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Felipe G.

Mattos - Curso de Mecânica Industrial 02/12/2023

1 - Como podem ser alteradas as propriedades dos materiais?

Estrutura de um material se refere, em geral, ao arranjo dos seus componentes


internos.
O tratamento térmico é um conjunto de processos aplicados a materiais metálicos com
o objetivo de alterar suas propriedades físicas e mecânicas por meio do aquecimento e
resfriamento controlados. Esses processos envolvem o uso de altas temperaturas
seguidas de resfriamento rápido ou lento, dependendo do efeito desejado. O
tratamento térmico é amplamente utilizado na indústria metalúrgica, e sua aplicação
correta pode conferir às peças metálicas maior dureza, tenacidade, resistência ao
desgaste, entre outras propriedades desejáveis.
O objetivo principal do tratamento térmico é alterar as propriedades do material para
atender às necessidades específicas de uma determinada aplicação. Alguns dos
principais objetivos incluem:

Aumento da dureza: A dureza é uma propriedade mecânica importante, e o


tratamento térmico pode aumentar significativamente a dureza de um material,
tornando-o resistente a riscos, abrasão e deformação plástica.

Melhoria da tenacidade: A tenacidade é a capacidade de um material absorver


energia antes de fraturar. O tratamento térmico pode aumentar a tenacidade, tornando
o material mais resistente a impactos e cargas dinâmicas.

Ajuste da microestrutura: O tratamento térmico pode alterar a estrutura cristalina e


a composição química do material, resultando em diferentes arranjos de átomos e
diferentes proporções de fases. Isso permite ajustar as propriedades mecânicas e físicas
do material conforme necessário.

3 - Em que consiste os materiais inteligentes?

Os materiais inteligentes são aqueles manipulados para responder de forma


controlável e reversível — modificando alguma de suas propriedades — a estímulos
externos, como pode ser uma determinada tensão mecânica ou certa temperatura,
entre outros. Por sua capacidade de resposta, os smart materials também são
conhecidos como responsive materials — traduzido normalmente como materiais
"ativos", talvez seria mais exato dizer "reativos" —.
Materiais piezoelétricos
Podem converter a energia mecânica em elétrica e vice-versa. Por exemplo, mudam de
forma com um impulso elétrico ou produzem uma carga elétrica como resposta a um
esforço mecânico aplicado.
Materiais com memória de forma
Possuem a capacidade de mudar de forma, inclusive de retornar à forma original, ao
serem expostos a uma fonte de calor, entre outros estímulos.
Materiais cromoativos
Mudam de cor ao serem submetidos, por exemplo, a uma determinada variação de
temperatura, luz, pressão, etc. Hoje em dia são utilizados em setores como o ótico,
entre outros.
Materiais magnetorreológicos
Modificam suas propriedades na presença de um campo magnético. Atualmente, são
utilizados, por exemplo, em amortecedores para evitar vibrações sísmicas em pontes ou
arranha-céus.
Materiais fotoativos
Há vários tipos: os eletroluminescentes emitem luz quando recebem impulsos elétricos;
os fluorescentes devolvem a luz com maior intensidade; e os fosforescentes são
capazes de emitir luz após cessar a fonte inicial.

4 - Para cada uma das propriedades dos materiais metálicos, relacione um estímulo e sua
resposta.

Propriedades térmicas
As propriedades térmicas determinam o comportamento dos materiais quando
são submetidos a variações de temperatura. Isso acontece tanto no processamento do
material quanto na sua utilização. É um dado muito importante, por exemplo, na
fabricação de ferramentas de corte.
Ponto de fusão – é uma propriedade térmica do material que se refere à
temperatura em que o material passa do estado sólido para o estado líquido.
Dentre os materiais metálicos, o ponto de fusão é uma propriedade importante para
determinar sua utilização. O alumínio, por exemplo, se funde a 660ºC, enquanto o
cobre se funde a 1.084ºC.
Ponto de ebulição – é a temperatura em que o material passa do estado
líquido para o estado gasoso.
Dilatação térmica – é a propriedade que faz com que os materiais, em geral,
aumentem de tamanho quando há elevação da temperatura. Esse efeito explica
as folgas (juntas de dilatação) entre lajes nas estruturas de concreto, pontes e
viadutos. É o espaço necessário para se acomodarem nos dias de muito calor.
Condutividade térmica – é a capacidade que determinados materiais têm
de conduzir calor.
Propriedades elétricas
As propriedades elétricas determinam o comportamento dos materiais quando
são submetidos à passagem de uma corrente elétrica.
Condutividade elétrica – é uma propriedade dos metais que está relacionada com a
capacidade de conduzir a corrente elétrica.
Resistividade – é a resistência que o material oferece à passagem da corrente
elétrica.
Propriedades magnéticas
Forças magnéticas aparecem quando partículas eletricamente carregadas se
movimentam. É conveniente raciocinar em termos de campo magnético e
linhas de força (imaginárias) que podem ser tracejadas indicando a distribuição do
campo magnético.
Outro conceito importante é o conceito de dipolo magnético. Os dipolos
magnéticos são análogos aos dipolos elétricos e podem ser imaginados como
pequenas barras compostas de polo norte e polo sul.
Do mesmo modo que os materiais diferem na sua resposta a um campo elétrico, eles
também diferem substancialmente quando expostos a um campo magnético. Os efeitos
magnéticos nos materiais originam-se nas pequenas correntes elétricas associadas ou a
elétrons em órbitas atômicas ou a spin de elétrons. Os materiais, quanto ao seu
comportamento magnético, podem ser classificados em:
Diamagnéticos, paramagnéticos, ferromagnéticos e antiferromagnéticos

Propriedades mecânicas
As propriedades mecânicas podem ser compreendidas como a resposta do
material quando submetido a esforços mecânicos, sendo determinadas através de
ensaios. Algumas das propriedades que podem ser obtidas através desses ensaios são
apresentadas a seguir.
Maleabilidade – propriedade de certos metais poderem deformar-se a frio
ou a quente, sem se romperem e serem transformados em chapas de pouca
espessura.
Elasticidade – propriedade dos corpos deformados sob ação momentânea
de uma força, que tendem a retomar sua forma primitiva, desde que a força
deixe de atuar.
Plasticidade – propriedade inversa da elasticidade. É a capacidade de certos
metais de tomarem uma forma qualquer e a conservarem.
Dureza – denomina-se dureza a resistência ao risco ou abrasão. Na prática
mede-se dureza pela resistência que a superfície do material oferece à penetração de
uma peça de maior dureza. Existem diversos processos como Brinell,Rockwell, Shore,
Vickers e Knoop. As relações físicas entre dureza e resistência foram estabelecidas
experimentalmente, de modo que o ensaio de dureza é um meio indireto de verificar a
resistência do aço.
Tenacidade – é a capacidade de absorver energia mecânica com deformações
elásticas e plásticas. No ensaio de tração simples, a tenacidade é medida pela área total
do diagrama tensão-deformação.
Ductilidade – é a capacidade de o material se deformar sob a ação das cargas.
Os aços dúcteis, quando sujeitos às tensões locais elevadas sofrem deformações
plásticas capazes de redistribuir os esforços. Esse comportamento plástico
permite, por exemplo, que se considere, numa ligação rebitada, distribuição
uniforme da carga entre os rebites. Além desse efeito local, a ductilidade
tem importância porque conduz a mecanismos de ruptura acompanhados de
grandes deformações que fornecem avisos da atuação de cargas elevadas.
Fragilidade – é o oposto da ductilidade. Os aços podem ser tornados frágeis
pela ação de diversos agentes: baixa temperatura ambiente, efeitos térmicos
locais causados, por exemplo, por solda elétrica. O estudo das condições
em que os aços se tornam frágeis tem grande importância nas construções
metálicas, uma vez que os materiais frágeis se rompem bruscamente.
Resiliência – é a capacidade de um metal absorver energia quando deformado
elasticamente, isto é, dentro da zona elástica, liberando-a quando descarregada.
Fadiga – a resistência à ruptura dos materiais é, em geral, medida em ensaios
elásticos. Quando as peças metálicas trabalham sob efeito de esforços repetidos em
grande número, pode haver ruptura em tensões inferiores às obtidas em ensaios
estáticos. Esse efeito denomina-se fadiga do material. A resistência à fadiga é, em
geral, determinante no dimensionamento de peças sob ação de dinâmicas importantes,
tais como peças de máquinas, de pontes, etc.

5 - Desenhe o diagrama de fases para ferro-carbono, mostre todas as fases e especifique cada
uma?
DIAGRAMA DE FASES Fe-C

Ferrita (α): solução sólida do carbono em ferro (ccc),


existente até a temperatura de 912˚C. Nesta faixa de
temperatura, a solubilidade do carbono no ferro é muito baixa,
chegando ao máximo de 0,0218% a 727 ˚C.
Na temperatura ambiente, a solubilidade máxima do carbono
no ferro α (ccc) é a de 0,008%. Assim, 0,008% de carbono, o
produto siderúrgico seria chamado de ferro comercialmente
puro.
Austenita (γ): solução sólida do carbono em ferro γ (cfc),
existindo entre as temperaturas de 912 a 1495˚C e com
solubilidade máxima do carbono no ferro γ de 2,11% a 1148 ˚C.
O teor de carbono 2,11% é adotado como separação teórica
entre os dois principais produtos siderúrgicos. Aços, teores de
carbono menores que 2,11% e ferros fundidos, teores de carbono maiores que 2,11%.
Ferrita (δ): para pequenos teores de carbono acima de 1394 ˚C, o ferro muda
novamente para cúbico de corpo centrado, dando origem à ferrita delta (ferro delta),
que é uma solução sólida de carbono em ferro (ccc), sendo estável até 1538 ˚C quando
o ferro se liquefaz. Tendo o ferro uma estrutura (ccc), a solubilidade do carbono é
baixa, atingindo um máximo de 0,09% a 1495 ˚C. Os nomes de ferro α e ferro δ são
usados para indicar a mesma solução sólida de carbono em ferro (ccc), porém
ocorrendo em diferentes faixas de temperatura. A solubilidade máxima de carbono no
ferro δ é um pouco maior que no ferro α (0,09% e 0,02% respectivamente), devido ao
fato de que o ferro δ ocorre em temperaturas maiores, onde a agitação térmica da
matriz de ferro é também maior, favorecendo a maior dissolução do carbono.
Cementita (Fe3C): é um carboneto de ferro com
estrutura ortorrômbica de alta dureza. A cementita dá
origem a um eutetóide de extrema importância no estudo
dos aços, a perlita.
Perlita: é uma combinação de ferro (α) e cementita
(Fe3C).

6 - Mostre e fale sobre as reações Eutetóide e Eutética.

De uma maneira bem simples, podemos dizer que uma reação eutética se caracteriza
pela transformação, no resfriamento, de uma fase líquida em duas sólidas. Já a reação
eutetóide é caracterizada pela transformação, no resfriamento, de uma fase sólida em
duas sólidas.
Ponto eutetóide – Ponto correspondente à composição de carbono de 0,8%. ... Ponto
eutético – Ponto correspondente à composição de carbono de 4,3%. Trata-se do ponto
de mais baixa temperatura de fusão ou solidificação, 1147°C. Ligas dessa composição
são denominadas ligas eutéticas.
Reação eutetóide: reação em que uma fase sólida se transforma, no resfriamento,
em duas outras fases sólidas distintas. Esta reação é normalmente representada pela
seguinte forma: γ → α + β ; Reação peritetóide: reação em que duas fases sólidas se
transformam, no resfriamento, em uma outra fase sólida distinta.

O ponto conhecido como ponto eutético, é o ponto de composição química dos


componentes que terá a menor temperatura de fusão da liga.
O ponto eutético é exatamente o ponto de intersecção entre as linhas líiquidus. A liga
correspondente à composição na qual as duas linhas se interceptam é a liga eutética, e
a temperatura é a temperatura eutética. A liga eutética é a de menor ponto de fusão de
todas as composições possíveis.
Na transformação eutética, uma fase líquida ao solidificar-se produz duas ou mais fases
sólidas que podem possuir arranjos lamelar ou fibroso. Quando tal solidificação é
processada de maneira unidirecional, as fases sólidas podem ser orientadas de acordo
com a direção de retirada do calor contido no líquido.
7 - Fale
sobre a microestrutura perlítica, quais as fases presentes? Como é formada?

A reação eutetóide em aços produz uma microestrutura característica


denominada perlita. A perlita não é uma fase, é uma “mistura” de duas fases que
ocorrem sob a forma de lamelas paralelas.
O crescimento da perlita ocorre de maneira cooperativa. A reação eutetóide é
caracterizada pela transformação da austenita em ferrita e cementita de maneira
simultânea. Com o crescimento da partícula de cementita há um empobrecimento do
teor de carbono da austenita nas regiões vizinhas até ocorrer a formação da ferrita.

Considerando um resfriamento em condições de equilíbrio a partir do ponto “A” para


uma liga de composição eutetóide, 0,77 % de carbono, dentro do campo austenítico,
800 °C.
No ponto “A” temos somente grãos de austenita, e isso continua até o limite desse
campo, nesse caso o ponto eutetóide. A transformação de fase ocorre durante essa
passagem, a austenita se transforma em perlita (ferrita e cementita). A microestrutura
desse aço no campo α + Fe3C corresponde a do ponto “B”, 100% de perlita.

Microestrutura de um aço de composição eutetóide. As lamelas escuras são de perlita e


as claras de ferrita.

8 - A que se refere a estrutura dos materiais?


A estrutura do material tem uma profunda influência em muitas de suas
propriedades, mesmo que a sua composição química não seja alterada.
Por exemplo, um fio de cobre puro quando flexionado repetidamente fica mais duro e
mais frágil, e sua resistividade elétrica também aumenta; como a composição química
do fio não foi modificada, as mudanças em suas propriedades são devidas às
modificações em sua estrutura interna.

Nesse exemplo não se observa nenhuma mudança no material em escala macroscópica;


entretanto, sua estrutura foi modificada em uma escala muito pequena ou escala
microscópica, a qual é conhecida como microestrutura.
Se pudermos entender como o material modificou microscopicamente, começaremos a
descobrir maneiras de controlar as suas propriedades.

O emprego de materiais na forma de produtos acabados envolve, geralmente, etapas


de processamento onde algumas de suas características podem ser significativamente
alteradas.
Normalmente, esta etapa promove modificações na estrutura interna do material. A
modificação da forma geométrica de um material metálico (conformação plástica)
resulta em alterações no estado de tensões da estrutura atômica, bem como pode
modificar a estrutura ao nível atômico.

Dessa forma, a estrutura dos materiais pode ser estudada de acordo com quatro níveis
seqüenciais, quais sejam: subatômico, atômico, microscópico e macroscópico.
Os três primeiros níveis são responsáveis pela formação do material e o último nível
por sua utilização.

O nível atômico está ligado à análise do comportamento de um átomo em relação a


outro átomo, ou seja, à interação entre átomos e ligações entre os mesmos e a
formação de moléculas. As ligações interatômicas dependem do comportamento do
átomo ao nível subatômico. Em função do tipo e intensidade dessas ligações, um dado
material pode apresentar-se como sólido, líquido ou gasoso (estado de agregação),
dependendo de uma determinada condição.
O nível microscópico relaciona-se à análise do arranjo dos átomos ou suas moléculas
no espaço. Um arranjo atômico pode resultar em três tipos estruturais: arranjo
cristalino, arranjo molecular e arranjo amorfo. O arranjo estrutural apresentado por um
material influencia diretamente as suas propriedades e características.
O nível macroscópico relaciona-se às características e propriedades dos materiais em
serviço, as quais estão diretamente ligadas à natureza do comportamento atômico nos
três níveis anteriores e à maneira com que o material foi processado.

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