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Complementos de Matemática

Aula 3: Funções de uma variável complexa. Fórmula


de Euler.

Uma função f de um conjunto A em um conjunto B é uma relação de cor-


respondência que associa a cada elemento pertencente a A um e somente um
elemento pertencente a B. O conjunto A é chamado de domı́nio de f , e é deno-
tado por Dom( f ), e o conjunto B é chamado de contradomı́nio de f , e é denotado
por CD( f ). Se f associa o elemento a ∈ A ao elemento b ∈ B, dizemos que b é
a imagem de a sob f e denotamos por f (a) = b. O conjunto de imagens em B é
chamado imagem de f e é denotado por Img( f ).
Quando o domı́nio de uma função complexa não é especificado, assume-se
que ele seja o conjunto de todos os números complexos para os quais a função
está bem definida.
Dada uma função complexa f (x), pode-se expressar a imagem de um
número complexo z sob f por um número complexo w = u + iv, onde u, v ∈ R.
Mais geralmente, pode-se escrever:
f (x + iy) = u(x, y) + iv(x, y) onde u(x, y) e v(x, y) são funções reais.

Nesse caso, chamamos u(x, y) e v(x, y) de partes real e imaginária de f , respec-


tivamente. Toda função complexa pode ser expressa utilizando funções reais
u(x, y) e v(x, y) apropriadas.

Exemplo 1: Descreva o domı́nio, a parte real e a parte imaginária das funções


z
complexas f (z) = 2 , g(z) = z · z + Re(z) e h(z) = z2 + z − Re(z).
z +1

A função exponencial complexa é definida por:

ez = ex cosy + iex seny.

Pode-se utilizar a função exponencial para expressar a forma polar de um


número complexo.

√ √ π π
Exemplo 2: Tem-se que 2 · ei·π/4 = 2 · [cos + isen ] = 1 + i.
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• Propriedades da função exponencial complexa: Dados z1 , z2 ∈ C, tem-se que:


1. e0 = 1.
2. ez1 ez2 = ez1 +z2 .
ez1
3. = ez1 −z2 .
ez2

1
4. (ez1 )n = enz1 para n = 0, ±1, ±2, · · · .
5. ez1 +2πi = ez1 , ou seja, a função exponencial complexa é periódica, com
perı́odo puramente imaginário 2πi.
6. O valor de uma função exponencial complexa pode ser um número real
negativo.

O gráfico de uma função complexa pertence ao espaço quadrimensional,


portanto, não é possı́vel representa-la utilizando um gráfico. Como toda função
complexa descreve uma correspondência entre pontos em duas cópias do plano
complexo, pode-se utilizar essa idéia para representar uma função complexa
graficamente, nesse caso, utiliza-se o termo alternativo transformação complexa.
Se um ponto z0 no plano z corresponde ao ponto w0 no plano w, ou seja, se
w0 = f (z0 ), diz-se que f transforma ou mapeia z0 em w0 ou que z0 é transformado
ou mapeado em w0 por f .
Para criar uma representação geométrica de uma transformação complexo
inicia-se com duas cópias do plano complexo, o plano z e o plano w, em seguida,
desenha-se um conjunto S de pontos no plano z e o correspondente conjunto
de imagens dos pontos em S no plano w.
Se w = f (z) for uma transformação complexa e se S for um conjunto de
pontos no plano z, denominamos o conjunto de imagens dos pontos em S sob f
como imagem de S sob f e denotamos esta conjunto pelo sı́mbolo S0 . O conjunto
S é chamado de pré-imagem de S0 sob f .
Quando o conjunto S possui propriedades adicionais, como ser um domı́nio
ou uma curva, usaremos sı́mbolos como D e D0 ou C e C0 , em alguns casos
também pode ser utilizada a notação f (C) para denotar a imagem de uma
curva C sob w = f (z).
O conjunto S deve ser escolhido de forma que auxilie no entendimento de
como os pontos no plano z são mapeados por f em pontos no plano w.

Exemplo 3: Determine a imagem do semiplano RE(z) ≥ 2 sob a transformação


complexa w = iz e represente a transformação graficamente.

Exemplo 4: Determine a imagem da reta vertical x = 1 sob a transformação


complexa w = z2 e represente a transformação graficamente.

Pode-se observar o comportamento de uma transformação complexa por


meio da análise de imagens de curvas, ou seja, de subconjuntos unidimensio-
nais do plano complexo, para auxiliar esse processo pode-se utilizar equações
paramétricas.
Se x(t) e y(t) forem funções de valores reais da variável retal t, o conjunto
C que consiste em todos os pontos z(t) = x(t) + iy(t), a ≤ t ≤ b, é denominado
uma curva paramétrica ou uma curva paramétrica complexa. A função de valor

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complexo da variável real t, z(t) = x(t) + iy(t), é denominada paramentrização de
C.

• Algumas curvas paramétricas no plano complexo:


1. Uma parametrização da reta que contém os pontos z0 e z1 é

z(t) = z0 (1 − t) + z1 t, −∞ < t < ∞

2. Uma parametrização do segmento de reta de z0 a z1 é

z(t) = z0 (1 − t) + z1 t, 0 ≤ t ≤ 1

3. Uma parametrização da semi-reta que emana de z0 e contém z1 é

z(t) = z0 (1 − t) + z1 t, 0 ≤ t < ∞

4. Uma parametrização da circunferência com centro z0 e raio r é

z(t) = z0 + r(cost + isent), 0 ≤ t < 2π

Se w = f (z) for uma transformação complexa e se C for uma curva parame-


trizada por z(t), a ≤ t ≤ b, então

w(t) = f (z(t)), a ≤ t ≤ b

é uma parametrização da imagem C0 de C sob w = f (z).

Exemplo 5: Determine a imagem da reta x = 2 sob a transformação w = iz.

Exemplo 6: Determine a imagem do segmento de reta de 1 a i sob a


transformação w = iz.

Exemplo 7: Determine a imagem da semicircunferência mostrada na figura


sob a transformação w = z2 .

Uma função complexa linear é uma função complexa na forma f (z) = az + b,


onde a e b são constantes complexas quaisquer.
Uma função complexa linear T(z) = z + b, b , 0, é denominada translação
ou translação por b.

Exemplo 8: Determine a imagem S0 do quadrado S, com vértices em 1 + i,


2 + i, 2 + 2i e 1 + 2i, sob a transformação linear T(z) = z + 2 − i.

Uma função complexa linear R(z) = az, |a| = 1, é chamada rotação.

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Exemplo 9: Determine a imagem do eixo real y = 0 sob a transformação
√ √
linear R(z) = ( 12 2 + 12 2i)z.

Uma função complexa linear M(z) = az, a > 0, é chamada dilatação. Obs:
nesse caso a constante a é um número real.

Exemplo 10: Determine a imagem da circunferência C dada por |z| = 2 sob


a transformação linear M(z) = 3z.

Sejam f (z) = az + b uma transformação linear com a , 0 e z0 um ponto no


plano complexo. Se os pontos z0 e w0 = f (z0 ) forem posicionados na mesma
cópia do plano complexo, o ponto w0 é determinado da seguinte forma:

i. z0 é girado em um ângulo Arg(a) em torno da origem


ii. o resultao é dilatado por |a| e
iii. este último resultado é transladado de b.
Uma transformação linear w = az + b, com a , 0, pode modificar as di-
mensões de uma figura no plano complexo, mas não pode alterar a forma
básica da figura.

Exemplo 11: Determine a imagem S0 do retângulo S, com vértices em −1 + i,


1 + i, 1 + 2i e −1 + 2i, sob a transformação linear T(z) = 4iz + 2 + 3i.

Exemplo 12: Determine uma função complexa linear que mapeia o triângulo

equilátero com vértices 1 + i, 2 + i e 23 + (1 + 12 3)i no triângulo equilátero com

vértices i, 3 + 2i e 3i.

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