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GENERALIDADE DA TOPOGRAFIA

1.1. DEFINIÇÃO.
O termo Topografia origina-se da composição de 2 palavras gregas; topos, que significa "lugar",
"região", e graphein, que significa "descrever", portanto "descrição de um lugar"). É a ciência
que estuda todos os acidentes geográficos definindo a sua situação e localização exacta na
Terra. É ainda o estudo dos princípios e métodos necessários para a descrição e representação
das superfícies da Terra, representá-las graficamente em cartas (ou plantas) topográficas.

A Topografia pertence ao conjunto de Geociências.

Topografia significa a descrição exacta e detalhada de um lugar, determinando as dimensões,


elementos existentes, variações altimétricas, acidentes geográficos, etc. A Topografia fornece
dados, obtidos através de cálculos, métodos e instrumentos que permitem o conhecimento do
terreno, dando base para execução de projectos e obras realizadas por engenheiros ou
arquitectos. Sendo fundamental tanto na etapa de projecto quanto na execução da obra.

A representação topográfica, obtida de processo de levantamento topográfico, evidencia todas


as características de uma área, incluindo o relevo, curvas de nível, elementos existentes no local,
metragem, cálculo de área, pontos cotados, linhas de referências, coordenadas, acidentes
geográficos, etc., devendo obedecer a utilização de equipamentos apropriados, metodologia e
legislação a fim de fornecer um trabalho topográfico de acordo com as normas técnicas.

A topografia geral constitui hoje em dia, um indispensável instrumento de acção e apoio a


engenheiros no desenvolvimento de trabalhos estratégicos ou económicos e no processo de
mecanização, automatização e de organização ou planificação. As cartas topográficas são um
instrumento útil no ramo civil bem como no ramo militar.

Uma representação topográfica é regida pelas regras da topografia, varia com o grau de
exactidão e com finalidade requerida é designado por planta ou carta topográfica. É um
documento gráfico rigorosamente exacto.

A carta topográfica é considerada como sendo o resultado final de trabalho iniciado no campo e
terminado no gabinete.

A topografia, portanto, é feita a fim de poder determinar a localização dos elementos naturais e
artificiais na superfície da terra, no subsolo e a sua configuração (relevo). Os elementos naturais
são; rede hidrográfica, montanhas, floresta, entre outros, enquanto que os elementos artificiais
representam o produto de trabalho humano, tal é o caso: das estradas, caminho de ferro,
construções, linhas de fronteiras, etc,.

A toponímia (nomes) e a legenda que é um conjunto de sinais convencionais que dão


facilidades da leitura (identificação) dos respectivos elementos ou objectos no terreno.

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As cartas topográficas são produzidas com ajuda de várias linhas e símbolos convencionais. A
sua utilização pela engenharia civil aplica-se na determinação e localização de vias, canais,
gasodutos (pipelines), linhas de transmissão, tanques, e outros elementos. Na engenharia
florestal as cartas são úteis para localização do sistema de controlo de queimadas e torres. Na
arquitectura é relevante para construção e escavações da terra e finalmente na agronomia para
segurança dos solos. Outros ramos como arqueologia, geografia utilizam cartas topográficas
como instrumento de trabalho.

No que diz respeito ao ramo de geologia, o engenheiro geólogo necessita deste documento para
fins de investigação de minerais e petróleo, água e outros recursos.

1.2. TOPOGRAFIA MINEIRA E SUA RESENHA HISTÓRIA. A Topografia mineira data


dos tempos do começo de exploração de metais pelo homem e da necessidade de extracção
desses minérios no subsolo. Nesse momento nasceu a preocupação de documentar a situação
para orienta-se nas minas.

Podemos tomar como referência das primeiras cartas topográficas; as cartas realizadas á 1500
a.C., em Torino, que documentavam a situação das minas de ouro, o material precioso desde
esses tempos. À volta de 200 anos a.C., Heron introduziu o princípio da geometria sobre a
ligação da superfície e subsolo. Há registo de que nesse tempo os gregos já possuíam o nível e a
mira.

No tempo do Império romano, começa-se a utilizar alguns processos topográficos complicados,


por exemplo, na abertura de túneis, construção de estradas e pontes entre outros.

Outro passo importante foi à utilização da bússola na China há 300 anos a.C. O teodolito
começou a ser utilizado na topografia mineira nos meados de século passado, embora o primeiro
deste instrumento fosse construído por volta do ano 1780.

O primeiro estabelecimento de ensino de topografia mineira no mundo apareceu no ano de


1716, em Jachymov, na antiga República da Checoslováquia.

Novo passo qualitativo na Topografia Mineira efectua-se nos últimos tempos com a introdução
de instrumentos electrónicos e computadores. Aqui referimo-nos a utilização de Giro teodolito,
teodolito e nível electrónicos e de laser com grande precisão nas medições. Ainda podemos
referir os instrumentos automáticos para elaboração de cartas.

Os instrumentos modernos tomam cada vez mais um papel importante no trabalho


anteriormente realizado pelo homem, tais como, registo de dados no terreno, vários cálculos e
desenho de cartas. É o caso de teodolitos digitais “Total stations”, que mede e armazena os
dados do terreno na sua caixa de memória, de receptores GPSs, que determina num tempo
instantâneo a posição dos pontos no terreno, e de vários instrumento modernos rápidos e
precisos para elaboração de cartas.

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A topografia mineira dedica-se ao mesmo tempo a estabelecer limites de direitos das
propriedades de minas, dos métodos de cálculo de quantidades de minério, do controlo da
produtividade e dos efeitos de desabamento da terra causados por acções de exploração mineira.

Durante a operação de escavações e aberturas, a Topografia mineira serve para projectar e


controlar a orientação (direcções e inclinações) dos trabalhos em curso e extensão de novos
trabalhos.

A Topografia mineira é levada a cabo para determinar as posições relativas e as cotas dos
trabalhos subterrâneos, formações geológicas e características da superfície; fazer medições e
estabelecer linhas e direcções dos trabalhos futuros. Também usa para projectar os trabalhos,
como também representar os progressos dos mesmos, determinar a quantidade de mineral
produzido, estimar quantidade de mineral que podem ser produzido.

A Topografia mineira é uma das disciplinas mais antiga na área mineira; podemos dizer que ela
é tão antiga como a própria actividade de exploração mineira.

O Topógrafo Mineiro é o profissional especializado para cumprir os trabalhos acima


mencionados.

O Topógrafo Mineiro deve ter para além de conhecimentos gerais de topografia, noções sobre a
geologia e trabalhos de minas. Esta é a arma que lhe facilita entender melhor o objectivo de
cada operação em curso. Esta capacidade ajuda, significativamente, a seleccionar as
informações útis entre milhões de informações existentes a sua volta no terreno.

Para o geólogo ou trabalhador de mina a questão é inversa sendo necessário o conhecimento da


Topografia para poder lêr melhor e com clareza uma carta topografica, traçar um projecto na
carta e poder fazer pequenos levantamentos no terreno.

Como já vimos, os dois sectores estão fortemente ligados.

Vamos, portanto, conhecer as três principais finalidades de cada carta (na área Geológico-
Mineira) a ser elaborada:

i) Cartas para fins de trabalhos de pesquisa geológica;

ii) Cartas para fins de trabalhos de exploração e controlo topográfico técnico da mina;

iii) Cartas para fins de trabalhos técnicos operacionais, como é o caso de transporte nos locais
de actividade, projecção de medida de segurança, documentação das zonas de impacto
ambiental a serem reabilitadas, localização de zonas vulneráveis à problemas de gases, etc.

Os trabalhos topográficos se realizam principalmente em dois espaços; trabalhos no céu aberto e


subterrâneo.

A precisão exigida em cada trabalho vai influenciar também na determinação de métodos e


instrumentos a serem aplicados.
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Resumidamente, a Topografia Mineira documenta informações sobre os corpos geológicos para
fins de pesquisa ou exploração.

A carta/planta topográfica serve de uma base para uma melhor determinação de metodologias
adequadas a serem aplicadas, tanto como na extração e transporte do minério também para
medidas de segurança duma mina.

1.3. REPRESENTAÇÃO DO TERRENO. Há duas partes distintas de representação do


terreno nos trabalhos topográficos que são:

Planimetria – É uma representação dos objectos (linhas e pontos) naturais e artificiais do


terreno, considerando-os projectados sobre um plano.

Altimetria - Ensina a determinar e a representar o relevo, isto é, os acidentes do terreno.

Sobre estes assuntos, vamos ainda abordar detalhadamente nos próximos capítulos.

A passagem de um tipo de carta para a outra exige a ligação ou redução do(s) precedente(s) e a
nova carta toma uma nova dimensão ou escala. Isso implica que se faça uma nova redacção e às
vezes, no caso de impossibilidade de ligação de folhas adjacentes, se procede a mudança de
sistema de projecção.

A escala é a razão (relação) de medições extraídas no terreno pelos métodos topográficos e


aquelas representadas nas cartas. Elas são reduzidas baseando-se fortemente nas aplicações de
geometria e trigonometria.

1.4. MÉTODOS DE TRABALHOS TOPOGRÁFICOS MINEIROS. Trabalhos topográficos


são realizados por métodos de trabalhos no terreno ou por fotografias terrestre (fotografia
aérea, reserva-se somente aos trabalhos na superfície), e muitas vezes, há combinação dos dois
métodos. Hoje em dia, graças aos novos equipamentos sofisticados permitem que o método de
fotogrametria seja mais preciso e econômico.

O método de levantamento no terreno é frequentemente utilizado para mapeamento e


preparação de cartas à grande escala e nas pequenas extensões, em Moçambique a Direcção
Nacional de Cartografia e Teledetecção é a instituição do Estado que tem a vocação de realizar
os trabalhos de elaboração de cartas topográficas a média e pequena escala. Esta Direcção é
composta por vários departamentos, entre os quais: Fotogrametria, Cartografia, Geodesia e
Teledetecção.

1.5. PROCESSOS DE TRABALHO TOPOGRÁFICO. A Topografia contempla três etapas


de trabalho:

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a) Preparação - Esta é a etapa de recolha da informação, geralmente realizada no gabinete, e
na qual se define a metodologia, a composição da equipa, duração de trabalho e os respectivos
custos.

b) Observação e medição - É o processo realizado no terreno onde se concretiza o plano de


trabalho já definido com medições que permitem definir a posição, o tamanho e outras
descrições necessárias sobre os elementos naturais e artificiais no terreno. A realização das
medições é antecedida do reconhecimento que é o processo que permite ter uma visão real
sobre a zona antes do início do trabalho.

c) Cálculo e Representação - Em cada trabalho topográfico, os dados obtidos no terreno


devem ser reduzidos e documentados de forma a facilitar claramente a interpretação e
compreensão pelos outros utentes. A forma de representação pode ser escrita, tabela, desenho
entre outros, sendo a preferencial na Topografia a forma gráfica em plantas, cartas ou mapas.

1.6. GEODESIA. A Geodesia representa ou estuda a forma, as dimensões da terra num globo, e
o seu campo gravitacional e dos outros planetas do sistema solar. A geodesia, portanto, dedica-
se ao estudo e medições de grandes extensões da superfície terrestre onde a forma esférica da
terra é tomada em consideração. Ela é ciência mais precisa sobre medições da terra.

A geodesia na verdade iniciou na antiguidade, visto que já nessa altura o homem interessou-se
em conhecer a forma e a dimensão da Terra; o planeta portador da vida. No entanto nesta época,
não se tinha atingido ainda um bom nível em matemática, astronomia ou geografia. O
desenvolvimento nesta área começou somente no século 17, quando a geodesia se tornou
efectivamente uma ciência.

A Geodesia como disciplina de ciência, pertence ao conjunto de geociências que inclui:


Geodesia teórica, chamada também Geodesia superior, Astronomia geodésica, Gravimétrica,
Geofísica, Geodesia técnica, Fotogrametria e Mapeamento.

A Geodesia divide-se em: Geodesia superior e Geodesia inferior, este último do âmbito da
topografia actual.

1.6.1. GEODESIA SUPERIOR. Vimos na introdução deste tema o que é a Geodesia. A


Geodesia superior, dedica-se ao estudo da forma, tamanho e peso dos fenômenos no espaço
circunterrestre, portanto em medições de grandes extensões da superfície terrestre e mesmo da
totalidade desta, sendo por isso tributária da Geografia. Esta é a primeira tarefa da Geodesia.

Além de definir as medições e forma da terra como acabamos de ver, outra tarefa muito
importante da Geodesia superior é de estabelecer a rede geodésica (rede da I. e mais) num
estado, conjunto de países ou na totalidade da Terra para trabalhos posteriores de medições da
Terra.

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1.7. FORMA DA TERRA. A forma da terra é resultado de duas forças: Força de atracção F
conforme a lei geral de gravitação e, a Força centrifugal P como resultado da rotação da terra. O
resultado dessas duas forças é a força de gravitação da Terra G (ver a fig. 1.1). O espaço onde
actua a força de gravidade da terra, é o campo de gravitação da Terra.

Fig.1.1 - Movimento de rotação da Terra

O movimento de rotação da terra é um movimento uniforme em torno de um eixo passando pelo


seu centro de gravidade, existe uma superfície média de nível zero dos mares calma idealmente
prolongada através dos continentes, esta é uma superfície equipotencial, à qual chamamos
Geóide, o nome dado pelo cientista J.B. Listing (1872). A superfície da geóide em cada seu
ponto é perpendicular a direcção da força de gravidade

Devido à irregularidade da composição de massa de diferente densidade na crosta terrestre, o


transcurso real do campo de gravitação da Terra é irregular e a geóide é um corpo muito
complicado e irregular. W. Heinskanen (1963) estimou que a ondulação da geóide é de ± 50m.

Para determinar o geóide consiste na obtenção da separação, em todos os pontos, da superfície


do elipsóide e do geóide. Um outro método para determinar o geóide, hoje em dia é a utilização
dos dados obtidos das observações de satélite artificiais.

Existe uma outra superfície chamado quase-geóide que é uma superfície próxima do geóide,
estudada por M. Molodênsky em 1945. O seu estudo baseou-se em medições e dados físicas,
astronômicas e gravimétricas medidas na superfície da terra, resultado de processo complexo de
nivelamento gravimétrico. Afastamento das duas superfícies não ultrapassa 2m em zonas
montanhosas, e nas zonas costeiras as duas funde-se.

As duas superfícies, Geóide e quase-geóide são inconvenientes nas resoluções matemáticas por
ser bastante complexos, assim sendo não servem como superfície de referência para determinar
a situação de projecções numa forma precisa, para tal precisamos de tomar uma outra superfície
de referência que seja mais precisa ou exacta.

A geóide é, portanto substituída pela elipsóide tri-axial que é matematicamente realizável e


definida pela seguinte fórmula:

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Pela sua complexidade nos cálculos, o elipsóide tri-axial é substituído nos trabalhos geodésicos
pelo elipsóide de revolução que é uma superfície vizinha ao geóide, mas matematicamente
executável, simples e definida pela seguinte formula:

Para melhor compreensão, apresentamos na fig. 2.2, duma forma exagerada, a configuração da
terra em relação à geóide e elipsóide.

fig. 1.2 - forma da terra – geóide, elipsóide e o desvio.


Um pequeno ângulo , formado entre a normal de geóide e de elipsóide (ver a fig. 1.2) é
chamado desvio.

Esta superfície arbitrária é ligeiramente achatada pelos pólos na razão de aproximadamente


1:300, cujo semi-eixo maior tem cerca de 6.378km, e o menor 6.357km. O achatamento (i) é um
elemento muito importante nos cálculos dos trabalhos geodésicos é dado pela relação dos seus
semi-eixos a e b da seguinte maneira:

Esta superfície é considerada elipsóide de referência (ver a fig. 1.3).

Fig. 1.3 - Geóide e elipsóide de referência.

Inúmeros foram os trabalhos científicos realizados para determinar as elipsóides terrestres, não
havendo uma única que melhor se adapte na globalidade. Cada elipsóide se adapta melhor num
determinado local, não sendo o mesmo para o outro lugar, esta é a conclusão a que se chegou.

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Por esta razão, cada região tem a preferência sobre a elipsóide a utilizar segundo as diversas
vantagens que traz em relação aos outros.

Ate o recentemente em Moçambique se utilizou o Elipsóide de Clarke (1866). As dimensões da


elipsóide de Clarke 1866 são apresentadas na fig. 1.4,

Fig. 2.4 – Dimensões do Elipsóide de Clarke 1866.

Algumas elipsóides de referência e as regiões onde são usado encontram-se na tabela a seguir:

Raio Achatamento
Nome de elipsóide Raio Polar (m) Onde usado
Equatorial (m) Inverso

Maupertuis (1738) 6,397,300 6,363,806.283 191 France

Everest (1830) 6,377,276.345 6,356,075.413 300.801697979 India

Airy (1830) 6,377,563.396 6,356,256.909 299.3249646 G.Britânica

Bessel (1841) 6,377,397.155 6,356,078.963 299.1528128 Europe, Japão


anteriomente
Clarke (1866) 6,378,206.4 6,356,583.8 294.9786982 usado em
Moçambique

Clarke (1880) 6,378,249.145 6,356,514.870 293.465 França, África

Hayford (1910) 6,378,388 6,356,911.946 297 USA

NAD 27 6,378,206.4 6,356,583.800 294.978698208 América do norte

Krassovsky (1940) 6,378,245 6,356,863.019 298.3 Rússia

South American (1969) 6,378,160 6,356,774.719 298.25 América do sul

WGS-72 (1972) 6,378,135 6,356,750.52 298.26 USA/DoD

NAD 83 6,378,137 6,356,752.3 298.257024899 América do norte

WGS-84 MOZNET 6,378,137.0 6,356,752.31 298.257223563(m) Moçambique

Geral 6,378,135 6,356,750 298.25274725275 Global

Recentemente Moçambique adoptou o elipsóide WGS, como seu elipsóide de


referencia. O elipsóide WGS 84 é usado com parâmetros padrão:
- semi-eixo maior a= 6,378,137,0 m;

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- semi-eixo menor b = 6,356,752.31m;
- achatamento 1/f =1:298.257223563
- excentricidade e = 0,0818191908426202.

1.8. ELEMENTOS PRINCIPAIS DA ELIPSÓIDE TERRESTRE. Já falamos sobre a forma


da terra que é aproximadamente esférica tendo a sua rotação à volta do eixo polar que é uma linha
recta ligando os pólos Norte e Sul. Por outras palavras, os dois pólos são pontos em que o eixo de
rotação da terra encontra a esfera celeste. Vamos observar a figura em baixo para poder
compreender melhor quais são os elementos principais da elipsóide terrestre (ver a fig. 1.5):

Fig. 1.5 - Elipsóide terrestre.

- Chama-se (plano) meridiano o plano que intersecta a superfície da elipsóide no ponto A e


passando pelos dois pólos formando assim a grande circunferência (NAS).

- Chama-se paralelo do lugar (do A) a intersecção com a superfície da elipsóide de um plano


perpendicular à linha (NS) dos pólos e que passa pelo lugar (ponto).

- Chama-se equador terrestre o paralelo (EW) que é eqüidistante dos pólos (NS).

- Chama-se normal a perpendicular à elipsóide no lugar.

- Chama-se azimute o ângulo medido em graus a partir do meridiano, no sentido do ponteiro do


relógio.

O comprimento de grau de latitude (medida norte-sul ou sul-norte) é de 110.573 km no


equador; nos pólos esta medida aumenta para 111.697 km. A diferença de 1.124 km em uma
distância de 10.000 km (Equador-Pólo) é importante para a geodesia, porém pouco relevante
para a grande maioria dos usuários de cartas.

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Portanto, em termo geral a superfície da terra será considerado esférica, sobre a qual um grau de
latitude equivalerá 111 km em qualquer parte do globo, indistintamente.

No equador um grau de longitude também equivale 111 km. Porém, devido à convergência nos
pólos, o comprimento de um grau de longitude fora da linha do equador será proporcional ao
cosseno da latitude do lugar.

Observa-se que um grau de longitude não é constante e que a variação é maior quanto mais
próximo dos pólos se considerar. Este fato dificulta em muito o uso das coordenadas
geográficas para medidas comuns.

Outras dimensões básicas da Terra são apresentadas em baixo:-


Aspecto Dimensões Aproximadas
- Raio da Terra no Equador: 6.378.38km -
- Raio da Terra nos Pólos: 6.359,90km 6.370.0km
- Elipsidade (Achatamento) 1/297 1/300
- Circunferência Equatorial: 40.102,84km -
- Circunferência Mediana: 40.035,64km 40.000km
-Comprimento de 1º (Longitude) no Equador: - 111km
- Comprimento de 1º (Latitude) no Equador: - 111 km
- Comprimento de 1º (Latitude) nos Pólos: - 111 km
- Superfície total da Terra (Aproximada): 510.100.000km2 510 milhõeskm2

1.9.. DATUM
O Datum é a referência dum sistema cartográfico. Os geodesistas tomam um modelo de
elipsóide da Terra e fixam-no a um ponto inicial ou ponto origem (Datum). Infelizmente,
porque o Datum mantém os seus próprios erros na determinação e porque é fixo, sempre que
nos afastamos desta origem, os erros se acumulam. Este tipo de sistema é chamado de
topocêntrico, pois a sua referência é um lugar (topo) na superfície terrestre.

Para eliminar estes erros, o cartógrafo é forçado a trocar a referência (Datum) eventualmente.
Quando isto acontece, os mapas perdem a sua continuidade, pois cada Datum possui parâmetros
específicos (esferóides–elipsóides de referência e pontos origem). As coordenadas de um
sistema são alteradas quando se altera o Datum. Até mesmo (ou talvez especialmente) quando
altera-se o Datum permanecendo num mesmo ponto.

1.9.1. DATUM DE MOÇAMBIQUE


Em 1960 a rede de triangulação com base no elipsóide Clarke 1866, tornou-se Datum oficial em
Moçambique, conhecido como Datum de Tete. Essa rede era composta por cerca de 700 marcos
geodésicos de 1a ordem e mais de 3000 de ordem inferior.

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Várias décadas passadas esta infra-estrutura teve ainda de uma importância fundamental para
Moçambique pois, além de o cobrir geograficamente e facilmente convertível nos sistemas de
coordenadas usados pelos actuais sistemas de posicionamento e navegação como o GPS.

Moçambique ajustou-se mais tarde a rede clássica fixando as coordenadas GPS de dezenas
pontos, no Datum WGS84 (World Geodetic System). Esta rede geodésica oficial moderna e
designada MOZNET e é geocêntrica (elipsóide de Referência WGS 84), alinhada com o
ITRF94 usando 11 Estacões Permanentes de Referencia.

Para as redes verticais, recentemente o CENACARTA produziu um novo modelo do geóide


designado MOZGEOIDE2016 com base em observações de gravidade aérea e terrestre,
cobrindo todo o pais e está se em vias de adoptar o modelo geoide como Datum vertical para
mapeamento.

A projecção cartográfica é a zona Universal Transverse Mercator UTM 36S e a zona UTM 37S
com meridianos centrais padrão 33o e 39o Leste, respectivamente.

1.9.2. UNIDADES DE MEDIDA


Em Moçambique usa o padrão da Organização Internacional de Normalização (ISO) para todas
as medições geodésicas, incluindo:
i. Unidades de medida de comprimento: sistema métrico
ii. Unidades de medida de ângulos: graus, minutos e segundos
iii. Unidades de medida de área: hectares; metros quadrados, quilómetros quadrados;

1.10. OUTRAS CIÊNCIAS AUXILIARES E COMPLEMENTARES À TOPOGRAFIA. A


topografia como todas as ciências, conserva íntima relação com vários outros ramos que, por
vezes são difíceis de os separar ou precisar donde começam e onde terminam. Ora vejamos:

Geologia: lida com estudos da Terra e todas as ciências que com ela se relacionam, as
designadas “Geociências - Ciência da Terra”.

Astronomia: estuda o movimento do sol e das estrelas bem como o trabalho dos relógios de sol.

Agrimensura: descreve apenas os pormenores planimétricos.

Cadastro: determina as delimitações das propriedades da terra para fins de planificação física e
de colecta dos impostos.

Cartografia: uma ciência sobre preparação de cartas, dando o conhecimento métrico de um


território e evidenciar a informação complementar dentro de objetivo de utilidade geral.

Fotogrametria: tem como base à obtenção das informações a partir de fotografias que depois
são interpretadas para preparação da carta.

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Teledetecção (aeroespacial): é a detecção à distância das informações relativas a superfície da
terra ou da atmosfera por registo de raios electromagnéticos.

Hidrografia - Trabalhos topográficos realizados para medir posição dos canais das águas,
mostrando a profundidade em diferentes pontos, correntes, faróis, bóias, etc.. Eles são levados a
cabo principalmente para construir cartas de navegação, mas também são fundamentais para
planear e controlar projectos de engenharia, tais como pontes, túneis, bacias de reservatórios e
trabalhos relacionaram com os rios e pontes.

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