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Durante a Segunda Guerra Mundial, o fenômeno da

fratura frágil despertou a atenção de projetistas e


engenheiros metalúrgicos devido à alta incidência desse
tipo de fratura em estruturas soldadas de aço de navios
e tanques de guerra.
Alguns navios partiam-se ao meio, mesmo que não
estivessem em mar aberto e turbulento, apesar de
serem construídos de aços-liga que apresentavam
razoável ductilidade, conforme ensaios de tração
realizados à temperatura ambiente.
A incidência desse tipo de fratura ocorria nos meses de
inverno, e problemas semelhantes já haviam sido
relatados em linhas de tubulações de petróleo, vasos de
pressão e pontes de estrutura metálica.
Todos esses problemas motivaram a implantação de
programas de pesquisas que determinassem as causas
dessas falhas em serviço e indicassem providências
para impedir futuras ocorrências.
Fratura

São possíveis dois


modos de fratura:
dúctil e frágil
baseado na
habilidade de um
material em
experimentar uma
deformação
plástica

Navio petroleiro rompido catastroficamente no


porto de Nova York em 1975.
Indicação de
quanto uma
estrutura irá se
deformar antes da
fratura

Especifica o grau
de deformação
permissível
durante operações
de fabricação
(extru,Lami, etc..)

Materiais que
apresentam Material Dúctil
deformação antes
da fratura inferior
a 5% s ão
chamados frágeis.
 O ensaio de impacto se caracteriza por
submeter o corpo ensaiado a uma força
brusca e repentina, que deve rompê-lo.

 É bem melhor saber quanto o material


resiste a uma carga dinâmica numa situação
de ensaio do que numa situação real de
uso.
 As fraturas produzidas por impacto podem
ser frágeis ou dúcteis.

 As fraturas frágeis caracterizam-se pelo


aspecto cristalino e as fraturas dúcteis
apresentam aparência fibrosa.

 Os materiais frágeis rompem-se sem


nenhuma deformação plástica, de forma
brusca.
 Porém, mesmo utilizando materiais dúcteis,
com resistência suficiente para suportar
uma determinada aplicação, verificou-se na
prática que um material dúctil pode
romper-se de forma frágil.
Um material dúctil pode romper-se sem
deformação plástica apreciável, ou seja, de
maneira frágil, quando as condições abaixo
estiverem presentes:

 velocidade de aplicação da carga


suficientemente alta;
 trinca ou entalhe no material;
 temperatura de uso do material
suficientemente baixa.
 Uma trinca promove concentração de
tensões muito elevadas, o que faz com que
a maior parte da energia produzida pela
ação do golpe seja concentrada numa
região localizada da peça, com a
conseqüente formação da fratura frágil.

 A existência de uma trinca, por menor que


seja, muda substancialmente o
comportamento do material dúctil.
 A existência de trincas no material, a baixa
temperatura e a alta velocidade de
carregamento constituem os fatores básicos
para que ocorra uma fratura do tipo frágil
nos materiais metálicos dúcteis.
Cobre comercialmente puro. Fratura e mecanismo de fratura dúcteis.
Aço baixo carbono na temperatura ambiente. Fratura e mecanismo de
fratura dúcteis.
Latão. Fratura e mecanismo de fratura frágeis.
Aço baixo carbono a –190oC. Fratura e mecanismo de fratura frágeis.
 O ensaio de impacto consiste em medir a
quantidade de energia absorvida por uma
amostra do material, quando submetida à
ação de um esforço de choque de valor
conhecido.

 O choque ou impacto representa um


esforço de natureza dinâmica, porque a
carga é aplicada repentina e bruscamente.
 No impacto, não é só a força aplicada que
conta. Outro fator é a velocidade de
aplicação da força. Força associada com
velocidade traduz-se em energia.
 O método mais comum para ensaiar metais é o do
golpe, desferido por um peso em oscilação.
 A máquina correspondente é o martelo pendular.
 O pêndulo é levado a uma certa posição,
onde adquire uma energia inicial.
 Ao cair, ele encontra no seu percurso o
corpo de prova, que se rompe.
 A sua trajetória continua até certa altura,
que corresponde à posição final, onde o
pêndulo apresenta uma energia final.
 A diferença entre as energias inicial e final
corresponde à energia absorvida pelo
material.
 De acordo com o Sistema Internacional de
Unidades (SI), a unidade de energia adotada é o
joule.
 A máquina é dotada de uma escala, que indica
a posição do pêndulo, e é calibrada de modo a
indicar a energia potencial.
 A fórmula de energia potencial (Ep) é:

Ep = m x g x h
m = massa
g = gravidade
h = altura
 Nos ensaios de impacto, utilizam-se duas
classes de corpos de prova com entalhe: o
Charpy e o Izod.
 Os corpos de prova Charpy compreendem
três subtipos (A, B e C), de acordo com a
forma do entalhe.
 Corpos de prova de ferro fundido e ligas
não ferrosas fundidas sob pressão não
apresentam entalhe.
 As diferentes formas de entalhe são
necessárias para assegurar que haja ruptura
do corpo de prova, mesmo nos materiais
mais dúcteis.
 O corpo de prova Charpy é apoiado na
máquina e o Izod é engastado, o que
justifica seu maior comprimento.
 A única diferença entre o ensaio Charpy e o
Izod é que no Charpy o golpe é desferido na
face oposta ao entalhe e no Izod é desferido
no mesmo lado do entalhe.
 A temperatura, especificamente a baixa
temperatura, é um fator de extrema
importância no comportamento frágil dos
metais.

 A temperatura influencia muito a resistência


de alguns materiais ao choque.
 Temperatura de transição: faixa de
temperatura relativamente pequena na qual
a energia absorvida pelo corpo de prova cai
apreciavelmente.

 A temperatura de transição é aquela em que


ocorre uma mudança no caráter da ruptura
do material, passando de dúctil a frágil ou
vice-versa.
 A faixa de temperatura de transição
compreende o intervalo de temperatura em
que a fratura se apresenta com 70% de
aspecto frágil (cristalina) e 30% de aspecto
dúctil (fibrosa) ou 70% de aspecto dúctil e
30% de aspecto frágil.
 A definição dessa faixa é importante porque

só podemos utilizar um material numa faixa


de temperatura em que não se manifeste a
mudança brusca do caráter da ruptura.
 Os metais que têm estrutura cristalina CFC,
como o cobre, alumínio, níquel, aço
inoxidável austenítico etc., não apresentam
temperatura de transição, ou seja, os
valores de impacto não são influenciados
pela temperatura.

 Por isso esses materiais são indicados para


trabalhos em baixíssimas temperaturas,
como tanques criogênicos, por exemplo.
O conteúdo de carbono na composição química
dos aços influencia significativamente a
temperatura de transição.
Naturalmente, sob o
ponto de vista da
transição dúctil-frágil a
preferência na
especificação de um
material para aplicações
estruturais recai naqueles
de temperatura de
transição mais baixas,
desde que o material
atenda à resistência
mecânica exigida em
projeto.
 Tamanho de grãos - Tamanhos de grãos
grosseiros tendem a elevar a temperatura de
transição, de modo a produzir fratura frágil em
temperaturas mais próximas à temperatura
ambiente. Tamanhos de grãos finos abaixam a
temperatura de transição;
 Encruamento - Materiais encruados, que
sofreram quebra dos grãos que compõem
sua estrutura, tendem a apresentar maior
temperatura de transição;
 Impurezas - A presença de impurezas, que
fragilizam a estrutura do material, tende a
elevar a temperatura de transição;
 Elementos de liga - A adição de certos
elementos de liga, como o níquel, por
exemplo, tende a melhorar a resistência ao
impacto, mesmo a temperaturas mais
baixas;
 Processos de fabricação - Um mesmo aço,
produzido por processos diferentes, possuirá
temperaturas de transição diferentes;
 Retirada do corpo de prova - A forma de
retirada dos corpos de prova interfere na
posição das fibras do material. As normas
internacionais geralmente especificam a
posição da retirada dos corpos de prova, nos
produtos siderúrgicos, pois a região de onde
eles são retirados, bem como a posição do
entalhe, têm fundamental importância sobre os
valores obtidos no ensaio.
 Os corpos de prova retirados para ensaio de
impacto devem ser resfriados, até que se atinja
a temperatura desejada para o ensaio.
 As técnicas de resfriamento são determinadas
em normas técnicas específicas. Um modo de
obter o resfriamento consiste em mergulhar o
corpo de prova num tanque contendo
nitrogênio líquido, por aproximadamente 15
minutos.
 Outra forma de obter o resfriamento é por
meio de uma mistura de álcool e gelo seco,
que permite atingir temperaturas de até 70 C O

negativos.

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