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Universidade Federal Rural do Semi-Árido

Centro de Engenharias
Departamento de Engenharia e Tecnologia
Curso de Engenharia Química

AGITAÇÃO E
AERAÇÃO
Prof. Álvaro Daniel Teles Pinheiro
Parte I -

AGITAÇÃO
1. Agitação

Funções da agitação:
 Homogeneizar as células e os substratos
sólidos do meio;
 Dispersar os gases no líquido (diminuir o
tamanho das bolhas melhorando a
transferência de oxigênio);
 Auxiliar na transferência de massa e
energia.
1. Agitação

Sistema de
agitação
» O sistema de agitação consiste do agitador e das chicanas (usadas
para aumentar a turbulência e a eficiência de mistura).
1. Agitação

Tipos de agitação

natural (trabalho exercido por gás da


fermentação)
não-mecânica
forçada (introdução de gás pela base do
reator)
Agitação
aerado
mecânica
não-aerado
1. Agitação

Um fermentador típico.
» Um biorreator do tipo STR (reator de tanque agitado,
do inglês Stirred Tank Reactor) consiste em um vaso
cilíndrico sendo comuns relações entre a altura (H) e o
diâmetro (D) de 1:1, 2:1 ou 3:1.
» Normalmente é equipado com Chicanas (com largura
0,1D), utilizadas para evitar a formação de vórtice.

» O agitador é montado no eixo central,


podendo possuir ao longo de sua altura uma
série de turbinas, as quais podem ser de
diferentes tipos.
1. Agitação

Um fermentador típico.
Para um biorreator equipado com chicanas e suprimento
de ar:
Valores
Razão OBS
Típicos
Depende do nível de espuma
Altura do líquido do reator e altura do
Ht/Hl ~ 0,7 - 0,8 produzido durante a
reator
fermentação
Reatores europeus tendem a
Altura do reator e diâmetro do tanque Ht/Dt ~1-2 ser mais altos que os
projetados nos EUA
Reatores com turb. Rushton
Diâmetro do impelidor e diâmetro do são geralmente 1/3 do
Da/Dt 1/3 – 1/2
tanque diâmetro do tanque. Os de
fluxo axial são maiores
Diâmetro das chicanas e diâmetro do
Db/Dt ~0,08 – 0,1
tanque
Altura da pá do impelidor e diâmetro do
W/Da 0,2
impelidor
Largura da pá do impelidor e diâmetro
L/Da 0,25
do impelidor
Distância média entre o impelidor e a
E/W 1
saída de gás e altura da pá
1. Agitação

» O tipo, tamanho e número de agitadores, bem como a localização,


influenciam diretamente na mistura e transferência de massa no reator.

» Os agitadores podem dividir-se em duas classes: os de


escoamento axial e os de escoamento radial:

Agitadores de fluxo Radial Agitadores de fluxo Axial


1. Agitação

Agitadores de fluxo Radial

O líquido é inicialmente dirigido a parede


do reator, ao longo do raio do tanque.
1. Agitação

Agitadores de fluxo axial

O líquido é dirigido para a base do reator, paralelo ao eixo do


agitador.
Deficientes em gerar turbulência e
quebra das bolhas de ar; indesejáveis
para cultivos aerados.
Utilizados para processos sensíveis:
reatores de cristalização e
precipitação, culturas de células
animais.

Hélice com Hélice com Agitador com


Hélice marinha fluxo duplo grandes pás fita helicóide
1. Agitação

Potência de agitação

Potência de agitação em processos não aerados (P)


Eq. de Rushton para Np (c/ e s/vórtice; Escoamento laminar e turbulento).

Potência de agitação em processos aerados (Pg)


Aplicar fatores de correção à potência encontrada para processos não aerados.
2. Potência de agitação para processos
não aerados

Eq. de Rushton para número de potência (Np), que está relacionado


ao diâmetro do agitador, Di [m], velocidade de agitação, N [s-1] :
𝑃
𝑁𝑝= 3 5
𝜌 ⋅ 𝑁 ⋅ 𝐷𝑖

Np é função do número de Reynolds e do tipo de impelidor utilizado:

𝜌 ⋅ 𝑁 ⋅ 𝐷𝑖2
ℜ¿
𝜇
2. Potência de agitação para processos
não aerados
Diagrama de Rushton para número de potência (Np) em função do
Re:

Re<10 (regime laminar)  a curva é linear


10< Re < 10.000 (regime de transição)
Re>104 (regime turbulento)  Np é constante.
2. Potência de agitação para processos
não aerados

Questão 01: Um caldo fermentativo com viscosidade 10-2 Kg/m*s e


densidade 1000 Kg/m3 é agitado em um tanque de 50 m3 utilizando
uma palheta de 6 pás com 1,3 m de diâmetro. Calcule a potência
requerida para a velocidade de agitação de 4s-1.

4 𝑠 −1 ×(1,3 𝑚)2 ×1000 𝐾𝑔 /𝑚 3 6,76


𝑅𝑒= −2 −1 −1
10 𝐾𝑔/ 𝑚 𝑠

5,0

𝐿𝑜𝑔𝑜:
5

𝑃=1188 𝑘𝑊
2. Potência de agitação para processos
não aerados

Em grandes fermentadores, há necessidade de se utilizar mais de


um impelidor, mas o diagrama de Rushton só vale para 1 impelidor.
Neste caso, P é proporcional ao número de impelidores, desde que:

𝐻 𝐿 − 2⋅ 𝐷 𝑖 𝐻 𝐿 − 𝐷𝑖
< n ú mero de impelidores <
𝐷𝑖 𝐷𝑖
𝐷𝑖 <espa ç amento entre impelidores<2⋅ 𝐷𝑖

Quando as relações geométrica não coincidem com as de Rushton


(Dt/Di = 3 e HL/Di = 3), P pode ser estimado pelo diagrama e deve ser
corrigido por um fator de correção (fc):

𝑃 𝑐 =𝑃 ⋅ 𝑓 𝑐 𝑓 𝑐=

( 𝐷 𝑡 / 𝐷𝑖 )𝑆 ⋅ ( 𝐻 𝐿 / 𝐷 𝑖 )𝑆
( 𝐷 𝑡 / 𝐷𝑖 ) 𝑅 ⋅ ( 𝐻 𝐿 / 𝐷 𝑖 ) 𝑅
Parte II -

AERAÇÃO
1. Aeração

Operação que visa transferir oxigênio para um meio líquido


continuamente, de forma a disponibilizar o seu suprimento
para células que realizam uma fermentação aeróbia.
1. Aeração
O transporte de oxigênio desde a bolha de ar até o interior da
célula é afetado por diversas resistências específicas.

Passo 1 – Difusão do gás do interior da bolha até a interface gás-líquido;


Passo 2 – Difusão através da interface gás-líquido;
Passo 3 – Difusão através da camada estagnada de líquido, externa à bolha;
Passo 4 –Transferência através do bulk líquido (meio líquido propriamente
dito) este movimento processa-se por convecção forçada ou por difusão;
Passos 5 a 8: Transferência nas células ou nos agregados celulares.
2. Formas de aeração

Aeração superficial – fermentação em superfície (bandejas ou


lagoas) aeróbias ou em sistemas de células imobilizadas de leito
fixo.
2. Formas de aeração

Aeração em profundidade - distribuição de ar através de


borbulhamento.
3. Solubilidade do O2 em água

Carbono, nitrogênio, fósforo e demais nutrientes são


Nutrientes bastante solúveis em água.
Ex: Glicose - aproximadamente100g/100ml (25°C)

O oxigênio possui baixíssima solubilidade em água.


Oxigênio Na saturação, a solubilidade é da ordem de 7 mg/L
ao se borbulhar ar a 1 atm e 35°C.

Para suprir a demanda celular, oxigênio deve ser ofertado


continuamente ao meio de cultivo.
4. Agitação e aeração

Em reatores não aerados, o oxigênio é


transferido através do espaço livre acima do
líquido.

Agitação quebra continuamente a superfície


do líquido e aumenta a área de transferência.

300 rpm 450 rpm 750 rpm


4. Agitação e aeração

Lenta Rápida

Quando a velocidade de agitação é:

• Bolhas não serão quebradas tendendo a subir direto para a


Lenta superfície. Além disso, irão se acumular no eixo do agitador,
coalescendo e diminuindo a transferência de oxigênio.

• Bolhas pequenas irão circular por todo o reator e terão o seu tempo
Rápida de residência aumentado.
5. Influência das condições operacionais
na concentração de oxigênio dissolvido.

Temperatura – a concentração de oxigênio diminui com o aumento


da temperatura.

16

14

12

10
C (m g O / L)

8
2

0
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
o
Temperatura ( C)
5. Influência das condições operacionais
na concentração de oxigênio dissolvido.

Concentração de sal – a concentração de oxigênio diminui com o


aumento da concentração de NaCl.

Transferência de massa – tamanho das bolhas – tipo de dispersor.

Pressão de O2 na fase gasosa – a concentração de oxigênio


aumenta com da pressão de O2 (O2 puro pode levar a concentração
de 40,3 mg/L de O2).
Para o caso de soluções diluídas, pode-se aplicar a Lei de Henry (a
concentração de oxigênio na saturação é proporcional à pressão parcial
do oxigênio no gás)

CS = H . pg
6. Conceitos de vvm e KLa

No projeto de um biorreator de escala industrial a partir de um


experimental, deve-se levar em consideração:

• A agitação do meio;

• A taxa de vazão de ar, comumente reportada em termos do


volume de ar que será fornecido em relação ao volume do meio
por minuto (vvm);

• A capacidade do sistema disponibilizar o oxigênio dissolvido


para as células (KLa - coeficiente volumétrico de transferência
de oxigênio).
7. Transferência de oxigênio - KLa

A fim de descrever a transferência de oxigênio da fase gasosa


para a fase líquida, temos que:

Transferência através das películas


de gás e liquido entorno da interface. Resistência ao transporte de O2:

Desprezível
1 1
CS 𝑅= +
𝐾𝑔 𝐾𝐿
Coeficiente de transferência
de massa na película
gasosa estagnada.
Gás Coeficiente de transferência
de massa na película
líquida estagnada.

Líquido
7. Transferência de oxigênio - KLa

Considerando estado estacionário, o fluxo de transferência de


oxigênio da fase gasosa para a fase líquida é dado por:

𝑔𝑟𝑎𝑑𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 ( 𝐶 𝑆 − 𝐶)
𝑛𝑂 = 𝑛𝑂 =
2
𝑟𝑒𝑠𝑖𝑠𝑡 ê 𝑛𝑐𝑖𝑎
2
1
𝐾𝐿
Rearranjando:

𝑛𝑂 = 𝐾 𝐿 (𝐶 𝑆 −𝐶 )
2

Onde:

nO2 = fluxo de oxigênio transferido por área interfacial (gO 2/m².h)


KL = coeficiente de transferência de massa da película líquida
Cs = concentração do oxigênio saturado no meio líquido
C = concentração de oxigênio no seio líquido
7. Transferência de oxigênio - KLa

Observa-se que o fluxo de oxigênio (nO2) depende da área superficial


de transferência de massa para o líquido (gO2/m².h):
Difícil quantificação (elevado número de bolhas)

∑ á𝑟𝑒𝑎𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙𝑑𝑎𝑠 𝑏𝑜𝑙h𝑎𝑠
Usual expressar a transferência de oxigênio por unidade de volume
(NO2) ao invés da transferência de oxigênio pela unidade de área (n O2):
á 𝑟𝑒𝑎 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑓𝑎𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑎 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑒𝑟 ê 𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎( 𝑚2)
𝑎= 3
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑜 𝑙 í 𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜 (𝑚 )

Onde:
𝑁 𝑂 = 𝑎 ×𝑛𝑂
2 2

𝑁 𝑂 =𝐾 𝐿 𝑎 (𝐶 𝑆 −𝐶 )
2

KLa = coeficiente volumétrico de transferência de oxigênio (h -1)


7. Transferência de oxigênio - KLa

Caso ocorram variações no fluxo de O2, a concentração de O2


dissolvido irá variar com o tempo (estado transiente). Logo:

𝑑𝐶 𝑑𝐶
𝑁𝑂 = e
𝑑𝑡
= 𝐾 𝐿 𝑎 (𝐶 𝑆 − 𝐶 )
2
𝑑𝑡
Observe que:
CS 𝑑C O2 1. Aumento da pressão de O2 na fase
𝑑𝑡 gasosa (enriquecimento do gás);
CO2 aumento do gradiente ( 𝐶 𝑆 − 𝐶 ) .
Gás
2. Aumento na frequência de agitação;
maior rompimento e dispersão de
bolhas = aumento de “a”.
Líquido redução da espessura do filme
líquido = aumento de KLa.
7.1. Métodos para determinar KLa

Métodos de determinação do coeficiente volumétrico de


transferência de oxigênio (kLa):

 Metodologias clássicas como o “método do sulfito” (Cooper et al.,


1944);

 Métodos “dinâmicos” que quantificam o coeficiente volumétrico de


transferência de oxigênio utilizando eletrodos ou sensores de oxigênio
imersos no meio líquido;

- Ambos consideram a determinação do K La na ausência de


microrganismo.
7.1. Métodos para determinar KLa

Método do Sulfito
- Baseado na rápida oxidação de sulfito a sulfato na presença de O 2.
- Pela estequiometria da reação:

Na2SO3 + ½ O2 Na2SO4

conhecendo-se a massa total de oxigênio que foi transferido para o volume


total de reação, no intervalo de tempo entre as duas amostras:
7.1. Métodos para determinar KLa

Método do Sulfito
- A variação da concentração de sulfito no meio ao longo do tempo
permite por estequiometria calcular kLa.

𝑁𝑂
𝐾 𝐿 𝑎= 2

(𝐶 𝑆 − 𝐶 )

Onde: “Concentração molar


de Na2SO3 adicionada”.

0,5  C Na2 SO3


NO 2 
t

- Desta forma, substitui-se o meio por uma solução de sulfito de sódio e


um catalisador (sal de cobre) onde se aplica aeração.
7.1. Métodos para determinar KLa

Método Dinâmico
- Consiste em utilizar o sinal resposta de um eletrodo específico para a
medida da concentração de O2 em um meio líquido;
- Inicialmente, borbulha-se o líquido com nitrogênio, para eliminar todo o
oxigênio dissolvido, até que a sonda indique zero;
- A seguir inicia-se a aeração e agitação do meio e se registra o sinal da
sonda, que saíra do zero até atingir 100% de saturação;

𝑑𝐶
=𝐾 𝐿 𝑎 ( 𝐶 𝑆 − 𝐶 )
𝑑𝑡

- Integrando para t=0 -- C=0:

(
𝐿𝑛 1 −
𝐶
𝐶𝑆 )
=− 𝐾 𝐿 𝑎 ×𝑡
7.1. Métodos para determinar KLa

Exemplo: Os dados da tabela abaixo foram obtidos durante a aplicação


do método de determinação do kLa por medida da concentração de O2 com
sonda, no meio isento de células.

Tempo (s) 0 7 14 22 31 43 58 77

C(mgO2/L) 0 1,10 1,80 2,57 3,46 4,57 5,97 7,45

Calcule o kLa sabendo que, neste caso, a concentração de saturação


era igual a 7,7 mgO2/L. Tempo (s) C(mgO2/L) Ln(1-(C/Cs))
0 0 0,00
7 1,1 -0,15

( 𝐶
)
14 1,8 -0,27
𝐿𝑛 1 − =− 𝐾 𝐿 𝑎 ×𝑡 22 2,57 -0,41
𝐶𝑆 31
43
3,46
4,57
-0,60
-0,90
58 5,97 -1,49
77 7,45 -3,43

Cs = 7,7 mgO2/L

KLa = 0,0395 s-1


KLa = 142,2 h-1
8. Respiração microbiana

A demanda de oxigênio em cultivos aeróbios pode ser


quantificada pela velocidade específica de respiração (QO2):
𝑑𝑂 2
=𝑄 𝑂 × 𝑋
𝑑𝑡 2

Isolando QO2:
1 𝑑𝑂 2
𝑄𝑂 = ×
2
𝑋 𝑑𝑡
Onde:
CS 𝑑C O2
𝑑𝑡 QO2 = velocidade específica de
CO2 respiração (gO2/gcel.h);
Gás X = concentração celular (g/m3);
dO2/dt = velocidade de consumo
𝑑O 2
de O2 (gO2/ m3.h).
𝑑𝑡
Líquido
8. Respiração microbiana

O valor de QO2 depende:

- Do Microrganismo;
- Composição do meio de cultura;
- Condições operacionais (pH, T, etc.).

Para um dado microrganismo, QO2 é função da concentração de


oxigênio dissolvido no meio líquido (C), sendo descrita por:

𝐶𝑂
𝑄𝑂 =𝑄 𝑂 × 2

2 2𝑚 á 𝑥
𝐾 0 + 𝐶𝑂 2

Onde:

QO2,máx = máximo valor de QO2 (gO2/gcel.h);

K0 = constante de saturação de O2 (gO2/ m3.h).


8. Respiração microbiana

A equação anterior gera o seguinte perfil:

Observa-se que acima de uma


dada concentração de O2 dissolvido
(Ccritico), o valor de O2 é constante.

Trabalhando-se acima deste


valor tem-se uma condição onde o
oxigênio não é limitante.
8. Respiração microbiana

A fim de descrever uma relação entre a velocidade específica de


crescimento e a velocidade específica de respiração, Pirtt propôs a
seguinte Equação:

1
𝑄𝑂 =𝑚 0+ µ𝑥
2
𝑌0

Onde:

m0: coeficiente de manutenção para o O2 (gO2/gcel.h);


Y0: fator de conversão de O2 para células (gcel/gO2);
μx: velocidade específica de crescimento (h-1);
X: concentração celular (gcel.L-1).
9. Análise conjunta da transferência e
consumo de O2

O fornecimento de O2 pelo sistema de transferência e o


consumo de O2 pelas células, permite realizar o balanço de
oxigênio no meio líquido, chegando-se ao seguinte equacionamento:
𝑑𝐶
=𝐾 𝐿 𝑎 ( 𝐶 𝑆 − 𝐶 ) −𝑄 𝑂 × 𝑋
𝑑𝑡 2

Observe que QO2 varia com µx e X varia com o tempo

O sistema de transferência de oxigênio deverá ser dimensionado


de forma a atender à máxima demanda, para se garantir a
condição de não limitação de oxigênio.
9. Análise conjunta da transferência e
consumo de O2

Considerando a necessidade de se atender à demanda máxima


de O2 e de não permitir concentrações de O2 abaixo de Ccrit, existem
duas formas de se operar um processo fermentativo, em relação ao
fornecimento de oxigênio:

(1) Manter uma concentração de oxigênio constante


(2) Manter uma transferência de oxigênio constante
“Controle da velocidade de agitação e taxa de
aeração”.

Atendendo às condições:

0= 𝐾 𝐿 𝑎 ( 𝐶 𝑆 − 𝐶 ) − 𝑄𝑂 × 𝑋 2

𝑄𝑂 × 𝑋
𝐾 𝐿 𝑎= 2

( 𝐶𝑆 − 𝐶 )
9. Análise conjunta da transferência e
consumo de O2

Para um processo contínuo, deve-se considerar o oxigênio que


entra no reator (DCentrada) e o que sai (DCsai)?

Podemos desprezar, pois são pequenos!


9.1. Determinação de KLa e QO2 durante o
cultivo
Método Dinâmico
- Método realizado durante o cultivo de microrganismos.
- Consiste em interromper (curto intervalo de tempo) o sistema de
aeração e medir através do eletrodo a queda na concentração de
oxigênio dissolvido.
- A concentração de O2 diminui
linearmente a uma taxa igual ao seu
consumo pela célula.
𝑑𝐶
=− 𝑄𝑂 × 𝑋
𝑑𝑡 2

- Durante o experimento, considera-se


que X é constante, assim como QO2.
Integrando a equação:

)
9.1. Determinação de KLa e QO2 durante o
cultivo
Método Dinâmico
- Ao religar o sistema, a concentração de oxigênio volta a aumentar. O
valor de KLa é determinado nesta etapa.

𝑑𝐶
=𝐾 𝐿 𝑎 ( 𝐶 𝑆 − 𝐶 ) −𝑄 𝑂 × 𝑋
𝑑𝑡 2

- Considerando que durante o


experimento C0 não varia:
𝑑 𝐶0 𝑄𝑂 × 𝑋
=0 :. 𝐾 𝐿 𝑎= 2

𝑑𝑡 ( 𝐶𝑆 − 𝐶0 )

- Reorganizando:

𝑄𝑂 × 𝑋
𝐶 𝑆= 𝐶 0 + 2

𝐾𝐿𝑎
9.1. Determinação de KLa e QO2 durante o
cultivo
Método Dinâmico
- O balanço de massa para o O2 no trecho ascendente será:

- Resultando em:

𝑑𝐶
=𝐾 𝐿 𝑎 ( 𝐶0 − 𝐶 )
𝑑𝑡
- Integrando a equação anterior do tempo em que se retoma a aeração (t 1)
ao tempo t:

𝐿𝑛
(
𝐶0 − 𝐶
𝐶 0 −𝐶 1 )
=− 𝐾 𝐿 𝑎 ( 𝑡 − 𝑡 1 )
9.1. Determinação de KLa e QO2 durante o
cultivo
Método Dinâmico
- Isolando C:
− 𝐾 𝐿 𝑎 ( 𝑡 − 𝑡1 )
𝐶= 𝐶 0 − ( 𝐶 0 − 𝐶1 ) 𝑒

- Assim:

Determinar QO2 Determinar KLa


− 𝐾 𝑎(𝑡− 𝑡 )
) 𝐶= 𝐶 0 − ( 𝐶 0 − 𝐶1 ) 𝑒 𝐿 1

“eq. Linear” “eq. não-linear”


9.1. Determinação de KLa e QO2 durante o
cultivo
Método Dinâmico
- Exemplo:

Método dinâmico
7

5 − 𝐾 𝐿 𝑎 ( 𝑡 − 𝑡1 )
𝐶= 𝐶 0 − ( 𝐶 0 − 𝐶1 ) 𝑒
) 4
O2 (mg/L)

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800
tempo (s)

As constantes podem ser obtidas utilizando métodos de regressão.


10. Cálculo da potência em sistemas
aerados

Ao aerarmos o meio de cultura, suas densidade e viscosidade


aparentes serão menores que as apresentadas pelo sistema não-aerado.
Desta forma, a potência a ser transferida ao meio com aeração (Pg) é
menor que aquela calculada para o meio não aerado (P).
A relação Pg/P, entre a potência aerada e a não aerada pode ser
obtida a partir de ábacos como o da Figura abaixo:
10. Cálculo da potência em sistemas
aerados
O número de aeração NA é dado pela relação:
𝐹𝑂 2
𝑁 𝐴= 3
𝑁 𝐷𝑖

onde:
FO2 = vazão de ar (m3/s)
N = velocidade de rotação do impelidor (s-1)
Di = diâmetro do impelidor (m)

Portanto, uma vez definidos o tipo e a velocidade de rotação do


impelidor, seu diâmetro e a vazão de ar a ser aplicada ao processo, o
número de aeração pode ser calculado.

A relação Pg/P é então obtida da Figura anterior. Como o valor de P já


foi previamente calculado, o valor de Pg é então obtido.

Com os valores de P e Pg, o motor do sistema de aeração pode ser


especificados.
10. Cálculo da potência em sistemas
aerados

Questão 02: Uma agitação eficiente permite a um bioprocesso


manter a homogeneidade do meio e favorece a transferência de
massa e calor. Considere um fermentador de 20 litros, contendo
chicanas e um agitador do tipo turbina com disco de 6 pás planas,
com diâmetro (Di) igual a 0,1 metros e velocidade de agitação (N) de
60 min-1 (60 rpm). Nesse contexto, responda os itens a seguir.

(a) A figura abaixo relaciona a potência de aeração (Pg) por potência


sem aeração (P0) em função do número de areação (NA), para um
agitador do tipo turbina. Considerando um bioprocesso aeróbio, qual
será potência requerido pelo agitador quando o equipamento é
alimentado a uma vazão volumétrica (Q), sendo a vazão específica
de ar de 0,6 vvm (volume de ar/volume de meio*min)? Considere a
massa específica (ρ) do meio igual a 900 Kg/m3 e, para as condições
de operação do biorreator, um número de potência (Np = P0/ρ*N3*Di5)
igual a 5.
10. Cálculo da potência em sistemas
aerados
10. Cálculo da potência em sistemas
aerados
10. Cálculo da potência em sistemas
aerados

(b) Por que, em processos com aeração, a potência requerida pelo agitador é
menor que a potência observada em um processo sem aeração?

(c) Qual a influência das chicanas no processo?

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