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Química Geral

Termoquímica
Aula 6

Prof. Arion Zandoná Filho

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico
Conversa Inicial
Na aula de hoje abordaremos a TERMOQUÍMICA. Esse tema objetiva o
estudo das variações de energia que acompanham as reações químicas.
Veremos que a direção na qual uma reação se processa é determinada por dois
fatores: as variações energéticas e entrópicas. O estudo quantitativo das
variações energéticas (calor) associadas com as reações químicas é, portanto,
a termoquímica.

Para uma introdução à aula de hoje, assista ao vídeo que está


disponível no material on-line.

Contextualizando
Ao se imaginar as ações da termoquímica não podemos deixar de pensar
sobre a energia que transita entre os corpos e que essa energia é conservativa.
Não podendo ser criada ou destruída, apenas transformada. Se o átomo é
energia e não há reação química que ocorra sem variação de energia, essas
variações, nas reações químicas, podem se manifestar sob a forma de calor e
luz liberada ou absorvida. A origem da energia envolvida numa reação química
decorre de maneira geral de um novo arranjo entre as ligações químicas por
afinidade entre os átomos. O conteúdo de energia armazenado, principalmente
na forma de ligações, é chamado de ENTALPIA (enthalpein, do grego = calor) e
simbolizado por H (heat). Isso é primordial para entendermos as propriedades
físicas e químicas da matéria, o comportamento dos materiais frente ao calor e
as suas afinidades químicas e estruturais, e a partir desse conceito entender a
ação do calor e a sua interação nos processos de engenharia.
Assista ao vídeo a seguir, analise e associe o comportamento da energia
sobre a matéria.
https://www.youtube.com/watch?v=3sKf-tT6Zes

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Termodinâmica
Vamos iniciar nosso estudo sobre calor e reações, fazendo uma breve
revisão dos conceitos físicos sobre energia e relacionando esses fatos às
interações entre átomos e moléculas. Sabemos que, na mecânica clássica,
havendo ausência de forças dissipativas, portanto ausência de trocas de energia
na forma de calor, a energia mecânica atua de maneira correlata ao da energia
interna, pois ambas se conservam em sistemas isolados.
O sistema Termodinâmico pode ser representado através dos seus
componentes básicos, que são os processos termodinâmicos, suas
propriedades, seu estado e suas funções de estado.
Em um sistema termodinâmico, uma substância de trabalho é definida
como a parte do universo que está sob consideração. Qualquer outra coisa em
questão é chamada de sistema. Uma fronteira hipotética pode ser criada: o
sistema do resto do universo, que é referido como o ambiente, a vizinhança ou
reservatório.
Uma classificação útil dos sistemas termodinâmicos é baseada na
natureza da fronteira e as grandezas que fluem através dele, como matéria,
energia, trabalho, calor e entropia. Um sistema pode ser qualquer coisa, por
exemplo, um pistão, uma solução em um tubo de ensaio, um organismo vivo, um
circuito elétrico, um planeta etc.
Abaixo representamos essa interação entre sistemas.

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De forma direta, energia interna (nas moléculas e átomos) é uma
grandeza termodinâmica que mensura o conteúdo total de energia encerrado
pelas fronteiras que definem um sistema termodinâmico. Refere-se, pois, à
energia total associada apenas aos constituintes do sistema em si. A energia
interna não leva em consideração a energia eventualmente armazenada em
interações do sistema com sua vizinhança.
Como podemos conceituar essa condução dos sistemas térmicos?
Vejamos a seguir.

Energia e calor
Energia é a capacidade de realizar trabalho ou transformar calor e é
estudada através das leis da termodinâmica e termoquímica.
As variações de energia, nas reações químicas, manifestam-se sob a
forma de calor (geralmente) e luz liberada ou absorvida.
Os estados da matéria caracterizam essas passagens de energia na
matéria.

A Lei Zero da Termodinâmica estabelece que dois corpos possuem a


mesma temperatura se estiverem em equilíbrio térmico entre si. Essa lei permite,
também, definir uma escala de temperatura, por exemplo, as escalas de
temperatura Celsius e Fahrenheit.
A escala de temperatura Celsius define a temperatura de solidificação da
água, formando gelo, como sendo zero graus Celsius (0°C) e a de ebulição da
água a partir do estado líquido como sendo 100°C, quando submetidos à pressão

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de 1 atmosfera. Já na escala Fahrenheit, a temperatura do gelo é de 32°F e a
do vapor como 212°F, quando submetidos à pressão de 1 atmosfera.
Mede-se as mudanças de estado pelo calor absorvido ou emitido com
referência a uma escala de temperatura e que resulta em aumento ou diminuição
das distâncias intramoleculares.

Para melhor entender esse fenômeno devemos ter em mente a primeira


lei da termodinâmica que é a lei de conservação da energia. Nela observamos a
equivalência entre o calor e o trabalho. Esta lei afirma que a energia total
transferida para um sistema é igual à variação da sua energia interna, é o
conteúdo de energia armazenado, principalmente na forma de ligações.

∆𝑯 = 𝑯𝒇 – 𝑯𝒊 (entalpia final menos entalpia inicial)

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A origem da energia envolvida numa reação química decorre,
basicamente, de um novo arranjo para as ligações químicas. Veja o exemplo da
formação da água. Quando as moléculas estão isoladas possuem maior energia,
quando estabelecem a ligação, perdem o excedente de energia para o meio.

O mesmo mecanismo de reação ocorre quando o sódio reage com o cloro


liberando muita energia. A reação de formação de NaCl (s) a partir de seus
elementos químicos Na(s) e Cl(g) existe pois há afinidade química e uma variação
de energia chamada entalpia. Essa variação para a reação é o “delta h” (ΔH) de
formação para NaCl(s). Na verdade a formação de NaCl (s) ocorre pela
transferência de elétrons de Na para Cl.
A perda de elétrons por um átomo é sempre um processo endotérmico.
Remover um elétron de Na(g) para formar Na+(g) requer 496 kJ/mol.
De maneira contrária, quando um não-metal ganha um elétron, o
processo é geralmente exotérmico, como visto pelas afinidades eletrônicas
negativas dos elementos. A adição de um elétron a Cl (s) libera 349 kJ/mol.

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Se a transferência de um elétron de um átomo para outro fosse o único
fator na formação de uma ligação iônica, o processo total raramente seria
exotérmico. Por exemplo, a remoção de um elétron de Na (g) e a adição a Cl (S) é
um processo endotérmico que requer 496 – 349 = 147 kJ/mol. Entretanto, isso
propõe que os átomos de sódio e cloro estão infinitamente distantes um do outro.
A principal razão para os compostos iônicos serem estáveis é a atração
entre os íons de cargas opostas. Essa atração mantém os íons unidos, liberando
energia e fazendo com que eles formem um arranjo ou rede, como a mostrada
para NaCl.
Uma medida da quantidade de energia necessária para a estabilização
que se obtém quando íons de cargas opostas são agrupados em um sólido iônico
é dada pela energia de rede.
A energia de rede é a energia requerida para separar completamente um
mol de um composto sólido iônico em íons gasosos.
Vejamos o exemplo para NaCl (s): imagine que a estrutura mostrada abaixo
expande-se de tal forma que as distâncias entre os tons aumente até que fiquem
completamente separados.

Esse processo requer 788 kJ/mol, que é o valor da energia de rede.

NaCl(s) -------> Na+(g) + Cl-(g) ΔHrede = 788 kj/mol

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O processo oposto, portanto, a aproximação do Na (g)+ e do Cl(g)- para
formar NaCl(s), é altamente exotérmico (ΔH = -788 kJ/mol).
As energias de rede podem ser tabeladas e utilizadas para comparar os
diferentes retículos cristalinos, por representarem as ligações químicas no
espaço.
Valores muito positivos indicam que os íons estão fortemente atraídos uns
pelos outros nesses sólidos.
A energia liberada pela atração entre os íons de cargas contrárias mais
do que compensa a natureza endotérmica das energias de ionização, tornando
a formação de compostos iônicos em processo exotérmico.
As fortes atrações também fazem com que a maioria dos materiais iônicos
seja dura e quebradiça, com altos pontos de fusão (o NaCl(s) funde-se a 801°C).
Para determinar arranjo de íons, a energia de rede aumenta à proporção
que as cargas nos íons aumentam e que seus raios diminuem. A energia de
rede depende basicamente das cargas iônicas, uma vez que os raios iônicos
não variam dentro de uma faixa muito larga.

Forças das ligações covalentes


A estabilidade de uma molécula está relacionada com a força das ligações
covalentes que ela contém. A força de uma ligação covalente entre dois átomos
é determinada pela energia necessária para quebrar a ligação.
É mais fácil relacionar a força de ligação com a variação de entalpia nas
reações nas quais as ligações são quebradas. A energia de ligação é a variação
de entalpia, ΔH, para a quebra de uma ligação em particular em um mol de
substância gasosa.
Por exemplo, a entalpia de ligação para a ligação entre os átomos de cloro
na molécula de Cl 2 é a variação de entalpia quando um mol de Cl 2 é dissociado
em átomos de cloro.

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Usamos a designação ΔHl (tipo de ligação) para representar as entalpias
de ligação.
É relativamente simples atribuir entalpias de ligação a ligações em
moléculas diatômicas. A energia de ligação é a única energia necessária para
quebrar a molécula diatômica em seus átomos constituintes.
Entretanto, para ligações que ocorrem apenas em moléculas poliatômicas
(como a ligação C-H), devemos invariavelmente usar as energias médias de
ligação.
Por exemplo, a variação de entalpia para o seguinte processo (chamado
atomização) pode ser usada para definir a entalpia de ligação para a ligação C-
H.

Como existem quatro ligações C-H equivalentes no metano, o calor de


atomização é igual à soma das energias de ligação das quatro ligações C-H.
Portanto, a entalpia média da ligação C-H para o CH4 é:

ΔE(C-H) = (1.660/4) = 415 kJ/mol.

A entalpia de ligação para determinado conjunto de átomos, digamos C-


H, depende do resto da molécula da qual essa ligação faz parte.
Entretanto, a variação de uma molécula para outra é geralmente pequena.
Isso sustenta a ideia de que os pares de elétrons ligantes estão localizados entre
os átomos. Se considerarmos as entalpias de ligação C-H em vários compostos,
encontraremos que a entalpia média de ligação é 413 kJ/mol, que é muito
próximo do valor de 415 kJ/mol calculado para o CH4.
Quando uma transformação se dá à pressão constante e o único trabalho
possível é o trabalho de expansão, o calor liberado é igual a ∆H, sendo:

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∆H = qp = calor de reação à pressão constante

Quando falamos de calor de reação, referimo-nos a variações de entalpia,


embora se empregue, frequentemente, o termo entalpia da reação.
Somente no caso de reações a volume constante é que o calor liberado
iguala a variação de energia:
qv=∆E
A entalpia de ligação é sempre uma grandeza positiva; é sempre
necessário fornecer energia para romper ligações químicas. Contrariamente, a
energia é sempre liberada quando uma ligação é formada entre dois átomos
gasosos ou fragmentos moleculares.

Quanto maior a entalpia de ligação, mais forte é a ligação.

Uma molécula com ligações químicas fortes geralmente tem menor


tendência a sofrer variação química do que aquela com ligações fracas. Essa
relação entre ligação forte e estabilidade química ajuda a explicar a forma
química na qual muitos elementos são encontrados na natureza. Por exemplo,
ligações Si-O estão entre as ligações mais fortes que o silício forma. O exemplo
clássico é o SiO2 e outras substâncias contendo ligação Si-O (silicatos), que são
comuns na crosta terrestre (mais de 90%) devido a essa natureza da matéria.

Leitura obrigatória
Faça uma leitura dos subitens 5.1, 5.2 e 5.3 do livro Química: a Ciência
Central, de Brown, Lemay e Bursten. Leia com atenção os exercícios resolvidos
e prepare-se para fazer os exercícios propostos.
Para complementar seus estudos, assista ao vídeo indicado a seguir. Veja
em particular a partir do minuto 27 slide 21:
http://videoaula.rnp.br/v.php?f=/ufjf/ciencias_exatas/qui125/aula10/qui12
5_aula10.xml

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Acesse o material on-line e assista ao vídeo com as explicações do
professor Arion a respeito do tema estudado.

Classificação das reações


O calor é energia que é transferida num dado processo, como o resultado
da variação da temperatura. O calor sempre flui do objeto mais quente para o
mais frio, isto é, o de mais alta temperatura para o de mais baixa. A nível atômico
e molecular observa-se que a energia cinética das partículas varia com a
temperatura. Se a temperatura aumenta, a energia cinética média cresce e,
consequentemente, se a temperatura diminui, a energia cinética decresce.
Observa-se também que o fluxo de calor entre dois objetos ocorrerá até que eles
atinjam a mesma temperatura.

Como o valor do ΔH de uma reação varia em função de vários fatores, é


preciso conhecer na equação as seguintes informações:
■ As substâncias que reagem e que são produzidas, com os
respectivos coeficientes;
■ A temperatura e a pressão;
■ A fase de agregação (sólido-líquido-gasoso);
■ A variedade alotrópica;
■ A quantidade de calor que foi liberada ou absorvida durante a
reação.
Em função da energia envolvida as reações podem ser de dois tipos:

Exotérmicas (liberam energia)


Por exemplo, processos de combustão, respiração animal. Há um
princípio fundamental da Termoquímica, determinado por Thompsen e Berthelot

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(1867), segundo o qual: “Dentre um conjunto de reações químicas possíveis
ocorrerá primeiro, espontaneamente, aquela que for mais exotérmica”.
Observa-se que a maioria das reações realizadas em laboratórios é
exotérmica. Um exemplo disso é a combustão do metano dada pela equação
abaixo;

CH4(g) + 2O2(g) ------ CO2(g) + 2H2O(l)

Nas reações exotérmicas há, em geral, transferência de energia para o


meio ambiente implicando em um aumento de temperatura.
O calor é liberado, portanto, é um produto da reação retirado dos
reagentes. Veja os exemplos:

2 H2(g) + 1 O2(g) → 2 H2O(L) ΔH = - 136,6 Kcal


2 H2(g) + 1 O2(g) → 2 H2O(L) + 136,6 Kcal
2 H2(g) + 1 O2(g) - 136,6 Kcal → H2O(L)

ΔH ENERGIA NO FINAL DA REAÇÃO É MENOR

Veja o exemplo a seguir para a oxidação do metano:

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Combustão do METANO (CH4(g)) -----------H2 < H1
CALOR LIBERADO ------------ΔH = H2 - H1

ΔH < 0 (negativo)

Endotérmicas (absorvem energia)


Exemplo: fotossíntese, cozimento dos alimentos. Numa reação
endotérmica a entalpia dos produtos é maior que a entalpia dos reagentes uma
vez que ocorre absorção de energia. Outro exemplo comum deste tipo de reação
é a fusão do gelo, cujo processo é representado pela seguinte equação química:

H2O(s) --------- H2O(l)

A fotossíntese é uma reação endotérmica

6 CO2 + 6H2O + calor  C6H 12O6 + 6 O2


6 CO2 + 6H2O  C6H 12O6 + 6 O2 H = + calor

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Este processo absorve calor do meio ambiente ou o meio no qual os cubos
de gelo estão em contato. Isso implica numa diminuição da temperatura do meio
ambiente.

O gráfico abaixo mostra a


absorção de energia quando
da decomposição do carbonato de cálcio.

CARBONATO DE CÁLCIO (CaCO3(S)) -----------H2 > H1


CALOR ABSORVIDO ---------- ΔH = H2 - H1
ΔH > 0 ( positivo)

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Calorímetro
É um aparelho usado para medir a quantidade de calor liberado ou
absorvido em uma reação química ou transformação física. Utiliza-se um
calorímetro, que nada mais é do que um recipiente isolado termicamente. Para
as reações de combustão utiliza-se uma bomba calorimétrica, por ser mais
segura. Nos dois casos o calor é transferido para uma massa da substância e
obtido a partir da expressão.

Q= m. c. ΔT

Abaixo representamos um calorímetro com suas partes e mostramos um


equipamento fabricado especialmente para essa função.

Leitura obrigatória
Faça uma leitura dos subitens 5.3, 5.4, 5.5 do livro Química: a Ciência
Central e analise os exercícios resolvidos.

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Assista também aos vídeos indicados a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=Zw3Fk9FVBro
https://www.youtube.com/watch?v=uvvs8MAAYqo
https://www.youtube.com/watch?v=X_JR7OpoNxE

Acesse o material on-line para assistir ao vídeo que o professor Arion


preparou sobre a classificação das reações termoquímicas.

Tipos de Entalpia

Entalpia ou calor de formação

Corresponde à energia envolvida na formação de um mol de substância


a partir de substâncias simples, no estado alotrópico mais comum. É a variação
de entalpia envolvida na formação de 1 mol da substância a partir das
substâncias simples correspondentes, com todas as espécies no estado padrão.
Como consequência, a formação de qualquer substância simples (na
forma alotrópica mais estável) em condição padrão é zero:
Ex: H2 (g) → H2(g) ΔH0 = 0,0 kcal/mol

Abaixo representamos a formação de carbono na forma de diamante e


etanol:

O calor liberado, 277,7 kJ/mol, é chamado de calor de formação do álcool.

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Esses valores podem ser calculados e convertidos em tabela para a
orientação em processos químicos. Abaixo encontram-se representados os ΔH
de formação de várias substâncias. Observe que as mesmas
preponderantemente são exotérmicas:

1/2H2 (g) + 1/2Cl2 (g) → HCl(g) ΔH0 = - 22,1 kcal/mol

Entalpia ou calor de decomposição


Pode ser considerada como a entalpia inversa à de formação de uma
substância.

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Entalpia de combustão
Na Termoquímica, normalmente são os processos e reações que ocorrem
com liberação de calor. Uma reação química bastante comum e importante que
serve como exemplo é a combustão. Uma fogueira libera grande quantidade de
energia na forma de luz e calor. Esse calor liberado nas reações de combustão
pode ser aproveitado para diversas atividades gerando aquecimento e outros
tipos de energia, como a elétrica e a mecânica. A combustão da gasolina, por
exemplo, faz um carro andar e a combustão do carvão ou de outros combustíveis
gera eletricidade para indústrias.
A entalpia de combustão corresponde à energia liberada na reação de 1
mol de substância (combustível) com O2 puro (comburente) e pode ser medida
e tabulada como no quadro abaixo.

CH4(s) + 2O2 (g) → CO2(s) + H2O(g) ΔH0 = - 212,8 kcal/mol

Se o combustível for material orgânico (C, H e O) a combustão pode ser


de dois tipos:
I. Completa;
II. Incompleta.

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Na combustão completa, os produtos são CO2 e H2O. Na incompleta, além
dos produtos acima, formam-se, também, CO e/ou C (fuligem). A representação
gráfica para esse fenômeno fica da seguinte forma:

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Entalpia de dissolução
Corresponde ao calor liberado ou absorvido na dissolução (às vezes
seguida de dissociação) de 1 mol de substância de tal modo que, pela adição de
quantidades crescentes de água, seja alcançado um limite a partir do qual não
há mais liberação ou absorção de calor.

KNO 3(s) → KNO 3(aq.) ΔH0 = +8,5 kcal/mol (dissolução endotérmica)


HCl (g) → HCl (aq.) ΔH0 = -18,0 kcal/mol (dissolução exotérmica)

Entalpia de neutralização
Corresponde ao calor liberado na formação de 1 mol de água, a partir da
neutralização de 1mol de íons H+ por 1 mol de íons OH-, em solução aquosa
diluída.

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Simplificando os termos, teremos:

Entalpia ou energia de ligação


A força de uma ligação entre dois átomos pode ser descrita pela energia
de ligação (mais apropriada, porém não tão comum, é a denominação entalpia
de ligação). A energia de ligação é o ∆H quando 1 mol de ligações é quebrado
no estado gasoso. É a quantidade de calor absorvida na quebra de 6,02.10 23
ligações de determinada espécie, supondo as substâncias no estado gasoso, a
25°C.
Em uma reação química ocorre a quebra e a formação de ligações.
Esses dois processos ocorrem de forma concomitante, durante uma
colisão efetiva entre os reagentes, mas podem ser tratados como se ocorressem
de forma sucessiva, já que, de acordo com a Lei de Hess, a variação de entalpia
não depende do caminho em que a reação ocorre. Com isso, uma reação
química qualquer pode ser analisada sob a seguinte ótica:
■ Se gasta uma energia para romper as ligações dos reagentes;
■ Libera-se uma energia quando são formadas as ligações dos
produtos.
Assim, o ∆𝑯 de uma reação pode ser calculado como a soma algébrica
da energia absorvida na quebra de ligações com a energia liberada na formação
de novas ligações, lembrando que a energia liberada possui sinal negativo.

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Vejamos o exemplo gráfico para uma reação exotérmica. A seguir, listamos
alguns valores de energia de ligação.

Tipo de ligação Energia de ligação kcal/mol de ligações

H–H 104,2

Cl – Cl 57,8

H – Cl 103,0

O=O 118,3

Br – Br 46,1

H – Br 87,5

O rompimento de ligações é um processo que consome energia, ou seja,


é um processo endodérmico. A formação de ligações, ao contrário, é um
processo que libera energia, processo exotérmico.
Para se determinar o ∆𝑯 de uma reação a partir dos valores, devemos
considerar:
■ Que todas as ligações dos reagentes são rompidas e determinar a
quantidade de energia consumida nesse processo;
■ Que as ligações existentes nos produtos foram todas formadas a
partir de átomos isolados e determinar a quantidade de energia
liberada nesse processo;
■ O ∆𝑯 será correspondente à soma algébrica das energias envolvidas
(positiva para reagentes e negativa para produtos) nos dois
processos, o de ruptura e o de formação de ligações. É importante
salientar que este método fornece valores aproximados de ∆𝑯. Ele é
muito útil na previsão da ordem de grandeza da variação de entalpia
de uma reação.

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Lei de Hess
As reações químicas podem ocorrer em várias etapas, porém, verifica-se
que sua variação de entalpia depende apenas dos estados inicial e final da
mesma. Essas observações foram feitas por Germain Henry Hess e ficaram
conhecidas como LEI DE HESS. É a lei da soma dos calores de reação e
demonstra que a variação de entalpia de uma reação química não depende do
modo ou caminho como a mesma é realizada, mas sim do estado inicial e estado
final.
De maneira genérica temos:

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Para a formação de dióxido de carbono, temos:

Para a decomposição de nitrato de amônio, teremos:

A soma algébrica das reações dadas deve, portanto, resultar na reação


de formação do metano, vejamos qual será a entalpia:

C (grafite) + 2 H2 (g) → CH4(g) ΔH0 = ?

Para obtermos essa equação, devemos efetuar as seguintes operações:

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1. Deixar o primeiro termo (I) como está, pois já temos 1 mol de C no
reagente;
2. Multiplicar o segundo termo (II) por 2 para que o número de mols
de H2(g) seja igual a 2, consequentemente o H também será
multiplicado por 2;
3. Inverter o terceiro termo (III) para que CH4(g) passe para o segundo
membro da equação. Em vista disso, o H também terá seu sinal
invertido, isto é, se a reação é exotérmica, invertendo-se o seu
sentido, passará a ser endotérmica e vice-versa;
4. Somar algebricamente as equações e os H.

Assim, simplificando os termos da direita com os da esquerda, temos:

O valor obtido é de – 74,5 kJ.

Leitura obrigatória
Faça uma leitura dos subitens 5.6, 5.7, 5.8 do livro Química: a Ciência
Central. Analise com atenção os exercícios resolvidos e prepare-se para fazer
os recomendados.

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Para saber mais, assista aos vídeos indicados a seguir:
www.youtube.com/watch?v=AQL7qYU4hWY
www.youtube.com/watch?v=5AXcSmk5Nf8
www.youtube.com/watch?v=ReWH2tq-Uqo

O professor Arion fala um pouco mais sobre os tipos de entalpia. Assista


ao vídeo que está disponível no material on-line e tire suas dúvidas!

Química Ambiental
Enquanto as necessidades humanas têm se mostrado crescentes, os
recursos naturais, fonte primária de suprimento dessas necessidades, são
limitados. A dinâmica das atividades econômicas inclui a procura da satisfação
das necessidades humanas de forma racional frente às limitantes naturais. Desta
forma, a produção, transformação, distribuição e consumo de energia deve ser
orientada à satisfação dessas necessidades.
Os diversos estágios do conhecimento científico e dos domínios
tecnológicos permitiram que diferentes fontes energéticas se estabelecessem ao
longo da existência humana, através de variadas tecnologias de conversão como
forma de suprir os requerimentos em energia: a madeira; o vento; a energia
hidráulica; o carvão; o petróleo; o gás natural; a energia nuclear e solar; dentre
outras.
Nesse contexto, a energia é, portanto, um vetor fundamental que contribui
para a satisfação das necessidades humanas, manifestadas em suas principais
categorias de requerimento, a saber: necessidades térmicas; necessidades de
força motriz; necessidades de iluminação e necessidades eletrônicas.
Historicamente o homem, através dos tempos, buscou se apropriar da
energia enquanto valor de uso. Na sociedade do capital, a energia assume a
dimensão de valor de troca, um fator de produção do capital e, portanto, de
mercadoria.

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O processo de desenvolvimento humano (ao longo de sua existência) está
estreitamente relacionado com a evolução do domínio sobre a exploração e uso
das fontes de energia dispostas na natureza.
Reside no corpo humano o mais complexo sistema conversor de energia
do qual o homem faz uso. Através da digestão se processa a conversão da
energia química presente nos alimentos em calor, energia muscular e cerebral.
O homem dispõe de duas formas básicas de conversão de energia: os
conversores orgânicos (uso do trabalho animal para produção de energia
mecânica, a lenha, entre outros) e os conversores inorgânicos, que utilizam
como fonte os recursos energéticos dispostos na natureza (roda d’água, energia
do vento, máquinas elétricas, motores de combustão interna, dentre outros).
Já os recursos energéticos, matéria de entrada dos conversores, são
dispostos na natureza em duas formas distintas: recursos renováveis e recursos
não-renováveis ou exauríveis. Os recursos renováveis estão associados a um
fluxo contínuo enquanto que os recursos não renováveis apenas consideram a
sua existência em uma quantidade determinada. De forma geral, os recursos
renováveis estão presentes em todo o planeta, o que permite o seu uso de
maneira descentralizada (hidráulica, solar, biomassa, eólica).
Já os recursos não renováveis apresentam-se em quantidades limitadas
(petróleo, gás, carvão, urânio), mas com um elevado grau de incerteza, uma vez
que a definição de seu volume depende do estágio do desenvolvimento
tecnológico e do ritmo de sua extração.
No quadro abaixo é apresentado um esquema no qual a energia gerada
pelo Sol se transforma em energia renovável nos vários sistemas de nosso
planeta.

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Essa relação pode ser melhor observada quando apontamos as entalpias
de reação por mol de oxigênio, conforme tabela abaixo.

Os primeiros usos energéticos feitos pelo homem deram-se na utilização


dos fluxos naturais de energia (o sol, o vento e a água) de uma forma direta, sem
uso de equipamentos de conversão ou técnica. Uma outra parte do consumo
estava ligada ao conteúdo energético presente nos alimentos.

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A quantidade anual de energia da luz solar em 1 m2 equivale a 190 kg de
carvão betuminoso.
A energia do Sol banhando o planeta Terra faz com que a evolução do
planeta aconteça.
A Terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos e era bastante
diferente da Terra que conhecemos hoje. Assim também é a atmosfera terrestre,
que nem sempre apresentou a mesma composição química. À medida que
desvendamos as grandes transformações químicas que a atmosfera terrestre
vivenciou, procuramos avaliar quais foram as consequências dessas mudanças
para a manutenção da vida na Terra. Assim, podemos aprender muito com a
história, de modo a não cometermos os mesmos erros (ou pelo menos os
protegermos de seus efeitos), os quais ficaram registrados na crosta do planeta
ao longo desses bilhões de anos.
O processo mais importante ocorrido na Terra foi o aparecimento da vida,
o que deve ter ocorrido há aproximadamente 3,5 bilhões de anos. Até então,
estima-se que nosso planeta apresentava uma atmosfera bastante redutora,
com uma crosta rica em ferro elementar e castigada por altas doses de radiação
ultravioleta, já que o Sol era em torno de 40% mais ativo do que é hoje e também
não havia oxigênio suficiente para atuar como filtro dessa radiação, como ocorre
na estratosfera atual.
Dentro dessas características redutoras, conclui-se que a atmosfera
primitiva era rica em hidrogênio, metano e amônia. Esses dois últimos, em
processos fotoquímicos mediados pela intensa radiação solar, muito
provavelmente terminavam se transformando em nitrogênio e dióxido de
carbono. Conforme esperado, todo oxigênio disponível tinha um tempo de vida
muito curto, acabando por reagir com uma série de compostos presentes na sua
forma reduzida.

A termodinâmica e o conceito de vida


Uma observação mais criteriosa da composição química da atmosfera
terrestre mostra que o nosso planeta é ímpar quando comparado com nossos

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vizinhos mais próximos, Marte e Vênus. Se fosse possível tomar uma amostra
de cada uma das atmosferas desses dois planetas e confiná-las em um sistema
isolado por alguns milhões de anos, iríamos observar que as suas composições
químicas não se alterariam. Ou seja, sob o ponto de vista termodinâmico, essas
atmosferas estão em equilíbrio, conforme mostram os dados termodinâmicos
presentes na última linha do quadro abaixo.

Composição química e termodinâmica da atmosfera de alguns planetas do


Sistema Solar (%)
Gás Vênus Marte Terra Terra*
CO2 96,5 95 0,035 98
N2 3,5 2,7 79 1,9
O2 traços 0,13 21 traços
Argônio traços 1,6 1,0 0,1
* Composição provável antes do aparecimento da vida no planeta.

No entanto, se tomarmos uma amostra do ar que respiramos hoje e


procedermos do mesmo modo que fizemos para as amostras de Marte e Vênus,
ou seja, confiná-la de modo a excluir qualquer interação com seres vivos, iríamos
descobrir que sua composição química seria drasticamente alterada e, no final,
teríamos uma atmosfera muito similar àquela encontrada nesses dois planetas.
Isso demonstra que a atmosfera terrestre está muito distante do equilíbrio
termodinâmico, o que intuitivamente é sabido, pois como poderíamos explicar
que, em uma atmosfera tão rica em oxigênio (poderoso oxidante), pudessem
coexistir espécies reduzidas, tais como metano, amônia, monóxido de carbono
e óxido nitroso?
Em uma análise mais abrangente, poderíamos dizer que esse quadro
único em termos de composição química da atmosfera da Terra é fruto da vida
que se desenvolveu no planeta há mais de 3,5 bilhões de anos. O oxigênio que

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hoje compõe a atmosfera é quase todo produto da fotossíntese, pois todas as
outras fontes fotoquímicas inorgânicas de produção de oxigênio juntam
contribuem com menos de um bilionésimo do estoque de O² que respiramos.
Assim, os processos biológicos (em outras palavras, a vida!) produzem não
apenas o oxidante atmosférico, mas também os gases reduzidos, gerando um
estado de baixa entropia, mantido pela inesgotável fonte de energia proveniente
da radiação solar.
Imagine uma nave não tripulada pousando em Marte para investigar a
existência de vida nesse planeta, e que você fosse o encarregado de idealizar
um experimento que pudesse elucidar essa dúvida. Na realidade, esse cenário
não é de ficção e realmente ocorreu. Dentre as várias propostas de experimentos
que foram apresentadas (busca de DNA, detecção de carbono assimétrico etc.),
todas pecavam porque assumiam que a existência da vida seria caracterizada
por indícios com os quais estamos familiarizados, ou seja, estavam centrados na
nossa concepção do que é vida.
Hoje podemos concluir que não seria necessário ir até esses planetas
para verificar se haveria ou não vida neles, uma vez que em um conceito muito
mais amplo (e válido para todo o Sistema Solar), a vida poderia ser detectada
pela simples observação, daqui da Terra mesmo, do estado de entropia da
atmosfera alienígena. Dentro dessa concepção química extremamente
abrangente de vida, Marte e Vênus são hoje tidos como planetas estéreis porque
suas atmosferas estão em equilíbrio termodinâmico.
O ar atmosférico é, como vimos, uma mistura de vários gases, que, em
condições normais, se apresenta inodora, insípida e incolor. Presa à Terra por
ação da gravidade, acompanha a massa sólida em todos os seus movimentos
e, pela mesma razão, mantém íntima relação com a massa líquida. Quando
completamente seco, o ar atmosférico possui uma composição aproximada de
78% de Nitrogênio e 21% de Oxigênio. O 1% restante é composto de outros
gases, tais como Argônio, Dióxido de Carbono, Neônio, Hélio, Ozônio,
Hidrogênio etc.

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A emissão de substâncias perigosas, a utilização de fontes de energia
poluentes e a destruição das florestas têm vindo a degradar a atmosfera
terrestre. Mudanças na sua composição química podem provocar alteração do
clima da Terra e afetam a qualidade do ar que respiramos. O Homem e todos os
seres vivos não podem existir sem a proteção da atmosfera terrestre, que
constitui um invólucro gasoso com o qual se estabelecem relações de interação.
A espessura da atmosfera está avaliada em cerca de duas centenas de
km, mas as suas propriedades físicas e químicas não são verticalmente
homogêneas, determinando a sua divisão em três camadas: troposfera,
estratosfera e mesosfera com características diferentes.

Troposfera
A camada mais baixa da atmosfera é chamada troposfera. Sua espessura
varia de 8km nos polos ao máximo de 16km no equador. A troposfera é limitada
acima pela tropopausa, um limite marcado por temperaturas estáveis. Acima da
troposfera está a estratosfera. Embora variações ocorram, a temperatura
geralmente cai com a altura crescente na troposfera. Os alpinistas sabem que
serão diversos graus mais frios no alto de uma montanha do que no vale abaixo.
A troposfera é mais densa do que as camadas da atmosfera acima dela
(por causa do peso que a comprime), e contém até 75% da massa da atmosfera.
É composta primeiramente de nitrogênio (78%) e do oxigênio (21%) com
somente pequenas porcentagens de outros gases. Quase todo o vapor ou
umidade atmosférica é encontrado na troposfera.
A troposfera é a camada onde a maioria do clima mundial ocorre. Desde
que a temperatura diminui com altura na troposfera, o ar morno perto da
superfície da terra pode subitamente levantar-se, sendo mais ou menos denso
do que o ar mais frio acima dele. As moléculas podem viajar para o topo da
troposfera e da parte superior desta há o movimento de retorno em períodos de
dias. Tal movimento, ou convecção vertical do ar, gera nuvens e finalmente a
chuva da umidade no ar, e é a principal causa do tempo que nós
experimentamos.

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A troposfera é limitada pela tropopausa, uma região da temperatura
estável. A temperatura de ar começa então a subir na estratosfera. Tal aumento
da temperatura impede a convecção do ar além da tropopausa, e
conseqüentemente a maioria resiste aos fenômenos, incluindo as nuvens
elevadas do cúmulo-nimbo, que permanecem confinadas à troposfera. Às vezes
a temperatura não diminui com altura na troposfera, mas, ao contrário, aumenta.
Tal situação é conhecida como uma inversão térmica. As inversões térmicas
limitam ou impedem a convecção vertical do ar. Tal estabilidade atmosférica
pode conduzir a episódios de poluição de ar com os poluentes na superfície
terrestre aprisionados abaixo da linha de inversão térmica.

Estratosfera
A estratosfera é a segunda camada principal da atmosfera. Encontra-se
acima da troposfera e é separada dela pela tropopausa. Ocupa a região da
atmosfera de aproximadamente 12 a 50 quilômetros, embora seu limite mais
baixo tenda a ser mais próximo ao Equador e diminuir próximo dos polos. A
estratosfera define uma camada em que as temperaturas aumentam com altura
crescente. No alto da estratosfera o ar fino pode alcançar temperaturas perto de
0°C. Essa ascensão na temperatura é causada pela absorção da radiação (UV)
ultravioleta do sol pela camada de ozônio.
Tal perfil de temperatura cria condições atmosféricas muito estáveis, e na
estratosfera falta a turbulência do ar prevalecente na troposfera.
Consequentemente, a estratosfera está quase completamente livre das nuvens
ou das outras formações climáticas.
A estratosfera fornece algumas vantagens para os voos de longa-
distância porque está acima das tempestades e possui ventos fortes, constantes
e horizontais.
A estratosfera é separada da mesosfera acima pela estratopausa.

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Mesosfera
A mesosfera (literalmente esfera média) é a terceira camada, sendo a
mais elevada em nossa atmosfera, ocupando a região de 50 a 80 quilômetros
acima da superfície da terra. Encontra-se acima da troposfera e da estratosfera
e abaixo da termosfera. É separada da estratosfera pela estratopausa e da
termosfera pela mesopausa.
As temperaturas na mesosfera caem com altura crescente
aproximadamente a -100°C. A mesosfera é a mais fria das camadas
atmosféricas. De fato, é mais fria do que a mais baixa temperatura registrada na
Antártica. É frio o bastante para congelar o vapor de água em nuvens de gelo.
Você pode ver essas nuvens se a luz solar as iluminar após o pôr do sol. São
chamadas Nuvens Noctilucentes (NLC, do inglês, Noctulecent Clouds). As NLCs
são mais visíveis quando o sol está de 4 a 16 graus abaixo do horizonte.
A mesosfera é também a camada em que muitos dos meteoros se
queimam ao adentrar a atmosfera da Terra. Da Terra são vistos como estrelas
cadentes.

Termosfera
A termosfera (literalmente, "esfera quente") é a camada exterior da
atmosfera, separada da mesosfera pela mesopausa. Dentro da termosfera as
temperaturas sobem continuamente a bem além de 1000°C. As poucas
moléculas que estão na termosfera recebem quantidades extraordinárias de
energia do sol, fazendo com que a camada se aqueça a tais temperaturas. A
temperatura do ar, entretanto, é uma medida da energia cinética de moléculas
do ar, não da energia total armazenada pelo ar.
Consequentemente, desde que o ar está dentro da termosfera, tal valor
de temperatura não são comparáveis àquelas da troposfera ou da estratosfera.
Embora a temperatura medida seja muito alta, na termosfera a sensação é que
realmente faz muito frio porque a energia total chega somente a algumas
moléculas que lá estão e elas não seriam bastante para transferir calor
apreciável a nossa pele.

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A parte mais inferior da termosfera, 80 a 550 quilômetros acima da
superfície da Terra, contém a ionosfera. Além da ionosfera, estende-se para fora,
a talvez 10.000 km, a exosfera ou a termosfera exterior, que se funde
gradualmente ao espaço.

Exosfera
A exosfera é a camada mais elevada da atmosfera. Junto com a ionosfera,
compõe a termosfera. A exosfera estende a 10.000 km acima da superfície da
Terra. Este é o limite superior de nossa atmosfera. A atmosfera aqui se funde ao
espaço com o ar extremamente rarefeito. Os átomos e as moléculas do ar estão
escapando constantemente para o espaço a partir da exosfera.
Nessa região da atmosfera, o hidrogênio e o hélio são os componentes
principais e estão a densidades extremamente baixas. Esta é a área onde muitos
satélites orbitam em volta da Terra. A atribuição da designação de troposfera à
zona inferior da atmosfera deve-se à permanente mistura de massas de ar que
nela ocorrem. Tal fato não se verifica na estratosfera, onde os movimentos
verticais de massas de ar têm amplitudes fracas conduzindo à estratificação
vertical dessas massas.
Mas, a atmosfera, deverá ser vista como um todo, uma vez que a divisão
em camadas é apenas teórica e porque no seu conjunto funciona um poente fino
protetor da radiação emitida pelo sol.

Poluição atmosférica
Quando a atmosfera causa danos à fauna, flora, materiais e ao ser
humano dizemos que está poluída. Esta poluição resulta da alteração de
características físicas, químicas e biológicas normais da atmosfera. Ela é o
retrato negativo da industrialização: milhões de toneladas de elementos
poluentes são emitidos diariamente, e estes alteram de forma passageira ou até
mesmo permanente as condições de vida na Terra. Nos grandes centros
urbanos verifica-se a emissão de monóxido de carbono, que apesar de inodoro,
invisível e insípido, é considerado o principal poluente dessas áreas.

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Para que se entenda melhor o que é poluição atmosférica, é de suma
importância que se conheça a composição normal do ar, que pode ter alguma
variação de região para região, exposta a seguir:

GÁS CONCENTRAÇÃO (Porcentagem)


Nitrogênio (N2) 78,03
Oxigênio (O2) 20,99
Argônio (Ar) 0,94 ppm**
Dióxido de carbono (CO2) 340,0*
Neônio (Ne) 18,0
Hélio (He) 5,0
Metano (CH4) 1,5
Hidrogênio (H2) 0,5
Óxido de nitrogênio (N2O) 0,3*
Dióxido de nitrogênio (NO2) 0,3*
Monóxido de nitrogênio (NO) 0,1*
Monóxido de carbono (CO) 0,1*
* concentração variável ** partes por milhão

O monóxido de carbono (CO) provém da combustão incompleta de


materiais fósseis, como o petróleo e o carvão, principalmente nas indústrias
metalúrgicas, refinarias de petróleo e motores à combustão. Pode afetar o
equilíbrio térmico da estratosfera. Quando aspirado pelo homem, combina-se
com a hemoglobina das hemácias, substituindo o oxigênio, provocando a
dificuldade respiratória e até mesmo asfixia. A diminuição do suprimento de
oxigênio às células leva o aparelho respiratório e o coração a trabalhar mais,
provocando um esforço adicional, perigoso em pessoas portadoras de
problemas cardíacos e pulmonares.

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O dióxido de enxofre (SO2) provém de emanações de centrais elétricas,
fábricas, veículos automotores e combustíveis domésticos frequentemente
carregados de ácido sulfúrico. O ar poluído, as pedras calcárias empregadas em
construções e também tecidos sintéticos agravam as afecções respiratórias,
afetam os animais e as plantas. É uma ação irritante nos canais respiratórios,
provocando tosse e sufocação. Além disso, contribui para o agravamento de
asma e da bronquite crônica e afeta também outros órgãos sensoriais.
O óxido de nitrogênio (NO2) provém de motores a combustão, aviões,
fornos, incineradores, do emprego excessivo de certos fertilizantes, de
queimadas e de instalações industriais. Pode provocar nevoeiros. Causa a
redução da capacidade do sangue no transporte de oxigênio para as células,
provocando, entre outras doenças, o enfisema e a redução das defesas do
organismo contra as infecções. Pode ainda provocar afecções respiratórias e
bronquites em recém-nascidos.
Veja, na tabela a seguir, os poluentes mais comuns do ar e suas principais
fontes:

Poluentes Principais fontes (precursores)


1. Hidrocarbonetos Emissões de veículos, refinarias de petróleo e vegetação.
Usinas termoelétricas, fornos a carvão, metalúrgicas,
2. Sulfetos
vulcanização, indústria de fertilizantes e pântanos.
3. Mercaptanas Refinarias de petróleo e indústrias de celulose.
4. Hidrocarbonetos
Pesticidas, lavanderias e propelentes de aerossóis.
clorados
Combustões, olarias, usinas termoelétricas, refinarias de
5. Dióxido de
petróleo, usinas de ferro/aço, indústria de fertilizantes e
enxofre
plantas.
6. Óxidos de
Emissões de veículos, indústria de fertilizantes.
nitrogênio
7. Ácido nítrico Conversão do NO2.

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8. Monóxido de Emissões de veículos e oxidação de terpenos
carbono (vegetação).
9. Dióxido de
Combustões em geral/emissões de veículos.
carbono
10. Amônia Fábrica de fertilizantes e de amônia.
Na troposfera, principalmente: hidrocarbonetos + óxidos
11. Ozônio
de nitrogênio + luz.
Emissões de veículos, refinarias de petróleo, usinas a gás,
12. Material
geração de eletricidade, incinerações, fábricas de cimento,
particulado
cerâmicas, estufas e carvão, fornos e, entre outras,
(poeiras)
conversão gás-partícula.

Os poluentes difundem-se pela atmosfera. A maioria dos poluentes não


permanece aí durante muito tempo a não ser que se transformem através de
reações químicas que têm origem na estratosfera, ou voltem à superfície da
Terra através do ciclo correspondente.
Algumas substâncias poluentes ficam dispersas pelo ar em direção à
camada superior: a estratosfera. Nessa zona da atmosfera, as massas de ar só
se movimentam no sentido horizontal. Portanto, os poluentes podem
permanecer nessa camada por muito tempo, exclusivamente mais de cem anos.
O ozônio observa as radiações ultravioletas do sol: isso faz com que tenham
uma função primacial como protetor da vida da Terra.
Na atmosfera houve sempre partículas sólidas procedentes de processos
naturais, tais como erupções vulcânicas, a erosão do solo etc., que
continuamente geraram substâncias potencialmente poluentes. Mas este tipo de
poluição é perfeitamente assumido pela mesma natureza, graças aos
mecanismos de autopurificação que a atmosfera possui. Contudo, o equilíbrio
entre os elementos componentes da atmosfera é muito frágil, e certa
interpretação do homem pode alterá-lo de forma negativa. Já entre as mais

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graves consequências da poluição atmosférica, podemos citar a chuva ácida, o
efeito estufa e a diminuição da camada de ozônio.

Chuva ácida
A chuva será considerada ácida quando tiver um pH inferior a 5.0,
ocorrendo não apenas sob a forma de chuva, mas também como neve, geada
ou neblina. Decorre da queimada de combustíveis fósseis, produzindo gás
carbônico, formas oxidadas de carbono, nitrogênio e enxofre. Esses gases,
quando liberados para a atmosfera, podem ser tóxicos para os organismos. O
dióxido de enxofre provoca a chuva ácida quando se combina com a água
presente na atmosfera, sob a forma de vapor. As gotículas de ácido sulfúrico
resultantes dessa combinação geram sérios danos às áreas atingidas. Além dos
sérios danos ao meio ambiente natural, as chuvas ácidas também constituem
séria ameaça ao patrimônio cultural da humanidade, corroendo as obras
talhadas em mármore, que por ser uma rocha calcária, dissolve-se sob a ação
de substâncias ácidas.

Efeito estufa
O efeito estufa é bastante análogo ao objeto que lhe dá o nome, isto é,
alguns gases presentes na atmosfera têm a propriedade de reter e reenviar o
calor refletido pela superfície, de forma similar aos vidros de uma estufa para
cultivo de plantas. Fenômeno de elevação da temperatura média da Terra, que
ocorre pelo aumento considerável na concentração de gás carbônico na
atmosfera, provocado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e
desmatamentos, formando assim uma espécie de “coberta” sobre a Terra
impedindo a expansão do calor.
O crescente aumento do teor do gás carbônico na atmosfera faz com que
a temperatura da Terra esteja em constante crescimento, o que pode ocasionar
grandes distúrbios climáticos. É um fenômeno que ocorre naturalmente e, em
princípio, não deveria ser nocivo. Pelo contrário, sem o efeito estufa, a
temperatura média da Terra seria algo perto de -20ºC, o que certamente

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inviabilizaria a existência de vida. O que causa preocupação é o aumento do
efeito estufa provocada pelo aumento da concentração de certos gases devido
à atividade humana.
Segundo especialistas, os principais responsáveis pelo aumento do efeito
estufa são: dióxido de carbono (aumento da concentração em 30% em 150
anos), metano (140%), óxido nitroso (11%) e compostos de cloro-flúor-carbono
(sem referência anterior, pois foi introduzido com uso de sistemas de
refrigeração). São gases resultantes de atividades industriais, agrícolas,
transportes, mineração e outras.
Acordos e compromissos internacionais têm sido colocados para reduzir
a emissão desses gases. Mas é algo um tanto difícil. Depende de esforços
tecnológicos e certamente de mudanças de hábitos de consumo. Alguns
pesquisadores estimam que a temperatura média da Terra aumentou de 0,3 a
0,6ºC nos últimos 100 anos em razão do aumento da concentração desses
gases. E preveem um aumento de 1 a 3ºC para os próximos 100 anos.

Diminuição da camada de ozônio


O ozônio está presente na troposfera, que é a camada da atmosfera em
que vivemos, e também em zonas mais altas da estratosfera, entre 12 e 50 km
de altitude, tendo como função proteger o planeta da incidência direta de grande
parte dos raios ultravioletas, que é um dos componentes da radiação solar.
Com a diminuição da camada de ozônio, os raios ultravioletas atingem a
Terra de forma mais brusca, provocando graves doenças no ser humano, como
câncer de pele, distúrbios cardíacos e pulmonares, queimaduras, problemas de
visão etc. O ambiente também é diretamente atingido pelas modificações na
cadeia alimentar, visto que certas espécies de animais e plantas são
extremamente sensíveis a essa radiação, como os anfíbios anuros (sapos, rãs e
pererecas). Além disso, a destruição desta camada de ozônio pode contribuir
com o derretimento de parte do gelo da calota polar, causando o
superaquecimento do planeta.

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Uma das grandes causas da diminuição da camada de ozônio tem sido a
liberação de compostos químicos industriais na atmosfera, denominados de CFC
(clorofluorcarbonos), que é um gás não tóxico, inodoro, e quimicamente inerte.
Os primeiros equipamentos de refrigeração usavam amônia como gás
refrigerante, mas ela é tóxica e inflamável sob certas condições. Assim, o uso
era restrito a instalações industriais. Por volta de 1930, foram introduzidos os
compostos à base de cloro, flúor e carbono (CFC), que não são inflamáveis nem
tóxicos e isso permitiu a ampla utilização dos refrigeradores.

Leitura obrigatória
Faça uma leitura dos subitens 1 a 4 do capítulo I, 6.3, 6.5, 8.1, 8.3, 8.7,
9.1 e 9.2 do capítulo II do livro Química Ambiental, de Spiro&Stigliani. Acesse
a Biblioteca Virtual!

Para saber mais, assista aos vídeos indicados a seguir:


www.youtube.com/watch?v=6eKH3btIUlo
www.youtube.com/watch?v=NQERomN4n2Y
www.youtube.com/watch?v=DgOB85gd1l8
www.youtube.com/watch?v=76eAZH0krzw
www.youtube.com/watch?v=Pwqzk-NMUxQ
www.youtube.com/watch?v=9UiF2NF1_fE
www.youtube.com/watch?v=I-MmIL0DaaM

Saiba mais sobre o assunto deste tema, assistindo ao vídeo que está
disponível no material on-line.

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Na prática
Escreva as equações termoquímicas correspondentes à entalpia de
combustão de:

a) H2(g)
b) Cgraf
c) C3H8(g)
d) C4H8O2(l)

Resolução

a) H2(g)+1/2 O2(g)→H2O(l)
b) Cgraf.+ O2(g)→ CO2(g)
c) C3H8(g)+ 5 O2(g)→ 3 CO2(g)+ 4 H2O(l)
d) C4H8O2(l)+ 5 O2(g)→ 4 CO2(g)+ 4 H2O(l)

Dados os seguintes calores de combustão:

Calor de combustão de H2(g) = –68 kcal/mol


Calor de combustão de CH4(g) = –213 kcal/mol

Qual dos dois combustíveis libertaria maior quantidade de calor por


grama?

Resolução

H2 - 2g ------ (-68 kcal/mol)


1g -------- x = - 34 kcal/mol

CH4 – 16g ------ (-213 kcal/mol) reação exotérmica

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1g --------- y = -13,3 kcal/mol

Faça você mesmo!

1. Dados:

Cgraf+ O2(g) → CO2(g) ∆H = –94 kcal/mol


Cdiam+O2(g) → CO2(g) ∆H = –94,5 kcal/mol
Calcule o ∆H da transformação de Cgraf em Cdiam.

Resposta: ∆H = +0,5 kcal/mol

Com relação à questão anterior, calcule o ∆H para transformar 240g de


grafite em diamante.

Resposta= 10kcal

Síntese
Para as considerações finais do professor Arion, assista ao vídeo que está
disponível no material on-line.

Referências
BROWN, T. L., LEMAY, H. E., BURSTEN, B. E; BURDGE, J.R. Química, a
Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005.

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