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dossiê piauí
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05/02/2021 Arrabalde: Parte III_A fronteira é um país estrangeiro
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obert R. Schneider é uma dessas pessoas que dão a sensação de estar à
vontade consigo mesmas, o que nele talvez seja efeito de uma
convicção serena, jamais expressa com arrogância, de que fez bem o
seu trabalho. Schneider só fala de si quando instado, preferindo dar o
crédito aos colegas que exploraram os mesmos temas aos quais dedicou boa
parte da vida. Nascido nos Estados Unidos, doutorou-se em economia
agrícola e fez carreira como pesquisador em organismos internacionais.
Durante sete anos foi economista sênior do Fundo Monetário Internacional.
Em 1988 passou para o Banco Mundial, onde assumiu o posto de economista
líder para Desenvolvimento Sustentável na Região da América Latina.
Permaneceria na instituição até se aposentar, em 2005, quase dezoito anos
depois.
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em que Robert Schneider soubesse, seu trabalho puramente teórico,
concebido à base de papel, caneta e rigor num país temperado, tinha
aqui um correlato empírico, realizado por uma equipe de jovens
ambientalistas brasileiros sob orientação do ecólogo norte-americano
Christopher Uhl. Adalberto Veríssimo fazia parte dessa equipe.
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Assim como Schneider, Uhl e seus discípulos queriam entender quem estava
desmatando a Amazônia. Entre o final da década de 1980 e os primeiros
anos de 1990, esses pesquisadores se espalharam pelas estradas ilegais que
cresciam na floresta – e continuam a crescer – como um sistema vascular
clandestino, e, de prancheta na mão, começaram a recolher dados sobre os
caminhões que passavam carregados de toras. Quem empregava os
motoristas? De onde vinham? Para onde iam? Quantas toras cabiam em
cada caminhão? De que madeira? Quanto custavam? Quanto rendiam?
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Em três meses essa frente localizou e cortou 1,2 mil árvores de mogno.
Veríssimo e seus colegas anotavam criteriosamente o custo de todos os itens
das planilhas: salários, alimentação, combustível, manutenção, frete.
Observavam o tombamento das árvores, o arraste para fora da mata, o
transporte até a serraria, e depois, à noite, tomavam chimarrão com o
capataz gaúcho à frente da operação. O mogno era uma espécie tão valiosa
que, a despeito do desembolso – a empreitada custaria 830 mil dólares a
Peracchi –, verificaram que fazia sentido econômico penetrar até 300 km
floresta adentro para obtê-lo e, em seguida, percorrer outros 1,5 mil km até
Belém, para o porto de onde seria exportado. Naqueles anos, a cotação
média do mogno no mercado internacional era de 800 dólares o m3. Em
outras palavras, cada árvore tombada podia render até 2 mil dólares ao
empreendedor médio. Madeireiros eficientes, como Peracchi, eram capazes
de ganhar ainda mais. Depois de três meses embrenhadas na mata, equipes
como as estudadas pelos pesquisadores do Imazon voltavam para casa
tendo gerado para seus patrões alguns milhões de dólares de lucro.
Era uma operação tão rentável que não valia a pena perder tempo com
outras espécies. Madeiras de lei como o ipê, o cedro e o freijó eram deixadas
para trás, pois apenas o mogno alcançava taxas de retorno à altura da
empreitada; só ele justificava abrir extensas redes de estradas madeireiras,
ou ramais, no interior da floresta – na época da pesquisa de Veríssimo, eram
cerca de 3 mil km apenas no Sul do Pará.
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obert Schneider não conhecia o trabalho dos jovens ambientalistas
brasileiros, que só viria a ser publicado um ano depois do seu. Em seu
gabinete em Washington, a pergunta que o guiava diferia ligeiramente
da deles. Schneider queria saber por que razão tantos colonos se dispunham
a ir além da fronteira do desmatamento – esse limiar em que a floresta se
encontra com a infraestrutura do país formal – para se estabelecer onde
ainda não havia segurança, saúde, energia, educação, Estado, enfim, nada. E
principalmente: por que, tendo se estabelecido ali com enorme sacrifício,
acabavam por abandonar suas terras assim que a fronteira se aproximava
deles novamente? Esse avanço constante estava na origem da explosão do
desmatamento na década de 1980. Como compreendê-lo?
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a outra, e a outra, numa cadeia causal que avança com a inexorabilidade dos
dominós que caem.
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Para esses novos proprietários bastava então esperar que o país viesse ao
encontro de suas novas posses. Quase sempre moradores de cidades já
consolidadas, eles adquiriam suas terras como investimento. Viravam
rentistas e especuladores, operadores muito diferentes das grandes
empresas colonizadoras das décadas anteriores. Não precisando mais
proteger as terras de invasões – agora o braço armado da nação se incumbia
da tarefa –, podiam deixá-las desocupadas e improdutivas até a chegada dos
serviços do Estado, quando então elas se valorizariam bastante. De caráter
especulativo, esse segundo abandono decorria de duas constatações: se, por
um lado, não compensava produzir na terra, por outro era bom negócio
entesourá-la até que as condições de mercado soprassem a favor.
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E
xiste um modo relativamente simples de aferir se o governo se
precipitou ao investir em determinado território. Basta comparar os
gastos necessários para manter de pé a infraestrutura socioeconômica
com o valor de tudo o que se produz ali. Quando essa razão é alta – muito
gasto público para pouca geração de riqueza –, significa que a vida
econômica tem no governo o seu principal motor. Se, com o tempo, a
proporção diminui, é sinal de que a região está ganhando autonomia e se
livrando da dependência do governo federal. Governos prematuros se
instalam nas regiões em que tal razão se mantém permanentemente alta.
“Nelas, o Estado foi incapaz de criar as precondições para um crescimento
sustentável da economia”, escreveu Schneider em 1995. Excetuando
eventuais objetivos estratégicos – proteger áreas de fronteira, por exemplo –,
situações assim evidenciam que, do ponto de vista do interesse nacional, o
governo fez uma aposta errada. Recursos que poderiam ser mais bem
empregados em áreas consolidadas são gastos em fronteiras distantes, onde
a vida econômica só sobrevive graças aos repasses governamentais. Como
pacientes numa UTI, são municípios que vivem por aparelhos. Desligue-se o
respirador e a vida chega ao fim. Schneider observou: “Tal como já se
verificou inúmeras vezes, investir em desenvolvimento econômico em
regiões extrafronteiras é, a priori, uma proposta fadada ao fracasso.”
“Desmatar não faz mais nenhum sentido”, diz Mauro Lúcio de Castro Costa,
um fazendeiro no Pará: “Se desmata, tem que levar estrada, energia,
saneamento. Como é que o governo vai fazer tudo isso num estado em que o
PIB da pecuária é de 500 reais por hectare? Isso é PIB de miséria.”
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pesquisadores Danielle Celentano e Adalberto Veríssimo (a
categorização inclui uma quarta zona, a não florestal, recoberta por
cerrados e campos naturais; por não ser predominantemente floresta,
será desconsiderada aqui). Novo Progresso, no sudoeste do Pará, é um
município típico da zona sob pressão. É em lugares assim que o futuro do
bioma está sendo disputado. Foi ali que proprietários de terra combinaram
dia e hora para começar incêndios florestais, no que ficou conhecido como o
Dia do Fogo: 10 de agosto de 2019. Cortado pela BR-163 e pela
Transamazônica, o município é incluído constantemente na lista dos que
mais desmatam.
Não se pode dizer que seja uma fronteira recente. Na Wikipédia ele é
celebrado por um curioso verbete cuja evolução editorial traça o histórico
das disputas ideológicas em torno da fronteira. Em 2008, quatro anos depois
de ter sido criado, o texto recebeu a primeira versão da seguinte frase: “O
surgimento de Novo Progresso se deve à construção da Rodovia Cuiabá-
Santarém, que em 1973 rasgou a Floresta Amazônica.” Sete anos depois, em
2015, alguém refinou o enunciado: “O surgimento de Novo Progresso se
deve à construção da Rodovia Santarém Cuiabá, que em 1973 rasgou e
desmatou a Floresta Amazônica.” Tudo permaneceria igual até março de
2020, quando outro redator (de quem só se conhece o IP, não a identidade)
interveio para acrescentar o elemento de exaltação: “O surgimento de Novo
Progresso se deve à construção da Rodovia Santarém-Cuiabá, que em 1973
rasgou, desmatou e trouxe progresso à Floresta Amazônica.”
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Novo Progresso está longe de ser uma exceção. Não raro se imagina que o
setor agropecuário seja o que mais contribui para o PIB da Amazônia Legal.
Errado. No estudo de 2007 em que tipificaram as várias Amazônias, Danielle
Celentano e Adalberto Veríssimo mostram que, em 2004, isso era verdade
apenas para Mato Grosso, onde a produção rural gerava 41% do PIB. No
estado do Amazonas, o setor industrial representou 70% das riquezas
produzidas, o que se deveu unicamente à Zona Franca de Manaus. Em todos
os outros estados da região, o setor mais dinâmico da economia foi o de
serviços. Quando se observam as rubricas que o compõem, constata-se que a
parte do leão pertence à administração pública. “No Acre e em Roraima, a
administração pública representou 63% e 64% do PIB de serviços,
respectivamente. Isso indica a forte dependência entre a economia da região
e as despesas públicas”, escreveram os pesquisadores. Significa que, para os
mais ricos, o Estado comparece com empregos públicos; para os mais
pobres, com programas de transferência. A renda familiar de uns e de outros
provém de uma mesma fonte cuja origem não é a economia local.
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U
m dos desdobramentos do trabalho de Robert Schneider foi permitir
uma compreensão mais fina de como as regiões amazônidas se
comportam antes, durante e depois de serem alcançadas pela fronteira
econômica. Para os que leram seu artigo de 1995, parecia correto, ao menos
intuitivamente, concluir que o Brasil não havia escolhido o bom caminho.
Nenhum modelo de desenvolvimento baseado na destruição sistemática do
ecossistema, no abandono da terra e na irracionalidade fiscal poderia se
sustentar por muito tempo e tampouco conseguiria produzir bem-estar
social duradouro. Mas era preciso provar. O relatório de Schneider oferecia
uma descrição elegante e poderosa do que se passava na Amazônia, mas se
tratava ainda de uma hipótese em busca de dados empíricos que a
consolidassem.
Por fim, a Amazônia úmida representa 45% de todo o território. Boa parte
dela coberta por florestas densas, é a paisagem que todo cidadão do planeta
tem na cabeça quando pensa no bioma. Trata-se de um ambiente hostil à
produção agrícola de alto rendimento. Excesso de chuva, drenagem
insuficiente, alto custo de manutenção de infraestrutura viária, um dos
ecossistemas “com a mais alta probabilidade de abrigar um predador
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natural para qualquer cultura agrícola introduzida pelo homem” – esses são
alguns dos obstáculos quase intransponíveis enfrentados pelas grandes
monoculturas na região. A pecuária é possível, mas tende a ser muito pobre.
Se na zona seca perto de 8% dos pastos estão abandonados, na zona úmida
esse índice chega a 20%.
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A
s análises pioneiras de Robert Schneider tornaram-se cada vez mais
influentes ao longo dos anos 1990 e 2000. Novos pesquisadores
entraram em cena, levando adiante os achados do norte-americano.
Tomados em conjunto, esses estudos conduziam a uma pergunta: Como
estancar a sangria e mudar de rumo?
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“O
passado é um país estrangeiro: lá, as coisas são feitas de maneira
diferente”, diz a frase que inicia O Mensageiro, romance do
escritor inglês L.P. Hartley. A observação também se aplica à
fronteira. É como se lá fosse outro país, regido por outros princípios.
Deixada à sua volição própria, rumará sempre na direção contrária ao uso
equilibrado dos recursos. O único modo de alinhá-la aos interesses da nação
é fazê-lo de fora para dentro. Cabe ao governo nacional o papel de criar
condições para que uma vida econômica não predatória na fronteira se torne
competitiva e, em consequência, viável.
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O governo Lula foi além. Como titular do MMA entre janeiro de 2003 e maio
de 2008, Marina Silva fechou a fronteira nas zonas sob pressão, onde já havia
conflito e interesses em jogo. Pagava-se mais caro politicamente por atuar
nesses territórios em disputa. “Naquela época a BR-163 era uma cunha que
avançava na floresta”, lembra Veríssimo, referindo-se à mesma rodovia
Cuiabá-Santarém à beira da qual nasceu Novo Progresso. “Nós sabíamos
que o problema estava ali. Havia esse debate: será que é possível uma BR-
163 sustentável? Era uma visão espacial da região: a estrada está subindo,
então antes que chegue lá em cima nós vamos fechar as margens dela com
uma Floresta Nacional, e assim evitamos o custo político de fazer esse
debate quando toda a floresta já estiver tomada.” A seu lado, Robert
Schneider acrescenta: “Fechar lá longe, lá na frente, adiantando-se…”
“Com Marina e Lula fica explícito que a criação de áreas protegidas obedece
à lógica do fechamento da fronteira”, explica Veríssimo. “A gente sabia que,
por si só, a terra aberta e explorada não teria como sustentar os
serviços sociais, de fiscalização e de infraestrutura que o Estado seria
obrigado a prover. Nada disso caberia no Orçamento. A baixa
produtividade não geraria os impostos para financiar os serviços. Seria
preciso reduzir a presença do Estado, circunscrever a área de atuação estatal.
Hoje o preço de impor a lei na Amazônia é muito alto, bem acima da
capacidade fiscal do país. Fechar a fronteira é uma decisão política e
econômica.”
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