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ATRAÇÕES INTERATÔMICAS

INTRODUÇÃO

Como a maioria dos materiais usados pelo engenheiro é sólido ou líquido, é


desejável conhecer-se todas as atrações que mantém os átomos unidos nesses estados.
Podemos ilustrar através de um pedaço de fio de cobre o qual contém em cada grama
(6,02 x 10 23 ) / 6,35 átomos. Nas condições usuais, as forças de atração que mantém os
átomos unidos são fortes. Se tal não ocorresse, os átomos seriam facilmente separados, o
metal se deformaria sob pequenas solicitações e as vibrações atômicas associadas a energia
térmica provocariam a gaseificação dos átomos em temperaturas baixas. Como no caso
deste fio de cobre, as propriedades de qualquer material depende das forças interatômicas
presentes.
As atrações interatômicas são consequência da estrutura eletrônica dos átomos. Os
gases nobres tais como: He, Ne, Ar, etc, apresentam apenas pequena atração por outros
átomos porque eles tem arranjo muito estável de oito elétrons na sua camada externa ( 2
elétrons para o hélio). A maior parte dos outros elementos, ao contrário dos gases nobres,
deve adquirir a configuração altamente estável de oito elétrons através de um dos seguintes
mecanismos:
1- recebendo elétrons
2- perdendo elétrons
3- compartilhando elétrons

Nos dois primeiros processos a produção de íons de carga oposta implica na


existência de forças coulômbicas. O terceiro processo requer uma associação entre os
átomos a fim de que o compartilhamento dos elétrons seja eficaz. Quando aplicáveis os três
processos anteriormente citados produzem ligações fortes. Energias de aproximamente 100
kcal/mol são requeridas para romper essas ligações. Outras ligações mais fracas ou
secundárias estão sempre presentes mas só tem importância quando são as únicas presentes.

Ligação Química

O fato de existirem espécies estáveis elementares ou compostas implica na


possibilidade dos átomos agirem uns sobre os outros formando agregados com energia mais
baixa que fragmentos separados.
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A existência de isômeros estruturais como álcool etílico e éter dimetílico com a


mesma fórmula molecular (C2H6O) mas propriedades químicas e físicas diferentes realça
o fato de que as propriedades de um composto não são ditadas apenas por uma
composição empírica mas pela maneira como estão ligados os seus átomos. Uma reação
química na realidade não passa de um processo que troca um arranjo de ligações por outro.
Resulta daí que é necessário compreender as ligações químicas se quizermos compreender
as propriedades físicas e químicas de elementos e compostos.
A ligação química deve explicar a geometria de moléculas como dióxido de
carbono e H2O que possuem estrutura linear e angular respectivamente.

Ligação Iônica

A ligação iônica é encontrada nos compostos de elementos muito eletropositivos,


como os metais alcalinos, com os elementos muito eletronegativos como os halogênios.
Energia envolvida na formação de compostos iônicos (Energia do Retículo
Iônico).
A verificação da utilidade do modelo iônico na descrição de uma substância é a
capacidade de fornecer um valor preciso para a entalpia da reação direta ou inversa.
A reação Na(s) + 1/2 Cl2 (g)→ NaCl (s) é um processo que compreende tanto a
destruição das ligações do cloro e do sódio como a formação do retículo cristalino.
Assim a energia libertada quando ocorre tal reação, quantidade que dá a medida da
estabilidade do NaCl em relação ao sódio metálico e cloro gasoso é determinada não só
pelas propriedades intrínsecas do cloreto de sódio mas pela força das ligações no sódio
metálico e no cloro molecular.
Para resolver o problema utiliza-se um ciclo termodinâmico. O ciclo de Haber-
Born que se compõe de diversas etapas.
A primeira etapa consiste na vaporização do sódio metálico e na dissociação do
cloro em átomos. Para realizar esta etapa temos de dar energia ao sistema que será igual a
soma da energia de vaporização do átomo de sódio, AH vap, e da metade da energia de
dissociação da ligação do cloro.
Na segunda etapa, os átomos gasosos são transformados em íons gasosos. Para
efetuar isto é necessário introduzir no sistema uma quantidade de energia igual a energia
de ionização do sódio I (Na) mas recebendo uma quantidade de energia igual a afinidade
eletrônica do cloro. A quantidade líquida de energia necessária será portanto I (Na) - A
(Cl).
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Finalmente a terceira etapa quando os íons gasoso se condensam no retículo do


cloreto de sódio cristalino. A energia libertada pelo sistema nesta etapa é chamada de
energia do retículo iônico
cristalino e constitui a medida direta da estabilidade do cristal iônico.
Ciclo de Haber-Born para o NaCl.

Na (g) + Cl (g) I (Na) - A (Cl)  Na+ (g) + Cl- (g)

H vap (Na)
+
1/2 H diss ( Cl2 ) U

------------
Na (s) + 1/2 Cl2 (g) Hf (NaCl) NaCl (s)

A soma algébrica das energias dessas etapas é igual a Ah f de acordo com a


primeira lei da termodinâmica.

Hf = H vap + 1/2 H diss + H Ae + H ion + U

H vap = 108 Kj /mol U= - 788 Kj/mol


H diss = 121 "
HAE = - 354 "
H ion = 502 "
Hf = - 411 " U = ?

O grande valor da energia reticular, ou seja a energia liberada quando se forma o


NaCl (s) é que é a responsável pela sua estabilidade, portanto quanto maior o valor da
energia reticular mais estável o composto iônico.

Propriedades dos compostos iônicos.

Nas condições ambiente são sólidos quebradiços e duros que não conduzem
corrente elétrica, porque o arranjo reticular impede a mobilidade dos íons. Quando fundidos
(no estado líquido) tornam-se condutores porque cátions e ânions estão livres para se
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moverem sob a influência de um campo elétrico. Quando em solução aquosa são bons
condutores, porque a água separa os íons do retículo cristalino.
O alto ponto de fusão dos cristais iônicos é explicado pela necessidade de muita
energia para vencer as forças de atração entre íons de carga oposta.

Ligação Covalente

Existem um grande número de elementos gasosos a temperatura ambiente e


existem como moléculas diatômicas: F2 , O2 , H2 etc . Não podemos admitir para a
formação dessas estruturas a transferência de elétrons entre pares idênticos, H +, - H , O+,
-O pois seriam energeticamente desfavorável. A formação desses compostos é
interpretada através do Emparelhamento de Elétrons.
Os dois átomos compartilham esses elétrons formando um par comum a ambos.
Como essa ligação ou valência é comum aos dois átomos é chamada de covalência. Como
sempre une átomos na formação de moléculas é chamada de ligação molecular. Quando os
dois átomos isolados se unem para formar a molécula as suas nuvens eletrônicas são
modificadas de tal forma que a maior densidade eletrônica do par ligante recai entre os
núcleos dos dois átomos ligados.

Natureza Da Ligação Covalente

As ligações iônicas tais como as do NaCl podem ser interpretadas de modo


simples. Os cátions ( Na+ ) e ânions (Cl-) estão unidos por forças eletrostáticas entre íons
de cargas opostas. A natureza da ligação covalente no H2 é mais difícil de ser visualizada.
As estruturas H: H ou H-H podem levar a engano se sugerirem que os dois elétrons estão
fixados em uma posição entre os dois núcleos. Em um dado instante os dois elétrons
podem estar localizados em quaisquer dos vários pontos em torno dos dois núcleos.
Entretanto é maior a probabilidade desses elétrons estarem entre os núcleos do que
na extremidade da molécula. - Uma pergunta que há muito tempo intriga os químicos é: Por
que o compartilhamento de dois elétrons resulta em maior estabilidade? Por que a
molécula H2 é mais estável do que dois átomos isolados de Hidrogênio? A primeira
resposta plausível foi dada por dois físicos Heitler e London.
Eles usavam a Mecânica Quântica para calcular a energia de interação de dois
átomos de Hidrogênio em função da distância entre eles. A grandes distâncias de separação
não há interação entre dois átomos de Hidrogênio. À medida que eles se aproximam, os
dois átomos começam a sofrer atração. Isto leva gradualmente a um mínimo de energia, a
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uma distância internuclear de 0,074 nm. A esta distância de separação dos dois átomos, a
molécula está no seu estado mais estável. É necessário energia para trazer os átomos a uma
distância menor do que 0,074 nm, visto que as distâncias menores os átomos se repelem. É
por isto que a curva sobe acentuadamente à esquerda de 0,074 nm.

Energia potencial de dois átomos de hidrogênio a várias distâncias

A existência do mínimo de energia mostrada na figura, explica a estabilidade da


molécula de H2. Permanece uma pergunta. O que causa este mínimo de energia? Há dois
fatores envolvidos:

1- À medida que os dois átomos de hidrogênio se aproximam os elétrons se um átomo são


atraídos para o núcleo do outro átomo. A atração eletrostática aumenta gradualmente à
medida que a distância diminui. Entretanto a repulsão entre partículas de igual carga
também se torna importante. As forças atrativas e repulsivas são balanceadas a 0,074 nm.
Neste ponto o sistema possui sua menor energia e portanto é mais estável.
A energia de atração nesse ponto é 104 Kcal/mol que é a energia de ligação da molécula
H2. Se tentarmos aproximar mais os átomos as forças repulsivas se tornam tão crescentes
e a curva de energia se eleva abruptamente.

2- Qual o principal fator que leva a esse mínimo de energia? Fator eletrostático ou seja
maior densidade eletrônica na região entre os dois eletrodos tende a isolar as cargas
positivas uma da outra contribuindo para a estabilidade da molécula ou seja a d= 0,074 nm
as forças atrativas e repulsivas entre o elétron de um átomo e o núcleo do outro ( elétron 1
e núcleo 2 e elétron 2 e núcleo 1) excede a força repulsiva entre as partículas da mesma
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carga (elétron 1 e elétron 2 e núcleo 1 e núcleo 2). Assim o sistema nesse estado ( molécula
H2 ) é mais estável que os átomos separados.

Ligações Covalentes Entre Átomos De Elementos Diferentes


A união de átomos de elementos diferentes devido a diferença de
eletronegatividade ocorre deformação na nuvem eletrônica isto é a extremidade da
molécula que corresponde ao átomo mais eletronegativo fica com fração de carga negativa,
enquanto o átomo de menor eletronegatividade fica com fração de carga positiva.
Caráter Polar das Ligações

Um sistema formado por cargas elétrica de sinal contrário separados por uma
distância é um dipolo.

  -
Ex. H+ - F

→ →
u = q x r

u → momento dipolar
q → carga
r → distância

Classificação das substâncias segundo o momento dipolar.



Substâncias polares U ≠ 0

Substâncias apolares U = 0

Propriedades Físicas Da Água

Algumas propriedades físicas da água ilustram o seu "comportamento anormal".


Por exemplo a água líquida tem densidade maior que a do gêlo daí o fato do gêlo flutuar
na água. Quase todos os sólidos são mais densos que os respectivos líquidos à mesma
temperatura; por essa razão eles afundam na água. Quando a água é aquecida de 0,0 C a
4,0 C e acima ou abaixo dessa temperatura ela é menos densa. Essas peculiaridades da
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água têm grande consequências. Por exemplo se o gelo não flutuasse os lagos e os rios se
congelariam inteiramente durante um inverno e todos os peixes e a vida vegetal pereceriam.
Além disso, se o gêlo não flutuasse na água, as condições climáticas seriam bem
diferentes. Quando a água se congela, a crosta de gelo que se forma por cima reduz
consideravelmente o congelamento adicional, formando uma espécie de camada isolante,
através da qual a temperatura da água que está debaixo do gelo se dispersa muito
lentamente para o ar mais frio que lhe fica acima. E se o gelo formado durante as estações
frias afundasse para as profundezas dos mares, lagos e rios ao invés de ficar na superfície,
poderia ocorrer que ele não se dissolvesse completamente durante as estações quentes, de
tal modo que através dos anos acumular-se-ia uma camada cada vez maior de gelo.
Outra propriedade anormal da água é o seu ponto de ebulição. Se compararmos o
ponto de ebulição da água (100  C a 1 atm) com o de outras substâncias de
fórmula similar e quase idêntica massa molecular veremos que a água (massa=18) tem um
ponto de ebulição irregularmente alto.

Composto Massa Ponto de ebulição °C

HF 20 19,5
H2O 18 100
NH3 17 -33,4
CH4 16 -161,5
HCl 37 -85

Se a água se comportasse do mesmo modo não poderia existir água líquida na


escala comum de temperatura só uma grande nuvem de vapor. Concluindo teríamos que
sendo a água o principal constituinte das células vegetais e animais não haveria vida como
a que conhecemos na terrra.

Cárater Polar da Água


A água é composta de moléculas essencialmente covalentes onde um átomo de
oxigênio divide um par de elétrons com cada um dos dois átomos de hidrogênio.
Experimentalmente determinou-se que o ângulo de ligação da H2O é 105  C.
Devido a diferença de eletronegatividade entre o oxigênio e o hidrogênio o par
eletrônico fica mais atraído pelo oxigênio ficando este parcialmente negativo em outras
palavras a água é uma molécula polar.
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A Ligação Hidrogênio
Esse tipo de ligação é importante não só por ser essencial no entendimento da boa
parte da química do hidrogênio, mas também por ser um dos exemplos de atração
intermolecular mais estudados.
As pontes de hidrogênio dominam a química da água, das soluções aquosas e das
espécies que contém OH e tem importância decisiva nos sistemas biológicos, sendo
responsável entre outros fenômenos pela ligação das cadeias de polipeptídeos nas proteínas
e dos pares de ácidos nucleicos.
Quando o hidrogênio está ligado a um outro átomo X, principalmente F, O, N com
a ligação X- H polar e o H positivo há a possibilidade de interação com outros átomos
negativos ou de muitos elétrons, Y, formando uma ponte de hidrogênio ligação
representada por:
X - H .............. Y
A evidência experimental da existência da ponte de hidrogênio vem da
comparação dos pontos de ebulição muitos altos de alguns compostos o que implica na
associação de moléculas na fase líquida. Estudos cristalográficos de raios X , espectros de
infravermelho e RMN (ressonância nuclear magnética) nos casos de líquidos e sólidos.
As temperaturas de fusão e ebulição altas de alguns compostos, tais como H2O,
NH3 e HF estão relacionados com as interações moleculares, isto é as ligações ficam
muito polarizadas ocasionando uma interação dipolo-dipolo muito forte.
HIBRIDIZAÇÃO
É a combinação de orbitais atômicos formando um orbital molecular. A
hibridização ocorre devido a promoção de elétrons de um orbital para outro que não possui
energia muito maior que a do primeiro, isto é, entre orbitais de mesmo número quântico
principal. Apesar destas promoções eletrônicas consumirem energia, há uma compensação
devido ao maior número de ligações formadas.

1- Exemplo BeCl2
Be- 1s2 2s2
Cl- 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5

Be* - 1s2 2s1 2p1 (berílio na configuração excitada)

Be - 1s2 2 │ sp │ (berilio hibridizado sp)


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Como existem dois orbitais sp eles podem emparelhar seus elétrons com os
orbitais 3p do cloro

2- Exemplo: BF3

B - 1s2 2s2 2p1

B* - 1s2 2s1 2px1 2py1 ( boro na configuração excitada)

B - 1s2 2 │ sp2 │ ( boro hibridizado sp2 )

Neste caso existem três orbitais sp2, que podem compartilhar seus elétrons com
três átomos de flúor formando o BF3

3- Exemplo : CH4

C - 1s2 2s2 2p2

C* - 1s2 2s1 2px1 2py1 2pz1 (carbono na configuração excitada)

C - 1s2 2 │ sp3 │ ( carbono hibridizado sp3 )

Formam-se 4 orbitais híbridos sp3 explicando assim a tetravalência do carbono.

Hibridização Estrutura Geometria Ângulo

sp3 espacial tetraédrica 109° 28´


sp2 planar triangular 120
sp linear linear 180
Diagrama de Lewis
O diagrama de Lewis mostra a formação de ligações químicas pelo
compartilhamento de pares de elétrons. Pode-se observar que nessas moléculas com
excessão de H2, há formação de um octeto de elétrons ao redor de cada átomo. A formação
dos octetos não é essencial à formação de ligações covalentes mas é muito comum porque
os elementos mais importantes da Química Orgânica (C,N,O) são do 2- período e o
número máximo de elétrons no nível quântico principal 2 (n=2 ) é 8 (2s2 2p6).
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Da mesma maneira como no caso das ligações iônicas, a regra do octeto tem
validade relativa, servindo para a orientação em muitos casos. Em inúmeros outros ela
falha.
Assim os compostos BeCl2 e BF3 não conduzem a corrente elétrica no estado
líquido e são portanto covalentes. Suas estruturas são as seguintes:

Cl Be Cl e F B F

O Berilio e o Boro não possuem octetos completos nestes casos: O Be possui


ainda dois orbitais vagos (2py e 2pz) e o Boro um orbital vago (2pz).
Destaca-se também a existência de compostos em que o núcleo de elétrons
envoltórios do átomo "central" na estrutura ultrapassa 8. É o caso, por exemplo, do
pentacloreto de fósforo PCl5.

Cl

Cl Cl
P

Cl Cl
Além da evidência desses fatos, se o ensino da teoria da ligação química continua
a ser feito com base na regra do octeto, e recente descoberta de compostos binários de gases
nobres representa um obstáculo difícil de transpor.
Dentro da ordem de idéias que viemos discutindo, por outro lado, a existência de
um composto como XeF2 pode ser interpretado muito naturalmente. A sequência de
raciocínio poderia ser a seguinte: Os gases nobres não possuem elétrons desemparelhados e
a energia de promoção é, em geral, muito grande. Por esta razão os átomos desses
elementos não formam moléculas homeoatômicas e muito dificilmente se combinam com
outros elementos. No Xenônio a energia de promoção não é proibitiva e, na presença de um
elemento muito eletronegativo como o flúor reage, formando entre outros, o composto
XeF2 .
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Nessa molécula linear o átomo de xenônio sofreu uma promoção ( um elétron num
dos orbitais 5p ocupados passou para um orbital 6s formando-se depois dois orbitais sp
cada um dos quais contendo um elétron.

LIGAÇÕES QUÍMICAS

MODELO DA LIGAÇÃO METÁLICA

Os metais
O fato de três quartos dos elementos da tabela periódica serem metais dá uma
idéia da importância de se estudar a ligação que existe entre eles- a ligação metálica. Os
metais são bons condutores elétricos usados para fabricar fios elétricos; bons condutores
térmicos- usados na fabricação de utensílios de cozinha, ferros elétricos ,etc. Apresentam
brilho e cor típicos - uma superfície metálica bem polida tem aspecto tipicamente brilhante,
normalmente possuem cor branca prateada, pois refletem bem todas as frequências de luz,
podem ser entortados - alguns são mais duros, outros são mais moles, porém uma
propriedade típica dos metais é sua flexibilidade; têm resistência ao calor- com exceção do
mercúrio, todos os outros metais se encontram no estado sólido à temperatura ambiente e
geralmente possuem altas temperaturas de fusão e ebulição.
Outra característica significativa de quase todos os átomos de elementos
metálicos, é que a energia de ionização dos átomos livres de elementos metálicos
geralmente é pequena.

COMO EXPLICAR A NATUREZA DA LIGAÇÃO METÁLICA?

Vamos entender a natureza da força que contém os átomos de um metal unidos,


formando um cristal metálico. Consideremos um cristal de lítio metálico: Cada átomo de
lítio encontra-se rodeado por oito vizinhos próximos. No entanto o elemento lítio possui
apenas um elétron de valência e, não pode fazer oito compartilhamentos com os oito
vizinhos. Mas o lítio, cuja camada de valência é a segunda, possui espaço para oito elétrons
e por isso, seu elétron e o dos vizinhos podem acomodar-se nessas regiões. Assim, cada
átomo de lítio tem abundância, de espaços vazios (orbitais de valência vazios) e escassez de
elétrons de valência.
O elétron de valência de cada átomo de lítio encontra sempre à sua volta orbitais
de valência vazios. Isso significa que eles acabam tendo liberdade de movimento. Nessas
circunstâncias, podemos explicar por que esses elétrons se movem facilmente de um lugar
para outro ao longo do cristal metálico.
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Essas observações nos levam a considerar o metal como uma formação de íons
positivos situados em certas posições da rede cristalina imersa em um “mar” de elétrons
móveis.
Outro fator importante acerca das ligações metálicas diz respeito à carga do cátion
metálico e à atração que este tem pelos elétrons de valência. Por exemplo, o lítio tem um
elétron de valência e baixa energia de ionização, além disso forma um cátion com uma
carga positiva (Li+). Já o alumínio tem energia de ionização mais alta e forma um cátion
trivalente ( Al 3+). A conseqüência disso é que a ligação metálica no alumínio é mais forte
do que no lítio.
De maneira geral, como os metais alcalinos e os metais alcalinos terrosos possuem
baixa energia de ionização e formam cátions +1 e +2, respectivamente, a força da ligação
metálica tende a aumentar à medida que passamos da esquerda para a direita, ao longo de
um período na tabela periódica. Os elementos de transição são mais duros, fundem-se e
entram em ebulição a temperaturas superiores às dos metais alcalinos terrosos ou alcalinos.

O PORQUE DAS PROPRIEDADES DOS METAIS

A mobilidade dos elétrons de valência é a grande responsável pelas inúmeras


características singulares dos metais. O fato de a ligação metálica não ter um caráter
direcional forte faz com que muitos metais possam ser deformados facilmente sem que sua
estrutura cristalina se rompa, isto é, quando entortamos um pedaço de metal o “mar de
elétrons” acomoda essa variação devido à grande mobilidade, fazendo com que o cristal
não se rompa. Os metais podem ser endurecidos por meio de ligas com elementos que
realmente tenham a propriedade de formar ligações covalentes. (diminuindo drasticamente
a mobilidade eletrônica). Muitas vezes, apenas traços de carbono de fósforo ou de enxofre
transformam um metal relativamente mole e maleável em um sólido duro e quebradiço (por
exemplo, o aço).
A mobilidade dos elétrons de valência explica porque os metais são ótimos
condutores de eletricidade. Além do mais, para onde quer que os elétrons se movam, eles
sempre estarão entre núcleos, fazendo com que o cristal permaneça coeso. Já nos sólidos
covalentes (diamante, enxofre, iodo, fósforo etc) , como os elétrons estão mais localizados
, isso impede que tenham boa condutividade.
A mobilidade dos elétrons também explica a excelente condutividade térmica dos
metais. Quando aquecemos um pedaço de metal, fornecemos energia a determinada região,
com isso, os elétrons dessa região aumentam sua energia cinética. Como esses elétrons
têm, grande mobilidade no retículo, eles acabam transferindo essa energia para toda a rede
cristalina de maneira rápida, fazendo com que o metal se aqueça.
Outro aspecto interessante é que as propriedades metálicas vão desaparecendo
quando passamos da esquerda para a direita em uma mesma linha (período) na tabela
periódica. Conforme verificamos, a ligação metálica é tanto mais pronunciada quanto mais
baixa for a energia de ionização e quanto maior for o número de espaços vazios (orbitais)
na camada de valência. À medida que a carga nuclear dos átomos aumenta e os orbitais de
valência se enchem, as regiões entre os dois núcleos vão se tornando mais atraentes para o
elétrons. Os elétrons tendem a ficar cada vez mais localizados, e, assim, essas ligações
acabam tendo um caráter covalente maior.
Átomos de metais não têm elétrons de valência suficiente para chegar a uma
configuração de camada cheia pelo compartilhamento de elétrons com seus vizinhos. Eles
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também são relativamente grandes e têm valores de AVEE (Energia Média de elétrons de
valência) relativamente pequenos. Isso significa que os elétrons de valência podem ser
compartilhados com muitos átomos vizinhos, não apenas um. Realmente, esses elétrons de
valência estão deslocalizados numa série de átomos do metal.
Como os elétrons de valência deslocalizados não estão fortemente ligados a
átomos individuais, ficam livres para se movimentar pelo metal. Uma imagem útil da
estrutura dos metais, portanto, prevê os átomos dos núcleos como íons positivos presos
dentro de um retículo cristalino cercados por um mar de elétrons de valência que se
movimentam entre os íons. A força de atração entre os íons positivos dos metais e o mar de
elétrons negativos móveis forma uma ligação metálica que mantém as partículas juntas.
Os metais existem como formações tridimensionais estendidas de átomos, que se
comprimem de modo que cada átomo possa tocar tantos átomos vizinhos quanto possível.
Quando um metal é aquecido ou golpeado com um martelo, os planos dos átomos que
formam a estrutura podem passar uns pelos outros, o que explica porque os metais são
maleáveis e dúcteis. Cada átomo na estrutura tem um número limitado de elétrons de
valência livres que ele pode compartilhar com seus vizinhos. Devido à mobilidade dos
elétrons, os metais podem facilmente transferir energia cinética de um átomo para outro.
Como resultado, eles são bons condutores de calor.
Supõe-se que nos metais os elétrons de ligação formam como que um gás
eletrônico, permeiando uma rede cristalina formada pelos íons dos metais. Esses elétrons
movem-se através de orbitais atômicos que se interpenetram. Os metais tem um certo
número de orbitais de ligações vazios.
Da mesma maneira como aparecem nós na corda vibrante as ondas eletrônicas dos
elétrons livres do metal determinam a existência no metal de regiões nodais, que
constituem zonas proibidas para os elétrons. Entre essas zonas ou bandas proibidas estão as
bandas de condução formadas por N orbitais atômicos (N é da ordem de 10 23. Por mol do
metal) que podem estar cheias (2 elétrons por orbital), semi-cheias (1 elétrons por orbital)
ou vazias (nenhum elétron).

A condutibilidade dos metais é devido a existência de:


a) bandas de condução semi-cheias , ou
b) bandas de condução cheias, mas interpenetrando uma banda de condução vazia.
Quando se aplica uma diferença de potencial entre os terminais de uma barra
metálica, os elétrons da banda semi-cheia migram de orbital para orbital,
sincronicamente ou no segundo caso, alguns dos elétrons da banda cheia são
promovidos à banda de condução vazia em interpenetração formando duas bandas
semi-cheias.

banda permitida vazia


E
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região proibida

banda permitida semi- cheia

Condutor

Poder-se ia supor que a condutibilidade de um metal fosse tanto mais alta quanto
maior o número de elétrons de ligação. Entretanto, é facilmente comprovável que os
melhores condutores são os metais que possuem apenas 1 elétrons de ligação. As bandas
de energia cheia não contribuem para a condução.
A elevação da temperatura provoca um decréscimo na condutibilidade dos metais. O
fato pode ser explicado da seguinte maneira: paralelamente ao aumento na energia dos
elétrons, o acréscimo de temperatura provoca também um aumento na energia dos íons do
retículo. Estes passam a vibrar com maior intensidade interferindo assim no movimento
fácil dos elétrons através da banda de condução.
Nos isolantes, ao contrário, há bandas de condução cheias separadas por largas
zonas proibidas da próxima banda de condução vazia. Os elétrons nesses não condutores
(diamante, por exemplo) não podem se mover sob ação de um gradiente de potencial
suficiente para passarem à banda de condução vazia.

banda permitida vazia


E
região proibida

banda permitida cheia

Isolante

Os semicondutores, de um certo modo assemelham-se, estruturalmente aos


isolantes, diferindo desses nos seguintes aspectos:
a) Possuem zona proibida estreita o que possibilita a migração do elétrons da banda
de condução cheia para banda de condução vazia (semicondutor intrínseco)
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b) Contém determinada “impureza” isto é pequeno número de átomos de outra


substância que possui um elétron de ligação a mais ou a menos do que os átomos do
isolante. No primeiro caso, os elétrons dos átomos da impureza migram para a banda de
condução vazia mais próxima (semicondutor extrínseco tipo n) e no segundo, os elétrons da
banda de condução cheia migram para o nível de energia introduzido pela impureza
(semicondutor extrínseco tipo p).
Um semicondutor é um material que apresenta condutibilidade intermediária entre
aquele de um condutor e a de um isolante, esta condutibilidade aumenta sensivelmente com
os acréscimos de temperatura. Isto é explicado pela existência de estreitas zonas de energia
proibida que permitem a passagem dos elétrons com a energia adicional adquirida através
do aumento de temperatura.

banda permitida vazia


E
região proibida

banda permitida cheia

Semi - condutor

METAIS E SEMICONDUTORES

O modelo simples dos orbitais moleculares que serve para descrever as moléculas
diatômicas pode ser generalizado, com facilidade, para descrever as propriedades de metais
e de semicondutores.
Condutores, Isolantes e teoria das bandas
Os metais cristalinos podem ser imaginados como “super-moléculas” que se
mantém pelas ligações deslocalizados formadas pelos orbitais atômicos de todos os átomos
no cristal. Como a menor partícula de metal contém número muito grande de átomos
átomos, estão disponíveis, para formar orbitais moleculares, orbitais atômicos em número
ainda maior. Por exemplo, se forem quatro os átomos de lítio numa amostra, e se cada
átomo de Li contribuir com quatro orbitais (2s e 2p) para a formação de orbitais
moleculares formam-se 16 orbitais moleculares. Se forem 400 os átomos de lítio, então
formam-se 1600 orbitais. Num cristal de litio com 1 g existem cerca de 9x1022 átomos. Isto
significa que existem 36x1023 orbitais atômicos 2s e 2p disponíveis, que podem formar
36x1022 orbitais moleculares. À medida que o número de átomos aumenta, o número de
orbitais moleculares possíveis também aumenta, o número de orbitais espalham-se sobre
muitos átomos e reúnem-se numa banda de orbitais moleculares, cujas energias estão muito
próximas uma das outras dentro de um certo intervalo de energia. A banda é constituída por
tantos níveis quantos forem os orbitais atômicos participantes, e cada nível pode conter dois
elétrons de spins opostos. A idéia de orbitais moleculares de uma banda de níveis de
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energia estarem espalhados, ou deslocalizados, sobre os átomos da amostra do metal


explica a ligação nos sólidos metálicos. A teoria da ligação metálica é a teoria das bandas.
Como a banda dos níveis de energia desocupados num metal é praticamente
contínua (isto é, as diferenças de energia entre os orbitais de níveis adjacentes são muito
pequenas), o metal pode absorver radiação de qualquer comprimento de onda. Quando a luz
provoca a promoção de um elétron do metal para um estado de energia mais elevado, o
sistema excitado pode reemitir, logo depois da excitação um fóton com a mesma energia e
o elétron retorna ao nível original. Graças a esta rápida e eficiente reemissão de luz a
superfície polida de um metal é refletida e tem brilho mais típico.
Um metal se caracteriza por uma estrutura de bandas na qual a banda ocupada de
maior energia, a banda de valência, está parcialmente ocupada. Um isolante, em contraste,
tem a banda de valência completamente ocupada e os níveis seguintes, vazio, têm energia
muito mais elevada. Por isso, não é possível a promoção de um elétrons a um nível de
energia ligeiramente mais elevado, e o sólido não conduz eletricidade.
Os diamantes, que são isolantes elétricos, são forma de carbono puro. Cada átomo
de C no diamante está circundado por quatro átomos de C nos vértices de um tetraedro.
Imaginarmos, usualmente, que a ligação no sólido envolva átomos de C hibridizados em
sp3, formando quatro ligações C-C covalentes, localizados, por átomos de carbono. O
silício e o germânio, elementos do mesmo grupo 4 A, formam sólidos com a estrutura do
diamante, e as respectivas ligações descrevem-se da mesma maneira. Uma outra descrição,
porém, admite que os orbitais do átomo de C, ou de Si ou Ge, formam orbitais moleculares
deslocalizados sobre o sólido. Neste caso, porém, a banda contínua de níveis de energia que
vimos no metal está dividida em duas, uma de energia mais baixa, a banda de valência
ocupada, dos orbitais moleculares ligantes, e uma banda desocupada, de energia mais
elevada, dos orbitais moleculares antiligantes. E esta última é a banda de condução, e as
duas bandas são separadas por uma lacuna de energia.

SEMICONDUTORES

Se um elétron puder ser promovido da banda de valência para a de condução


numa substância como o diamante, seriam observadas propriedades metálicas. Porém os
diamantes são isolantes, pois a lacuna de energia entre as bandas de valência e de condução
é grande, da ordem de 500 Kj/mol e é difícil fazer a promoção de elétrons até a banda de
condução. Os semicondutores, por outro lado têm lacunas de energia na faixa de 50 a 300
Kj/mol. Alguns elétrons, pelo menos, podem ser promovidos até a banda de condução pela
injeção de pequena quantidade de energia e pode haver a condução elétrica. Os diamantes
são isolantes, o silício e germânio, semicondutores. Por isso, o silício é extensamente usado
em dispositivos elétricos que se aproveitam das propriedades dos semicondutores.
O silício puro pertence à classe de materiais que se denominam semicondutores
intrínsecos. Admite-se que, nestes materiais, a promoção de um elétron da banda de
valência para a de condução cria um buraco positivo na banda de valência. O semicondutor
é capaz de conduzir carga elétrica porque os elétrons da banda de condução migram numa
direção e os buracos positivos na banda de valência migram na direção oposta. Os buracos
positivos “deslocam-se” , pois um elétron de um nível adjacente pode ocupá-lo e criar
assim um “novo” buraco. Assim os buracos positivos na banda de valência deslocam-se no
sentido oposto ao dos elétrons na banda de condução.
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Os semicondutores extrínsecos são materiais cuja condutividade está controlada


pela adição de números pequenos de átomos de diversas espécies de impurezas, esta adição
é a dopagem do semicondutor. Por exemplo, imaginemos que se substituam alguns átomos
de Si no silício sólido por átomos de Al (ou de outro elemento do grupo 3A). O alumínio só
tem três elétrons, de valência, enquanto o silício tem quatro; então, pelo menos uma ligação
Al-Si, por átomo de alumínio adicionado, tem deficiência de elétrons. Pela teoria das
bandas, verifica-se que o nível de energia associado a cada ligação Al-Si não está na banda
de valência do silício, mas forma um nível discreto, logo acima desta banda. Este nível é
um nível aceitador, pois pode receber elétrons. A lacuna entre a banda de valência e o nível
aceitador é usualmente, bastante pequena, e os elétrons podem ser promovidos com
facilidade da banda de valência para o nível aceitador. Os buracos positivos que ficam na
banda de valência podem se mover sobre a influência de um campo elétrico externo e o
semicondutor dopado pelo alumínio é um semicondutor do tipo p, pois os condutores de
carga são positivos.
Suponhamos agora que se juntem átomos de P (ou de, outro elemento do grupo 5A
) ao silício. O material continua a se um semicondutor, mas com portadores de carga
negativos, ou um semicondutor do tipo n, Explica-se: os átomos de fósforo têm um elétron
a mais do que o Si. A presença desses átomos do grupo 5A no silício Leva à formação de
um nível doador, ocupado por elétrons, logo abaixo da banda de condução. Os elétrons são
promovidos facilmente do nível doador para a banda de condução e serem os portadores de
carga nesta banda.

AS LIGAS METÁLICAS
Uma liga metálica é a mistura de dois ou mais metais ou de metais com não
metais, mas sempre com predominância dos primeiros. As ligas podem ser formadas pela
mistura dos metais no estado líquido e posterior resfriamento.
Alguns exemplos de ligas metálicas.

Liga Composição

Aço Ferro e carbono


Aço inoxidável Ferro, carbono, níquel e cromo
Bronze Cobre e estanho
Latão Cobre e zinco
Ouro 18K Ouro(75%) e prata e/ou cobre(25%) ouro 24K é puro
Amálgamas Ligas que contém mercúrio.
Solda Chumbo e estanho
Fusível Bismuto, chumbo, estanho e cádmio.
OBS : Os amálgamas odontológicas : 70% de Ag, 18% de Sn, 10% de Cu e 2% de Hg.

As ligas de ferro

O ferro é o segundo metal mais abundante da crosta terrestre, ficando atrás apenas
do alumínio. Ele é encontrado principalmente na forma de óxido ( hematita- Fe2O3,
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magnetita- Fe3O4; limonita- 2Fe2O3. 3H2O), ,que depois de processados nas grandes
siderúrgicas, são reduzidos à forma metálica – Fe(s)
As ligas de ferro são aquelas nas quais o ferro é o constituinte principal. Elas são
especialmente importantes como materiais de engenharia de construção. Existem três
fatores para o grande uso do ferro:
1) a abundância na crosta terrestre
2) ferro metálico e suas ligas podem ser produzidos usando-se extração,
refinamento e facilidade relativamente econômicas.
3) As ligas de ferro são extremamente versáteis, podendo apresentar uma grande
variedade de propriedades físicas e mecânicas. A principal desvantagem de
muitas ligas de ferro é a susceptibilidade à corrosão.
Aços

Aços são ligas de fero e carbono que contêm apreciáveis quantidades de outros
elementos; existem milhares de ligas com diferentes composições e/ou tratamentos
térmicos. Alguns dos aços mais comuns são classificados de acordo com a
concentração de carbono, que pode ser baixa, média ou alta. Subclasses também
existem em cada grupo de acordo com a concentração de outros elementos.
Os aços doces são usados em situações que exigem estampagem profunda, como
portas de geladeira. Os aços duros e tenazes são usados na fabricação de
engrenagens e esteiras para tratores. Alguns aços possuem resistência anormalmente
elevada. Aços para certas aplicações elétricas, como placas de transformadores,
devem ter características magnéticas especiais. Outros devem ser completamente
não magnéticos para aplicações em componentes de relógios.

AÇOS INOXIDÁVEIS
Apresentam alta resistência à corrosão em uma grande variedade de meios
ambientes, especialmente no atmosférico. O elemento predominante acrescentado à
liga é o crômio, em uma concentração de pelo menos 11% em massa. A resistência
à corrosão pode ser intensificada pela adição de níquel e molibdênio.
O grande intervalo de propriedades mecânicas, combinado com a excelente
resistência à corrosão, torna os aços inoxidáveis muito versáteis quanto à
aplicabilidade . Alguns deles são freqüentemente usados a temperatura elevadas e
em ambientes adversos, visto que são resistentes à oxidação e mantêm sua
integridade mecânica sob tais à temperatura limite em ambientes oxidantes é de
aproximadamente 1000 C. Equipamentos que utilizam esses aços incluem turbina,
caldeiras, fornalhas, aeronaves, mísseis e geradores nucleares.

CARACTERÍSTICAS EXIGIDAS NOS MATERIAIS USADOS EM ENGENHARIA

INTRODUÇÃO:
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Todo engenheiro civil, mecânico ou elétrico se interessa por materiais que lhe são
disponíveis. Quer seu produto seja uma ponte, um computador, um veículo espacial ou
automóvel deve ter um conhecimento profundo das propriedades características e do
comportamento dos materiais que se vai usar. Com que critérios se faz a escolha do
material adequado para uma determinada peça?
Ao fazer a sua escolha o engenheiro deve levar em conta propriedades tais como
resistência mecânica, condutividade elétrica e/ou térmica densidade e outras. Além disso,
deve considerar o comportamento do material durante o processamento e o uso, onde
plasticidade, estabilidade elétrica, durabilidade química, comportamento irradiante são
importantes assim como o custo e a disponibilidade.
Por exemplo os paralamas devem ser feitos com metal facilmente moldáveis, mas
que deverá resistir à deformação por impacto. Os condutores elétricos devem suportar
temperaturas extremas e a característica "corrente/tensão" de um semi -condutor deve
permanecer constante por um longo período de tempo.
Desde que é impossível se conhecer os milhares de novos materiais que surgem a
cada dia, portanto é necessário saber-se os princípios gerais que governam as propriedades
de todos os materais.

Propriedades Mecânicas

Uma das primeiras propriedades que nos vem a mente, quando se trabalha em
conexões com estruturas grandes como pontes ou edifício; é a resistência mecânica. Outras
propriedades mecânicas, tais como, elasticidade, ductibilidade, dureza, cada uma delas está
associada à habilidade do material resistir à forças mecânicas. Mas nem sempre se deseja
que os materais resistam a todas as deformações; uma mola, por exemplo, deve alongar-se
quando solicitada por um esforço, embora não deva persistir nenhuma deformação
permanente após a retirada de carga. Por outro lado, o material usado para o paralama de
um automóvel deve ficar permanentemente deformado durante a operação de moldagem.
Para se ter uma base comum para se fazer comparação entre as propriedades estruturais e os
efeitos das condições de serviço nas mesmas definiremos alguns dos termos mais comuns
usados em engenharia.

Tensão = Força
Área
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A tensão pode ser expressa em quilograma força por centímetro quadrado ou por
milimetro quadrado.

Exemplo 1- Qual a peça solicitada por maior tensão?


a- Uma barra de alumínio de secção reta 0,97 mm x 1,21 mm solicitada
por uma carga de 16,75 kgf ou
b- Uma barra de aço de secção circular de diâmetro 0,505 mm sob uma
carga de 10,8 Kgf?

Cálculos:
Tensão = F
A

a) 16,75 = 14,3 Kgf/mm2


0,97 x 1,21

b) 10,8 = 54 Kgf/mm2
( /4) x (0,505)2

Como efeito da tensão, tem-se a deformação. Em geral a deformação é expressa de


duas maneiras:
1- o número de centímetros de deformação por centímetro do comprimento ou
2- o comprimento deformado como uma percentagem do comprimento original.

Exemplo 2- Em uma haste de cobre são marcados dois traços que distam entre si 50 mm. A
haste é tensionada de forma que a distância entre os traços passa a ser de 56,7 mm.

Cálculo = 56,7 - 50,0 = 6,7 = 0,135 cm/cm


50,0 50,0

ou deformação 13,5 %

A deformação elástica é reversível; desaparece quando a tensão é removida. A


deformação elástica é praticamente proporcional à tensão aplicada.
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Fig.1.1- Relação elástica Fig.1.2. - Relação Plástica

O módulo de elasticidade (Módulo de Young) é o quociente entre a tensão


aplicada e a deformação elástica resultante. Ele está relacionado como rigidez do material.
O módulo de elasticidade resultante da tração ou compressão é expresso em Kgf/mm 2 . O
valor deste módulo é determinado principalmente pela composição do material e
indiretamente pelas outras propriedades mecânicas.

Exemplo 3- Se o módulo de elasticidade de um aço é 21.000 Kgf/mm2 quanto se alongará


um fio de 0,25 cm de diâmetro e de 3 m de comprimento, quando solicitado por uma carga
de 500 Kgf?

Cálculo : Módulo de Elasticidade = tensão


de∕ormação

21.000 = 500 ∕ ( /4) x ( 0,25)2


deformação

deformação = 0,0043 cm/cm

Deformação total = 0,0043 x 300 = 1,29 cm

A deformação plástica é o resultado de um deslocamento permanente dos átomos


que constituem o material e, portanto difere da deformação elástica onde os átomos
mantém suas posições relativas.
Ductibilidade é a deformação plástica total até o ponto de rutura. Assim sendo, o
seu valor pode ser expresso como alongamento e nas mesmas unidades de deformação.
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Uma segunda medida da ductibilidade é a estricção que é a redução na área da


secção reta do corpo, imediatamente até a ruptura. Os materiais altamente dúcteis sofrem
grande redução na área da seção antes da rutura. Este índice é sempre expresso em
percentagem e é calculado como se segue:

Estricção = área inicial - área final


área inicial

Com os gráficos é possível ser mais específico o efeito da tensão na deformação. A figura
1.3 mostra o caso de um material que não deforma plasticamente antes da ruptura (ferro
fundido). Um material dútil tem um limite elástico além do qual ocorre deformação
permanente. A capacidade do material resistir à deformação plástica é medida pela tensão
de escoamento que é determinada pela relação entre a força que inicia a deformação
permanente e a área da secção reta.

Fig 1.3

O limite de resistência à tração de um material é calculado dividindo-se a carga


máxima suportada pelo mesmo pela área da secção reta inicial. Este limite é expresso em
unidades de tensão. Deve-se notar que o limite de resistência é calculado em relação à área
inicial. Essa observação é importante para os materiais dúcteis, pois os mesmos sofrem uma
redução da área quando solicitados pela carga máxima. Embora a tensão verdadeira que
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solicita o material seja calculada considerando-se a área real, a tensão tal como foi definida
anteriormente é mais importante para o técnico, pois os projetos devem ser feitos com base
nas dimensões iniciais.
A dureza é definida pela resistência da superfície do material à penetração. A
dureza e a resistência à tração estão intimamente relacionados.

A escala de dureza Brinnel é um índice de medida de dureza, calculado a partir da


área de penetração de uma bilha no material. A penetração desta bilha, que é uma esfera de
aço duro ou de carbeto de tungstênio, é feita mediante uso de força padronizada.
Tenacidade é a medida da energia necessária para romper o material. Difere pois
da resistência à tração que é a medida da tensão necessária para romper o material. Um
material dúctil com a mesma resistência de um material frágil irá requerer maior energia
para ser rompido sendo portanto mais tenaz.

Propriedades Térmicas
É extremamente importante a distinção entre calor e temperatura. Temperatura é
um nível de atividade térmica enquanto que calor é a energia térmica. Para qualquer
componente químico de um material o ponto de fusão e o ponto de ebulição são
temperaturas importantes pois correspondem à transição entre diferentes arranjos
estruturais dos átomos no material. O calor específico de um material é definido como o
quociente entre a capacidade térmica do material e a da água.
Vários calores de transformação são importantes no estudo de materiais. Os mais
conhecidos são o calor latente de vaporização e o calor latente de fusão, que são os
calores requeridos, respectivamente, para a fusão e vaporização. Cada um destes processos
envolve uma mudança interna no material que passa de um arranjo atômico para outro.
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Veremos que há várias outras mudanças estruturais possíveis para os sólidos e que estas
mudanças também requerem uma alteração no conteúdo térmico do material.

Propriedades Elétricas
A mais conhecida das propriedades elétricas de um material é a resistividade que é
expressa em ohm.cm e está relacionada com as unidades comuns de resistência. A
condutividade elétrica é o inverso da resistividade.

Propriedades Químicas
Quase todos os materiais usados pelos engenheiros são susceptíveis de corrosão
por ataque químico. Para alguns materiais, a solubilizaçãoé importante. Em outros casos o
efeito da oxidação direta de um material orgânico como a borracha é o mais importante.
Além disso, a resistência do material à corrosão química devido ao meio ambiente é da
maior importância. Uma vez que o ataque pela corrosão é irregular é muito difícil medi-la.
A unidade mais comum para a corrosão é polegadas de superfície perdida por ano.

Custo

Embora certamente o custo não seja uma propriedade intrinsica ao materia,


frequentemente é o fator determinante na seleção de um certo material para uma dada
aplicação. O custo é usualmente expresso em valor por quilograma ou por peça, mas um
índice mais significativo é o custo por unidade de vida útil.

Fatores de Influência na Seleção de Materiais.

A seleção dos materiais adequados a cada uma das partes dos equipamentos de um
processo é frequentemente um dos problemas mais difíceis com que se defronta o projetista
ou o usuário desses equipamentos.
Damos a seguir os principais fatores que influencia a escolha dos materiais:

a- Condições de serviço do equipamento ( temperatura e pressão de trabalho). O material


deve ser capaz de resistirà pressão e também a toda faixa de variações possíveis da
temperatura. Devem ser consideradas as condições extremas de temperatura tanto máxima
como mínima, embora só ocorram em ocasiões especiais.
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b- Fluidos em contato- devem ser considerados os seguintes fatores em relação aos fluidos
em contato com o material.

1- Natureza e concentração dos fluidos em contato com o material;


2- Impurezas e contaminantes que possam existir nos fluidos, existência ou não de
gases dissolvidos ou sólidos em suspensão.
3- Temperatura, pH, velocidade relativa do fluido em relação ao material.
4- Resistência à corrosão do material em relação a cada um dos fluidos possíveis
de estarem presentes.

c- Níveis de tensões no material. O material deve resistir aos esforços solicitantes e por isso
a sua resistência mecânica deve ser compatível com o nível de tensões que se tenha (os
esforços presentes).

d- Natureza dos esforços mecânicos- tração, compressão, choques, vibrações, esforços


estáticos ou dinâmicos, etc.

e- Custo do Material- é um fator importantíssimo e frequentemente decisivo na escolha.


Para cada aplicação prática existem quase sempre vários materiais possíveis. O melhor será
o que for economicamente mais barato e de boa qualidade e segurança.

Para a decisão de qual o material mais ecônomico deve ser considerado não só o
custo inicial do material, como também uma série de outros fatores, custo de fabricação,
tempo de vida, custo de paralização e de reposição do equipamento.

f- Segurança- Quando o risco potencial do equipamento ou do local onde o mesmo se


encontra for grande, ou ainda quando o equipamento for essencial ao funcionamento de
uma instalação importante, há necessidade do emprego de materiais que oferecem o
máximo de segurança, de forma a evitar a ocorrência de ruturas, vazamentos ou outros
acidentes que possam resultar em paralizações ou desastres.

g- Facilidade de obtenção do Material. Devem ser consideradas a maior ou menor


facilidade de obtenção de diversos materiais possíveis, a necessidade ou não de importação.
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h- Experiência prévia- Ao se decidir sobre o uso ou não de um determinado material, deve-


se considerar a experiência prévia ou seja deve-se fazer uma experiência nas condições de
serviço que ele será usado.
Resumindo o que foi exposto acima, podemos indicar a seguinte rotina para a
seleção de Materiais para um determinado serviço.

1- Conhecer os materiais disponíveis na prática e suas limitações físicas e de fabricação.


2- Estabelecer quais os materiais que podem satisfazer para o serviço em questão tendo em
vista a temperatura, nível de tensões condições de corrosão, etc.
3- Comparar economicamente os diversos materiais possíveis, levando em conta todos os
fatores de custo.

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