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UNIDADE 2 - MATÉRIAS-PRIMAS

CERÂMICOS
2.3. Estrutura dos Materiais Cerâmicos

Matérias-Primas
Engenharia de Materiais - CDTec - UFPel
 Introdução
 Estrutura Atômica dos Materiais Cerâmicos
 Estrutura Cristalina dos Materiais
Cerâmicos
 Cerâmicas à base de Silicatos
Introdução
Representação tetraédrica dos diferentes tipos de ligações que
ocorrem entre os materiais de engenharia.

LIGAÇÕES QUÍMICAS
EM MATERIAIS SÓLIDOS
Tetraedro de Laing

triângulos de Arkel e Ketelaar Materiais metálicos


Metais como alumínio ou ligas de bronze
Estrutura de cátions metálicos em um mar de elétrons
Condutor de eletricidade e calor no estado sólido e líquido
Possuem aparência lustrosa e podem ser dúcteis
Grande range de pontos de fusão: mercúrio (-39°C), tungstênio 3407°C
Podem formar ligas uns com os outros
Materiais iônicos:
Sais iônicos como cloreto de sódio
rede de ânions e cátions eletrostaticamente atraídos Materiais de rede covalente
Usualmente solúveis em água Rede de fortes ligações covalentes
Isolantes quando sólidos Pontos de fusão muito altos >1500°C
Condutores elétricos quando fundidos Insolúveis e isolantes
Condutores elétricos quando em solução aquosa
Pontos de fusão intermediários ~ 300 – 1000°C

Materiais Moleculares (van der Waals)


Materiais moleculares como CH4
Pequenas moléculas
Ligação intramolecular forte-dentro da molécula- ligação covalente
Ligação intermolecular fraca-entre moléculas- ligações de ligação de van der Waals
Baixo ponto de fusão e ebulição: líquidos e gases a 25°C
Isolantes
Solúveis em polar ou não polar solventes
 Introdução
 Estrutura Atômica dos Materiais Cerâmicos
 Estrutura Cristalina dos Materiais Cerâmicos
 Estrutura dos Silicatos
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
 O tipo de ligação interatômica geralmente explica a
propriedade do material.
 Ex.: o carbono pode existir na
forma de grafite que é mole,
escuro e “gorduroso” e na forma
de diamante que é extremamente
duro e brilhante → Essa enorme
disparidade nas propriedades
começa pelo tipo de ligação
química do carbono em cada um
dos casos.
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos

• Para um elemento adquirir a configuração estável de 8


elétrons (e-) na última camada ele pode:

(1) receber e- extras


Formando íons + ou -
(2) ceder e-
(3) compartilhar e- Associação entre átomos
1.Classificação das Ligações Primárias:
1.1 Iônicas
CERÂMICOS
1.2 Covalentes
1.3 Metálicas
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.1. Ligações iônicas
 Os elétrons de valência são transferidos entre
átomos produzindo íons;
 Forma-se com átomos de diferentes
eletronegatividades (alta e baixa) ;
 Ocorre geralmente entre um METAL e um
AMETAL ou METAL e H.
 A ligação é forte = 150 - 300 kcal/mol (por isso o
PF dos materiais cerâmicos é geralmente alto).
Ex: NaCl
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.1. Ligações iônicas
Exemplo de Composto Iônico:
• Ligação entre o Cálcio (Metal) e o Cloro (Ametal):
• 20 Ca: 2 ē (camada K), 8 ē (camada L), 8 ē (camada M) e 2 ē (camada N)

Tende a ceder 2 elétrons


• 17 Cl: 2 ē (camada K), 8 ē (camada L) e 7 ē (camada M)

Tende a receber 1 elétron


Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.1. Ligações iônicas
Método Prático para Escrever a Fórmula de um Composto Iônico:

Exemplo:
• Al (3A): 2 ē (camada K), 8 ē (camada L) e 3
ē → doa 3 ē.
• O (6A): 2 ē (camada K), 8 ē (camada L) e 6
ē → recebe 2 ē.
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.1. Ligações iônicas

 Forças atrativas eletrostáticas entre os átomos: não-direcional


 Átomos no material iônico: todos os íons positivos têm como vizinho mais
próximo íons negativos.
Forças atrativas iguais
em todas as direções
• A magnitude da força obedece a Lei de Coulomb
Forças atrativas
• r é a distância interatômica
• z1 e z2 são as valências dos 2 tipos de íons
• e é a carga do elétron (1,602x10-19 C)
• 0 é a permissividade do vácuo (8,85x10-12 F/m)
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.1. Ligações iônicas
Em resumo:
 Atração mútua de cargas + e -.
 Envolve o tamanho de íons.
 Elementos menos eletronegativos: cedem e- cátions
 Elementos mais eletronegativos: recebem e- ânions
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.1. Ligações iônicas
ânions
• Por quê os íons têm tamanhos diferentes?

cátions
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.1. Ligações iônicas
Propriedades de compostos iônicos:
 Os íons em um sólido iônico são ordenados na rede, formando uma forte
atração elétrica entre eles;
 Sais e óxidos metálicos são tipicamente compostos iônicos;
 A forte ligação é responsável por:
- Elevada dureza (frágil),
- Elevado pontos de fusão e ebulição,
- Cristalinos sólidos a temperatura ambiente,
- Podem ser solúveis em água.
 Os sólidos cristalinos não conduzem eletricidade, pois os íons não estão livres
para mover-se e transportar corrente elétrica.
 Compostos iônicos fundidos ou dissolvidos em água serão condutores de
eletricidade, pois como partículas iônicas estão livres.
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.1. Ligações iônicas
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.2. Ligações Covalentes
 Os elétrons de valência são compartilhados;
 Forma-se com átomos de alta eletronegatividade;
 Ocorre geralmente entre um AMETAL e um AMETAL ou AMETAL e H.
 A ligação covalente é: direcional;
 A ligação covalente é forte, na ordem de 125 – 300 kcal/mol
Ex.:Tipo de simetria em ligações covalentes.
tetraedro
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.2. Ligações Covalentes
Exemplo de Composto Covalente:
• Ligação entre o Carbono (Ametal) e o Oxigênio (Ametal):
• C: 2 ē (camada K) e 4 ē (camada L)
6

Tende a receber 4 elétrons


• O: 2 ē (camada K) e 6 ē (camada L)
8

Tende a receber 2 elétron


Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.2. Ligações Covalentes
Em resumo:
 Usufruto de um par de elétrons comum;
 Pode ser coordenada ou dativa;
 Covalência entre ametais (Ex. F2, O2, Cl2) Baixo PF
 Covalência entre mais átomos (Ex. Diamante) Alto PF
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.2. Ligações Covalentes
Propriedades de compostos covalentes:
• Molécula simples: pequeno grupo de átomos ligados por forças
covalentes.
• Propriedades:
- Podem ser líquidos ou sólidos (não cristalinos) a temperatura ambiente;
- Insolúveis em água, mas solúveis em outros solventes;
- Isolantes elétricos (são maus condutores de eletricidade devido a
ausência de elétrons (ou íons) livres);
- Apresentam baixo PF e PE (forças entre átomos são fortes, mas as forças
entre moléculas são fracas e facilmente quebradas no aquecimento).
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.2. Ligações Covalentes
Propriedades de compostos covalentes:
• Macromolécula: moléculas grandes com um grande número de
átomos ligados covalentemente em uma estrutura contínua.
• Propriedades:
- Sólidos com alto ponto de fusão: elementos podem formar
ligações simples com outros átomos, formando uma estrutura
muito estável (Ex.: Diamante).
- Cristalinos (frequentemente).
- Não conduzem eletricidade (exceção Cgrafite): elétrons não estão
livres.
Diamante vs Grafite
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.2. Ligações Covalentes
Diamante
 C: distribuição eletrônica no estado fundamental: 1s2 2s2 2p2 pode formar 2
ligações Covalentes

forma quatro ligações covalentes de mesma intensidade porém


HIBRIDIZAÇÃO

1s 2s 2p Dois orbitais 1s Quatro orbitais equivalentes sp3


semipreenchidos semipreenchidos
ARRANJO DOS ORBITAIS NO ARRANJO DOS ORBITAIS sp3
ESTADO FUNDAMENTAL HIBRIDIZADAS

ENERGIA PARA LEVAR O ELÉTRON 2s PARA O ORBITAL 2p É COMPENSADA


PELA DIMINUIÇÃO DE ENERGIA QUE ACOMPANHA O PROCESSO DE LIGAÇÃO
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.2. Ligações Covalentes
Diamante
 C: apresenta ligações tetraédricas sp3 centro de um tetraedro regular formado de
outros quatro carbonos.
 Estrutura contínua em cada cristal.
 Dureza do diamante trincar um diamante significa quebrar milhões de ligações
covalentes com energia de ligação de 711 kJ/mol.
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
1.2. Ligações Covalentes
- apresenta-se em camadas
Grafite
- ligação na camada:sp2 híbrida
- ligação entre camadas:  orbital p
- Propriedades químicas e condutividade
elétrica estão relacionadas com as ligações 
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
2. Fração Covalentes
• Pouquíssimos compostos exibem ligação iônica e covalente puras.
• A maioria das ligações iônicas tem um certo grau de ligação covalente
e vice–versa → transferem e compartilham elétrons.
• O grau do tipo de ligação depende da eletronegadividade dos átomos
constituintes.
• Muitos cerâmicos são formados por metais e não-metais, e são na
verdade uma mistura de ligações iônicas e covalente.
• Quanto maior a diferença de eletronegatividade entre os átomos
aumenta o caráter iônico.
• O caráter iônico aumenta em elementos com distribuição eletrônica
de final s–p.
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
2. Fração Covalentes FC = exp (- 0,25 E2)
• onde E é a diferença nas eletronegatividades dos átomos.
• Ex: SiO2 ESi= 1,8 e EO= 3,5.
Fração covalente FC = 0,486= 48,6%
FI = 1 – FC (FI: fração iônica)
Estrutura Atômica dos
Materiais Cerâmicos
Comparação entre o tipo de ligação e propriedades esperadas
Iônica Covalente

Intensidade muito forte muito forte


de ligação
Dureza moderada a alta muito duro, frágil

Condutivida condução por transporte de isolante em sólido e líquido


de elétrica íons, somente quando
dissociado

Ponto de moderado a alto baixo


fusão
Solubilidade solúvel em solventes polares solubilidade muito baixa

Exemplos muitos minerais diamante, oxigênio, moléculas orgânicas

Exceção do diamante
 Introdução
 Estrutura Atômica dos Materiais Cerâmicos
 Estrutura Cristalina dos Materiais Cerâmicos
 Cerâmicas à base de Silicatos
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a
regularidade na qual os átomos ou íons se dispõem em relação à
seus vizinhos

Cristal Vidro Gás

Ordem a longo Ordem a Sem


alcance curto alcance ordenamento
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
1. Classificados de acordo com a regularidade na qual os
átomos ou íons:

Diferentes estruturas a base de SiO2


Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
1. Classificados de acordo com a regularidade na qual os
átomos ou íons:
1.1. Sem ordem
• Em gases, como o Ar e outros gases nobres.
• Se confinados, os gases não apresentarão nenhuma ordem
entre seus átomos constituintes.

Argônio Hélio
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
1. Classificados de acordo com a regularidade na qual os
átomos ou íons:
1.2. Ordenamento a curto alcance
• Ângulos, distâncias e simetria com ordenação a
curto alcance.
• Ocorre na H2O, que apresenta uma orientação
preferencial, no SiO2 e no polietileno.
em Materiais Amorfos → Não-Cristalinos

H2O SiO2
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
1. Classificados de acordo com a regularidade na qual os
átomos ou íons:
1.3. Ordem a longo alcance
Material cristalino

• Átomos, íons ou moléculas ordenados


em longas distâncias atômicas → formam
uma estrutura tridimensional organizada.

POSSUEM REDE CRISTALINA

• Metais, muitas cerâmicos e alguns O átomos são representados por


polímeros formam estruturas cristalinas sob esferas rígidas

condições normais de solidificação.


Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
1. Classificados de acordo com a regularidade na qual os
átomos ou íons:
1.3. Ordem a longo alcance
• A REDE CRISTALINA é formada por átomos que se
repetem regularmente.
Definição: Arranjo geométrico regular
de pontos em um cristal.
• Na REDE a relação com vizinhos é constante:
- simetria com os vizinhos;
- distâncias define o PARÂMETRO DE REDE (ao);
- ângulos entre arestas Exemplo esquemático de rede

PARÂMETROS PELOS QUAIS SE DEFINE UM CRISTAL


Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
Cristalino vs Amorfo
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
2. Célula Unitária
• As estruturas ideais apresentam baixa energia e maior
empacotamento, já as reais compreendem os defeitos possíveis
nas ideais.
• As estruturas ideais compreendem:

- Ângulos → a, b, g

-Tamanho das arestas (ou parâmetro de rede) → a, b, c


• Diferentes sistemas cristalinos → Sistema utilizado para
representar a simetria da estrutura cristalina.

Células Unitárias
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
Menor subdivisão da rede cristalina que
2. Célula Unitária retém as características de toda a rede, ou
seja, unidade básica repetitiva da
estrutura tridimensional

Rede cristalina
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
2. Célula Unitária Existem diferentes tipos de células unitárias,
que dependem da relação entre seus ângulos
e arestas.
• Existem sete sistemas
cristalinos diferentes → 7
tipos de células unitárias

• Esses sistemas cristalinos


de dividem em 14 tipos
diferentes → redes de
Bravais.
Três diferentes tipos de estruturas cristalinas
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos
• Muitos materiais cerâmicos possuem ligações iônicas entre ânions e
cátions.
• Duas características dos íons que compõem os materiais cerâmicos
cristalinos influenciam a estrutura do cristal: (i) neutralidade de
cargas na rede e (ii) raios iônicos.
- (i) A magnitude da carga elétrico → o cristal deve ser
eletricamente neutro.
Ex.: Fluoreto de cálcio: o íon cálcio possui carga +2 (Ca 2+) e o íon
flúor possui carga -1 (F-) → deve existir duas vezes mais íons F -
do que íons Ca2+→ CaF2.
- (ii) A relação de raios entre o ânion (rA) e o cátion (rC) vai
determinar o tipo de arranjo cristalino de um composto iônico.
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos
• O cátion (geralmente menor)
preencherá os vazios
intersticiais da rede,
procurando maximizar a
ocupação do sítio, respeitando
a neutralidade de cargas na
rede.
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos
• Estrutura cristalina de uma célula unitária:

existem pequenos espaços não ocupados

(vazios) → sítios intersticiais


Podem ser ocupados por átomos estranhos a rede ex:
íons, impurezas e elementos liga nos metais.

• As estruturas iônicas de muitos cerâmicos podem ser


entendidas como o ânion formando a rede cristalina e o
cátion preenchendo os sítios intersticiais, respeitando a
neutralidade iônica.
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos

• Localização dos sítios intersticiais nas células unitárias cúbicas e


hexagonal.
• Apenas um de cada grupo está representado.
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos

 Estruturas cerâmicas cristalinas estáveis são formadas quando

ânions estão cercados (em contato) de cátions → NC

 Ânions querem ter o maior número de cátions vizinhos e vice-


versa → Depende do tamanho do raio dos íons.

 O tamanho de cada sítio intersticial pode ser calculado em termos


do tamanho dos átomos (ou íon) da posição regular da rede.
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos
Na ionização de um átomo, o ânion
aumenta consideravelmente de
tamanho em relação ao átomo
neutro, o contrário ocorre com a
formação do cátion
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos
Linear
• Raio do Cátion (rc) em geral são
Cátion
menores porque cedem elétrons.
Triangulo
• Raio do Ânions (RA) em geral são equilátero
maiores porque recebem
elétrons. Tetraedro

• Logo: rc/ RA <1


Razão entre raios determina
Octaedro
NC e a localização do
interstício

• Os NC mais comuns em Cubo


materiais cerâmicos são 4, 6 e 8.
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos
Linear
Cátion

Triangulo
equilátero

Tetraedro

Octaedro

Cubo
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
Estrutura Cristalina
3. Cristais Iônicos

Sítios octaédricos
Sítios tetraédricos
• A rede de Bravais é Cúbica de Face Centrada (CFC):
• A é um sítio intersticial octaédrico vazio (NC = 6)
• B é um sítio tetraédrico ocupado (NC = 4)
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
3. Cristais Iônicos
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
4. Cristais Covalentes
• Cristais serão formados quando uma
estrutura repetitiva pode ser montada
consistentemente com a forte natureza
direcional das ligações covalentes (SiC
e C são exemplos)
• Neste tipo de ligação, apenas a direção
dos orbitais livres para ligação serão
ocupadas por átomos.
• Cada átomo de carbono está ligado
covalentemente a quatro outros,
situados nos vértices de um tetraedro.;
• Ex.: Estrutura cubica do diamantes.
Estrutura Cristalina dos
Materiais Cerâmicos
4. Cristais Covalentes

• As propriedades físicas do diamante


os tornam um material atrativo:
– Extremamente duro;
– Baixa condutividade elétrica;
– Condutividade térmica anormal
para um não metálico;
– Transparente na região do visível
e do IR.
• Exemplos: Ge, Si e Pb.
 Introdução
 Estrutura Atômica dos Materiais Cerâmicos
 Estrutura Cristalina dos Materiais Cerâmicos
 Cerâmicas a Base de Silicatos
Cerâmicas a Base de Silicatos
• Os silicatos são materiais compostos
principalmente por silício e oxigênio →
os dois elementos mais abundantes na
contra terrestre.

CROSTA CROSTA
CONSTITUINTE
CONTINENTAL OCEÂNICA

SiO2 60,1 49,9


TiO2 1,1 1,5
Al2O3 15,6 17,3
Fe2O3 3,1 2,0
MgO 3,6 7,3
CaO 5,2 11,9
Na2O 3,9 2,8
K2O 3,2 0,2
P2O5 0,3 0,2
MASON (1966)
Cerâmicas a Base de Silicatos
• Os silicatos constituem a mais importante classe mineral, representando
cerca de 25% dos minerais conhecidos e quase 40% dos minerais comuns.
• Esses minerais constituem aproximadamente 95% do volume da crosta
terrestre, sendo:
 59,5% representados por feldspato;
 16,8% por anfibólios e piroxênios;
 12% por quartzo;
 3,8% pelas micas – argilas; e
 Os outros minerais (silicatos e não silicatos) ± 7,9%.
• Dessa maneira, a grande maioria das rochas, argilas e areia são formadas
por silicatos,
• São raras as rochas magmáticas, metamórficas e sedimentares que não
possuem como minerais essenciais os silicatos.
Cerâmicas a Base de Silicatos
1. Estrutura dos silicatos
• Silício - Elemento tetravalente e o Oxigênio - Elemento
bivalente;
• Átomos de Si não tem afinidade com ele mesmo, mas tem grande
afinidade com o oxigênio;
• Ligações Si-O é 51% iônica e 49% covalente direcional.
• r/R=0,29 → coordenação tetragonal;
Vértice
• Forma de tetraedros de (SiO4)-4, tanto nas estruturas cristalinas
quanto nos amorfas (vidros).
4 átomos de O ao redor de 1 de Si.
Capacidade de formar cadeias de Si-O-Si
de comprimento indefinido (base de Centro
quase todos os silicatos)
Cerâmicas a Base de Silicatos

A variedade de
estruturas dos
silicatos é
devida às várias
combinações
possíveis desses
tetraedros, não
só entre si como
também com
outros íons
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos

• Existem 4 tipos genéricos de Silicatos:

 Ortossilicatos • N° de “O” compartilhados;


• Presença de cátions (Ca2+, Mg2+ e
 Pirossilicatos Al3+):
• Neutralidade eletrônica.
 Metassilicato • Ligar (iônica) os tetraedros em si.

 Em Lâminas ou Camadas

por Kingere W. D. et al. Introdution to Ceramics, 2 Ed. NY: Wiley & Sons, 1976
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Ortosilicatos:
• Tetraedros isolados → mais simples.
• Os cristais obtidos quando os tetraedros não se O2-
unem entre si, mas sim a cátions (ex. Mg2+, Zr..) na
estrutura cristalina.
Si4+
• Compostos cristalinos iônicos (embora a ligação Si-
O seja parcialmente covalente).
• Os ânions são os tetraedros de (SiO4)4-.
• 4 cátions metálicos coordenados (tetraedros
independentes).
• Ex: Olivinas – Fosterita (Mg2SiO4), zircão (ZrSiO4),
aluminossilicatos (cianita, andalusita, silimanita e
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Ortosilicatos:
• Cátions carregados positivamente, tais com o Ca 2+, Mg2+ e Al3+,
servem para alcançar a neutralidade e ligar ionicamente entre si os
tetraedros de SiO44-.
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Ortosilicatos:

Al2SiO5 – Al2O3.SiO2
Cerâmicas a Base de Silicatos
Uso em
gemas,
2. Tipo de Silicatos porcelanas,
refratários,
Ortosilicatos: indústria
elétrica.
Usos em
gemas e
cerâmicas.

Usos em gemas, Uso em gemas,


opacificantes cerâmicas
cerâmicos, refratárias,
obtenção de indústria
zircônio. elétrica.
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
O compartilhado
Pirossilicatos:
• Dois tetraedros podem se ligar
compartilhando 1 oxigênio para formar
Si2O7-6.
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos Cadeia Simples
Metassilicato:
• Grande grupo de minerais.
• As unidades do pirossilicato podem se
ligar, com os átomos de silício
compartilhando oxigênios, para formar
cadeias simples ((SiO3)2-) ou anéis de
Cadeia dupla
metassilicato hexagonais ((Si4O11) ).
6-

• A carga negativa é devido ao oxigênio


que se projeta para fora do plano.
• Ex.: Estatita MgSiO3 (cadeias de silicato);
Diopsísio MgCa(SiO3), Wolastonita CaSiO3,
Esmeralda Be3Al2Si6O18.
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Metassilicato:
• Aqueles com composições correspondentes a uma única cadeia,
(SiO3)n2n- → Piroxênios.

• Aqueles com cadeias duplas (formam anéis), (Si4O11)n6n- →


Anfibólios.
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Metassilicato:
Piroxênio
O
• Cadeias mais simples.
• (SiO3)n2-
• Exemplo: Estatita MgSiO3 e
Dipsídio MgCa (SiO3)2

Si
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Metassilicato:
Piroxênio Espodumenio
Enstatita É matéria-prima
Gemas e importante na
refratários obtenção de sais de
lítio empregados em
cerâmica e fabricação
de vidro e as
variedades
transparentes e de
Wolastonita bela coloração
constituem pedras
Industria de fibro-
preciosas de grande
cimento; lã de
valor.
vidro (fibras de
grande
resistência) e na
indústria cerâmica
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Metassilicato:
Anfibólios
• Tetraedros de sílica compartilham
igualmente 2 ou 3 átomos de
oxigênio para formar uma camada
dupla.
• Ligação de duas camadas de
piroxênio com tetraedros alternados
ligando as cadeias.
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Metassilicato:
Anfibólios
• Exemplo: asbestos ou amianto
(geralmente fratura fibrosa)
(OH)2Ca2Mg5(Si4O11)2.
• Utilizado na produção de tubagens e
coberturas de edifícios (misturado
com cimento, fibrocimento),
isolamentos térmicos e acústicos e
revestimentos (de teto por exemplo).
• Obs.: o uso de asbesto é proibido em
diversos países → Asbestose. 
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Em lâminas ou camadas:
• Estrutura (baseada numa rede tridimensional) mais importante
dos silicatos → Filossilicatos ou dissilicatos.
• Entre essa estruturas se destacam os minerais argilosos
(caulinica),Feldispatos, as Zeólitas e a Sílica Pura.
Forma de representação das camadas
de tetraedros (Si / Mg) e octaedros (Al)

Folha de siloxana (Si)

Folha de gibbsita (Al)


ou
Folha de brucita (Mg)

Compartilhamento de 3 íons Oxigênio


Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Em lâminas ou camadas:
• O oxigênio preso no plano superior da folha
(imagem ao lado) está ligado somente a um
silício, de maneira que outro plano pode ser
acrescido na direção z, utilizando a carga deste
oxigênio.
• Exemplo: talco, micas, argilominerais (caulinita,
Al2Si2O5(OH)4). Plano
intermediário
Camada de Al2(OH)42+ de ânions

Neutralidade

Camada de (Si2O5)2-
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Em lâminas ou camadas:
Camadas formadas:
• 1 folha tetraédrica + 1 folha octaédrica =
camadas 1:1, Folha tetraédrica
• 2 folhas tetraédricas + 1 octaédrica = camadas
2:1,
• Íons em cada camada possuem ligações fortes,
• Ligações entre camadas são fracas (van der
Waals).

Folha octaédrica

Camadas 2:1
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Em lâminas ou camadas:
Feldspatos
• Estrutura tridimensional de tetraedros com
átomos de Si substituídos por Al,
produzindo cargas negativas.
• As cargas são balanceadas pela presença de
íons grandes nas posições intersticiais.
• Ex.: Albita (NaAlSiO3) e Anortita (CaAlSi2O8).
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Em lâminas ou camadas:
Zeólitas
• Aluminossilicatos hidratados que possuem
uma estrutura aberta que pode acomodar
uma grande variedade de íons positivos,
como o Na+, K+, Ca2+, Mg2+, entre outros.
• Diâmetros de poro de 3 - 10 Å.
“peneira molecular”.
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Em lâminas ou camadas:
Sílica pura
• Reticulado de tal forma que não aparecem cargas.
• Requer o compartilhamento de todos os 4 vértices.
• Formas polimórficas da sílica:
• Cristobalita, Tridimita e
Quartzo.
• Distorções nas estruturas
produzem as formas de alta e
de baixas temperatura de
cada uma.
• Envolve quebra e
reconstrução de ligações Si-O
Cerâmicas a Base de Silicatos
2. Tipo de Silicatos
Em lâminas ou camadas:
Sílica pura → Quartzo
Reflexões para o Lar....
1. Compare o raio iônico de um mesmo elemento com o raio iônico de
seu átomo neutro (faça para um cátion e um ânion). Porque isso
ocorre?
2. Caracterize: ligação iônica e ligação covalente.
3. Como as ligações primárias influenciam as propriedades dos
materiais cerâmicos? Dê exemplos.
4. É possível compostos iguais terem estruturas diferentes? Explique.
5. O que são silicatos?
6. Como os silicatos são classificados? Qual a característica de cada
classe? Dê exemplos e aplicações de cada classe.
7. Qual a diferença entre silicatos Piroxênios e Anfibólios?
8. Quais são os principais tipos de silicatos em lâminas ou em
camadas? Dê exemplos e aplicações de cada classe.

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