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Ligação química nos

metais e noutros
sólidos
Ligação química nos metais e noutros sólidos

Sólidos metálicos

Qualquer superfície não polida e não oxidada de um metal, por exemplo a que fica
exposta ao partir-se uma peça de metal, mostra pequenos cristais.

As formas geométricas regulares destes cristais (visíveis) são consequência de um


arranjo regular dos respetivos átomos (invisíveis).

Estrutura cúbica Estrutura cúbica Estrutura cúbica Estrutura hexagonal


simples de corpo centrado de faces centradas compacta
Ex.: Mn Ex.: Na, K, Ba, Fe Ex.: Ca, Aℓ , Ni, Cu Ex.: Be, Mg, Co, Zn
Ligação química nos metais e noutros sólidos

Sólidos metálicos

A forma compacta como os átomos dos metais se associam significa que os respetivos
eletrões de valência se encontram partilhados entre cada átomo e os vizinhos e entre
estes e os seguintes.

Trata-se de uma partilha deslocalizada de eletrões, os quais se chamam, por isso,


eletrões livres.
Ligação química nos metais e noutros sólidos

Sólidos metálicos

A ligação metálica resulta, assim, do facto de os eletrões de valência constituírem


uma nuvem ou «mar» de carga elétrica negativa rodeando os cernes atómicos, de
carga positiva (os cernes são formados pelos núcleos e pelos eletrões mais
interiores).

Cernes atómicos (+) e eletrões


de valência (–) num metal.
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Sólidos metálicos

São vários os fatores que tornam a ligação metálica mais forte ou mais fraca.

Entre eles inclui-se o número de eletrões de valência partilhados; por exemplo, a ligação
é mais forte no metal magnésio – com dois eletrões de valência partilhados por átomo e
carga 2+ do respetivo cerne (Mg2+) – do que no metal sódio, com 1 eletrão de valência
partilhado por átomo e carga 1+ do respetivo cerne (Na+).
Ligação química nos metais e noutros sólidos

Sólidos metálicos

Tal reflete-se no ponto de fusão: 650 °C para Mg (s) e 98 °C para Na (s).

Os metais de transição, com eletrões de valência d e s de energias relativamente


próximas, partilham um maior número de eletrões, o que se traduz numa ligação metálica
mais forte.
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Sólidos metálicos

O facto de os eletrões de valência nos metais serem relativamente livres permite


compreender a sua elevada condutividade elétrica.
Essa mobilidade também ajuda a interpretar a elevada condutividade térmica dos
metais.

𝐸=0⃗ ⃗
𝐸 ≠ ⃗0

A corrente elétrica em metais resulta do movimento orientado dos eletrões de valência,


por ação de um campo elétrico ().
Ligação química nos metais e noutros sólidos

Sólidos metálicos

As estruturas dos metais constituem exemplos simples de estruturas cristalinas, pois


correspondem a átomos organizados de forma repetida e regular no espaço
tridimensional, embora em diferentes tipos de empacotamento: cristais metálicos.

Num cristal metálico, dado o elevado número de átomos envolvidos e a contribuição de


cada um com várias orbitais de valência vazias ou incompletas, tem-se um número
muito grande de níveis com energias muito próximas umas das outras. Fala-se de uma
banda quase contínua de níveis energéticos.
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Sólidos metálicos

A proximidade entre níveis de energia tem como consequência que a excitação dos
eletrões pode ser feita com quaisquer fotões da gama do visível, pelo que, em regra,
os metais absorvem todas as radiações visíveis.

Parte da energia é dissipada sob a forma de calor (aquecimento).

A outra parte é devolvida ao meio na forma de


radiação, que é difundida pelos eletrões livres
(difusão ou reflexão), razão pela qual os metais
possuem um brilho característico.
Os metais têm um brilho característico.
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Sólidos metálicos

Como as ligações entre os átomos de um metal, embora fortes, não estão dirigidas
entre átomos específicos, uma força aplicada pode fazer deslocar as camadas de
cernes atómicos umas em relação às outras no «mar» de eletrões de valência, sem
rutura.

Força

Os metais podem ser trabalhados, adquirindo diferentes formas – maleabilidade –,


assim como podem ser esticados em fios e varões – ductilidade.
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Sólidos não metálicos

Outras substâncias sólidas também se apresentam como cristais: cristais iónicos, cristais
moleculares ou cristais covalentes.

• Cristais iónicos

Os cristais iónicos são constituídos por um arranjo contínuo tridimensional de iões


positivos e iões negativos, frequentemente com uma base estrutural cúbica, em que as
atrações de iões de carga contrária superam as repulsões entre iões de igual carga.
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Sólidos não metálicos

Contrariamente à grande mobilidade dos eletrões de valência num metal, nos cristais
iónicos, embora animados de incessantes movimentos vibracionais, os iões não se
deslocam livremente de uma posição para outra.

Os cristais iónicos são maus condutores elétricos.

Quando fundidos ou em solução, tornam-se bons condutores porque os respetivos


iões adquirem uma grande mobilidade.
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Sólidos não metálicos

Outra diferença em relação aos cristais metálicos é a fraca resistência dos cristais
iónicos a forças de tração, que se explica pelo facto de deslizamentos na rede cristalina
colocarem em oposição iões com a mesma carga.

Força

As forças repulsivas existentes levam ao afastamento das camadas e à rutura da


rede.
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Sólidos não metálicos

• Cristais moleculares

As substâncias constituídas por moléculas originam cristais moleculares, com as


moléculas organizadas de maneira regular.

No gelo, por exemplo, as forças intermoleculares são particularmente fortes. São


ligações de hidrogénio ou pontes de hidrogénio.
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Sólidos não metálicos

• Cristais moleculares

As forças intermoleculares estabelecem-se entre a zona negativa de uma molécula


de água (átomo de O) e a zona positiva de outra molécula de água vizinha (átomo
de H) de tal forma que cada átomo H forma uma «ponte» com os átomos O de
moléculas vizinhas.
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Sólidos não metálicos

Nos cristais de gelo e devido à geometria da molécula de água, cada átomo de O, ligado
covalentemente a dois átomos de H, encontra-se também ligado, por ligações de
hidrogénio, a dois átomos de H de moléculas vizinhas.

O arranjo dos quatro átomos de H à volta do átomo de O


é aproximadamente tetraédrico, mas dois átomos de H
estão mais próximos do átomo de O (a uma distância de
cerca de 100 pm) do que os outros (a cerca de 180 pm).
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Sólidos não metálicos

Num cristal de gelo as moléculas de água formam anéis com seis moléculas, responsáveis
pela existência de canais de secção hexagonal.

O gelo é uma estrutura menos compacta do que a água líquida e, por isso, a sua
densidade é inferior à da água líquida.
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Sólidos não metálicos

• Cristais covalentes

O diamante, a grafite, o grafeno e os nanotubos de carbono são exemplos de cristais


covalentes.

Nanotubo
Grafite de carbono

Diamante Grafeno
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Sólidos não metálicos

Todas estas substâncias resultam da associação de átomos de carbono, C, de


diferentes maneiras, razão pela qual se denominam formas alotrópicas do carbono.

No diamante, cada átomo de C está ligado covalentemente a quatro outros átomos de


C, num arranjo tetraédrico, originando uma associação contínua de grande coesão. O
diamante é por isso um material extremamente duro e de elevado ponto de fusão
(3500 °C).

Na grafite, cada átomo de C está ligado covalentemente a três outros, em arranjos


planares dos respetivos núcleos.
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Sólidos não metálicos

Este arranjo de átomos em camadas permite a existência de eletrões que podem


deslocar-se mais livremente acima e abaixo de cada plano dos núcleos. Por conseguinte,
e contrariamente ao diamante, a grafite é um bom condutor elétrico.

O grafeno consiste numa rede bidimensional (2D) de átomos de C. Cada átomo


encontra--se ligado covalentemente a três outros.

Como cada átomo contribui com quatro eletrões de valência, um deles é um eletrão
livre (é partilhado de forma deslocalizada por todo o material), permitindo que o
material seja utilizado como condutor de corrente elétrica.
Ligação química nos metais e noutros sólidos

Sólidos não metálicos

O arranjo resultante do enrolamento cilíndrico do grafeno origina um nanotubo de


carbono.

Os nanotubos de carbono apresentam uma massa volúmica inferior à do aço e do


alumínio e uma resistência à tração muito superior.

A sílica é um exemplo de um cristal covalente que


não é formado por átomos de carbono.

Estrutura da sílica
Ligação química nos metais e noutros sólidos

Sólidos não metálicos

Estrutura da sílica

Na sílica, cada átomo de silício está ligado covalentemente a quatro átomos de


oxigénio.

Tal como no diamante, as ligações conduzem a uma grande coesão e o material


apresenta elevada dureza e alto ponto de fusão (1600 °C).
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O ambiente e os metais

Nos processos de extração de metais a partir de minérios, nem tudo são vantagens.

Se não houver o adequado investimento em medidas de proteção do ambiente, o


impacto ambiental pode ser enorme, incluindo a formação de quantidades
consideráveis de poluentes, em fase sólida, líquida e gasosa.

As relações de equilíbrio sustentável entre metais e ambiente não se limitam aos


impactos ambientais da indústria dos metais e ao controlo dos fenómenos de corrosão.

Os minérios são recursos limitados, como o são outras matérias-primas fundamentais à


civilização atual.
Ligação química nos metais e noutros sólidos

O ambiente e os metais

Para garantir a sustentabilidade a solução está em reduzir o consumo, evitando os


desperdícios, reutilizar, reciclar e, por fim mas não menos importante, investigar, para
encontrar materiais alternativos.

O alumínio, em particular, pode ser reciclado inúmeras vezes, tirando-se partido do seu
ponto de fusão relativamente baixo (660 °C).

A reciclagem de uma tonelada de sucata de alumínio permite:

• economizar cerca de cinco toneladas do minério bauxite;

• gastar menos energia do que a extração a partir do minério;

• gerar menos poluição.


Questões

1. Indique os principais fatores que tornam a reciclagem dos metais tão importantes.

2. Identifique cada um dos cristais presentes.

A. B. C.
Questões (Resolução)

1. Indique os principais fatores que tornam a reciclagem dos metais tão importantes.
A importância da reciclagem e da revalorização de metais decorre da:
– limitação de recursos naturais;
– diminuição de resíduos;
– diminuição dos consumos energéticos.

2. Identifique cada um dos cristais presentes.

A. B. C.

Cristal iónico Cristal covalente Cristal molecular


Cloreto de sódio Nanotubo de carbono Água no estado sólido

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