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ELEMENTOS DE QUÍMICA CRISTALINA

 Os princípios químicos são um dos componentes essenciais das


ciências dos minerais.

 A maneira como os elementos químicos são unidos, a ligação


química, determina muitas das propriedades físicas
apresentadas pelos minerais.

 A compreensão dessas conexões, passa pela revisão dos


seguintes conceitos básicos:

• os mecanismos pelos quais os elementos são unidos para


formar um sólido;
• as relações entre as ligações químicas;
• o comportamento e a composição dos minerais, e outros
aspectos importantes dos átomos e iões relacionados aos
minerais e às estruturas que eles originam.
ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS
 Uma ligação química resulta da redistribuição de electrões que
conduz a uma configuração mais estável entre dois ou mais átomos.

 Quando os electrões se reorganizam, e se a configuração de


energia é mais baixa, então os átomos irão permanecer juntos
formando uma ligação.

 As forças de atracção (ligantes) que unem os átomos (ou iões, ou


grupos iônicos) nos minerais são de natureza eléctrica porque são
formadas pela distribuição de cargas + e -. Estas forças eléctricas
são as ligações químicas.

 Os tipos e intensidades das forças eléctricas são amplamente


responsáveis pelas propriedades físicas e químicas dos minerais. A
dureza, clivagem, fusibilidade, condutividade eléctrica e térmica,
compressibilidade e coeficientes de expansão térmica estão
directamente relacionadas a estas forças de união.

 Em geral, quanto mais forte a média das ligações, mais duro o


cristal, mais alto é o ponto de fusão e menor é o coeficiente de
expansão térmica.
ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS
Resulta da transferência de electrões de valências de
Ligação um átomo para o outro de modo que ambos
elementos atinjam configurações electrónicas mais
iónica
estáveis.
Na Cl Na+ Cl-

Resultando na
formação de
iões

Na0 perde 1 e- Na+


+ NaCl
ganha 1 e-
Cl0 Cl-
ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS

Ligação iónica: Características

 Força de ligação forte;


 Dureza moderada a alta dependendo da distância
interiônica e da carga;
 Maus condutores eléctricos no estado sólido; os metais e as
soluções conduzem por transporte iônico;
 P.f moderado a alto dependendo da distância interiônica e
da carga;
 Baixo coeficiente de expansão térmica;
 Solúveis em solventes polares, produzindo soluções que
contêm iões;
 Estruturas não direcionais, de alta coordenação e simetria;

Exemplos: Halite (NaCl); Fluorite (CaF2); inúmero minerais


ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS
Resulta de compartilhamento de electrões
Ligação covalente de valências de dois ou mais átomos.
 O par eletrônico é formado por um elétron de cada
átomo e pertence simultaneamente aos dois átomos.

 As moléculas são estruturas eletricamente neutras


constituídas pela não ocorrência tanto de ganho
quanto de perda de elétrons, formando assim
estrutura eletronicamente neutra. Por essa razão, essa
ligação também é designada molecular.

 Ligação covalente pode ser simples, dupla ou tripla: a)


a) Ligação simples- um par de electrões compartilhado pelos
dois átomos. A molécula de água tem duas simples.

b) Ligação dupla- dois pares de elétrons compartilhados


b)
c) Ligação tripla- três pares de elétrons compartilhados
c)
ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS

Ligação covalente: Características

 Força de ligação muito forte;


 Dureza alta, frágil;
 Isolante no estado sólido e em fusão;
 P.f alto;
 Baixo coeficiente de expansão térmica;
 Solubilidades muito baixas;
 Estruturas altamente direcionais, de baixa coordenação e
simetria;

Exemplos: Diamante (C); Esfalerite (ZnS); moléculas de O2;


moléculas orgânicas; grafite (C).
ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS

Ligação metálica
É a força atractiva entre o núcleo carregado positivamente com os seus
orbitais eletrônicos preenchidos (sem electrões de valência) e a nuvem
de electrões negativos que mantém unida a estrutura cristalina.

 A baixa energia de ionização dos


metais faz com que os electrões de
valência sejam atraidos
simultaneamente pelos núcleos dos
átomos vizinhos, podendo se mover
livremente através do cristal.
 A existência de electrões livres dá
origem a boas condutividades
eléctricas e térmica dos metais.
 Quanto maior for o número de eletrões livres por
cada átomo metálico, mais forte será a ligação
metálica. É o caso do magnésio cuja ligação
metálica é mais forte do que a do sódio, uma vez
que os átomos de magnésio possuem dois
eletrões de valência enquanto que os átomos de
sódio têm apenas um.
ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS

Ligação metálica: Características

 Força de ligação variável, geralmente moderada;


 Dureza baixa a moderada; alta plasticidade; dúctil e
maleável;
 Bons condutores, condutores por transporte de electrões
 P.f e coeficiente de expansão térmica variaveis;
 Insolúvel, exceto em ácidos ou álcalis por reacção química;
 Estruturas direcionais, de alta coordenação e simetria;

Exemplos: Cobre(Cu); Prata (Ag); Ouro (Au); maioria dos metais.


ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS

Ligação van der waals Resulta de forças que actuam entre


moléculas não iónicas, portanto forças mais
fracas.
 Acontece em moléculas apolares. Num dado instante, os elétrons de
uma molécula apolar, que estão em constante movimento, passam a
se concentrar mais de um lado do que de outro, ficando esta, assim,
momentaneamente polarizada.

 Desse modo, por indução elétrica, ela irá polarizar uma molécula
vizinha, ou seja, vai criar um dipolo induzido.

Exemplo da molécula apolar do iodo (I2):


ELEMENTOS DA QUÍMICA CRISTALINA
FORÇAS DAS LIGAÇÕES NOS CRISTAIS

Ligação van der waals: Características

 Força de ligação fraca;


 Cristais moles e com alguma plasticidade;
 Isolantes no estado sólido
 Baixo p.f ; alto coeficiente de expansão térmica
 Solúvel em solventes orgânicos produzindo soluções;
 Estruturas não direcionais, de baixa simetria;

Exemplos: Enxofre; compostos orgânicos; grafite.


ESTRUTURA DOS CRISTAIS
NÚMERO DE CORDENAÇÃO DOS IÕES

 A estrutura dos materiais cristalinos fornece a relação entre a


configuração atômica (iônica) e as propriedades físicas
macroscópicas

 Os arranjos de empacotamentos dos átomos e iões influenciam


a estrutura resultante.

 Uma vez que a substituição iônica processa-se na estrutura


cristalina dos minerais, é importante entender como os espaços
disponíveis na estrutura são preenchidos, ou seja, a forma de
empacotamento dos iões.

 Quando se tenta acomodar esferas de mesmo tamanho em


um plano, o arranjo mais completo é o hexagonal, onde cada
esfera encontra-se em contacto com 6 outras esferas.
ESTRUTURA DOS CRISTAIS
NÚMERO DE CORDENAÇÃO DOS IÕES

 Outras esferas que venham a se


acomodar acima deste plano o farão
nos espaços (interstícios) entre as
esferas.

 Dois arranjos geométricos são


formados neste espaço:

i. Espaço delimitado pela superfície


de 4 esferas vizinhas cujos centros,
quando ligados, formam um
tetraedro;

ii. Espaço delimitado por 6 esferas


vizinhas, cujos centros, quando
ligados, formam um octaedro

 Na estrutura cristalina dos minerais


aniões e catiões arranjam-se da
ESTRUTURA DOS CRISTAIS
NÚMERO DE CORDENAÇÃO DOS IÕES

 Poucos catiões possuem um raio iônico > 1 Å ; aniões comuns,


especialmente o O2- são consideravelmente > 1 Å, logo a estrutura
cristalina em minerais pode ser considerada como um arranjo
periódico de aniões (i.e. esferas), com catiões nos espaços intersticiais
(i.e. nos espaços entre as esferas.

 Como o espaço intersticial no tetraedro é menor que no octaedro,


terá a tendência de acomodar catiões menores que este último.
 O tipo de espaço que um catião irá ocupar é função do seu
tamanho em relação ao dos aniões envolvidos, sendo melhor
expresso pelo valor da razão entre os raios destes iões (NC=
R+/R-), admitindo que estes actuam como esferas rígidas de
raios fixos

 A razão entre os raios iônicos determina o número de aniões


que pode-se arranjar em torno de cada catião em uma
estrutura cristalina, definindo assim o número de coordenação
(NC).

 Em uma estrutura cristalina estável, cada catião está no centro


de um poliedro de coordenação.
ESTRUTURA DOS CRISTAIS
NÚMERO DE CORDENAÇÃO DOS IÕES
ESTRUTURA DOS CRISTAIS
NÚMERO DE CORDENAÇÃO DOS IÕES

EXERCÍCIO

Na estrutura do mineral halite (NaCl) cada catião encontra-se


coordenado por quantos catiões? Qual o poliedro de coordenação
para os iões Na+?

Indique o número de coordenação e o respectivo poliedro de cada


ião na estrutura da fluorite.

(NaCl) (CaF2)

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