Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS DE ANANINDEUA
CURSO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS

Antonio Rodrigo Furtado de Oliveira


Haianny Beatriz Saraiva Lima
Julianne Silva Lalôr
Rodrigo Nascimento Marinho

PROPRIEDADES ELÉTRICAS DA CERÂMICAS

ANANINDEUA
2019
Antonio Rodrigo Furtado de Oliveira
Haianny Beatriz Saraiva Lima
Julianne Silva Lalôr
Rodrigo Nascimento Marinho

PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS CERÂMICAS

Trabalho apresentado ao Prof. Dr. Edemarino


Hildebrando, como requisito de nota parcial da
disciplina Materiais Cerâmicos, do Curso de
Bacharelado em Engenharia de Materiais, da
Universidade Federal do Pará – Campus
Ananindeua.

ANANINDEUA
2019
INTRODUÇÃO

As propriedades de um material cerâmico que o tornam adequado para uma


dada aplicação eletrônica estão intimamente relacionadas a propriedades físicas
como estrutura cristalina, defeitos cristalográficos, limites de grão, estrutura de
domínio, microestrutura e macroestrutura. O desenvolvimento de cerâmicas que
possuem propriedades eletrônicas desejáveis requer um entendimento da relação
entre as características estruturais do material e as propriedades eletrônicas e como
as condições de processamento podem ser manipuladas para controlar as
características estruturais.
Segundo Robert Schwartz (2000) os isoladores cerâmicos são materiais
usados para suportar condutores elétricos e evitar o fluxo de carga elétrica entre
eles. Materiais cerâmicos adequados para o uso de capacitores (armazenamento de
carga) também dependem das propriedades dielétricas do material. Materiais que
mostram uma polarização induzida (carga elétrica) resultante de uma tensão
aplicada, são referidos como materiais piezoelétricos, e o efeito é referido como o
efeito piezoelétrico direto. Os piroelétricos são um subconjunto de materiais
piezelétricos. A aplicação comercialmente mais importante que aproveita o efeito
piroelétrico em cerâmicas policristalinas é a detecção de infravermelho.
Ferroelétricos, materiais que exibem uma polarização espontânea na ausência de
um campo elétrico aplicado, também exibem comportamento piroelétrico e
piezoelétrico. Cerâmicas magnéticas ou ferritas podem ser classificadas de acordo
com a estrutura cristalina e o tipo de propriedades magnéticas. As ferritas mais
comumente usadas, as chamadas ferrites moles, são usadas em aplicações de soft
magnet e de campo baixo, transformadores de baixa potência, garfo de varredura de
tubo de televisão, cabeçotes de gravação, mídia de gravação magnética. Varistores
são dispositivos que exibem comportamento não-linear de tensão-corrente. A
maioria das cerâmicas eletrônicas usadas para aplicações eletrônicas se cristalizam
na estrutura da perovskita.
Além das propriedades físicas bem conhecidas dos materiais cerâmicos -
dureza, resistência à compressão, fragilidade - há a propriedade da resistividade
elétrica. A maioria das cerâmicas resiste ao fluxo de corrente elétrica e, por essa
razão, materiais cerâmicos como a porcelana são tradicionalmente transformados
em isolantes elétricos. Algumas cerâmicas, no entanto, são excelentes condutores
de eletricidade. A maioria desses condutores são cerâmicas avançadas, materiais
modernos cujas propriedades são modificadas através do controle preciso da
fabricação de pós em produtos. As propriedades e fabricação de cerâmicas
avançadas são descritas no artigo cerâmicas avançadas. Este oferece um
levantamento das propriedades e aplicações de várias cerâmicas avançadas
eletricamente condutivas.
As causas da resistividade na maioria das cerâmicas são descritas em
composição e propriedades cerâmicas. Para os fins das origens da condutividade
em cerâmica podem ser explicadas resumidamente. A condutividade elétrica em
cerâmica, como na maioria dos materiais, é de dois tipos: eletrônica e iônica. A
condução eletrônica é a passagem de elétrons livres através de um material. Na
cerâmica, as ligações iônicas que contêm os átomos juntas não permitem elétrons
livres. No entanto, em alguns casos, impurezas de diferentes valências (isto é,
possuindo diferentes números de elétrons de ligação) podem ser incluídas no
material, e essas impurezas podem atuar como doadores ou aceitadores de
elétrons. Em outros casos, metais de transição ou elementos de terra rara de
valência variável podem ser incluídos; essas impurezas podem atuar como centros
de polarons - espécies de elétrons que criam pequenas regiões de polarização local
à medida que se movem de átomo para átomo. Cerâmicas eletronicamente
condutoras são usadas como resistores, eletrodos e elementos de aquecimento.
A condução iônica consiste no trânsito de íons (átomos de carga positiva ou
negativa) de um local para outro via defeitos pontuais chamados de vagas na rede
cristalina. Em temperaturas ambientes normais ocorre muito pouco salto de íons,
uma vez que os átomos estão em estados de energia relativamente baixos. Em altas
temperaturas, no entanto, as vagas se tornam móveis, e certas cerâmicas exibem o
que é conhecido como condução iônica rápida. Essas cerâmicas são especialmente
úteis em sensores de gás, células de combustível e baterias.

Elementos de aquecimento

Segundo Thomas (2008) a utilização prolongada de cerâmicas condutivas é


como elementos de aquecimento para aquecedores elétricos e fornos eletricamente
aquecidos. As cerâmicas condutivas são especialmente eficazes em temperaturas
elevadas e em ambientes oxidantes onde as ligas metálicas resistentes à oxidação
falham. Exemplos de cerâmicas de eletrodos e suas temperaturas de uso máximo
no ar são mostrados na Tabela 1. Cada material tem um mecanismo de condução
único. Carboneto de silício (SiC) normalmente é um semicondutor; adequadamente
dopado, no entanto, é um bom condutor. Tanto o SiC quanto o disilicida de
molibdênio (MoSi2) formam camadas protetoras de superfície de sílica-vidro, que as
protegem da oxidação em atmosferas oxidantes. MoSi2 é um semimetal com alta
condutividade. Cromita de lantânio (LaCr2O4) é um pequeno polaron condutor; A
substituição de iões alcalino-terrosos (por exemplo, cálcio ou Ca2 +) por La3 + resulta
numa proporção igual de Cr3 + a ser convertida em Cr4 +. O salto de elétrons entre os
dois estados de íons Cr produz alta condutividade, especialmente em temperaturas
elevadas.

Tabela 1 - Cerâmica de elementos de aquecimento

Material Cerâmico Temperatura de uso máximo no ar

Nome comum Fórmula química


(º C / º F)
Carboneto de silício SiC 1,500/2,730
Disilicide do MoSi2 1,800/3,270
molibdênio

Cromita de lantânio LaCr2O4 1,800/3,270


Zircônia ZrO2 2,200/3,630

A condução em zircônia (ZrO2) é iônica, ao contrário dos mecanismos de


condução eletrônica descritos acima. Quando a zircônia é dopada com íons Ca 2 + ou
ítrio (Y3 +), as vacâncias de oxigênio são produzidas. Acima de 600 ° C (1.100 ° F),
os íons de oxigênio (O2−) se tornam móveis e preenchem essas vagas, e são
altamente móveis a temperaturas mais altas. Elementos de aquecimento de zircônia
requerem um pré-aquecedor para atingir o limite de 600 ° C, mas podem ser usados
para atingir temperaturas de até 2.000 ° C (3.600 ° F).
O óxido de estanho (SnO2) tem uma aplicação muito específica como o
eletrodo preferido para fornos especiais de fusão de vidro (como para o vidro óptico).
Esta aplicação requer alta condutividade e resistência aos elementos corrosivos no
vidro fundido; Além disso, o material do eletrodo corroído não deve descolorir o
vidro. O óxido de estanho é o único material que satisfaz esses critérios. O óxido de
estanho puro é um semicondutor de banda larga, mas a deficiência inerente de
oxigênio e a substituição de íons de antimônio por estanho resultam em alta
condutividade.

Condutividade elétrica nas cerâmicas

Uma corrente elétrica resulta do movimento de partículas eletricamente


carregadas em resposta a forças que atuam sobre elas a partir de um campo elétrico
externamente aplicado. As partículas carregadas positivamente são aceleradas na
direção do campo, enquanto as partículas carregadas negativamente são
aceleradas na direção oposta. Na maioria dos materiais sólidos, uma corrente tem
origem a partir do fluxo de elétrons, o que é denominado condução eletrônica. Além
disso, nos materiais iônicos é possível haver um movimento resultante de íons
carregados, o que produz uma corrente; esse fenômeno é denominado condução
iônica (CALLISTER, 2016).
As cerâmicas podem atuar eletricamente de três formas: como isolantes
elétricos (vidros, alumina), semicondutores (composto de silício) e supercondutores (
). A teoria de bandas de condução é o que rege qual propriedades
elétricas o meu material vai ter. Em outras palavras, a passagem de elétrons da
banda de valência para a banda de condução é o que faz o meu material ser do tipo
condutor, semicondutor ou isolante.
Segundo Tannaoudji, 1977 dificultar a passagem desse elétrons de uma
banda para outra vai dar ao meu material as características isolantes, essa
dificuldade de movimentação se da devido ao “gap” que seria o espaçamento de
uma banda para a outra, como mostrado nas figuras abaixo, em que o espaçamento
vai aumentando, fazendo com que minha condutividade elétrica diminua. A Figura 1
mostra o “gap” nos metais que é relativamente pequeno, dando-lhes assim uma boa
condutividade, já a Figura 2 mostra o “gap” em semicondutores, e posteriormente a
Figura 3 nos da um grande espaçamento entre as bandas no meu material, dando a
ele características isolantes.
Figura 1: Metais Figura 2: Semicondutores

Fonte: Callister, 2016 Fonte: Callister, 2016


Figura 3: Isolantes

Fonte: Callister, 2016

A condutividade elétrica pode ser definida segundo a seguinte equação:

σ = 𝑛𝑞μ

Onde σ é a condutividade elétrica em função das variáveis 𝑛, 𝑞 e μ:

𝑛 = número de portadores de carga

𝑞 = carga elétrica do portador

μ = mobilidade dos portadores de carga


Segundo KINGERY 1976, a condutividade elétrica sofre efeitos da
composição, estrutura, micro-estrutura e temperatura.
Tipos de portadores de carga:
Elétrons – condução eletrônica (maioria dos sólidos)
Íons – condução iônica (materiais cerâmicos condutores rápidos de íons ou Fast Ion
Conductors, FIC).

Condutores elétricos

Denomina-se condutor a todo material que permite a passagem da corrente


elétrica com grande facilidade, quando está submetido a uma diferença de potencial
elétrico. Os materiais mais utilizados na fabricação dos condutores elétricos são:
Cobre, alumínio e prata.
Tipos de condutores: sólidos - também chamados de condutores metálicos,
caracterizam-se pelo movimento dos elétrons livres e pela forte tendência de doar
elétrons; líquidos - também chamados de condutores eletrolíticos, caracterizam-se
pelo movimento de cargas positivas (cátions) e negativas (ânions). Essa
movimentação, em sentidos opostos, cria a corrente elétrica; gasosos - também
chamados de condutores de terceira classe, caracterizam-se pelo movimento de
cátions e ânions. Mas, ao contrário dos condutores líquidos, a energia é produzida
através do choque entre as cargas e não de forma isolada (TODAMATÉRIA, 2018).

Tipos de condutores elétricos:

Fio ou fio sólido é um material maciço, formado de um único condutor, o


cobre, o que faz dele um produto bem menos flexível. O fio sólido não deve ser
dobrado e muito manuseado, porque o condutor de cobre pode se partir e perder a
funcionalidade. Seu uso restringe-se às instalações mais simples, como sistemas de
iluminação, tomadas simples e chuveiros elétricos, limitado por sua seção nominal
máxima de 10 mm² (LOURENÇON, Ana C.2011).
Cabo é um condutor de energia elétrica formado por vários fios de cobre
encordoados (torcidos). O objetivo do encordoamento é facilitar o manuseio do
produto, possibilitando dobras sem danificar sua estrutura. Por conter diversos fios,
possui mais flexibilidade que o fio sólido. Normalmente, o cabo é formado por sete
fios (seção nominal de até 35 mm²), 19 fios (50 mm² até 95 mm²) e 37 fios (120 mm²
em diante) (LOURENÇON, Ana C.2011).
Cabo flexível é um condutor elétrico de fios de cobre bem finos, também
encordoados. É mais maleável, por isso faz curvas com mais facilidade, agilizando o
processo de instalação (LOURENÇON, Ana C.2011).

Partes que compõe os condutores elétricos

Os condutores elétricos são compostos de três partes diferenciadas: a alma


ou elemento condutor; a isolação e as coberturas (FLANDOLI, 2016).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As cerâmicas de um modo geral são péssimas condutoras de eletricidade


devido ao “gap” apresentado por elas entre as bandas de condução e valência,
ainda assim existem aquelas cerâmicas que são semi-condutoras (alumina) e
surpreendentemente supercondutores, esta com amplas aplicações, a mais
perceptível seria a de distribuição de energia das hidrelétricas até os consumidores
finais, pois estima-se que uma usina hidroelétrica perca em torno de 20% de sua
produção de energia durante o trajeto da usina para o consumidor, e isso se deve ao
fato de a corrente elétrica se transformar em calor devido a resistividade dos
condutores, e com cerâmica supercondutora esse desperdício seria evitado,
entretanto a produção desse tipo de material ainda requer uma tecnologia avançada
e cara.
Portanto, as cerâmicas isolantes também são muito utilizadas no cotidiano,
como por exemplo os isolantes de porcelana elétrica usadas nas linhas de
transmissão de energia de alta tensão, localizadas nas torres de energia. Assim
como as semicondutoras, todas elas tiveram um papel importante para alavancar a
indústria eletroeletrônica, essas cerâmicas eletrônicas são muitas vezes combinadas
com metais e polímeros para atender a requisitos de aplicações, como
computadores, equipamentos de telecomunicações, sensores e atuadores de alta
tecnologia. As cerâmicas eletrônicas podem ser divididas em vários campos de
atuação, fibras ópticas, resistências e sensores, isoladores, capacitores,
piezoelétricos, magnéticos, sensores semicondutores, drivers e supercondutores de
alta temperatura, dentre outros.

REFERÊNCIAS

CALLISTER, W. D., Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução. John


Wiley & Sons, Inc., 2016.

COHEN-TANNOUDJI, C.; DIU, B.; LALOË, F. Quantum Mechanics, 1ª edição.


Wiley, Vol. 2, p. 1442-1446, 1977.

FLANDOLI. Fabio. Condutores elétricos – materiais. Disponível em:


<http://www.eletricistaconsciente.com.br/pontue/fasciculos/4-selecao-de-
condutoresnas-instalacoes-eletricas/condutores-eletricos-materiais/>. Acesso em: 22
jun. 2019.

LOURENÇON, Ana C. Como construir na prática: equipe de obra. Disponível


em: < http://equipedeobra17.pini.com.br/construcao-reforma/35/condutores-
eletricos213992-1.aspx>. Acesso em: 22 jun. 2019.

MASON T. 2008. Conductive ceramics. Disponível <


https://www.britannica.com/technology/conductive-ceramics > Acesso : 20 de Junho
de 2019.

SCHWARTZ R. 2000. Ceramics, Electronic Properties and Material Structure.


Disponível < https://doi.org/10.1002/0471238961.0512050319030823.a01 > Acesso :
20 de Junho de 2019.

TODAMATÉRIA. Condutores e Isolantes. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/condutores-e-isolantes/>. Acesso em: 22 jun. 2019.

W. D. Kingery, H. K. Bowen, D. R. Uhlmann, Introduction To Ceramics, 2nd ed.,


John Wiley & Sons, New York (1976) p. 1032.

Você também pode gostar