml (50 g)
de leite, a 20 ºC. Qual será a temperatura do café com leite? (Utilize o calor específico do café = calor
específico do leite = 1,0 cal/gºC)

14- Determine a variação de temperatura sofrida por 3 kg de uma substância, de calor específico igual a 0,5
cal/g°C, que fica exposta durante 30 s a uma fonte térmica que fornece 1000 cal/s.

15- Uma massa de 2 kg de água está a 100 °C. Determine a quantidade de calor necessária para que 20 %
da substância sofra mudança para o estado gasoso.
Dado: LVAPORIZAÇÃO = 540 cal/g
 Resposta Questão 12
A soma das quantidades de calor deve ser nula, sendo assim, temos:

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 Resposta Questão 13
Como foi dito, a soma das quantidades de calor deve ser nula. Assim, temos:

 Resposta Questão 14

Durante 30 segundos de exposição à fonte, a substância recebeu 30.000 cal de calor. Sabendo que 3 kg
equivalem a 3.000 g, temos:

 Resposta Questão 15

A massa total da substância corresponde a 2000 g, e a massa transformada corresponde a 400 g. Aplicando a
equação para a quantidade de calor latente, temos:

As transformações entre calor e trabalho serão estudadas em sistemas formados por recipientes contendo em
equilíbrio térmico uma determinada massa de gás perfeito.

3 - Energia Interna:
A energia interna U de um sistema é a soma de todas as energias que ele armazena dentro de si. Essa
energia é a responsável pela agitação de seus átomos ou moléculas. A energia interna de um sistema está
directamente associada à sua temperatura.
Quando um sistema recebe uma determinada quantidade Q de calor, sofre um aumento U de sua
energia interna e consequentemente um aumento t de temperatura. Assim se:
t > 0  U > 0: energia interna aumenta.
t < 0  U < 0: energia interna diminui.
t = 0  U = 0: energia interna não varia.

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3.1 - Trabalho em um sistema:
Consideremos um gás contido num cilindro provido de êmbolo. Ao se expandir, o gás exerce uma força no
êmbolo que se desloca no sentido da força.

O trabalho dessa força é dado por:


w = F .h
w=p.S.h
w = p . V ou w = p (V2 - V1)

Numa expansão o gás realiza um trabalho positivo sobre o meio exterior. Já numa compressão o
deslocamento do êmbolo tem sentido oposto ao da força que o gás exerce sobre o êmbolo. O trabalho é
resistente.
Na compressão o meio externo realiza um
trabalho negativo sobre o gás. Assim, temos:
V > 0  w > 0: gás realiza trabalho sobre o meio.
V < 0  w < 0: meio realiza trabalho sobre o gás.
V = 0  w = 0.
Num diagrama pressão x volume, o trabalho realizado
pela força que o gás exerce sobre o êmbolo é
numericamente igual à área sob a curva.
p
p

A =W
A
A

V2 v V1 V2
V1 v

16- EXERCÍCIO RESOLVIDO: Em um processo à pressão constante de 2,0 . 105N/m2 um gás aumenta seu
volume de 8 . 10-6m3 para 13 . 10-6m3. Calcular o trabalho realizado pelo gás.
Resolução:
Dados: p = 2 . 105N/m2 w = p (V1 - V2)  w = 2 . 105 (13 . 10-6 - 8 . 10-6)
-6
V2 = 13 . 10 m 3 w = 2 . 105 . 5 . 10-6
-6
V1 = 8 . 10 m 3 w = 10 . 10-1
w = 1J
Exercícios de aprendizagem 8
1) Num processo à pressão constante de 4,0 . 105N/m2 , um gás aumenta seu volume, de 2m 3 para 5m3.
Determine o trabalho realizado pelo gás.
2) Uma massa gasosa realiza a transformação de A para B indicada pela figura ao lado. Calcule o trabalho
realizado pelo gás. p(N/m2)
7 . 105 B
Respostas: 1) 1,2 . 106J 1,6 . 106J A
1 . 105

Tema C2
3 7 v(m3)
17- Leis da termodinâmica
1 - Primeiro Princípio da Termodinâmica (1a. lei da Termodinâmica):
De acordo com o princípio da Conservação da Energia, a energia não pode ser criada nem destruída, mas
somente transformada de uma espécie em outra. O primeiro princípio da Termodinâmica estabelece uma
equivalência entre o trabalho e o calor trocados entre um sistema e seu meio exterior.

Consideremos um sistema recebendo uma certa quantidade de calor


Q. Parte desse calor foi utilizado para realizar um trabalho  e o restante
provocou um aumento na sua energia interna U.

A expressão U = Q - W representa analiticamente o primeiro princípio


da termodinâmica cujo enunciado pode ser:
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A variação da energia interna de um sistema é igual a diferença entre o calor e o trabalho trocados
pelo sistema com o meio exterior.

Para a aplicação do primeiro princípio de Termodinâmica deve-se respeitar as seguintes convenções:

Q > 0: calor recebido pelo sistema.


Q < 0: calor cedido pelo sistema.
w > 0: volume do sistema aumenta.
w < 0: volume do sistema diminui.
U > 0: temperatura do sistema aumenta.
U < 0: temperatura do sistema diminui.

14- Exercício Resolvido: Sobre um sistema realiza-se um trabalho de 3000J e, em consequência, ele fornece
500 cal ao meio exterior durante o mesmo intervalo de tempo. Determine a variação da energia do sistema.
Adopte 1cal = 4,2J.

Resolução:
Dados: w = - 3000J (trabalho realizado sobre o sistema compressão)
Q = 500cal (calor cedido pelo sistema)
Q = -500 x 4,2 = -2100J

A variação da energia interna é dada por:


U = Q - w  U = -2100 + 3000
U = 900J

Resposta: A variação da energia vale 900J.

1.1- Transformações Termodinâmicas Particulares ( aplicação da 1ª Lei da termodinâmica):

a) Transformação isotérmica: Como a temperatura do sistema se mantém constante, a variação da energia


interna é nula.

U = Q - w Como U = 0  0 = Q - w
Q=w
Por exemplo, considere um gás sofrendo uma expansão isotérmica conforme mostra as figuras.

A quantidade de calor que o gás recebe é exactamente igual ao trabalho por ele realizado. A área
sombreada sob a curva é numericamente igual ao trabalho realizado.

b) Transformação isométrica: como o volume do sistema se mantém constante, não há realização de trabalho.

U = Q - w Como w = 0  U = Q - 0
U = Q
Todo o calor trocado com o meio externo é transformado em variação da energia interna.
Se o sistema recebe calor:
Q > 0  U > 0: temperatura aumenta se o sistema recebe calor.
Q > 0  U < 0: temperatura diminui se o sistema cede calor.

c) Transformação isobárica: Numa transformação onde a pressão permanece constante, a temperatura e o


volume são directamente proporcionais, ou seja, quando a temperatura aumenta o volume também aumenta.

U > 0  temperatura aumenta.


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w<0  volume aumenta.

Parte do calor que o sistema troca com o meio externo está relacionado com o trabalho realizado e o restante com
a variação da energia interna do sistema.
Q = U + w
d) Transformação adiabática: Nessa transformação, o sistema não troca calor com o meio externo; o trabalho
realizado é graças à variação de energia interna.

U = Q - w como Q = 0  U = Q - w
w = -U
Numa expansão adiabática, o sistema realiza trabalho sobre o meio e a energia interna diminui.

Expansão adiabática ocorre um abaixamento de temperatura.

Durante a compressão adiabática, o meio realiza trabalho sobre o sistema e a energia interna aumenta.

Ocorre uma elevação de temperatura.

18- Exercício Resolvido: Um sistema gasoso recebe do meio externo 200cal em forma de calor. Determinar
em joules:
a) o trabalho trocado com o meio, numa transformação isotérmica.
b) a variação da energia interna numa transformação isométrica.

a) Numa expansão isotérmica, a temperatura permanece constante (U = 0), o gás ao receber calor aumenta de
volume e realiza trabalho Q = 200cal transformando: Q = 200 . 4,2 = 840J.
Como U = 0  Q = w w = 840J

b) Numa transformação isométrica, o volume permanece constante (V = 0), o calor recebido é transformado em
variação da energia interna.
Q = 200cal = 200 . 4,2 = 840J.
Como V = 0  Q = U U = 840J

1.2- Transformação Cíclica:

Denomina-se transformação cíclica ou ciclo de um sistema o conjunto de transformações sofridas pelo sistema de
tal forma que seus estados final e inicial são iguais.
Como a temperatura final é igual à temperatura inicial, a energia interna do sistema não varia, havendo
uma igualdade entre o calor e o trabalho trocados em cada ciclo.
Num diagrama p x V uma transformação cíclica é representada por uma curva fechada. A área interna do
ciclo é numericamente igual ao trabalho total trocado com o meio exterior.

Quando o ciclo é percorrido no sentido horário, o sistema recebe calor e realiza trabalho; e no sentido anti-
horário o sistema cede calor e recebe trabalho.

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Em uma transformação cíclica existe equivalência entre o calor Q trocado pelo gás e o trabalho
realizado w.

U = 0 U = 0

Q W=Q W Q=W
Ciclo horário Ciclo anti-horário

Ex. Máquinas térmicas Ex. Máquinas frigoríficas

2- Entropia (A segunda lei da termodinâmica):

A segunda lei da termodinâmica estabelece um sentido preferencial de ocorrência dos processos naturais.
De maneira simples podemos enunciar da seguinte maneira:

O calor ocorre sempre no sentido do


corpo mais quente para o corpo mais frio.

Existem vários enunciados para a segunda lei da termodinâmica, todos equivalentes, dos quais citarei
mais dois, por terem importância fundamental na análise das máquinas térmicas que faremos logo a seguir.

Segundo Rudolf Julius Emanuel Clausius (1822-1888), físico e matemático alemão:

O calor não flui espontaneamente de um corpo


freio para um corpo quente.
Segundo William Thomson e Ludwig Planck:
É impossível construir uma máquina térmica, que opere num ciclo
termodinâmico, cujo único efeito seja a retirada de calor de uma
fonte quente e sua integral conversão em trabalho mecânico.

2.1- Transformações reversíveis e irreversíveis

A figura acima nos mostra uma pedra em queda livre. Ao jogarmos essa pedra para cima, ela adquire energia que
logo se transforma em energia cinética (quando cai). Ao chegar ao solo, provavelmente ouviremos um barulho. A
energia cinética que a pedra possuía se dissipou em outras formas de energia, sendo a principal delas calor.
Dessa forma, podemos dizer que a pedra atingiu um estado final de equilíbrio. Ao observarmos novamente a
pedra, podemos dizer que espontaneamente ela não retornará à sua posição inicial. Só voltará às posições
anteriores mediante interferências e modificações do meio externo.
Então, podemos afirmar que a pedra realizou um processo irreversível. Sendo assim, podemos definir os dois
processos, irreversível e reversível, da seguinte maneira:
- PROCESSO IRREVERSÍVEL é aquele em que um sistema, uma vez atingido o estado final de equilíbrio, não
retorna ao estado inicial ou a quaisquer estados intermediários sem a acção de agentes externos.
- PROCESSO REVERSÍVEL é aquele que pode ocorrer em ambos os sentidos, passando por todas as etapas
intermediárias, sem que isso cause modificações definitivas ao meio externo.

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De tal modo, uma transformação só é considerada reversível se houver ligação entre estados intermediários bem
definidos em qualquer momento da transformação. Para que isso aconteça, a transformação deve ser lenta, sendo
então denominada quase estática.

2.2- Máquinas térmicas e rendimento:

Máquina térmica é todo dispositivo que converte continuamente calor em trabalho útil utilizando um fluido,
dito fluido de trabalho, que realiza ciclos de sentido horário entre duas temperaturas que permanecem
constantes.
Q1 Q2
Máquina Térmica
Fonte quente Fonte fria
T1 T2

w
A máquina térmica operando em ciclos retira uma determinada quantidade de calor da fonte quente,
transformando parte desse calor em trabalho. A parte restante é rejeitada à fonte fria.
O trabalho realizado pela máquina térmica é igual à diferença entre o calor recebido (retirado) e o calor
rejeitado.

w = Q1 – Q2
O rendimento de uma máquina térmica é definido como a razão entre o trabalho que dela pode ser
aproveitado e a quantidade de calor recebido da fonte quente.
𝑤
Ƞ=
𝑄1

Q1  Q2 Q2
Como   Q1  Q2       1
Q1 Q1

Logo o rendimento pode ser dado por:


(onde Q1 e Q2 estão em módulo.

Como nem todo o calor retirado da fonte quente é transformado em trabalho, o rendimento de uma
máquina térmica nunca poderá ser 100% ( = 1); daí o enunciado de Planck já enunciado acima.
Reforçando o enunciado de Planck, Carnot demonstrou que as quantidades de calor Q1 e Q2 seriam
proporcionais às temperaturas T1 e T2 :
Q2 T2 T2
    1
Q1 T1 T1
Como as temperaturas devem ser dadas em Kelvin, para que o rendimento fosse de 100% deveríamos ter a
temperatura da fonte fria igual ao zero absoluto, o que não pode ser atingida na prática.

2.3- Máquinas frigoríficas:

Numa máquina frigorífica, ou bomba de calor, o fluido de trabalho realiza um ciclo de sentido contrário, retirando
calor Q2 de uma fonte fria e cedendo calor Q1 a uma fonte quente. Obviamente essa passagem de calor de uma
fonte fria para uma fonte quente não é espontânea, visto que se realiza à custa de um trabalho externo; portanto
não viola a segunda lei da termodinâmica.
O diagrama abaixo representa esquematicamente uma máquina frigorífica, na qual ocorre conversão de trabalho
em calor.

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Q1 Q2
Fonte quente Fonte fria
U = 0
T1 T2

W
2.4- Ciclo de Carnot

Até meados do século XIX, acreditava-se ser possível a construção de uma máquina térmica ideal, que
seria capaz de transformar toda a energia fornecida em trabalho, obtendo um rendimento total (100%).
Para demonstrar que não seria possível, o engenheiro francês Nicolas Carnot (1796-1832) propôs uma máquina
térmica teórica que se comportava como uma máquina de rendimento total, estabelecendo um ciclo de rendimento
máximo, que mais tarde passou a ser chamado Ciclo de Carnot.
Este ciclo seria composto de quatro processos, independente da substância:

 Uma expansão isotérmica reversível. O sistema recebe uma quantidade de calor da fonte de aquecimento
e realiza trabalho (1-2)
 Uma expansão adiabática reversível. O sistema não troca calor com as fontes térmicas (2-3)
 Uma compressão isotérmica reversível. O sistema cede calor para a fonte de resfriamento. A vizinhança
realiza trabalho sobre o sistema e este transfere para o exterior energia, como calor (3-4)
 Uma compressão adiabática reversível. O sistema não troca calor com as fontes térmicas completando
assim o ciclo. (4-1)
Numa máquina de Carnot, a quantidade de calor que é fornecida pela fonte de aquecimento e a quantidade cedida
à fonte de resfriamento são proporcionais às suas temperaturas absolutas, assim:

Assim, o rendimento de uma máquina de Carnot é:

e
Logo:

Sendo:
= temperatura absoluta da fonte de resfriamento
= temperatura absoluta da fonte de aquecimento
Com isto se conclui que para que haja 100% de rendimento, todo o calor vindo da fonte de aquecimento deverá
ser transformado em trabalho, pois a temperatura absoluta da fonte de resfriamento deverá ser 0K.
Partindo daí conclui-se que o zero absoluto não é possível para um sistema físico.
19- Exemplo:Qual o rendimento máximo teórico de uma máquina à vapor, cujo fluido entra a 560ºC e
abandona o ciclo a 200ºC?

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Exercício de aprendizagem 8
(UFJF-99) - Assinale a alternativa que explica, com base na termodinâmica, um ciclo do funcionamento de um
refrigerador:
a) remove uma quantidade de calor Q1 de uma fonte térmica quente à temperatura T 1, realiza um trabalho
externo W e rejeita uma quantidade de calor Q2 para uma fonte térmica fria à temperatura T 2, com T1>T2;
b) remove uma quantidade de calor Q1 de uma fonte térmica quente à temperatura T 1 e rejeita a quantidade de
calor Q1 para uma fonte térmica fria à temperatura T 2, com T1>T2;
c) remove uma quantidade de calor Q1 de uma fonte térmica fria à temperatura T 1, recebe o trabalho externo W e
rejeita uma quantidade de calor Q2 para uma fonte térmica quente à temperatura T 2, com T1<T2;
d) remove uma quantidade de calor Q1 de uma fonte térmica fria à temperatura T 1 e rejeita a quantidade de calor
Q1 para uma fonte térmica quente à temperatura T2, com T1<T2.

20- Exercício resolvido: Uma máquina térmica de Carnot recebe de uma fonte quente 1 000 cal por ciclo.
Sendo as temperaturas das fontes quente e fria, respectivamente, 127ºC e 427ºC, determinar:
a) o rendimento da máquina;
b) o trabalho, em joules, realizado pela máquina em cada ciclo;
c) a quantidade de calor, em joules, rejeitada para a fonte fria.

Usar 1 cal = 4,2 J


Solução:
a) T1 = 427 + 273 = 700 K
T2 = 127 + 273 = 400 K
Q1 = 1 000 cal = 1000 . 4,2 = 4 200 J

T2 400
O rendimento da máquina é dado por:   1    1    0, 43 ou 43%
T1 700
b) O trabalho realizado em cada ciclo é:

𝑊 𝑊
Ƞ= → 0,43 = → 𝑊 = 1806𝐽
𝑄1 4200

d) A quantidade de calor rejeitada para a fonte fria é dada por:

W = Q1 − Q 2 → 1806 = 4200 − Q 2 → Q 2 = 2394J


O.B.S: Chamamos de entropia a medida de desordem das partículas em um sistema físico.

Confira a seguir uma lista de fórmulas sobre este conteúdo.

Entropia

Variação de entropia

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Exercícios de aprendizagem 9

1) Um motor a vapor absorve, em cada ciclo, 1 000 kcal da fonte quente e devolve 900 kcal para a fonte fria.
a) Qual o trabalho realizado em cada ciclo em joules?
b) Qual o rendimento do motor?
2) Uma máquina de Carnot opera entre duas fontes cujas temperaturas são 27ºC e 177ºC. Qual o rendimento
dessa máquina?
3) Uma máquina térmica recebe, por ciclo, 1.000 J de calor de uma fonte quente enquanto rejeita 700J para uma
fonte fria. Sabe-se que a máquina realiza 10 ciclos/s. Determine:
a) o trabalho realizado por ciclo pela máquina térmica;
b) a potência útil obtida da máquina;
c) o rendimento dessa máquina
Respostas: 1) a) 100 kcal b) 10% 2)  33% 3) a) 300J b) 3.000W c) 30%
Exercícios de Fixação 2
1) Um gás recebe 80J de calor durante uma transformação isotérmica. Qual a variação de energia interna e o
trabalho realizado pelo gás no processo?

2) Se um gás ideal é comprimido isotermicamente:


a) ele recebe calor do ambiente.
b) ele cede calor ao ambiente.
c) ele realiza trabalho sobre o ambiente.
d) sua energia interna aumenta.
e) sua energia interna diminui.
3) Uma dada massa de gás perfeito sofre uma compressão isotérmica. Nessa situação, é correto afirmar que o
gás:
a) recebe trabalho do meio exterior e sua energia interna aumenta.
b) recebe calor do meio exterior e sua energia interna aumenta.
c) cede calor ao meio exterior e sua energia interna aumenta.
d) recebe trabalho do meio exterior e sua energia interna diminui.
e) realiza trabalho sobre o meio exterior e sua energia interna não varia.
4) Se, numa transformação, certa amostra de gás perfeito realiza trabalho apenas às custas de sua energia
interna, essa transformação é:
a) Adiabática b) isotérmica c) isocórica d) isobárica e) isométrica

5) Um gás ideal é comprimido tão rapidamente que o calor trocado com o meio é desprezível. É correto afirmar
que:
a) a temperatura do gás diminui.
b) o gás realiza trabalho para o meio exterior.
c) a energia interna do gás aumenta.
d) o volume do gás aumenta.
e) a pressão do gás diminui.
6) Qual é a variação de energia interna de um gás ideal sobre o qual é realizado um trabalho de 80J, durante uma
compressão adiabática?
a) 80J b) 40J c) zero d) -40J e) -80J

7) Numa transformação isobárica, um gás realiza o trabalho de 400J, quando recebe do meio externo 500J.
Determine a variação de energia interna do gás nessa transformação.
8) Consideremos um gás ideal contido em um recipiente cilíndrico provido P(Pa)
de um êmbolo móvel, que pode mover-se livremente sem atrito. Partindo A B
do estado A, o gás sofre as transformações vistas na figura. Determine o 12
trabalho realizado (em joules) pelo gás no cilo A - B - C - A.

10
D C
10 60 V(m3)

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Respostas: 1) U = 0 e  = 80J 2) b 3) c 4) a 5) c 6) a 7) 100J 8) 40J

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