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FUNDAMENTOS DA TEORIA ATÔMICA

Introdução:

Durante a última metade do século passado, os cientistas fizeram mais


progressos do que a humanidade produzira em todos os séculos, anteriores. E a
aplicação dos conhecimentos adquiridos através da pesquisa científica conduziu a um
aumento impressionante da capacidade de utilização de recursos naturais. Estamos
vivendo uma época em que a humanidade produz a maior quantidade e variedade de
utilidades de toda a sua história. O desenvolvimento científico continua aceleradamente,
a fim de obter melhores produtos, para implementar as condições de vida. A energia
atômica, a propulsão a jato e os sátelites artificiais trouxeram a aurora de uma nova
idade científica farta em desenvolvimentos surpreendentes. As cabeças pensantes
preocupam-se com as suas consequências benéficas ou destruidoras para a raça humana;
mas pelo menos em potencial, a perspectiva é de um progresso científico quase
ilimitado.

A ciência da Química

A Química é o estudo das propriedades, da composição e da estrutura da


matéria, de mudanças que ocorrem na matéria e da energia liberada ou absorvida
durante essas modificações. A Química, como, todas as ciências naturais, tem natureza
experimental.
O objetivo geral da química é a descoberta de todas as coisas, possíveis acerca
de todas as características da matéria, naturalmente, então a química vem sofrendo uma
expansão e refinamento constantes. É remota a possibilidade de se atingir o
conhecimento completo de qualquer dos aspectos da Química.
O objetivo imediato da química é a utilização de todo o conhecimento já obtido
acerca da matéria, ampliando o conhecimento já obtido por meio de novas observações
e de teorias aperfeiçoadas. O processo pelo qual ampliamos o nosso conhecimento dos
fatos e das teorias é conhecido como pesquisa é a descoberta de todo e qualquer fato
desconhecidos ou ainda não aplicado.

As primeiras idéias sobre a estrutura da matéria

O interesse e a especulação acerca da natureza são antigos e datam dos anos 400
antes da era cristã. A princípio alguns filósofos gregos - Demócrito, Sócrates e Platão -
entre outros conceberam idéias sobre a estrutura da matéria. Esses pensadores antigos
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propuseram que se fôsse possível subdividir qualquer amostra de matéria em pedaços


cada vez menores, chegar-se-ia a uma partícula tão pequena e indivísivel. Daí
chegaram a uma teoria segundo a qual a matéria seria constituída de partículas
pequenas e indivisíveis que chamavam atómos.
Em Química, a nossa principal preocupação é com a utilidade de uma teoria -
ajuda ela a correlacionar fatos experimentais ou predizer o comportamento da matéria?
Na realidade, a teoria atômica tornou-se tão útil que toda a química moderna é
inteiramente, baseada na teoria atômica da matéria.
No início do século XIX estabeleceram-se algumas generalizações sobre como
as substâncias se comportavam no decorrer de uma reação química, e serviram de base
para o químico John Dalton elaborar a sua teoria atômica.

O átomo divisível

A noção de que átomos pudessem ter uma estrutura interna, composta de


partículas menores não foi levada muito a sério até fins do século dezenove. Mesmo a
teoria de Dalton, a primeira baseada em átomos que explicou satisfatoriamente muitos
aspectos do comportamento químico, admite que átomos são indivisíveis e sem
estrutura.

O átomo indivisível de Dalton

John Dalton, um professor inglês, sugeriu por volta de 1803 que a maioria das
observações químicas feitas no século XVIII poderiam ser explicadas baseando-se nas
leis da conservação da massa e das proporções definidas, leis estas derivadas de
observações diretas.
Pode-se expressar a teoria proposta por Dalton pelos seguintes postulados:

1- A matéria é composta de partículas indivisíveis, os átomos.


2- Átomos são permanentes e indivisíveis e não podem ser criados nem destruídos.
3- Todos os átomos de um mesmo elemento têm as mesmas propriedades, as quais
diferem das propriedades de todos os outros elementos.
4- Uma reação química consiste, simplesmente em um novo arranjo dos átomos de um
conjunto de combinações para outro.
5- Os compostos são constituídos de átomos de elementos diferentes em proporções
fixas.
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O verdadeiro pai da química moderna bem poderia ser considerado o inglês John
Dalton, que admitiu serem os átomos dos elementos indivisíveis, e que não existissem
partículas menores. Embora o conceito de átomo (do grego quer dizer indivisível) não
tenha surgido com Dalton e sim com filósofos gregos por volta de 400 a 500 a.C
porém esta última proposta não estava baseada em, resultados de experiências e eram
pouco mais do que exercícios de imaginação, ao passo que a teoria de Dalton estava
fundamentada, nas leis de conservação da massa e das proporções definidas, leis
derivadas de observações diretas.
A teoria de Dalton admitiu que os átomos dos elementos fossem indivisíveis e
que não existissem partículas menores do que os átomos. Dalton estava confuso sobre
alguns pontos, como por exemplo a distinção entre uma molécula e um átomo. Além
disso ele chegou a fórmulas incorretas para certos compostos. Suas contribuições foram
sempre de muita importância. Mas, como em muitas teorias em ciências exatas, novos
fatos experimentais conduziram a modificações e refinamentos e extensões da teoria
atômica moderna.
Embora os filósofos gregos tivessem suposto a existência de átomos, eles não
poderiam imaginar algo tão sutil como a estrutura de um átomo. Átomos não são esferas
homogêneas sem estrutura. Eles são dotados de partículas menores, mais leves, e o
nosso estudo da química nos leva agora a considerar a maneira pela qual estas
partículas estão reunidas formando átomos.
Os átomos são divisíveis em duas espécies de partículas, uma positiva e outra
negativa e as partículas neutras. Hoje em dia a teoria dos quarks, embora em fase
experimental admite a existência de seis elementos ( up, down, strange, top, botton,
charm) os seis quarks constituintes básicos da matéria. A teoria dos quarks, é uma
evidência de que esta divisão parece não ter fim. Sendo esta, talvez a essência do
atomismo, a divisão contínua.

A Teoria Atômica Moderna

Três grandes passos foram dados inicialmente para o desenvolvimento da estrutura da


matéria.
1- A descoberta da natureza elétrica da matéria
2- A descoberta de que o átomo consiste de um núcleo rodeado de elétrons.
3- A descoberta de leis mecânicas que governam o comportamento do elétron no
átomo.
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Experimentos de eletrólise

A primeira indicação de que a matéria e eletricidade devem estar relacionadas


surgiu com as experiências de eletrólise. ELETRÓLISE é o uso de uma corrente elétrica
para produzir uma reação química. O sufixo lise significa quebrar ou separar. Portanto
a eletrólise é a separação de alguma coisa através da corrente elétrica. Em 1932 Faraday
e seu orientador Sir Humprey Davy estudaram intensamente a eletrólise. Logo após
Faraday concluiu que existe uma relação, quantitativa entre a quantidade de
eletricidade usada e a quantidade de produtos formados durante a eletrólise. Concluiu
também que para uma dada quantidade de eletricidade empregada, a quantidade de
produto formado depende da natureza da substância. Estas observações são as
conhecidas leis de Faraday da eletrólise que podem ser resumidas assim:

1- O peso de uma determinada substância depositada por uma dada quantidade de


eletricidade é sempre o mesmo.

2- Os pesos de diversas substâncias depositadas, libertadas ou melhor dissolvidas num


eletrodo por uma dada quantidade de eletricidade é sempre proporcional aos pesos
equivalentes destas substâncias.

A Natureza Elétrica da Matéria

Só na última metade do século XIX é que se conseguiu uma comprovação


experimental segura para a evidência de partículas negativas, quando alguns físicos
começaram a investigar a condução de eletricidade em gases em atmosferas rarefeitas.
Para isso utilizaram um tubo de descarga projetado por Sir William Crookes. O aparelho
consistia de um tubo de vidro dotado de dois eletrodos em suas extremidades, que tem
por finalidade criar uma diferença de potencial no interior do mesmo. Ao tubo está
conectado uma bomba de vácuo e um medidor de pressão, e os eletrodos estão ligados
a uma fonte de alta voltagem de 20000 volts.
Quando uma alta voltagem é aplicada a um tubo de descarga à pressão
atmosférica, pouco pode ser observado Figura 1A. Ao ligarmos a uma bomba de vácuo,
entretanto, o gás no interior do tubo começa a emitir uma leve fluorescência como
veremos na figura 1B. Com a redução ainda maior de pressão, a região incandescente
se desloca em direção ao eletrodo carregado positivamente, o ânodo. A pressão ainda
menores, a incandescência dentro do tubo desaparece e por sua vez próximo ao ânodo
começa a emitir uma incandescência esverdeada Figura 1C.
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Quando a experiência é feita com um tubo especial onde tenha sido inserido um
anteparo de sulfeto de zinco como na figura 1D o lado do sulfeto de zinco dirigido para
o eletrodo carregado negativamente, o cátodo, emite uma leve incandescência brilhante
(fosforescência) A incandescência ao ser examinada no microscópio de baixa resolução,
nota-se que a mesma é composta de pequenas e brilhantes linhas luminosas. E o
pedaço de sulfeto de zinco projeta uma sombra cujas bordas são bem nítidas sobre a
extremidade anódica do tubo.
Os resultados descritos anteriormente podem ser obtidos independente do metal
dos eletrodos, além disso, começar o experimento com diferentes, gases no tubo não
altera os resultados, exceto que a coloração dentro do tubo varia de gás para gás.
EXPERIMENTOS EM TUBOS DE DESCARGA

Interpretação

A baixas temperaturas algo deixa o cátodo e se dirige em direção ao ânodo. Este


algo foi inicialmente chamado de raios catódicos ou raios negativos existentes nos
átomos de todos os elementos. Os raios luminosos do sulfeto de zinco indicam que o
raio catódico é composto de um fluxo de partículas, cada linha luminosa sendo causada
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por uma partícula do raio catódico que se choca com o sulfeto de zinco. Uma vez que a
sombra projetada pelo sulfeto de zinco tem bordas nítidas, portanto as partículas quando
deixam o cátodo, devem percorrer linhas retas.
A incandescência dentro do tubo é o resultado da colisão das partículas com as
moléculas do gás no tubo. A uma baixa pressão, a maioria das partículas alcança a
extremidade anódica do tubo, sem colidir com as moléculas do gás onde elas
provocam a incandescência do vidro.
Outros experimentos mostraram que quando os raios catódicos são submetidos a
ação de campos elétricos ou magnéticos sofrem deflexão da mesma forma como
acontece a um fio metálico pelo qual passa, a corrente elétrica.
As partículas que compôem os raios catódicos têm sempre a mesma carga
elétrica e a mesma massa. Como as suas propriedades independem do material que
constitui o cátodo, pode-se concluir que elas estão , presentes em toda a matéria. Estas
partículas são chamadas elétrons.
Como todos os átomos são eletricamente neutros a presença no átomo das
partículas carregadas negativamente requereria a presença de partículas carregadas
positivamente.

A Experiência de Goldstein

Goldstein em 1886 observou que ao perfurar o cátodo originava traços


luminosos no gás emergindo da fenda do cátodo no lado oposto, do ânodo, como
apresentado no diagrama. Esses raios foram identificados como partículas positivas,
devido a deflexão que sofriam ao serem submetidas a campos elétricos ou magnéticos.
Figura 1E.
Todas as partículas são carregadas positivamente mas ao determinarmos a
grandeza das cargas dessas partículas verificaremos que não são todas iguais. Elas são
múltiplas de 1,6 x 10 -19 C; 3,2 x 10 -19 C , 4,8 x 10 -19 C e assim por diante.
Podemos explicar da seguinte maneira: o raio catódico, como vimos é
constituído de um feixe de elétrons que deixa o cátodo e segue para o ânodo. Alguns
destes elétrons se chocam com as móléculas do gás e o fazem com força suficiente para
retirar elétrons delas. Cada uma destas partículas ou melhor moléculas tem agora
deficiência de elétrons um ou mais, e consequentemente carrega uma carga positiva.
O ânodo e o cátodo criam uma diferença de potencial dentro do tubo de
descarga, fazendo com que partículas de carga positiva sejam aceleradas em direção ao
cátodo. A maioria delas se chocam com o cátodo, mas algumas atravessam a fenda e
podem ser detectadas pela luminosidade que produzem do outro lado, estas moléculas
carregam diferentes quantidades de carga positiva dependendo da quantidade de
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elétrons que tenham perdido. Suas massas são sempre maiores que a de um elétron e
além disso dependem da natureza do gás residual no tubo.

Fig. 1E. Tubo de raios canais de Goldstein.

Organização das partículas no átomo

Além dos elétrons, o que mais está presente no átomo? Qual é a estrutura do
átomo ?
Thonsom propôs que o átomo seria uma esfera uniforme com a maior parte de
sua massa de eletricidade positiva (um raciocínio coerente com o fato de elétrons
poderem ser retirados de um átomo deixando um íon com carga positiva com massa
bem maior do que o elétron) na qual esteriam incrustados alguns elétrons de forma que
o átomo como um todo seria eletricamente neutro. Este, modelo foi muito razoável e
compatível com os conhecimentos da época e decorreram alguns anos até que
investigando a desintegração dos elementos e a química das substâncias radioativas
Rutherford concluiu que as partículas concentravam-se numa pequena fração do volume
do átomo que ele chamou de núcleo, e os elétrons estariam espalhados por todo um
espaço de volume relativamente grande que envolveria o núcleo, normalmente chamado
de nuvem eletrônica.

Radioatividade

Outra evidência de que o átomo não é indivisível é a emissão espontânea de


partículas e radiação por certos elementos instáveis. Este fenômeno é chamado
radioatividade e foi descoberto por Henri Becquerel em 1896. As substâncias
radioativas emitem três tipos de radiação.

1- Radiação alfa, formada de íons de He +2 , são as partículas alfa.


2- Radiação beta, que consiste de elétrons, neste caso, chamados de partículas beta.
3- Radiação gama ( raios gama ) altamente energética, consistindo de ondas de luz
altamente penetrantes e semelhantes aos raios X.
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O átomo nuclear

Um dos passos mais significativos no desenvolvimento do conhecimento atual


sobre a estrutura do átomo foi dado por Ernest Rutherford em 1911.
Estudando a dispersão sofrida pelas partículas alfa ao bombardearem finíssimas
folhas de um anteparo de ouro. Ele observou que algumas das partículas sofriam desvio
de suas trajetórias quando passavam através desta substância, isto é, as partículas eram
espalhadas. O experimento em detalhes consistia do seguinte: Uma caixa de chumbo
contendo polônio (emissor de partículas alfa), era colocado anteriormente a uma lâmina
delgada de ouro e cercado por um anteparo móvel de sulfeto de zinco (ZnS). Baseado
no modelo de Thonsom, Rutherford pensou que a maioria das partículas alfa
atravessaria a delgada lâmina sem sofrer desvio devido a grande velocidade destas
partículas. Mesmo um pequeno desvio não ocasionou grandes problemas no seu
experimento, porém, um número apreciável das partículas alfa foi desviado de um
ângulo de 180 , isto significa que estas partículas alfa Figura 1F foram lançadas de
volta pela lâmina emergindo do mesmo plano pelo qual elas haviam entrado. Rutherford
concluiu que somente repulsões muito fortes poderiam inverter a radiação das partículas
alfa, e como o átomo de Thonsom não falava em tais repulsões, Rutherford concluiu
que o modelo de Thonsom estava errado.

O modelo de Rutherford

Rutherford só pôde explicar tais observações pela conclusão de que o átomo


continha um núcleo positivo, muito pequeno e pesado com todos os prótons e toda a
massa do átomo. Como o núcleo continha a carga positiva do átomo, os elétrons
deveriam estar distribuídos em algum lugar do volume restante do átomo. O núcleo
deveria ser positivo, pois ele sabia que os elétrons têm massa pequena, e se um núcleo é
constituído de um conjunto de elétrons, uma partícula alfa mais provavelmente
removeria o núcleo do átomo ao invés de se desviar.

O experimento de Rutherford - Figura 1F


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O átomo Moderno e os elétrons nos átomos.

Logo após Rutherford elaborar o seu modelo atômico surgiram algumas


questões: Estariam os elétrons parados ou girando? De acordo com os princípios físicos
conhecidos em 1911 o átomo nuclear seria instável, pois se os elétrons estivessem
parados como impedir a sua atração para dentro do núcleo? E se estivessem em
movimento entrariam em choque com as leis do eletromagnetismo, de Maxwell,
segundo o qual qualquer alteração da velocidade de uma partícula eletricamente
carregada é acompanhada de emissão, de energia radiante. Portanto os elétrons girando
deveriam emitir energia continuamente sob a forma de ondas eletromagnéticas até a
cessação de todo o movimento eletrônico.
Um dilema! Ou o elétron está se movimentando ou o elétron, está parado, mas
em ambas, as alternativas são inconsistentes com a observação. Neste ponto temos que
admitir algo deve estar errado com a física clássica, e de certo modo isto está correto.
Não que a física clássica esteja errada, mas ela é inadequada para descrever o que ocorre
na escala atômica. Foi necessário resolver ou melhor modificar a física clássica para
resolver o problema do átomo estável.
A primeira tentativa importante para desenvolver um modelo não clássico do
átomo foi feita por Niels Bohr. Embora seu modelo não fosse um sucesso completo, ele
introduziu conceitos novos surpreendentes, que conduziram ao desenvolvimento do
modelo atômico moderno da estrutura atômica. Bohr percebeu que para elucidar a
estrutura atômica deveria se estudar um pouco da natureza da luz emitida por
substâncias aquecidas, a temperaturas altas ou sob a influência de uma descarga elétrica.
Mais especificamente, ele acreditava que a luz era produzida quando os elétrons nos
átomos sofriam alterações de energia. Portanto antes de chegarmos ao modelo proposto
por Bohr faremos um parênteses e estudaremos algumas das características da luz e
outras formas de energia radiante.

Radiação eletromagnética

Raios X, luz visível, radiação infravermelha e ultra-violeta além das ondas de


rádio são formas de radiação eletromagnética, que viajam como ondas através do
espaço a uma velocidade constante c (chamada de velocidade da luz) cujo valor é de
aproximadamente 3,00 x 10 10 cm/seg. Estas ondas são caracterizadas pelo
comprimento de onda  que é a distância entre dois máximos ( ou mínimos
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consecutivos na onda e por sua frequência, f que é o número de máximos que passam
por um dado ponto por segundo. O comprimento de onda e a frequência estão
relacionados um ao outro, pela equação  x f = c
Uma onda eletromagnética pela qual é transmitida energia radiante é uma
combinação de campo elétrico e magnético ambos oscilando e vibrando em planos
perpendiculares. Os intervalos de frequências eletromagnéticas (e de comprimentos de
onda correspondentes) forma o espectro visível, é uma banda relativamente estreita que
nossos olhos são capazes de detectar. Ao expandirmos o diagrama podemos
correlacionar o comprimento de onda com a cor. Ondas de comprimento de onda
pequeno (alta frequência) são vistas como no violeta. Figura 1G.
A frequência é dada em Hertz e é igual a ciclos por segundo (s -1) ou recíproco
do segundo. Os comprimentos de onda são dados em metros com excessão do espectro
visível onde são dados em nanômetros (1nm = 10 -9 m).

Espectroscopia atômica

Os espectros relacionam-se de forma direta com a estrutura do átomo, portanto


qualquer teoria que se disponha a explicar os dados espectrais tem que esclarecer o
grande número de dados acumulados nos estudos dos espectros atômicos.
Quando os átomos se combinam durante as reações químicas, são os elétrons
que envolvem os núcleos que interagem, pois só as partes externas dos átomos ficam
em contato umas com as outras. Logo as propriedades químicas dos elementos são
determinadas pela maneira segundo a qual os elétrons estão arrumados.
Newton havia descoberto que a luz branca podia ser dispersadas em bandas de
cores por um prisma ( como no arco íris). Trabalhos posteriores indicavam que sólidos
aquecidos ou líquidos incandescentes produziam bandas contínuas de cores. Os gases
por sua vez produziam cores isoladas, as chamadas linhas espectrais. As regularidades
observadas nos espectros das substâncias indicavam que elas podiam ser originadas das
vibrações mecânicas dentro do átomo.
Luz branca como a luz solar é composta de uma série de ondas eletromagnéticas
com comprimentos de onda variando de 400 nm a 700 nm. Esta mistura de ondas pode
ser separada usando-se um prisma ótico, que desvia o raio de luz ( refração) e também
desvia luz de diferentes comprimentos de onda( dispersão)
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A figura 1H mostra um raio de luz solar sendo refratado, (desvio do raio de luz)
e disperso (desvio da luz de diferentes comprimentos de onda) por um prisma. A luz
branca produz um arco íris, variando do vermelho (comprimento de onda longo) ao
violeta ( comprimento de onda curto). Esse espectro é um espectro contínuo e pode ser
obtido a partir da luz emitida por um filamento de uma lâmpada incandescente comum.
Quando as substâncias são aquecidas a altas temperaturas por uma chama ou um
arco de descarga elétrica, há emissão de luz e a sua cor dependerá da substância que está
sendo investigada. Por exemplo sódio e compostos de sódio emitem luz amarela
brilhante, ao passo que potássio e compostos de potássio emitem luz de uma coloração
violeta fraca. Estas cores podem ser analizadas espectroscopicamente para se
determinar, quais comprimentos de onda da luz são emitidos. Quando este,
experimento é feito com o gás hidrogênio o resultado é um espectro de linhas, em vez
de um espectro contínuo Figura 1I. Cada linha na tela é produzida por um único
comprimento de onda e frequência distinta e a série completa de linhas é chamada
Séries de Balmer, por ter sido estudada por Balmer em, 1885.
Balmer estabeleceu uma relação muito simples entre os diversos comprimentos
de onda que produzem as linhas na série para o átomo de hidrogênio. Uma das fórmulas
desta relação é :
1/ = R ( 1 - 1 ) onde o comprimento de onda em nanômetros, R é
22 n 22
uma constante ( constante de Rydberg) e n é um número inteiro 3 ou maior. O valor de
R é 1,1 x 10 -2 nm -1 e substituindo n pelos números inteiros ( n > 3) Balmer chegou
a conclusão que com esta fórmula poderia predizer o comprimento de onda de cada
uma das linhas (dentro do erro experimental).
O hidrogênio produz uma outra série de linhas espectrais, as Séries de Lyman na
região ultra-violeta do espectro e as Séries de Paschen no infravermelho. Na região
visível as Séries de Balmer. As diferentes equações podem ser combinadas em uma
única equação a equação de Rydberg.
1 = R ( 1 - 1 )
 n1 2 n22

Esta equação dá origem aos comprimentos de onda de todas as linhas em cada


série da seguinte maneira:

Séries de Lymann n1 = 1 e n2 = 2,3,4,5.......


Séries de Balmer n1 = 2 e n2 = 3,4,5,6.......
Séries de Paschen n1 = 3 e n2 = 4,5,6,7.......
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É importante saber que outros elementos álém do hidrogênio também dão


espectro de linhas. Porém estes são mais complexos, consistindo em mais linhas e linhas
cujos comprimentos de onda não podem ser relacionados por equações simples como a
de Rydberg.
O espectro atômico também pode ser usado para identificar as composições de
misturas. Por exemplo, você pode ter assistido a filmes de crimes na TV em que uma
mancha na roupa da vítima de um acidente pode ser analizada quanto aos elementos que
contém, bem como as quantidades relativas de cada um; isto é feito através da análise
do espectro atômico. Os resultados podem ser comparados a uma análise similar de uma
mancha semelhante encontrada em um carro suspeito. Havendo coincidências do
resultado, certamente haverá grande evidência do suspeito ser o autor do acidente.

O átomo de Bohr

Analizaremos agora a descricão teórica de um modelo cuja energia do elétron


está quantizada. Bohr desenvolveu seu modelo atômico, mantendo a concepção de
Rutherford acêrca do núcleo, mas propondo o comportamento do elétron condicionado a
restrições quânticas isto é, um elétron em um átomo não é livre para ter qualquer
quantidade de energia, mas deve ter quantidades distintas e específicas de energia. Seu
raciocínio baseia-se nos seguintes postulados:
Postulados de Bohr para o átomo de hidrogênio e sistemas hidrogenóides :

1- Ao elétron dentro de um átomo, somente são permitidos certos estágios estacionários


de movimento, cada um possuindo determinada energia fixa:

2- Quando um átomo se acha em um destes estágios não irradia e nem absorve energia,
mas passando de um estágio de alta energia a um nível de energia menor, o átomo emite
um quantum de radiação com energia igual a hf que é a diferença entre esses dois
estágios.

3- O elétron gira em torno do núcleo em órbitas circulares.

4- Os estágios de movimento eletrônico permitidos são aqueles, nos quais o momento


angular do elétron é um múltiplo inteiro de h/ 2

No início do século XX , Max Planck e Einstein usando aproximações


totalmente diferentes, demonstraram que toda radiação eletromagnética se comporta
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como se fosse composta de pequenos pacotes de energia que é proporcional a


frequência da luz.

E=hxf
Onde E = energia do fóton
H = constante de Planck = 6,6 x 10 -34 J.s
Sabemos que frequência e comprimento de onda estão intimamente relacionados
através da equação  x f = c ou f = c/ logo a energia do fóton será E = h x c

Esta equação mostra que a radiação eletromagnética tem único e distinto
comprimento de onda. Bohr descreveu a origem do espectro da seguinte maneira: cada
átomo de um elemento tem disponível um conjunto de energias quantizadas, ou níveis
de energia, para seus elétrons. Normalmente o átomo está no seu estado fundamental:
isto é todos os elétrons estão nos níveis mais baixos de energia disponíveis. Quando o
átomo absorve energia de uma chama ou descarga elétrica, seus elétrons passam a
níveis de energia mais altos. O átomo agora está em estado excitado. Mas existem agora
níveis de energia mais baixos vazios e assim cada elétron cai de um nível de energia
quantizado mais alto E2 para um mais baixo E1. Para um certo elétron a diferença entre
esses estados de energia é a quantidades de energia perdida pelo elétron e é igual a
energia do fóton de energia eletromagnética ( luz) que é emitida. Em outras palavras da
equação temos que E2 - E1 = E fóton = h x c

Portanto uma linha espectral distinta de comprimento de onda é responsável
pelas energias eletrônicas E2 e E1. Em um certo átomo são possíveis muitas destas
transições de níveis mais altos para mais baixos. Cada uma contribui para uma só linha
distinta no espectro daquele elemento.
Para deduzirmos a fórmula que dá as energias dos estágios permitidos temos
que: Inicialmente a estabilidade mecânica da órbita eletrônica requer que a fôrça
coulombica entre os elétrons e o núcleo seja contrabalançada pela fôrça centrífuga
devido ao movimento circular Fôrça coulombica = Fôrça centrífuga então temos :
Ze 2 = mv 2 equação 1
r2 r

onde m e v são as massas e as velocidades do elétron Z é o número atômico ou seja


número de unidades de carga elementar e do número atômico, r é a distância que separa
o elétron do núcleo.
Simplificando teremos: Z e 2 = mv 2 equação 2
r
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Pelo postulado 4 : temos que mvr = nh equação 3 n = 1,2,3....


2
Combinando-se a expressão 3 com a expressão 2 teremos que

r = n2 h2 x 1 n =1,2,3.... equação 4
4 Ze2 m
Ao substituirmos os valores das várias constantes a expressão para o raio torna-se :
r = 0,529 n2 A0
Z
ou seja para um dado átomo o raio de uma órbita é diretamente proporcional ao
quadrado do seu número quântico. Sabemos que a energia total do elétron é a soma da
energia cinética e da energia potencial logo
E total = 1 mv 2 - Z e2
2 r

E total = 1 Ze2 - Ze2 = - 1 Ze2


2r r 2r

Substituindo o valor de r da equação 4 obtemos:


E total = - 2 mZ2 e4 n =1,2,3,4......
n 2
Esta expressão dá o valor da energia permitida para o elétron no nível energético
permitido. Substituindo o valor das constantes obtemos:
E = - 13,6 Z 2 eV
n2
Voltando a expressão da energia total do elétron temos que só certos valores de
energia são permitidos ao átomo, sendo , estas dependentes do valor de n.
No caso do hidrogênio (Z =1). As energias dos níveis são negativas pois a
energia do elétron dentro do átomo é menor que a energia de um elétron livre que teria
seu valor fixado em zero.
Para um átomo o nível mais baixo de energia é o n=1 à medida que n aumenta, E
fica menos negativo. Quando n = E = 0 é quando temos um átomo ionizado o elétron e
o núcleo separados e em repouso.
A diferença de energia entre dois níveis pode ser calculado pela fórmula.

E= E2 - E1 = 22m Z2 e4 ( 1 - 1 )
h2 n12 n22
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Quando n2 > n1, E > 0 e indica ter havido absorção de energia, o caso
contrário teríamos E< 0 indica liberação de energia.
A teoria de Bohr deu um grande impulso à estrutura atômica, porém é restrita,
pois só explica o espectro do átomo de hidrogênio e átomos unieletrônicos He+ , Li++ .
Ele pode ser adaptada para vários outros átomos, mas para os átomos da maioria dos
outros elementos é um fracasso total, porque a série de linhas espectrais previstas pela
teoria, simplesmente não corresponde ao que é observado na realidade. Não explicando
a razão pela qual os átomos se unem para formar moléculas.
O modelo de Bohr, entretanto, serviu como base, e como importante ferramenta
para os conceitos atuais da estrutura atômica. A noção de quantização de energia foi
perturbadora no início de 1900. Os trabalhos de Planck e Einstein e Bohr pareciam
revolucionários, porque por muitos anos se acreditou, que a natureza não dá saltos ou
melhor não há descontinuidades finitas na natureza. Mas o conceito de quantização
sobreviveu mesmo que o modelo de Bohr não o tenha conseguido, pois o mesmo foi
abandonado 12 anos após ser enunciado pois não explicava detalhes dos espectros dos
átomos multieletrônicos.

A Teoria Dos Quanta De Max Planck

A teoria eletromagnética foi muito bem sucedida ao explicar fenômenos como


difração e dispersão. Mas esta teoria clássica não era capaz de explicar a natureza da
radiação que emana de um sólido aquecido. Antes de se considerar a luz como onda
havia uma teoria devida a Newton que considerava a luz como um fluxo de partículas
ou corpúsculos. A escolha entre essas duas teorias, parcialmente satisfatórias porém
muito diferentes entre si durou quase dois séculos até que surgiu Max Planck que as
unificou criando a teoria corpúsculo ondulatório da natureza da luz. Assim existiam
circunstâncias onde a luz se comportava como se fôsse composta de pequenas partículas
ou quanta de energia ( mais tarde chamadas fótons). A energia, E, do fóton emitido ou
absorvido por uma substância aquecida é proporcional à frequência da luz f (incidente).
Estas duas quantidades estão relacionadas pela equação seguinte E fóton = h x f

E= energia de um quantum de radiação


h= constante de Planck
f= frequência da radiação
Além de introduzir o termo descontinuidade da energia (isto é energia
quantizada) Planck afirmou que haveria a possibilidade de haver transição entre esses
estados quantizados sendo a diferença de energia entre entre eles correspondente a uma
quantidade de energia que ele chamou de quantum.
18

Resumindo temos que a espectroscopia é o estudo das análises das radiações


emitidas por substâncias aquecidas. Qualquer substância só emite energia quando
aquecida e fornece um espectro descontínuo e específico. É descontínuo porque a luz
produzida pela excitação dos elétrons do elemento não aparece numa graduação
contínua de cores e sim em linhas coloridas. É específico porque cada espectro
caracteriza um determinado elemento.

O EFEITO FOTOELÉTRICO

Por volta de 1902 sabia-se que a luz ao incidir numa superfície metálica
limpa, no vácuo induzia esta a emitir elétrons. A existência deste efeito fotoelétrico
não era surpreendente, com base na teoria clássica da luz, era de se esperar que
a energia da onda eletromagnética pudesse ser usada para expelir um elétron do
metal. Entretanto a imagem ondulatória da luz era incapaz de explicar a experiência
em detalhes, primeiramente nenhum elétron era emitido a não ser que a frequência da
luz atingisse um certo valor crítico fo. Em segundo lugar os elétrons emitidos
possuiam energias cinéticas que aumentavam à medida que a frequência da radiação
aumentava e finalmente o aumento da intensidade luminosa não modificava a energia
dos elétrons, mas aumentava a quantidade dos mesmos emitida por unidade de tempo.
Pela teoria ondulatória, a energia da luz independe da sua frequência, verificando-se,
assim a incapacidade da teoria explicar seja a dependência da energia cinética da
frequência seja o limiar fotoelétrico f. Além disso a teoria ondulatória previa que a
energia dos elétrons devia aumentar à medida que a intensidade da luz aumentasse, o
que estava em contradição com os resultados experimentais.
Em 1905, Einstein explicou estas observações com auxílio de sua teoria do
efeito fotoelétrico. Ele supôs que a luz incidente na chapa metálica seria constituída de
diminutas partículas ou fótons de energia hf. Propôs que um fóton de frequência f e
energia hf, incide numa superfície, cedendo sua energia a um elétron. Certa quantidade
dessa energia, E, é utilizada para vencer as forças de atração entre o elétron e o metal, o
resto é disponível para ser utilizado pelo elétron expulso e aparece como energia
cinética 1/2 mv2. Pela lei da conservação da energia temos: hf = E + 1/2 mv 2
onde E representa o mínimo de energia que o fóton deve ter para expulsão do elétron.
Se exprimirmos E em termos da frequência, isto é E = hfo e a equação de Einstein se
transforma em :
h f = hfo + 1mv2
2
2
½ mv = hf - hfo
19

Representando graficamente a energia dos elétrons expulsos em função da


frequência resultará uma linha reta com inclinação igual a constante de Planck h
que intecepta o eixo da frequência em hfo.

Energia
do
eletron

fo

frequência, f→

O MODELO DA MECÂNICA QUÂNTICA


Na década de 1920, havia um conflito entre o modelo da onda e o do fóton da
luz, e outro a idéia dos quanta de energia como consequência de algum princípio mais
básico.

O insucesso da Mecânica Quântica

O conceito novo da física é chamado mecânica quântica, ou mecânica


ondulatória. A mecânica mais antiga é baseada nas leis do movimento e Newton, é hoje
em dia chamada mecânica Newtoniana ou mecânica clássica.
Como Bohr concluiu a mecânica clássica é inadequada para prever o
comportamento de pequenas partículas, tais como elétrons, núcleos, moléculas, átomos.
A mecânica quântica tem sucesso nesse aspecto.
Os efeitos quânticos incluem em primeiro lugar a quantização de energia. Como
já foi dito Planck e Einstein demonstraram que a energia é acondicionada em pequenos
feixes ou corpúsculos ou quanta. O nome fóton é dado a um quantum de energia
eletromagnética. Desta maneira as ondas eletromagnéticas possuem algumas das
propriedades das partículas.
Outro efeito quântico é que as partículas podem exibir propriedades de ondas.
Pode parecer esquisito à primeira vista, pois significa que quantidades como
comprimentos de onda, frequência podem ser utilizadas para descrever partículas, como
elétrons, átomos pulgas ou automóveis.
20

Essa idéia surgiu em 1927 quando o filósofo francês Louis de Broglie


raciocinando em termos de que a natureza deveria ser simétrica e supondo que se a luz
tem caráter dual (onda corpúsculo) a matéria também deveria ter este caráter.

Hipótese de de Broglie

De Broglie associou um caráter ondulatório à matéria em movimento e criou o


conceito de onda material. De Broglie chegou a conclusão de que os elétrons poderiam
ter comprimento de onda, inicialmente pela combinação de duas equações, uma
deduzida poi Einstein e a outra por Planck.
A energia de um fóton de frequência f é dado por hf e pela equação de
Einstein essa energia é mc2, onde m é a massa do fóton e c a velocidade da
luz.
E= mc2 é a energia de uma partícula de massa m
E = hf é a energia de uma onda de frequência f
Igualando teremos: mc2 = hf mas f = 1
c 
Então mc = h = h
 mc

De Broglie foi além. Raciocinando que se algo parecido com ondas como a luz
pode ser considerado como um fluxo de, partículas, talvez algo tão parecido com
partícula, como um elétron, possa ser idealizado como onda. Ao contrário da luz que
se propaga à velocidade constante, os elétrons se deslocam a diversas velocidades,
assim se substituindo c pela velocidade de um elétron f, na equação acima, de
Broglie obteve:
m= h ou = h
v mv

Assim podemos calcular o comprimento de onda de um elétron, e na


realidade de qualquer partícula, a partir da massa e da velocidade da partícula.
Utilizando a equação de de Broglie podemos calcular o comprimento de
onda de um elétron, sabendo que a constante de Planck h = 6,6 x 10 -34 j.seg e
como um joule é definido como 1kgm2 s-2 então teremos: 6,6 x 10 -34 kg m2s-
1.
Exemplo: A massa de um elétron é de 9,1x10-31 kg e que o mesmo se
desloca a uma velocidade de 4,0 x 10 4 m/s. Calcule o comprimento de onda
associado a esse elétron se movimentando.
21

 = 6,63 x 10 -34 kg m2s-1 = 1,8 x 10 -8 m.


(9,1 x 10 -31 kg) (4,0 x 104 ms -1)

que é equivalente a 18 nm, isso mostra que elétrons que se movimentam a 4,0 x 10 4
ms-1 possuem um comprimento de onda de 18 nm. Pela equação de De Broglie,
todas as partículas devem, ter propriedades semelhantes as das ondas. Porém os
objetos do dia a dia têm massas tão grandes (comparadas com o valor minúsculo de
h, constante de Planck) que o comprimento de onda, mesmo de uma pulga, por
exemplo, é negligenciável. O termo da velocidade v, no denominador da equação de de
Broglie, poderia ser em princípio tão pequeno, que mesmo o comprimento de onda de
uma pulga seria suficientemente grande para ser mensurável. A velocidade teria de ser
da ordem de 103 nm por ano e tal velocidade é imperceptível. Assim o caráter
ondulatório normalmente só tem significado para coisas tão pequenas como os elétrons.
Exemplo : Calcule o comprimento de onda de uma pulga pesando 1,5 mg e saltando a
uma velocidade de 2,0 m/s.
1kg - 106 mg
x - 1,5 mg x = 1,5 x 10 -6 kg

v = 2 m/seg

h = 6,63 x 10 -34 kgm2 /seg

 = h = 6,63 x 10 -34 kgm2 s-1 = 2,2 x 10-28 m


m v (1,5x10-6 kg) (2,0 m/s)

 = 2,2 x 10 -19 nm, uma vez que isto é menor do que um átomo pequeno (cerca de
10 nm ) podemos ignorar sem medo de errar o comprimento de onda de uma pulga (
uma pulga é mais partícula, do que onda).

Energias eletrônicas

Existem evidências experimentais para esta dupla natureza onda - partícula da


matéria. Observou-se que algumas partículas incluindo os elétrons, prótons e neutrons,
exibiam difração, uma propriedade que só pode ser explicada pelo movimento
ondulatório. O motivo da natureza ondulatória da matéria não ter sido descoberto
mais cedo deve-se ao fato dos objetos serem grandes para ser observados a olho
22

nu como com auxílio do microscópio e possuem tanta massa que seus


comprimentos de onda são curtos para serem observados.
Na mecânica quântica um elétron é considerado como tendo, comportamento
tanto semelhante a uma onda como a partícula. Pode-se perguntar. Quais as energias dos
elétrons nos átomos? Onde se situa cada elétron ? O que ele está fazendo?
O Princípio da incerteza de Heisenberg

Os termos posição e velocidade são usados para descrever o comportamento das


partículas macroscópicas. Em 1927, Heisenberg um físico alemão, desenvolveu uma
relação importante conhecida como Princípio da Incerteza. O Princípio da Incerteza
indica, que é impossível conhecer ao mesmo tempo a posição e a velocidade de
uma partícula pequena com qualquer grau de certeza.
Matematicamente temos que:  p .  x = h

 p = incerteza na quantidade de movimento


 x = incerteza na posição
h = constante de Planck
Como o produto das incertezas é aproximadamente constante ao tentar
diminuir a incerteza na posição aumentará a incerteza na quantidade de movimento.
É importante lembrar que o princípio da incerteza só tem significado físico nos
sistemas de dimensões atômicas devido ao fato do pequeno valor da constante de
Planck.
Para explicar o princípio da incerteza, temos que utilizar por exemplo uma
sonda de dimensões atômicas com a finalidade de medir a posição de um elétron, para
isso utilizamos uma radiação com um comprimento de onda muito menor que o da luz.
A energia de tal radiação, porém seria tão grande que modificaria o momento, e em
consequência, a velocidade, numa quantidade grande, incerta.
Levando-se em conta o princípio de Heisenberg, as órbitas de Bohr que seriam
circulares deixam de ter significado físico e a partir de agora as teorias a serem
utilizadas para estudar o comportamento do elétron o farão de forma estatística.

A equação de Schrodinger

Em 1926, surgiu uma nova mecânica que foi desenvolvida simultaneamente por
Heisenberg e Schrodinger, sendo a diferença, entre o trabalho dos dois apenas o método
matemático usado.
A teoria de Schrodinger permitiu achar as energias permissíveis de sistemas
físicos resolvendo uma equação que se assemelha tanto às equações da teoria
23

ondulatória que é chamada de equação ondulatória. Schrodinger juntamente com


Heisenberg são considerados os fundadores da teoria quântica, nascendo assim a
mecânica quântica, também conhecida como mecânica ondulatória. Através da
resolução da equação de Schrodinger são obtidas informações sobre os diversos estados
de energia para o átomo de hidrogênio e também podem ser empregados para descrever
vários outros átomos. A equação de onda em três dimensões é:

E = - h 2 (  2
 +  2 +  2 ) + U (x,y,z)
82m x2 y2 z2

onde  é uma função de onda

U(x,y,z) é a energia potencial do elétron em função das três dimensões (x,y,z)

E = energia total do elétron


m= massa do elétron
 = símbolo das derivadas parciais

Uma equação de onda não se parece com uma equação algébrica. É do tipo
equação diferencial, e como se sabe tem várias soluções. Isto também é válido para as
equações de onda enunciadas para os elétrons nos átomos. De uma equação de onda se
obtem, uma série de soluções separadas, cada uma correspondendo a um estado de
energia diferente. Portanto na mecânica não é preciso admitir a quantização de energia,
como foi no caso do átomo de Bohr. Ao invés disso, a condição de quantização da
energia floresce naturalmente da teoria. Ocorre como uma consequência direta do
cárater ondulatório do elétron.

Cada solução de uma equação de onda é chamada de função de onda e é


representada pela letra grega  ( psi).

O que é psi ?

Psi é uma amplitude de probabilidade e por si só não tem significado físico. Mas
o quadrado de psi tem uma interpretação física importante, pois mede a probabilidade
de encontrar o elétron numa dada posicão do espaço dado pelas coordenadas x,y,z o
ORBITAL.
24

O ÁTOMO DE HIDROGÊNIO

Usando-se a equação de Schrodinger, foi concluído um tratamento teórico


completo para o átomo de hidrogênio, e os resultados concordando com as informações
experimentais em todos os detalhes.
O tratamento teórico do átomo de hidrogênio também tornou-se útil para todos
os sistemas atômicos mais complexos. Portanto, para se entender a periodicidade das
propriedades atômicas e a natureza das ligações químicas é preciso estudar-se o
comportamento do elétron no átomo de hidrogênio.

A teoria de Bohr presumia a existência de números quânticos supostos


arbitrariamente. Porém quando a equação de Schrodinger é aplicada ao átomo de
hidrogênio os números quânticos aparecem como uma consequência automática da
matemática. Há quatro desses números quânticos que especificam as energias
permitidas e o comportamento geral do elétron. São eles:

1- O número quântico principal n


É um número inteiro que pode assumir todos os valores positivos excluindo o
zero até o infinito.
N relaciona-se com a energia e a extensão do orbital.

2- O número quântico do momento angular l

O valor de l determina o momento angular do elétron, l é responsável pela


forma dos orbitais, podendo ter valores, desde zero até n-1. Os valores de l são
simbolizados por letras.
l=0 →s
l=1 →p
l=2 →d
l=3 →f
l=4 →g

3- O número quântico magnético m


Dá as orientações espaciais dos orbitais atômicos. Para cada valor de m
podemos associar uma direção que corresponde a um orbital. m pode alcançar todos os
valores inteiros entre -1, +1 e inclusive o zero.
25

Os três números quânticos combinados representarm perfeitamente um orbital.

Spin eletrônico e o Princípio da Exclusão de Pauli. Sabemos que a cada função


de onda podemos associar uma região, no espaço onde há probabilidade finita de
acharmos o elétron a qual chamamos orbital. Porém não sabemos quantos elétrons
podem existir num orbital.
Este problema foi solucionado por Uhlenbeck e Goldsmith introduzindo
experimentalmente o quarto número quântico, ( que não provém da teoria de
Schrodinger) este número de Spin relaciona-se com o movimento giratório do elétron
em torno do, seu próprio eixo. O número quântico de spin pode ter só dois valores: +1/2
e -1/2.
Após o conceito de spin eletrônico. Pauli enunciou o princípio da exclusão,
segundo o qual dois elétrons no mesmo orbital não podem ter quatro números
quânticos iguais.
Possibilitando dizer que em um orbital só pode existir no máximo, dois elétrons,
um elétron com spin +1/2 e o outro com spin -1/2.
Há vários tipos de orbitais, cada um correspondendo a uma das possíveis
combinações dos números quânticos. Esses orbitais são classificados conforme os
valores de n e l conjugados com eles.

Forma dos orbitais

Quanto à forma dos orbitais atômicos a mecânica ondulatória sugere os


seguintes os modelos.

1- Orbital tipo "s" - l = 0 tem forma esfero-simétrica. Figura 1J

2- Orbital tipo "p" - L =1 tem forma de halteres. Neste caso temos três orbitais "p", eles
diferem única e exclusivamente em relação à direção no espaço e formam ângulos de
90 entre si. Fig 1L

3- Orbital tipo "d"- L = 2 apresentam uma forma mais complexa que os "s" e "p". São
em número de cinco, os quais diferem, não só na orientação espacial, mas também na
forma. Quatro dos cinco orbitais são iguais na forma e diferem na orientação. O quinto
difere na forma e na orientação. Figura 1M
26
27

Regiões Nodais

A mecânica ondulatória sugere um modelo estatístico para o átomo, onde se


procura dizer onde o elétron provavelmente estará. Porém mesmo num orbital que é a
região onde há maior probabilidade de achar o elétron existem regiões onde a
probabilidade de achá-los é nula. Com isso estamos querendo dizer que a amplitude de
probabilidade  (psi) se anula em algumas regiões do orbital são as chamadas "regiões
nodais".
As curvas de distribuição radial de probabilidade, isto é a variação dos valores
de probabilidade de achar o elétron em distintas regiões do espaço nos fornece
informações sobre as regiões nodais. Para o orbital 1s a curva de distribuição radial
mostra que a probabilidade de encontrarmos o elétron, cresce à medida que se afasta do
núcleo, atingindo um máximo a um certo valor ro em seguida começa a diminuir e
anula-se no infinito. Ao combinar-se estas informações com a forma esfero-simétrica
do orbital 1s concluímos que para o orbital 1s. Figura 1N não há região nodal.

Figura 1N- Distribuição de Probabilidade radial para o elétron 1s.


No tocante ao orbital "2s" a curva de distribuição apresenta-se pouco diferente
da "1s". Porém neste caso temos 2 picos de probabilidade separados por uma região
nodal. Figura 1O.
28

Figura 1O- Um orbital 2s


Gráfico da densidade de probabilidade e secção transversal da nuvem eletrônica.
Generalizando para os orbitais tipos "s" o número de regiões nodais é n-1. O
núcleo não é considerado região nodal para os orbitais do tipo s.
Para o orbital 2p a curva de distribuição radial de probabilidade é zero no
núcleo, crescendo à medida que se afasta do núcleo atingindo um valor máximo e após
diminui. Como os orbitais 2p são três para cada orbital 2p há um plano nodal. Figura
1P.
Para os orbitais "3p" a curva de distribuição radial mostra que existem duas
regiões de probabilidade máximas separadas por uma região nodal. Figura 1Q.

Figura 1P – Um orbital 2p
Gráfico da densidade de probabilidade .
Secção transversal da nuvem eletrônica

Figura 1Q - Um orbital 3p
Gráfico da densidade de probabilidade .
Secção transversal da nuvem eletrônica.
29

Os orbitais "p" com n >2 existem além do plano nodal comum a todos os orbitais
"p" regiões de probabilidade zero.
Generalizando dizemos que o número de lóbulos menores entre os, lóbulos
maiores e o núcleo é igual a n-2.

ÁTOMOS POLIELETRÔNICOS

Aplicar a mecânica a átomos com muitos elétrons é um processo matemático


difícil, mas os resultados teóricos obtidos concordaram com as experiências.
Sabemos que cada orbital é rotulado por um conjunto de números quânticos,
idênticos aqueles usados para o átomo de hidrogênio.
O número quântico principal n é muito importante para a determinação da
energia do orbital, enquanto L é responsável pela sua configuração e propriedades
angulares. A princípio tentou-se fazer uma distribuição eletrônica para átomos
multieletrônicos onde a energia seria apenas função de n, mas posteriormente verificou-
se que o número quântico Ltambém afeta a energia dos orbitais.
A energia dos orbitais cresce à medida que n cresce, mas em alguns casos
ocorrem inversões, que só puderam ser explicadas ao admitir-se a dependência de n e
L, à energia dos orbitais.
Ordem e Energia dos Orbitais
E= n+L
Sabe-se que os orbitais 3d são mais energéticos que os orbitais 4s. Como
explicar ?
E (3d) = n +L E (4s) = n+1
E (3d) = 3+2 E (4s) = 4+0
E (3d) = 5 E (4s) = 4

Logo será mais energético o orbital 3d pois a soma n+ L é maior.


Quando a soma n+l der igual será mais energético o orbital de maior valor de n.
Há um outro método para efetuar a distribuição de energia dos orbitais, é o chamado
método das paralelas, onde os orbitais "s" são postos na primeira, os "p" na segunda
coluna e os orbitais "d" e "f" nas terceiras e quartas colunas. Em seguida passa-se uma
reta oblíqua por "1s" e tiram-se paralelas pelos demais orbitais. A ordem de energia
crescente será: 1s, 2s, 2p, 3s, 3p, 4s, 3d, 4p, 5s, 4d, 5p, 6s, 4f, 5d, 6p, 7s, 5f, 6d, 7p, 5g,
6f.................
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Uma característica muito importante de um elétron num orbital é que cada


elétron tem uma combinação de n, L, m e ms que de algum modo é diferente de todos os
outros elétrons no átomo, sendo conhecido como princípio da exclusão de Pauli. É um
fato experimental que não tem explicação fundamental.
Quando se faz o preenchimento dos orbitais com elétrons para os vários
elementos, a teoria dos átomos multieletrônicos satisfaz a periodicidade em termos de
energia eletrônica e em termos de níveis de energia a serem preenchidos.
A distribuição dos elétrons se faz na ordem crescente de energia isto é os
elétrons ocupam inicialmente os orbitais vazios de menor energia conservando seus
spins no mesmo sentido- Princípio da máxima multiplicidade de Hund.

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