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DOMÍNIO DOIS

PROPRIEDADES E TRANSFORMAÇÕES DA MATÉRIA

LIGAÇÕES QUÍMICAS
LIGAÇÕES QUÍMICAS

▪ Ligação Química

A ligação química resulta das atrações e repulsões envolvendo eletrões e núcleos


atómicos, conferindo ao conjunto de átomos, iões ou moléculas ligados uma
menor energia do que quando separados.
LIGAÇÕES QUÍMICAS
LIGAÇÕES INTRAMOLECULARES

▪ Comprimento de ligação

▪ Distância média entre os núcleos dos átomos (centros atómicos)


envolvidos numa ligação química, na posição de maior estabilidade
(expressa-se, geralmente, em pm).

Comprimento da ligação C−O nas moléculas de dióxido de carbono e monóxido de carbono.


LIGAÇÕES INTRAMOLECULARES

▪ Energia de ligação

▪ Energia requerida para quebrar uma dada ligação numa mole de


moléculas no estado gasoso (expressa-se, geralmente, em kJ mol‒1).

▪ A energia de ligação varia inversamente com o comprimento de ligação


pois, quanto mais afastados estiverem os átomos menor será a energia
necessária para quebrar a ligação.
LIGAÇÕES INTRAMOLECULARES

LIGAÇÃO IÓNICA

▪ Estabelece-se entre iões de carga contrária, formados por transferência de


eletrão(ões) de um átomo de um elemento metálico para um átomo de um
elemento não metálico (força de atração catião – anião).
LIGAÇÕES INTRAMOLECULARES

LIGAÇÃO METÁLICA

▪ Estabelece-se entre átomos de elementos metálicos. Caracteriza-se pela


partilha de eletrões deslocalizados por todos os átomos (força de atração
entre os núcleos (iões positivos) – eletrões de condução).
LIGAÇÕES INTRAMOLECULARES

LIGAÇÃO COVALENTE

▪ Estabelece-se entre átomos de elementos não metálicos e é caracterizada


por uma partilha mútua de eletrões de valência entre os átomos que
constituem a molécula (força de atração entre o núcleo e os eletrões
partilhados).
LIGAÇÕES INTRAMOLECULARES

Estruturas de Lewis para as moléculas de flúor, oxigénio e nitrogénio.

Em moléculas diatómicas, com


ligações entre átomos de dimensões
semelhantes, quanto maior a ordem
de ligação (número de pares de
eletrões partilhados numa ligação)
mais forte é a ligação e,
consequentemente, maior a energia
de ligação e menor o comprimento
de ligação.
Diagramas de energia de potencial em função da
distância internuclear para o F2, O2 e N2.
POLARIDADE DAS LIGAÇÕES

▪ Ligação covalente apolar

▪ Ligação covalente em que os


eletrões ligantes são igualmente
partilhados pelos átomos ligados.

▪ A ligação covalente numa molécula diatómica


homonuclear, isto é, formada por dois átomos do
mesmo elemento, é apolar.

Mapa de potencial eletrostático* para a molécula de hidrogénio.

*As zonas vermelhas e azuis representam zonas de alta e de baixa densidade eletrónica, respetivamente.
POLARIDADE DAS LIGAÇÕES

▪ Ligação covalente polar

▪ Ligação covalente em que um dos


átomos atrai mais para si os eletrões
ligantes.

▪ A ligação covalente numa molécula diatómica


hoteronuclear, isto é, formada por dois átomos de
elementos diferentes, é polar.

Mapa de potencial eletrostático* para a molécula de HF.

*As zonas vermelhas e azuis representam zonas de alta e de baixa densidade eletrónica, respetivamente.
POLARIDADE DAS LIGAÇÕES

▪ Moléculas apolares

▪ Uma molécula diatómica com uma ligação covalente apolar será apolar.
▪ Uma molécula poliatómica com um único átomo central e formada por
ligações polares será apolar se houver uma simetria na distribuição da
carga elétrica em torno do átomo central.

Mapa de potencial eletrostático* para a molécula de dióxido


de carbono.

*As zonas vermelhas e azuis representam zonas de alta e de baixa densidade eletrónica, respetivamente.
POLARIDADE DAS LIGAÇÕES

▪ Moléculas como o dióxido de carbono (CO2) ou o metano (CH4), que


possuem os átomos das extremidades todos iguais e não possuem pares
não ligantes no átomo central, são apolares apesar de possuírem ligações
polares pois, a geometria linear e tetraédrica que apresentam,
proporciona uma distribuição simétrica da carga elétrica em relação ao
centro da molécula.

*As zonas vermelhas e azuis representam zonas de alta e de baixa densidade eletrónica, respetivamente.
POLARIDADE DAS LIGAÇÕES

▪ Moléculas polares

▪ Uma molécula diatómica com uma ligação covalente polar comporta-se


como um dipolo elétrico, isto é, como um sistema de duas cargas
elétricas do mesmo valor mas sinal oposto a pequena distância uma da
outra.

Mapa de potencial eletrostático* para a molécula de fluoreto


de hidrogénio.

*As zonas vermelhas e azuis representam zonas de alta e de baixa densidade eletrónica, respetivamente.
POLARIDADE DAS LIGAÇÕES

▪ Uma molécula poliatómica com um único átomo central e formada por


ligações polares será polar se a distribuição de carga elétrica em torno
desse átomo for assimétrica.
▪ Moléculas com ligações polares e pares de eletrões não ligantes no
átomo central, como o amoníaco (NH3) ou a água (H2O), são polares
porque as geometrias piramidal trigonal e angular que minimizam as
repulsões eletrónicas conduzem a uma assimetria na distribuição da carga
elétrica.

*As zonas vermelhas e azuis representam zonas de alta e de baixa densidade eletrónica, respetivamente.
LIGAÇÕES QUÍMICAS
LIGAÇÕES INTERMOLECULARES

As ligações intermoleculares resultam das interações eletrostáticas atrativas que


existem entre as moléculas obrigando-as a permanecer próximas umas das outras,
principalmente no estado sólido e líquido.

Em geral, as forças intermoleculares são menos intensas do que as forças


intramoleculares. Isto porque, ao contrário das ligações químicas entre átomos, as
ligações entre moléculas não correspondem nem a partilha nem a troca de
eletrões.

Moléculas de água nos três estados físicos: as ligações intramoleculares mantêm-se intactas.
LIGAÇÃO QUÍMICA

Fig. - Comparação entre energias associadas aos diferentes tipos de ligações químicas
LIGAÇÃO QUÍMICA

▪ Ligação química (intramolecular vs intermolecular)

▪ Intramolecular metálica
iónica
covalente

▪ Intermolecular ião-dipolo
ligações de hidrogénio
ligações de van der Waals • dipolo – dipolo
• dipolo – dipolo induzido
• forças [de dispersão] de
London
LIGAÇÃO DE HIDROGÉNIO

LIGAÇÃO DE HIDROGÉNIO
É a mais intensa das interações intermoleculares.

Ocorre devido à acentuada assimetria de carga entre os átomos que a estabelecem


(H com F, O ou N).

Quando existem ligações de hidrogénio, existem também outros tipos de forças de


van der Walls, nomeadamente, dipolo-dipolo e forças de London.

Ligações de hidrogénio nas moléculas de água.


LIGAÇÕES DE VAN DER WALLS

As moléculas que não reúnem condições para estabelecer


ligações de hidrogénio interatuam por ligações de van der
Waals.
Johannes Diderik van der
Waals
(1837-1923)
Prémio Nobel da Física em
1910 pelo seu trabalho na
equação de estado para
gases e líquidos.

LIGAÇÃO DIPOLO-DIPOLO
Estabelece-se por atração eletrostática entre as
cargas opostas dos dipolos permanentes de
Ligação dipolo-dipolo nas moléculas
duas moléculas polares vizinhas. de cloreto de hidrogénio.
LIGAÇÕES DE VAN DER WALLS

LIGAÇÃO DIPOLO-DIPOLO INDUZIDO


Estabelece-se por atração eletrostática entre o dipolo permanente, de uma
molécula polar, e o dipolo induzido, resultante da distorção da nuvem eletrónica
da molécula apolar vizinha (devido a deslocações das cargas elétricas) - é
momentâneo e desaparecerá quando a distância entre moléculas aumentar.

Os eletrões da molécula apolar tendem a aproximar-se do pólo positivo e a


molécula apolar deixa de ter uma distribuição simétrica de cargas.

Ligação dipolo-dipolo induzido entre moléculas de água e oxigénio.


LIGAÇÕES DE VAN DER WALLS

FORÇA DE DISPERSÃO DE LONDON


Também chamada de ligação dipolo instantâneo-dipolo
induzido, explica as interações entre moléculas apolares.
Consiste na atração eletrostática entre dipolos instantâneos,
formados por deformação da nuvem eletrónica, e dipolos
Fritz Wolfgang London
induzidos, resultantes da polarização induzida em moléculas
(1900-1954)
Físico alemão que,
vizinhas. baseado na mecânica
quântica e com a
colaboração de Walter
Heitler, descobriu uma
forma eficiente de explicar
a ligação que ocorre na
molécula de hidrogénio (H2)
que pode ser utilizado para
elucidar a estrutura de
substâncias semelhantes.
LIGAÇÕES DE VAN DER WALLS

Os eletrões não estão imóveis nas moléculas, estando sim em constante


movimento. É assim possível que, de forma espontânea e durante um breve
momento, se concentrem mais eletrões numa dada zona de uma molécula apolar.

Quando isto acontece a distribuição de cargas na molécula deixa de ser simétrica e


ela ganha um dipolo instantâneo. Este dipolo vai induzir dipolos em moléculas
apolares vizinhas e assim estabelecem-se ligações dipolo instantâneo-dipolo
induzido ou forças (de dispersão) de London.
LIGAÇÕES DE VAN DER WALLS

▪ As forças de dispersão de London estão sempre presentes, tanto nas


moléculas polares como nas apolares. No entanto, só são predominantes
entre moléculas apolares.

▪ É também este tipo de interações que se estabelece entre os átomos dos


gases nobres, como o hélio ou o néon. Como essas interações são muito
fracas, estes gases têm temperaturas de condensação próximas do zero
absoluto (-273 °C).

▪ As forças de dispersão de London são tanto mais intensas quanto maior a


nuvem eletrónica pois, mais polarizável é a molécula.
LIGAÇÃO QUÍMICA

▪ Ligações intermoleculares – síntese

CONSOLIDA CONTEÚDOS: vídeo_Ligação Química


LIGAÇÕES QUÍMICAS

▪ Ligações intermoleculares e pontos de fusão e de ebulição

Comparação da intensidade das diferentes ligações intermoleculares

▪ Nas substâncias, quanto mais fortes são as ligações intermoleculares,


maior é o estado de coesão das moléculas e maiores são os pontos de
fusão e de ebulição.
LIGAÇÕES QUÍMICAS

▪ Solubilidade e ligações intermoleculares

▪ A solubilidade de um soluto num solvente depende das:


1. ligações entre as partículas do soluto antes da dissolução – ligações
soluto-soluto;
2. ligações entre as partículas do solvente antes da dissolução – ligações
solvente-solvente;
3. ligações entre as partículas do soluto e as do solvente durante o
processo de dissolução – ligações soluto-solvente.

Quando se processa a dissolução, as forças 1 e 2 são substituídas pelas forças 3.


LIGAÇÕES QUÍMICAS

▪ Solubilidade e ligações intermoleculares (cont.)

O tipo de forças intermoleculares no soluto e no solvente permite prever,


aproximadamente, a solubilidade.

A solubilidade é tanto maior quanto mais semelhantes forem as

intensidades das interações intermoleculares no soluto e no solvente.

Uma regra muito útil (APESAR DAS LIMITAÇÕES QUE LHE ESTÃO ASSOCIADAS)
é: semelhante dissolve semelhante, ou seja, EM GERAL, solventes polares
tendem a dissolver solutos polares (moleculares e iónicos) e solventes não
polares tendem a dissolver solutos não polares.
LIGAÇÕES QUÍMICAS

▪ Miscibilidade

▪ De uma maneira geral, para que duas substâncias moleculares sejam


miscíveis é necessário que as intensidades das ligações intermoleculares
na mistura sejam próximas das intensidades das ligações
intermoleculares em cada uma das substâncias isoladamente.

Imiscibilidade entre água e óleo.

Miscibilidade entre água e álcool (etanol).


Exercício resolvido I

Os detergentes são geralmente constituídos por moléculas grandes


com uma parte polar e outra apolar. Essas moléculas tendem a
aglomerar-se para formar micelas, isto é, estruturas esféricas com
uma superfície externa polar e uma zona central apolar.

1. Associe cada uma das zonas representadas na estrutura da


molécula às partes polar e apolar.

2. As micelas facilitam a remoção das gorduras num meio aquoso


pois ligam-se simultaneamente a essas gorduras (moléculas
apolares) e à água. Identifique as zonas da micela que criam
interações intermoleculares com a água e com a gordura.
Exercício resolvido I

Os detergentes são geralmente constituídos por moléculas grandes


com uma parte polar e outra apolar. Essas moléculas tendem a
aglomerar-se para formar micelas, isto é, estruturas esféricas com uma
superfície externa polar e uma zona central apolar.

3. Qual é a ligação intermolecular predominante entre as


moléculas de detergente e as moléculas de água e entre as
moléculas de detergente e a gordura.
Proposta de resolução

1. A zona polar será a vermelha e a zona apolar será a azul.

2. A água, sendo polar, cria interações intermoleculares com a


superfície exterior polar da micela, enquanto a gordura, apolar, cria
interações com a zona central apolar da micela.

3. Entre a parte polar das moléculas de detergente e as moléculas de


água predominam as ligações de hidrogénio porque existe
hidrogénio ligado a um elemento com grande tendência para atrair
eletrões, o oxigénio, quer na molécula de água quer na molécula
de detergente. Entre a parte apolar das moléculas de detergente e
as moléculas de gordura, também apolar, existem apenas as forças
de dispersão de London (ligação dipolo instantâneo-dipolo
induzido).
Exercício resolvido II

Embora o dissulfureto de carbono (CS2) seja uma molécula


estruturalmente semelhante ao dióxido de carbono (CO2), apresenta-
se no estado líquido, à temperatura de 25 ºC e à pressão de 100,0 kPa,
enquanto o dióxido de carbono é gasoso. A sua solubilidade em água é
muito reduzida mas não é nula.

1. Como se pode justificar o diferente estado físico das duas


moléculas?

2. Quando o dissulfureto de carbono se dissolve em água, que tipo


de ligações intermoleculares se estabelecem?
Proposta de resolução

1. As duas moléculas são apolares pelo que as interações existentes entre as


suas moléculas são forças de dispersão de London (ligação dipolo
instantâneo-dipolo induzido). No entanto, como os átomos de enxofre
são maiores que os átomos de oxigénio, a molécula de dissulfureto de
carbono é mais polarizável sendo as interações entre estas moléculas mais
intensas e o que lhes irá causar uma aumento do grau de coesão.

2. A água é uma molécula polar com carga parcial positiva e negativa


localizada, ou seja, comporta-se como um dipolo permanente. O
dissulfureto de carbono, embora possua ligações polares, é apolar porque
há uma distribuição simétrica da carga elétrica na molécula. Contudo, a
presença de um dipolo permanente da molécula de água induz um dipolo
na molécula de dissulfureto de carbono. Assim, a ligação estabelecida
entre as duas moléculas é do tipo dipolo permanente-dipolo induzido.

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