1
Sumário
2
1 Ligações covalentes, ácidos e bases
3
carbono de tripla ligação tem seus orbitais hibridados na forma sp. Observe alguns
exemplos de estruturas orgânicas portadoras de C, H, N e O.
CH3CH2OCH2CH3 H2 H2
C C Éter apresenta o oxigênio entre dois carbonos saturados.
Éter dietílico H3C O CH3
H2
CH3CH2CH2NH2 C NH2
H3C C
Amina primária H2
Propilamina A amina primária apresenta o radical NH2 ligado diretamente a carbono sp3.
sp2
Ligação pi, π
H
sp3 C CH3
H3C C A estrutura do 2-buteno apresenta dois carbonos sp3 e dois carbonos sp2.
H
Ligação sigma, σ
H2
CH3CH2 CNH2 C NH2 A estrutura da amida apresenta o radical -CONH
2
Amida O H3C C
Propanamida Ligação dupla. Um traço representa a ligação sigma
O e o outro a ligação pi
4
organismos vivos eram portadores da “força vital” e que seria impossível à síntese desses
compostos a partir de um composto inorgânico.
Em 1828 a teoria da força vital entrou em decadência com a descoberta de Friedrich
wohler, que obteve uréia através do aquecimento do cianato de amônio.
O
calor
NH4 OCN C
Cianato de amônio NH2 NH2 Uréia
Etanol ou
álcool etílico
H H H H H
H
H C C C H H C O C H H C O H
H H H H H H
Propano Éter dimetílico Metanol
5
H H H H H H
H C C O H H C C C C H
H H H H H H
Etanol Butano Etanol Butano
K L M N O P
n=1 He 2
n=2 Ne 2 8
n=3 Ar 2 8 8
n=4 Kr 2 8 18 8
n=5 Xe 2 8 18 18 8
n=6 Rn 2 8 18 32 18 8
3Li → 3Li
+1
+ 1e-
1 2 2
( 1s 2s ) ( 1s )
Li +1 tem configuração eletrônica semelhante ao gás nobre hélio.
11Na ( 1s2 2s2 2p6 3s1 ) → 11Na +1 (1s2 2s2 2p6 ) + 1 elétron
+1
11Na tem configuração eletrônica semelhante ao gás nobre Neônio.
6
eletrostática coulombiana entre as cargas ser menor. Os elementos localizados no grupo
VIIA da tabela periódica, são os halogênios, e possuem propriedades diferentes das
apresentadas pelos metais alcalinos localizados no grupo IA da tabela periódica. A
Configuração eletrônica da camada de valência dos halogênios é ns2 np5, de acordo com
esta configuração eletrônica, estes átomos terão afinidade por elétrons, pois, precisam justo
de um elétron para completar oito elétrons na camada de valência. A energia liberada
quando um elétron é adicionado a um átomo do elemento gasoso, transformando-o em
ânion gasoso mononegativo, chama-se afinidade eletrônica ou eletroafinidade.
A + 1e- → A-1
ns2 np5 ns2 np6
2e- 2e-
[Ne] 3 s 2
11Na [Ne] 1e -
Cl [Ne] 3 s 2 2e- + Na [Ne] 3so
17Cl 1e- -
2e- 2e
1
3 p5 3s Cl [Ne] 3s2 3p6 = Cl [Ar]
7
O conceito de eletronegatividade mostra a tendência que um átomo tem de atrair para si o
par de elétrons que esta sendo compartilhado na formação da ligação. Quando o
compartilhamento é realizado com átomos de eletronegatividades diferentes, a nuvem do
par de elétrons compartilhado se desloca para o átomo mais eletronegativo, gerando um
dipolo elétrico na molécula. Desta forma o átomo mais eletronegativo fica com carga
parcial negativa enquanto que o menos eletronegativo fica com carga parcial positiva.
δ δ δ δ
H2 H-H Br2 Br - Br H - Cl H3C - NH2
Ligações covalentes apolares Ligações covalentes polares
As moléculas orgânicas, em sua grande maioria, apresentam em suas estruturas
ligações covalentes polares. É na ligação covalente polar que ocorre às transformações
químicas, por este motivo, nesta região se localiza o sítio ativo da molécula. Na molécula
de um haloalcano, R – X, a ligação covalente polar se encontra entre o carbono e o
halogênio, sendo assim, o sitio reacional ou sitio ativo da molécula será nesta ligação, e é
exatamente neste local que ocorrerá a transformação química.
δ X X = I, Br, Cl .
δ
H
CH3 Sítio reacional. Nesta região ocorrerá a transformação química da molécula.
δ
δ H
H δ
O
CH3
Ligação covalente polar, carbono-oxigênio.
Aqui pode acontecer uma transformação química.
8
Dimetilamina
H H H
H
H C N C H H C N C H
H H H H H
H
Fórmula estrutural de Lewis Fórmula estrutural de traços Modelo molecular
Estrutura de Kekuler
Etilmetilamina
H H H H H H
H C N C C H H C N C C H
H H H H H H H H
Fórmula estrutural de Lewis Fórmula estrutural de traços
Estrutura de Kekuler Modelo molecular
Éter dimetílico
H H H H
H c o c H H C O C H
H H H
H
Fórmula estrutural de Lewis
Fórmula estrutural de traços Modelo molecular
Estrutura de Kekuler
9
O O
H O S O O S O H
O O Fórmula estrutural de traço
Fórmula estrutural de Lewis Fórmula de Kekulé
Carga formal = Elétrons de valência - metade dos eletrons ligantes - elétrons não ligantes
HCO3 O
O
O C O H O C O
H
Forma estrutural de Lewis Forma estrutural de traço
Fórmula de Kekulé
10
Fórmula estrutural de traço
H O H H O H
H C S C H H C S C H
H H H H
1.7 Ressonância
11
Estruturas de ressonância do eteno
H H H H
Este carbono contém
cinco elétrons. Carbono
aniônico, tem excesso de um elétron.
Este movimento do par de elétrons ocorre entre orbitais p, veja como acontece.
H H
H H
C C C C
H H H H
3e- 5e-
O O O O
O
C C C C C
+ +
H3C CH3 H3C CH3 +
H3C NH2 H3C NH2 H3C NH2
Função cetona: propanona
Função amida: etanamida
O O O
C H C H C H
+
H3C O H3 C O H3 C O
+
Função ácido carboxílico : ácido etanóico
1,3-Butadieno
12
O O O
O
C H C H C H
+ C
H
+
13
Forma molecular H Forma ionizada
O O + Cl
H Cl
H H H H
Base conjugada
Par de elétrons do O o hidrogêniodo Água protonada do ácido clorídrico
oxigênio é oveículo ácido é capturado Cátion hidronio
de retirada de H+ na forma de H+
[ H3O] .[Cl]
Ka =
[HCl]
Por definição pKa = - log Ka, e assim valores numéricos baixos para o pKa
identificarão os ácidos fortes. O ácido clorídrico por ser um ácido forte apresenta um valor
de pKa = -7 enquanto que o ácido carbônico, H2CO3, por ser mais fraco apresenta um valor
de pKa de 6,35. Os ácidos fracos sofrem ionização parcial em água. A reação é reversível e
o equilíbrio está deslocado para o lado da forma molecular, este comportamento se mostra
presente nos ácidos carboxilicos.
14
H2O + H - Br H3O+ + Br-
O H
H H H - Br O H + Br
H
H H
H H
P O H O O P O + H O
O
H H
H H
15
Ácido carbônico
H2CO + H2O H3O + HCO3 Ka1 = 4,2 x 10-7
-2
3HCO + H2O H3O + CO3 Ka2 = 5,6 x 10-11
3
Ácido oxálico
H2C2O4 + H2O H3O + HC2O4 Ka1 = 5,4 x 10-2
-2
HC2O4 + H2O H3O + C2O4 Ka2 = 5,4 x 10-5
O H Cl O + Cl
H H δ δ
H H Base conjugada
Base, veículo de retirada de H+ . Ácido doador de H +
Ácido conjugado
Aceptora de proton
A tabela 1.02 mostra o valor do pKa de alguns ácidos. Observe que o ácido com
menor valor de pKa apresenta maior força ácida (acido forte) e como conseqüência
mostrará uma base conjugada fraca. O ácido de pKa alto é um ácido fraco e vai apresentar
uma base conjugada forte. O etino pKa = 25 e um ácido fraco, desta forma, sua base
conjugada HC≡C–, será forte.
Tabela 1.02.Valor de pKa de ácidos e suas respectivas bases conjugadas. (Solomons, 2005)
16
Ácido Pka Base cojugada
HSbF6 Ac. forte < – 12 SbF6– Base fraca
HI –10 I–
H2SO4 –9 HSO4–
HBr –9 Br–
HCl –7 Cl–
C6H5SO3H –6,5 C6H5SO3–
(CH3)2 +OH –3,8 (CH3)2O
(CH3)2C= +OH –2,9 (CH3)2C= O
+
CH3O H2 –2,5 CH3OH
H3O+ –1,74 H2O
HNO3 –1,4 NO3–
CF3CO2H 0,18 CF3CO2–
HF 3,2 F–
CH3CO2H 4,75 CH3CO2–
H2CO3 6,35 H2CO2–
NH4+ 9,2 NH3
C6H5OH 9,9 C6H5O–
Ácido Pka Base conjugada
HCO3– 10,2 CO32–
CH3NH3+ 10,6 CH3NH2
H2O 15,7 OH–
CH3CH2OH 16 CH3CH2O–
(CH3)3COH 18 (CH3)3CO–
–
CH3COCH3 19,2 CH2COCH3
HC≡CH 25 HC≡C–
H2 Ác. mais fraco 35 H– Base mais forte
17
Vamos analisar esta segunda reação, que mostra a amônia na presença da água.
Nesta reação a água é um ácido de Bronsted pois doa um próton. A amônia é uma base de
Bronsted pois recebe um próton.
O O
P H P H
H O H O O + H O
H
H H H H
Ácido de Bronsted Base de Bronsted Base conjugada Ácido conjugado
Doador de H+ Recebe H+
H H
O O
C
C
H3 C CH3
H3 C CH3
18
maior estabilidade. É importante compreender os deslocamentos eletrônicos envolvidos nas
reações ácido-base, a seta de duas pontas indica o movimento do par de elétrons que
promove a formação de uma nova ligação com posterior quebra de outra ligações. As
reações orgânicas polares são embaladas nesse movimento.
π EL
H2C CH2 H Br H2C CH2 Br
σ
Eteno desloca seu par Base conjugada
H
de elétrons pi para capturar Ácido conjugado do HBr
o hidrogênio do HBr da base eteno
H2 H2
C H C H
H OSO3H + OSO3H
H3C O H3 C O
Ácido sulfúrico H
Etanol é a base Ácido conjugado Base cojugada
doa o próton
recebe próton da base etanol do H2SO4
O Ânion metóxi é
a base recebe
CH3C CH2 o próton O
H HOCH3
OCH3 CH3C CH2
Propanona é o ácido,
doa próton Ânion enolato Ácido conjugado
base conjugada da base ânion metóxido
da propanona
19
O O
H H
H H H
N N O -
OH + N N
H H H H
H
H
Ácido de Lewis
recebe o par
de elétrons Base conjugada
Base de Lewis
Cl doa um par Cl Cl
de elétrons Cl
Al Al Cl Cl Al + Cl
Cl Cl
Cl Cl Cl Cl Cl Cl Ácido
conjugado
Cl Cl
Cl
Al Cl Cl Al Cl Cl
Cl Cl Cl
20
Formação do cloreto de aluminio
H H
H
H
C O H
C O H
Ânion hidroxíla é
H uma base de Lewis. Metanol
H
Doa o par de elétrons
Carbocátion metila é
um ácido de Lewis.
Recebe o par de elétrons
21
H2O O
O C O H
O
C
CO2 O C O H
O
O
Ácido de Lewis
Base de Lewis H
recebe o par de elétrons H
doa o par de elétrons
O
O H2CO3
C H
H
O O
A primeira etapa da reação de alquilação de Friedel Crafts, que tem como objetivo
formar alquil-benzeno, mostra este conceito de ácido-base em todas as etapas.
R+ é o Ácido de Lewis
recebe o par de elétrons
EL Este cátion é o intermediário
R H da reação e recebe a denominação
+ de carbocátion
R
Anel aromático base de Lewis
doa o par de elétrons
Neste processo o par de elétrons pi forma uma ligação química com o eletrófilo,
promovendo a formação de uma carga positiva no interior do anel, neste momento o anel
deixa de ser aromático.
A terceira e última etapa deste mecanismo também é uma reação ácido-base.
H
HCl AlCl3
+ Cl AlCl3
R R
Base de Lewis Aquil-benzeno
Ácido de Lewis
22
O par de elétrons do ânion cloreto captura o hidrogênio do anel, formando o ácido
clorídrico. A saída do hidrogênio favorece o deslocamento do par de elétrons para o anel,
desta forma a aromaticidade do anel é recuperada.
A reação a seguir é comum no processo de substituição nucleofilica denominado de
solvólise. A reação mostra a conexão do carbocátion com o nucleófilo água.
CH3
CH3
H3C CH3
H2O
Álcool protonado
CH3 H2O CH3
A água é a base deLewis
Carbocátion t-butila é o
ácido de Lewis
CH2CH2 H
Substrato: alceno ER
EL H2C CH2
H Cl H2C CH2
H2C CH2
Cl H Produto: haloalcano
Base de Lewis Ácido de Lewis
Cl
Ânion cloreto (base de Lewis)
atacando o centro catiônico do
carbocátion etila (ácido de Lewis)
Cloroetano
Eteno
Nesta reação, a etapa lenta mostra o eteno como sendo a base de Lewis por doar o
par de elétrons, enquanto o ácido clorídrico recebe o par de elétrons, sendo então o ácido de
Lewis. Na reação denominada de etapa rápida, aparece como ácido de Lewis o carbocátion
etila, perceba que ele recebe um par de elétrons e forma uma nova ligação carbono-cloro,
enquanto que o ânion cloreto doa o par de elétrons sendo, portanto, a base de Lewis.
O O O O
23
deslocados para o oxigênio, este movimento eletrônico deixa o carbono da carbonila
positivo pronto para receber o nuleófilo e formar a ligação química.
C=O NU - C - O
NU Complexo coordenado
Base O carbono da carbonila Produto de adição
Nucleófilo é um centro eletrofílico
Se a base for uma base forte pode acontecer a captura de hidrogênio da parte terminal
da estrutura. Veja a estrutura da propanona, que apresenta um centro eletrofílico no carbono
da carbonila. Este centro eletrofílico (centro catiônico) exerce uma atração nos elétrons
sigma da ligação carbono-carbono e carbono-hidrogênio, desta forma os hidrogênios
conectados ao carbono se tornam passíveis de ionização.
3HC H3C
C O C O
3HC H2C
Deslocamento dos elétrons sigmas
H rumo ao centro catiônico
δ
Propanona H3 C H3C
Ácido de Lewis C= O C= O + H NU
Eletrófilo H2C
H2C Ácido conjugado
Base conjugada
H Ion enolato
NU (Nucleófilo). Base de Lewis capturando hidrogênio da parte terminal da estrutura
24
O O O
W = CH2 W = NH W=O
H Aldeídos e cetonas H Amidas pKa H Acidos carboxílicos
H
C N em torno de 15 O pKa = 19
H2 pKa = 19
H
O O
H B
C + B
Ácido de C
H3C CH3 Base conjugada
Lewis H3C CH3
Base de Lewis Ácido conjugado
O ácido conjugado é uma cetona protonada que através do efeito de ressonância desloca
a carga positiva para o carbono.
H
+ H
O O
C C
H3C CH3 H3C CH3
São substâncias que possuem em sua estrutura centros básicos e centros ácidos, e
sendo assim, podem agir nas reações iônicas como acido e como base dependendo do tipo
de reagente colocado no sistema. As estruturas a seguir são anfotéricas.
25
Par de elétrons livre do nitrogênio
capturando o hidrogênio ionizável da
carboxila da alanina
NH2 H NH3
CH O CH O
H3C C H3C C
O Aminoácido alanina O Modelo molecular da alanina
H H
H
O + O
H 3C H3C
H NH3 H H
NH2 H HOOC
HOOC
Ácido recebe
Base, doa par Ácido conjugado
o par de elétrons
de elétrons
Segue a reação em que o aminoácido desempenha a função de ácido.
H H
O
H3C OH H3C + H H
C-O-H C-O
H2N Base, doa par H2N
Ácido conjugado
Ácido recebe O de elétrons O
o par de elétrons Base conjugada
26
Autoionização do ácido etanóico (ácido acético).
Ácido conjugado
CH3C = O
CH3C = O - H + O
Ligações sigma e pi Ligações sigma e pi OH Base conjugada
O O O
B
H
+ HB
C CH2 CH2
H2
H B é o ácido e B é a base.
Na reação seguinte o ácido conjugado BH, tem seu hidrogênio ionizável capturado
pelo excesso de elétrons presente no oxigênio.
O OH
H-B + B
CH2 CH2 H B é o ácido e B é a base.
Enol
O processo através de catálise ácida ocorre quando o ácido presente no meio
reacional protona a carbonila e libera base conjugada. No momento seguinte, a base
conjugada captura hidrogênio do carbono alfa a carbonila, levando a formação do enol.
H
O O OH
H B + B
+ HB
H
C CH2
H2
H B é o ácido e B é a base.
27
1.15 Acidez de ácidos carboxílicos saturados
O efeito indutivo positivo passa a ser atuante na diminuição da força ácida. Efeitos
estéricos ou de impedimento espacial perto da carboxila contribuem para a diminuição da
força ácida. Nas estruturas dos ácidos carboxílicos a seguir, o hidrogênio conectado ao
grupo funcional carboxila, foi seqüencialmente substituído por radicais alquila, desta
forma, surgiram as estruturas dos ácidos etanóico
etanóico (ácido acético), propanóico (ácido
propiônico), mostrando um aumento crescente no valor do pka,indicando assim, uma
diminuição na força ácida.
Observe o valor de pka para as estruturas abaixo.
CH3COOH CH3CH2COOH
HCOOH
O valor de ∆G
G depende da entalpia e da entropia através da equação.
metanóico
etanóico
ka ΔG
28
A energia livre padrão favorece mais a reação para o ácido metanóico, o que esta
compatível com o maior valor para a constante de ionização (1,8 x 10-4), que indica o ácido
metanóico, como sendo o mais forte. As reações de ionização serão mostradas a seguir, e
para cada ácido será realizada uma avaliação das bases conjugadas.
O O O
C H C C H3O
H O H 2O H O H O
Ácido Base
Base conjugada 2 formas canônicas iguais de mesma
energia ocasiona maior estabilidade.
O O
Formas de ressonância diferentes
C H C H ocasiona maior energia.
H O H O
O O O
C H C C H3O
H3 C O H2O H3 C O H3 C O
Ácido Base conjugada com formas de ressonâncias iguais
pka = 1,84
pka = 4,25
pka = 4,88
29
a
a
H2C CHCOOH H2C CHCOOH
b
b Forma que contribui para
H2C CHCOOH o aumento da força ácida.
Ácido 2-clorobutanóico pka = 2,84 Ácido 3-clorobutanóico pka = 4,06 Ácido 4-clorobutanóico pka = 4,52
COOH COOH
30
Comparando a diferença de acidez entre o ácido benzóico e o ácido fórmico,
percebemos que o ácido benzóico é mais fraco pelo fato da fenila agir como um grupo que
joga elétrons para fonte geradora de H+ por conta do efeito de ressonância. Quando a
ressonância permitir o fluxo de elétrons rumo a fonte geradora de H+ (carboxila), a
ionização será dificultada e o ácido será mais fraco.
C-OH
H -COOH O
Ácido fórmico, pka = 3,77 Ácido benzóico pka = 4,20
OH
OH
COOH COOH
=O CH-O
HC
Um grupo ativador tem a capacidade de jogar elétrons por ressonância para o anel
aromático, aumentando por este motivo à densidade eletrônica do mesmo, neste momento,
dizemos que o anel se encontra ativado. Um grupo desativador trabalha de forma contrária,
pois retira elétrons do anel através do efeito de ressonância, diminuindo a densidade
eletrônica do anel, deixando o anel desativado.Vamos verificar cuidadosamente como o
grupo formila desativa o anel aromático, para isto, utilizaremos os orbitais p de carbono sp2
conectado na formação do anel de seis.
O O O
H H H
31
O
O O
H
H H
H
H2 H2
C +
C H + O
O H3C O
H3C O H H
H H
O
O
O +
C
C H H H H3C O + H3O
H3C O
C
H3C O
32
7- Escreva o produto para as reações ácido-base. Utilize as setas curvas para mostrar o
deslocamento de par de elétrons.
a) Ácido acético + água →
b) Propanona + ácido clorídrico →
c) Cloreto de alumínio + Cl2 →
d) Metanol + hidreto de sódio →
8- Cite dois exemplos de interconversão ceto-enólica utilizando a catálise ácida e
básica.
9- Coloque os ácidos carboxílicos e seus derivados em ordem crescente de acidez.
a)Ácido butanóico
b)Ácido propanóico
c)Ácido 2-clorobutanóico
d)Ácido 3-clorobutanóico
33
R 2pyo
R1 2px1
O
H H H
2s2 2pzo
H 105O
pz
px
py
2s
1s
34
2.1 Hibridação dos orbitais do carbono
O carbono se localiza na família 14 da tabela periódica, possuí quatro elétrons na
camada de valência e a seguinte distribuição eletrônica, 1s2 2s2 2p2.
De acordo com a mecânica quântica, a configuração eletrônica de um átomo de carbono em
seu estado de energia mais baixo recebe a denominação de estado fundamental e é
representado por:
ns2 np2
Estado Fundamental
px py pz
Esse tipo de hibridação existe no carbono que faz quatro ligações sigma. O
termo sp3 designa um orbital híbrido formado a partir de um orbital s e três orbitais
p.
Estado ativado
Estado Híbrido
sp3 sp3 sp3 sp3
35
O antigo orbital 2s se uniu aos orbitais 2p, formando quatro orbitais sp3
semipreenchidos de mesma energia. Assim, o carbono poderá efetuar quatro
ligações sigma, justificando, portanto, seu comportamento tetravalente.
Orbital 2py
ψ
ψ
ψ ψ Orbital 2pz
Orbital 2S
ψ
ψ
Orbital 2px ψ Hi
bri
diz
açã 109,50
o
ψ
ψ
ψ ψ
O carbono que faz quatro ligações sigma tem geometria tetraédrica, devido
ao ângulo de afastamento entre os pares eletrônicos dos quatro orbitais sp3; esse
ângulo corresponde a 1090,5. Os elementos da família do carbono (silício e
germânio) também formam moléculas através desse tipo de hibridação.
36
e hidrogênio e uma é efetuada pelo compartilhamento de elétrons entre os dois
carbonos.
O lóbulo pequeno do orbital sp3se encontra ausente para melhor clareza do desenho.
H H H
H
Etano
H H H
CH3 - CH3
Metano
H H H
CH4 Ligação sigma entre carbonos
Ligação sigma entre carbono e hidrogênio
109,5o
H H H
H
H
H
H H
Metano H H Etano
2s1
Estado hibridado sp2
Estado fundamental
2px1 2py1
2s2
Veja a disposição espacial do carbono sp2. Os três orbitais híbridos sp2 se encontram
dispostos em um plano formando entre si um ângulo de 1200 (figura 2.04). Esses três
orbitais são responsáveis pela formação de três ligações sigmas. O orbital p que não
participou do processo de hibridação se localiza perpendicularmente ao plano que contém
os orbitais hibridados, sendo o formador da ligação pi.
37
Orbital p perpendicular aos orbitais hibridados
H H H H
C C C C
H H H H
Modelo molecular do eteno
H H H
H
C C ou H2C = CH2 H2C - CH2
C C
H H
H H
Figura 2.06. Ressonância do eteno
38
A movimentação de elétrons e mostrada com o uso de setas, veja.
H H
Figura 2.07. Estrutura orbitalar do eteno
O sitio reacional dos alcenos se encontra na ligação pi, pelo fato do par de elétrons
que forma essa ligação ser facilmente deslocado de um orbital p para outro. Quando esse
par de elétrons se desloca provoca uma carga negativa no carbono que contém o orbital p
que recebeu o par de elétrons e uma carga positiva no carbono que contém o orbital p que
perdeu elétron. Desta forma, fica criado um dipolo elétrico. Neste local ocorre a
transformação química, pois pode ser adicionado um reagente transformador integralmente,
pela conexão da parte positiva do reagente no pólo negativo do alceno e da parte negativa
no pólo positivo do alceno.
39
Polo positivo do eteno, recebe parte negativa (nucleófilo)
do reagente transformador.
20 movimento 10 movimento
H H H
C C C CH2
H2 C CH2 H2 C CH2
C C H2C C
H H H
Figura 2.08. Ressonância do 1,3-butadieno
Ressonância no cicloheptatrieno
+
+
+
40
+
+ +
Ressonância no benzaldeído.
O O O O
O
+
+
H H H H
H
+ +
O
H
Ressonância na anilina
+ + +
NH2 NH2 NH2
NH 2 NH2
H H
H H
H H
H H
41
H3C H
Propeno H H
Ciclopropeno
H H H CH3
Cicloexeno
Cis-2-buteno Trans-2-buteno
F Cl Maior prioridade
Maior prioridade
H3C H
(E)-1-Cloro-1-fluopropeno
H3C Br Br H H CH3
(Z)-2-Bromo-1-Cloro-1-fluopropeno (E)-2-Bromo-1-Cloro-1-fluopropeno (Z)-1-Cloro-1-fluopropeno
42
Dependendo da localização da ligação pi, as olefinas podem ser denominadas de
dieno conjugado e dieno isolado. O dieno conjugado apresenta uma ligação sigma entre
duas ligações pi. O dieno acumulado apresenta no mínimo duas ligações sigmas entre as
ligações pi.
H 1 2 H H
5
C C
H 2 H H 3 CH3 Dieno conjugado
1 H 4
5 H C 1,3- pentadieno
C C 3 H
4
H C As ligações pi são separadas por um ligação sigma.
H2 H
Dieno isolado
As ligações pi são separadas por um carbono sp3,
1,4- pentadieno
que forma duas ligações sigmas com os carbonos 2 e 4.
Nomenclatura (E,Z) para estereoisômeros com duas ligações pi. Dienos conjugados.
H H
1 3 5 7
H3C 2 C 4 C 6 CH3 Átomo ligante de maior prioridade conectado ao carbono 2,
C C CH2 é o carbono da metila.
Átomo ligante de maior prioridade conectado ao carbono3,
H H é o carbono 4 do encadeamento.
Átomo ligante de maior prioridade conectado ao carbono4,
(2E,4E)-heptadieno
é o carbono 3 do encadeamento.
Átomo ligante de maior prioridade conectado ao carbono5,
é o carbono 6 formador do radical etila.
6
H CH2 7
1 3 5 CH3 Átomo ligante de maior prioridade conectado ao carbono 2,
H3C 2 C 4 C é o carbono da metila.
C C H Átomo ligante de maior prioridade conectado ao carbono3,
é o carbono 4 do encadeamento.
H H Átomo ligante de maior prioridade conectado ao carbono4,
(2E,4Z)-heptadieno é o carbono 3 do encadeamento.
Átomo ligante de maior prioridade conectado ao carbono5,
é o carbono 6 formador do radical etila.
2.9 Hibridação sp
43
A hibridação sp é a mistura de um orbital s com um orbital p (pertencentes a um
mesmo nível quântico), resultando em dois novos orbitais híbridos denominados de sp que
serão responsáveis pela formação de duas ligações sigmas.
Este processo de hibridização segue a mesma linha de raciocínio aplicada
anteriormente nas hibridações sp3 e sp2, mudando apenas a combinação dos orbitais no
estado ativado, que passa a ser um orbital s interagindo com um orbital p, gerando dois
novos orbitais sp.
Em um carbono do tipo sp existirão dois orbitais p que não participaram do
processo de hibridação (orbitais “puro”) e serão responsáveis pela formação de duas
ligações covalentes do tipo π e dois orbitais hibridados sp que serão responsáveis pela
formação de duas ligações sigmas.
2 orbitais p que não passaram
pelo processo de hibridação
HC CH ou CHCH
CH3C CH
propino
Cicloexino
Etino ou acetileno
44
A tripla ligação do etino é formada por duas ligações pi e uma ligação sigma.
HC CH
+
CH2 C As duas ligações pi da estrutura favorecem duas
reações de adição. A primeira leva a formação
de uma olefina (adição parcial). A segunda reação
CH2 CH leva a formação de um alcano ou de um derivado
+ de alcano( adição total).
CH2 C
NU E
HC CH HC CH HC CH
NU E
2s2
45
Este movimento eletrônico mostra o diborano interagindo com o tetraidrofurano. O boro
recebe um o par de elétrons do oxigênio por ser um ácido de Lewis. No momento em que o
boro recebe o par de elétrons a estrutura do diborano se rompe.
H H H
2O 2 H3B O
B B
H H H Tetrahidrofurano Complexo borano-
Diborano THF tetrahidrofurano
H B O O H2C CH2
H Etilborano
2o Furano
3o
H2C CH2
Eteno
46
Estado 4 orbitais sp3
sp3
Fundamental Estado Geometria tetraédrica
2px1 2py1 1 Hibridado Ângulo entre os orbitais 109,5o
n=2 2pz
n=2 sp3
sp3
2s2
sp3
A repulsão entre os elétrons não ligantes e os elétrons de ligação faz com que o
ângulo de 1090 28′ (109,5o) diminua para 1070. A nova geometria molecular formada é
piramidal e permite a molécula maior estabilidade.
47
Geometria tetraédrica Geometria angular
16S
[Ne] 3s2 3p4 4so 3do
SF6 F
F F
S
F F
F
Figura 2.10. Estrutura do hexafluoreto de enxofre
48
Schrodinger são equivalentes, e ambas são casos particulares da teoria quântica mais geral
de Dirac e J. Von Neuman.O formalismo que se utiliza em química é o de Schrodinger. A
equação de Schrodinger independente do tempo para estados estacionários descreve o
movimento do elétron em função de sua energia, e é representada pela igualdade
matemática.
HΨ=EΨ
Psi,Ψ, é a função de onda que caracteriza o orbital, que seria uma distribuição
possível do elétron no espaço.
E, é a energia associada a cada orbital
H é o operador hamiltoniano, o mais importante da mecânica quântica, este operador esta
previsto no segundo postulado da mecânica quântica, que diz: a cada propriedade física do
sistema, corresponde um operador hermitiano linear, que deve ser obtido das expressões
clássicas. O hamiltoniano geral para uma molécula de M núcleos e N elétrons, na ausência
de campos externos e desprezando os efeitos não coulombianos, é representado por:
H= Energia cinética dos núcleos + energia cinética dos elétrons + repulsão entre núcleos+
repulsão entre elétrons + atração entre núcleos e elétrons.
Para um sistema em que a energia potencial é zero, o hamiltoniano seria.
H = - ħ/2m . ▼2 ħ = h/2π
49
Quando as funções de onda referente a cada elétron, estão em fase, ocorre a
sobreposição dos orbitais atômicos. Assim as amplitudes se somam e a interferência recebe
a denominação de interferência construtiva dos orbitais atômicos, e forma-se o orbital
molecular ligante. A função de onda que representa o orbital molecular ligante é
representada matematicamente pela equação.
ΨOML= N (ΨA + ΨB)
ΨOML é a função de onda que representa o orbital molecular ligante.
ΨA, é a função de onda que representa o orbital atômico A.
ΨB, é a função de onda que representa o orbital atômico B.
N, é o fator de normalização da função Ψ, decorrente do fato da função psi obedecer a
equação ∫ Ψ Ψ*dττ=1 e ser portanto uma função normalizada.
todo o espaço
50
Vamos utilizar para este entendimento a molécula do eteno (figuras 2.12 e 2.13).
Primeiramente será efetuada a formação do orbital molecular ligante π e posteriormente
será efetuada a formação do orbital molecular antiligante π*. Observe que na formação do
orbital molecular ligante, os orbitais envolvidos possuem sinais de fase iguais, já na
formação do orbital molecular antiligante, de maior energia, os orbitais envolvidos
possuem sinais de fase diferentes.
As energias relativas dos orbitais ligante, não-ligante e antiligante são mostradas na figura
2.14.
σ∗
Energia
π *
Orbital molecular antiligante
elétrons n Orbital molecular não-ligante
π Orbital molecular ligante Ocupado
σ Orbital molecular ligante
Orbital
51
Propanona
CH3COCH3 Elétrons livres.Orbital molecular
não-ligante, HOMO
Oxigênio maior densidade eletrônica
Figura 2.15. Identificação do orbital molecular não-ligante na propanona.
H
O
H2
C N C
H
H 3C C
H2 H3C CH3
Propilamina Propanona
Amina primária Função cetona
H H
C C H C C H
H H
Eteno Hidrocarboneto: alcino
Hidrocarboneto: alceno
H C2H5
Br
H3 C
H3C H H CH3
5- Mostre a formação do orbital molecular ligante pi e antiligante pi* para a estrutura do
eteno.
52
Bibliografia
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