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Química Geral

Licenciatura em Ciências Biológicas

Ano Letivo 2022/23


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Ligações químicas entre os átomos

propriedades de ligação:
tipos de ligação: covalente, iónica e metálica

Docente: João Cardoso 2


Ligações químicas
 Ligação iónica
A ligação entre os átomos ocorre por transferência de eletrões do átomo menos
eletronegativo para outro mais eletronegativo. É uma ligação caraterística entre um
átomo de elemento metálico e outro marcadamente não-metálico.

 Em termos de geometria molecular, na ligação covalente a disposição espacial de


cada átomo na molécula é determinada pelas repulsões entre os pares eletrónicos
da camada de valência (modelo VSEPR - Valence Shell Electron Pair Repulsion),
enquanto que nos compostos iónicos a geometria é determinada pelas regras do
empacotamento máximo de esferas (iões) na rede cristalina.
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Fatores que determinam a formação de iões
Aceitação de 1 ou 2 electrões pelos átomos não metálicos.

X + 1 e- → X-
(X = H, F, Cl, Br, I)
X + 2 e- → X2-
(X = O, S, Se, ...)

Perda de 1, 2, 3 ou 4 electrões pelos átomos metálicos.

X - ne- → Xn+

 Os iões são mais estáveis quando possuem uma camada (ou subcamada) fechada
de eletrões. Isto deve-se ao facto de os elecrões fora de tal camada estarem
fortemente blindados da ação da carga nuclear e, consequentemente, se
encontrarem fracamente ligados. 4
 Iões poliatómicos

Consistem em vários átomos ligados entre si através de ligações covalentes, tendo o


conjunto uma diferença entre o número total de protões e o número total de
eletrões
=> ião = partícula com carga eléctrica.

Ex: SO42-

NO3-

NH4+

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 Ligação metálica

As características dos metais estão intimamente relacionadas com o tipo de ligação


entre os seus átomos.

 Os electrões da camada de valência sexistem em pequeno nº, sempre inferior ao


nº de orbitais disponíveis => os electrões de cada átomo encontram-se entre os
núcleos de átomos vizinhos e com liberdade de se moverem nas orbitais vazias que
cercam esses núcleos.
 Apresentam baixas energias de ionização e baixa afinidade electrónica.
 No estado de vapor, as moléculas apresentam átomos ligados por covalência,
porém as ligações são muito fracas.

Edissociação /kcal.mol-1
Li2 Na2 K2 Zn2 Cd2 Hg2 Pb2
25 17 12 5,7 2,0 1,4 16
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Numa fase condensada cada átomo pode compartilhar os seus electrões com vários
outros átomos vizinhos, originando um sistema energeticamente estável.
 o electrão não pertence exclusivamente a nenhum dos átomos ligados.

 A força de ligação entre os átomos torna-se mais forte, à medida que aumenta a
carga nuclear e o nº de electrões de valência.

Período Calor de vaporização


2º Li Be B
32,5 73,9 75
3º Na Mg Al
24,1 32,5 67,9
4º K Ca Sc
18,9 36,7 81

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 Ligação covalente

A ligação entre os átomos ocorre com partilha de electrões. É uma ligação típica
entre átomos de um mesmo elemento ou de elementos com
electronegatividades muito próximas.
ex: H2 => H:H
Cl2 => Cl:Cl

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 Propriedades da ligação
As ligações interatómicas ocorrem com envolvimento direto dos eletrões da
última camada (ou de valência).

 Ordem de ligação
A ordem de ligação é determinada pelo número de pares eletrónicos envolvidos:
1 par = ligação simples; 2 pares = ligação dupla; 3 pares = ligação tripla.

 Comprimento de ligação
É a distância entre os núcleos de dois átomos ligados.

O comprimento de ligação corresponde à posição de maior estabilidade entre os


átomos e à condição de energia mínima do sistema. É uma grandeza dependente do
número atómico e da electronegatividade dos átomos ligados.

R = comprimento da ligação; rA = contribuição do


átomo A; rB = contribuição do átomo B.
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 Energia de ligação

É a energia necessária para quebrar a ligação entre dois átomos e separá-los. É


uma quantidade expressa em termos termodinâmicos pela entalpia (ΔHӨ) do processo
de dissociação de uma molécula A–B.

A–B(g) → A(g) + B(g)

A entalpia da reação é estimada a partir da entalpia média correspondente à


dissociação para uma série de ligações A–B em moléculas diferentes.
ex: a entalpia da ligação H–H é 436 kJ.mol-1 e da ligação C–H é 412 kJ.mol-1

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Correlações das ligações

(a) ordem e comprimento de ligação (b) ordem e energia de ligação.

O comprimento das ligações varia inversamente à respectiva ordem.


A energia de ligação para um dado par de átomos aumenta à medida que a ordem da ligação
aumenta.

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Polaridade das ligações

• Quando um dos átomos exerce maior atração pelos electrões partilhados, forma-se uma
carga parcial negativa (-) sobre ele e uma carga parcial positiva (+) sobre o outro
átomo e a ligação diz-se covalente polar.

• Quando os átomos ligados atraem os electrões partilhados com a mesma força esses
electrões situam-se à mesma distância de cada um dos núcleos e a ligação diz-se
covalente apolar.

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Insuficiência da teoria da ligação de Lewis:
•A descrição da ligação química como emparelhamento de dois eletrões não permitiu
justificar as diferenças nos comprimentos de ligação e nas energias de dissociação.
Exemplo: a ligação H-H tem comprimento de 74 pm e energia de 436,4 KJ/mol,
enquanto a ligação F-F tem comprimento de 142 pm e energia de 142 KJ/mol.

• Em alternativa surgiram duas teorias semelhantes, baseadas na Mecânica Quântica, que


servem para descrever não só a formação de ligações covalentes, mas também a
interpretação da estrutura eletrónica das moléculas:
→ Teoria de Ligação de Valência: as ligações formam-se a partir da sobreposição das
orbitais atómicas ocupadas pelos eletrões de valência;

→ Teoria das Orbitais Moleculares: pressupõe a existência de orbitais moleculares


que se formam a partir da combinação das orbitais atómicas.

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 Teoria de Ligação de Valência (TLV)

 A formação da ligação é justificada pela alta probabilidade de que os eletrões da ligação


se encontrem entre os núcleos dos átomos ligados, originando uma situação de
estabilidade.

 A energia da molécula depende da separação internuclear


e a sua variação é representada pelo esquema da curva de
energia potencial molecular.
 A energia total da molécula é mínima à distância r de
separação internuclear. O zero da energia corresponde ao
estado dos átomos livres.
 A profundidade da curva é simbolizada por D e e reflecte a
força da ligação entre os átomos.
Curva de energia potencial.

=> Para a descrição da ligação nas moléculas considera-se a configuração


electrónica de valência de cada átomo envolvido.
H2 → 1H: 1s1
→ A orbital 1s de um átomo aponta para a orbital homóloga do
outro parceiro da ligação formando uma nuvem eletrónica que
tem um eixo de simetria => ligação sigma (σ).

N2 → 7N: 2s2 2px12py12pz1.


→ A orbital 2px de um átomo aponta para a orbital homóloga
do outro parceiro da ligação e a sobreposição frontal das duas
orbitais atómicas resulta uma ligação sigma.

→ Cada uma das orbitais 2py e 2pz de um átomo sobrepõe-se


lateralmente à orbital homóloga do outro átomo parceiro da
ligação e cada par dá origem a nuvens eletrónicas perpendiculares
a um eixo => ligações pi (

 A molécula N2 é assim formada envolvendo três pares de


eletrões que correspondem a três ligações sendo uma σ e duas π.
HF F: 2s2 2px2 2py22pz1
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H: 1s1
1

H2 O O: 2s2 2px2 2py12pz1


8

H: 1s1
1

Os dois electrões desemparelhados nas orbitais O2p


emparelham-se cada um com um electrão da orbital H1s,
resultando no total duas ligações .
 Hibridação das orbitais atómicas

Uma das limitações da teoria de ligação de valência é a sua dificuldade em explicar a


habilidade de certos átomos estabelecerem mais ligações do que aquelas que
aparentemente seriam permitidas com base na configuração electrónica do estado
fundamental. Por exemplo, a configuração do carbono no estado fundamental é
2s2 2px12py12pz0
o que sugere que o átomo só poderia formar duas ligações e não quatro como é
verificado nos compostos conhecidos. A deficiência da TLV é superada quando se
considera a promoção (excitação) de um eletrão 2s para a orbital 2pz inicialmente
vazia.

O efeito da promoção conduz a uma nova configuração electrónica que é favorável


à formação de quatro ligações: 2s1 2px1 2py1 2pz1. As quatro orbitais resultantes
apresentam a mesma energia e são chamadas orbitais híbridas.
Tipos de hibridação
 Hibridação sp

Ex1: C2H2
H (1s1)
C (1s2 h11 h21 2px1 2py1)
antes da hibridação
após a hibridação
C (1s2 h11 h21 2px1 2py1)

Hibridas sp - digonais H (1s1)

2 ligações  C―H
1 ligação σ C―C
2 ligações  C―C
 Hibridação sp2

Ex1: C2H4

antes da hibridação
após a hibridação

Ex2: BCl3
Cl: 3s2 3px2 3py2 3pz1
B: 1s2 h11 h21 h31 Híbridas sp2 - trigonais

 Hibridação sp3

Ex1: CH4

antes da hibridação
após a hibridação
 Hibridação com orbitais d

Hibridação sp3d
ex: PCl5 P: [Ne] 3s2 3p3
h11 h21 h31 h41 h51

sp2 pd Híbridas digonais

Híbridas trigonais

Hibridação sp3d2

ex: SF6
S: [Ne] 3s2 3p4
h11 h21 h31 h41 h51 h61

sp2d pd
híbridas digonais

híbridas com disposição


quadrangular plana
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 Teoria das Orbitais moleculares (TOM)

Quando uma orbital de um átomo se combina com uma orbital de outro átomo
formam-se duas orbitais moleculares, sendo que:

→ uma contribui para o abaixamento da energia da molécula com relação à energia


dos átomos separados - orbital molecular ligante.
Os electrões que ocupam a OM ligante têm maior probabilidade de serem encontrados
na região internuclear e podem interagir fortemente com ambos os núcleos.

→ e outra que contribui para o aumento da energia da molécula com relação à


energia dos átomos separados - orbital molecular antiligante.
Os electrões que ocupam a OM antiligante são em grande parte excluídos da região
internuclear e forçados a ocupar posições energeticamente desfavoráveis à ligação.

Orbital Orbital
atómica  atómica
+ OM antiligante
Energia

Orbitais
moleculares

OM ligante
Formas das orbitais moleculares

Orbitais moleculares s

Orbitais moleculares p

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Ordem de ligação (b)

→ corresponde ao balanço dos efeitos ligante e antiligante dos eletrões envolvidos na


ligação.

n n* n – nº de elctrões nas OM ligantes


b n* – nº de electrões nas OM anti-ligantes
2
 Os átomos dos gases raros não formam moléculas visto que a ordem
de ligação é nula (b = 0).

 Princípio de preenchimento das OM

 Usa-se procedimento semelhante ao preenchimento das orbitais atómicas.


A ordem de ocupação das OM é a ordem de aumento de energia.
Cada orbital pode acomodar até dois electrões estando estes emparelhados. Caso
houver mais do que uma orbital disponível com energias idênticas, então as orbitais são
ocupadas separadamente. Neste caso os electrões nas orbitais semi-preenchidas
adoptam spins paralelos (↑)(↑) como é exigido pela regra de Hund para átomos.
 Diagrama de energia: H2 a N2 e O2 a Ne2

A ordem inversa da posição das orbitais σ2p e π2p verificada para O2 e F2 em relação às moléculas
anteriores (ex: N2) deve-se ao aumento da separação das orbitais atómicas s e p que ocorre da
esquerda para a direita ao longo do Período 2.
Moléculas diatómicas heteronucleares: CO

Docente: João Cardoso 25

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