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ESTRUTURAS METÁLICAS I

Prof.
Deckson Lacerda

AÇAILÂNDIA – MA
2023
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SUMÁRIO:

 1 – Tipos de aços estruturais;


 2 – Propriedades do aço;
 3 – Perfis e processo de fabricação;
 4 – Ações e carregamentos.
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TIPOS DE AÇOS ESTRUTURAIS
 Aços carbono e aços de baixa liga.

 Padronização ABNT:
 Segundo a NBR 7007 - Aços-carbono e aços micro ligados para barras e perfis laminados a
quente para uso estrutural.

 Os aços para perfis laminados para uso estrutural, podem ser enquadrados nas seguintes
categorias, designadas a partir do limite de escoamento de aço fy.
 MR250, aço de média resistência (fy = 250 MPa; fu = 400 MPa);
 AR350, aço de alta resistência (fy = 350 MPa; fu = 450 MPa);
 AR-COR415 , aço de alta resistência (fy = 415 MPa; fu = 520 MPa), resistente à
corrosão.
;
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PROPRIEDADES DO AÇO
 Para compreender o comportamento das estruturas de aço é essencial que o engenheiro esteja
familiarizado com as propriedades do aço.

 Constantes físicas do aço:


 As seguintes características físicas podem ser adotadas em todos os tipos de aço estrutural na
faixa normal de temperaturas atmosféricas:
 Módulo de deformação longitudinal ou módulo de elasticidade E = 200.000,00 Mpa;
 Coeficiente de Poisson v = 0,3;
 Coeficiente de dilatação térmica β = 12 x l0-6 por ºC;
 Massa específica ρ = 7850 kg/m3;
 Módulo transversal de elasticidade G = 78.850,00 Mpa;
 Coeficiente de Poisson no regime plástico vp = 0,5
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PROPRIEDADES DO AÇO
 Ductibilidade:
 Denomina-se ductilidade a capacidade de o material se deformar sob a ação das cargas, sem
sofrer fraturas na fase ineslática, isto é, além do seu limite elástico (limite de elasticidade).

 Os aços dúcteis, quando sujeitos a tensões locais elevadas sofrem deformações plásticas
capazes de redistribuir as tensões.

 Esse comportamento plástico permite, por exemplo, que se considere


numa ligação parafusada, a distribuição uniforme da carga entre parafusos.

 Além desse efeito local, a ductilidade tem importância porque conduz a mecanismos de
ruptura acompanhados de grandes deformações que fornecem avisos da atuação de cargas
elevadas.
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PROPRIEDADES DO AÇO
 Fragilidade:
 É o oposto da ductilidade.

 Os aços podem se tornar frágeis pela ação de diversos agentes: baixas temperaturas ambientes
e efeitos térmicos locais causados, por exemplo, por solda elétrica, e etc.

 O estudo das condições em que os aços se tornam frágeis tem grande importância nas
construções metálicas, uma vez que os materiais frágeis se rompem bruscamente, sem aviso
prévio.

 Dezenas de acidentes com navios, pontes e etc, foram provocados pela fragilidade do aço,
decorrente de procedimento inadequado de solda.
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PROPRIEDADES DO AÇO
 O comportamento frágil é analisado sob dois aspectos: iniciação da fratura e sua propagação.

 A iniciação ocorre quando uma tensão ou deformação elevada se desenvolve num ponto onde
o material perdeu ductilidade.

 As tensões elevadas podem resultar de tensões residuais,


concentração de tensões, efeitos dinâmicos e etc.

 A falta de ductilidade pode se originar de temperaturas baixas, estado triaxial de tensões,


efeito de encruamento, fragilização por hidrogênio e
etc.

 Uma vez iniciada, a fratura se propaga pelo material, mesmo em tensões moderadas.
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PROPRIEDADES DO AÇO
 Resiliência e Tenacidade:
 Estas duas propriedades se relacionam com a capacidade do metal de absorver energia
mecânica. Elas podem ser definidas com auxílio dos diagramas tensão-deformação.

 Resiliência é a capacidade de absorver energia mecânica em regime elástico.

 Denomina-se módulo de resiliência ou simplesmente resiliência a quantidade de energia


elástica que pode ser absorvida por unidade de volume do metal tracionado.

 Ele igual a área do diagrama tensão-deformação até o limite de proporcionalidade.


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PROPRIEDADES DO AÇO
 Tenacidade é a energia total, elástica e plástica que o material pode absorver por unidade de
volume até a sua ruptura.

 Em tração simples, a tenacidade é representada pela área total do diagrama tensão-


deformação.

 Dureza:
 Dureza é a resistência ao risco ou abrasão.

 Na prática mede-se dureza pela resistência que a superfície do material oferece à penetração
de uma peça de maior dureza.

 O ensaio de dureza é um meio de verificar a resistência do aço.


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PROPRIEDADES DO AÇO
 Efeito de temperatura elevada:
 As temperaturas elevadas modificam as Figura 1: Variação de módulo de elasticidade e
resistência com a temperatura.
propriedades físicas dos aços. .

 Temperaturas superiores a I00 °C tendem a


eliminar o limite de escoamento bem
definido.

 As temperaturas elevadas reduzem as


resistências a escoamento fy e ruptura fu,
bem como o módulo de elasticidade E.

Fonte: Pfeil (2016)


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PROPRIEDADES DO AÇO
 Fadiga:
 A resistência à ruptura dos materiais é, em geral, medida em ensaios estáticos.

 Quando as peças metálicas trabalham sob efeito de esforços repetidos em grande número,
pode haver ruptura em tensões inferiores às obtidas em ensaios estáticos.

 Esse efeito denomina-se fadiga do material.

 A resistência à fadiga é geralmente determinante no dimensionamento de peças sob ação de


efeitos dinâmicos importantes, tais como peças de máquinas, de pontes e etc.
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PROPRIEDADES DO AÇO
 As uniões por solda provocam modificação na estrutura cristalina do aço junto à solda, bem
como concentrações de tensões, com a consequente redução da resistência à fadiga nesses
pontos.

 A ocorrência de fadiga é caracterizada pelo aparecimento de fraturas que se propagam com a


repetição do carregamento.

 A norma brasileira verifica a resistência à fadiga pela flutuação de tensões elásticas (∆σ)
provocadas pelas cargas variáveis.

 Corrosão:
 Corrosão é o processo de reação do aço com alguns elementos presentes no ambiente em que
se encontra exposto.
 A corrosão promove a perda de seção das peças de aço, podendo se constituir em causa
principal de colapso.
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PROPRIEDADES DO AÇO
 A corrosão promove a perda de seção das peças de aço, podendo se constituir em causa
principal de colapso.

 A proteção contra corrosão dos aços expostos ao ar é usualmente feita por pintura ou por
galvanização.

 A vida útil da estrutura protegida por pintura depende dos procedimentos adotados para sua
execução nas etapas de limpeza das superfícies, especificação da tinta e sua aplicação.

 Em geral, as peças metálicas recebem uma ou duas demãos de tinta de fundo (primer) após a
limpeza e antes de se iniciar a fabricação em oficina, e posteriormente são aplicadas uma ou
duas demãos da tinta de acabamento.
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PROPRIEDADES DO AÇO
 A galvanização consiste na adição, por imersão, de uma camada de zinco às superfícies de
aço, após a adequada limpeza das mesmas.

 A adição de cobre na composição química do aço aumenta sua resistência à corrosão


atmosférica.

 O aço resistente à corrosão, ao ser exposto ao ar, desenvolve uma película produzida pela
própria corrosão, que se transforma em uma
barreira reduzindo a evolução do processo.

 Algumas providências adotadas no projeto contribuem para o aumento da vida útil da


estrutura de aço exposto ao ar, tais como, evitar pontos de umidade e sujeira, promover a
drenagem e aeração e evitar pontos inacessíveis à manutenção e pintura. Deve-se evitar o
contato entre metais diferentes, intercalando entre eles um isolante elétrico.
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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO
 Tipos de produtos industriais:
 As usinas produzem aços para utilização estrutural sob diversas formas: chapas, barras, perfis
laminados, fios trefilados, cordoalhas e cabos.
 As diversas peças estruturais podem ser formados por laminação, soldagem e formados a frio
(chapas dobradas).
 As chapas, barras e perfis laminados são fabricados em laminadores que, em sucessivos
passes, dão ao pré-aquecido a seção desejada.
 Os fios trefilados são obtidos puxando uma barra de aço sucessivamente por meio de fieiras
com diâmetros decrescentes. A trefilação é feita a frio, utilizando-se lubrificantes para evitar
superaquecimento dos fios e das fieiras.
 As cordoalhas e os cabos são formados por associação de fios.
 Perfis estruturais podem ainda ser fabricados por dobramento de chapas (perfis formados a
frio) e por associação de chapas através de solda (perfis soldados).
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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO
 Produtos laminados:
 Os produtos laminados, em geral, se classificam em barras, chapas e perfis.
Figura 2: Principais tipos de produtos siderúrgicos laminados d e utilização estrutural : ( a ) barras, com diversas seções transversais
(quadrada. redonda, chata) ; (b) chapas: (c) perfis estruturais laminados; (d) trilho; (e) tubo quadrado; (f) tubo redondo.

Fonte: Pfeil (2016)


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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO
 As barras são produtos laminados nos quais duas dimensões da seção transversal são pequenas
em relação à terceira (comprimento).

 As barras são laminadas em seção circular, quadrada ou retangular alongada. Estas últimas
chamam-se comumente de barras chatas.

 As chapas são produtos laminados, nos quais uma dimensão (a espessura) é muito menor que
as outras duas (largura e comprimento).

 As chapas se dividem em duas categorias:


 Chapas grossas - de espessura superior a 5,0 mm.
 Chapas finas - fabricadas a frio e a quente.
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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO
 As chapas fornecidas com os bordos naturais de laminação (sem cantos vivos) se denominam
universais.

 Quando os bordos são cortados na tesoura, as chapas se denominam aparadas.

Figura 3: Chapas grossas e finas.

Fonte: Pfeil (2016)


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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO

 Os laminadores produzem perfis de grande eficiência estrutural, em forma de H, I, C, L, os


quais são denominados de perfis laminados.

 Os perfis tipo H, I e C são produzidos em grupos, sendo os elementos de cada grupo de altura
h constante e largura das abas h variável.

 Os perfis C são denominados perfis U.

 Os perfis L (cantoneiras) são também fabricados com diversas espessuras para cada tamanho
das abas. Existem cantoneiras com abas iguais e com abas desiguais.
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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO
 Na indústria norte-ame1icana são usadas as seguintes nomenclaturas de perfis:
 perfil I(S) – são os com mesas de faces internas inclinadas;
 Perfil W – são os com mesas de faces paralelas
 Perfil HP – são os com mesas de faces paralelas e espessura constante.

 Os trilhos são produtos laminados destinados a servir de apoio para as rodas metálicas de
pontes rolantes ou trens.

 Os tubos são produtos ocos, de seção circular, retangular ou quadrada.

 Eles podem ser produzidos em laminadores especiais (tubos sem costura) ou com chapa
dobrada e soldada (tubos com costura).
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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO
 Produtos formados a frio:
 Dentre as peças formadas a frio tem-se os fios, cabos e cordoalhas.

 Os fios ou arames são obtidos por trefilação. E a trefilação é feita a frio.

 Os fios podem ser de aço doce e de aço duro (aço de alto carbono).

 Os fios de aço duro são empregados em molas, cabos de protensão de estruturas e etc.

 As cordoalhas são formadas por três ou sete fios arrumados em forma de hélice.

 Os cabos de aço são formados por fios trefilados finos, agrupados em arranjos helicoidais
variáveis.
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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO
 Com o processo de laminação a frio, podemos formar perfis de chapas dobradas, que são
oriundas de chapas metálicas de aços dúcteis.
 A dobragem das chapas é feita em prensas especiais nas quais há gabaritos que limitam os
raios internos de dobragem a certos valores mínimos, especificados para impedir a fissuração
do aço na dobra.
 O uso de chapas finas (em geral menos que 3 mm de espessura) na fabricação desses perfis
conduz a problemas de instabilidade estrutural não existentes em perfis laminados.

Figura 4: Perfis de chapa dobrada: (a) perfil U; (b) perfil complexo; (c) perfil S ; (d) perfil Z.

Fonte: Pfeil (2016)


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PERFIS E PROCESSO DE FABRICAÇÃO
 Produtos formados com solda:
 Os perfis são formados pela associação de chapas ou de perfil laminados simples, sendo a
ligação, em geral, soldada.

 A norma brasileira NBR 5884 padronizou três séries de perfis soldados:


 Perfis CS (colunas soldadas);
Figura 5: Perfis compostos de chapas ( perfis soldados) ou de
 Perfis VS (vigas soldadas); perfis laminados.
 Perfil CVS (colunas e vigas
soldadas).

Fonte: Pfeil (2016)


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Ações e carregamentos:
 Ao iniciar um projeto, parte de um planejamento e da determinação de um arranjo estrutural
onde se alia as necessidades do cliente com as soluções que facilitem a construção, o melhor
aproveitamento dos materiais e, consequentemente, um menor custo de execução.

 As estruturas metálicas se adaptam melhor a sistemas de construção que sejam modulares, ou


seja, onde haja a repetição de vãos, tanto na direção horizontal quanto na vertical.

 Em seguida, determina-se as ações incidentes na estrutura, que segundo a NBR 8681/2003,


se dividem em:
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Ações permanentes – são oriundas do peso próprio dos elementos da estrutura e dos
equipamentos fixos vinculados à estrutura;
 Ações variáveis – são as cargas acidentais da construção, elas incluem efeitos do vento,
variações de temperatura, pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas, dentre outras. Elas
podem ser normais, com grande probabilidade de ocorrência e devendo ser
obrigatoriamente consideradas no projeto, e especiais, que devem ser definidas para
situações específicas.
 Ações excepcionais – são as decorrentes de causas tais como explosões, choques de
veículos, incêndios, enchentes ou sismos.

 Após determinar as ações, devemos aplica-las isoladamente aos vários elementos da


estrutura, partindo das barras superiores para as inferiores, determinando os valores que elas
estão sujeitas.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 E após isso, deve-se realizar a combinação dos esforços, seguindo as diretrizes das normas
NBR 8681/2003 – Ações e segurança nas estruturas – procedimento e NBR 8800/2008 -
Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios.

 No que diz respeito aos critérios para garantia de segurança da estrutura, as normas para
projeto de estruturas metálicas utilizavam, até meados da década de 1980, o Método das
Tensões Admissíveis, quando passaram gradativamente a adotar o Método dos Coeficientes
Parciais, denominado no Brasil de Método dos Estados Limites.

 A NBR 8800:2008, baseia-se no Método dos Estados Limites.


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Estados limites:
 Um estado limite ocorre sempre que a estrutura deixa de satisfazer um de seus objetivos. Eles
podem ser divididos em:
 Estados limites últimos;
 Estados limites de utilização.

 Os estados limites últimos estão associados à ocorrência de cargas excessivas e consequente


ao colapso da estrutura devido, por exemplo, a:
perda de equilíbrio como corpo rígido; plastificação total de um elemento estrutural ou de
uma seção; ruptura de uma ligação ou seção; flambagem e ruptura por fadiga.

 Os estados limites de utilização (associados a cargas em serviço) incluem


as deformações excessivas e as vibrações excessivas.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Teoria plástica de dimensionamento das seções:
 Na teoria plástica de dimensionamento, a carga Qserv atuante, em serviço, é comparada com
a carga Qu que produz o colapso da estrutura através da equação de conformidade do
método:

 onde 'Y é o coeficiente de segurança único aplicado agora às cargas de serviço.


 A condição limite de resistência baseada na plastificação total das seções está incorporada ao
Método dos Estados Limites, no qual também é permitida a utilização da análise estrutural
plástica dentro de certas limitações.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Método dos estados limites:
 Estados limites últimos: a garantia de segurança no método dos estados limites é traduzida
pela equação de conformidade, para cada seção da estrutura:

 Onde a solicitação de projeto Sd (o índice d provém da palavra inglesa design) é menor que a
resistência de projeto Rd.

 A solicitação de projeto Sd (ou solicitação de cálculo) é obtida a partir de uma combinação


de ações Fi, cada uma majorada pelo coeficiente yf.

 A resistência de projeto Rd é função da resistência característica do material fk, minorada


pelo coeficiente ym.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Os coeficientes yf, de majoração das cargas (ou ações), e ym de redução da resistência
interna, refletem as variabilidades dos valores característicos dos diversos carregamentos e
das propriedades mecânicas do material e outros fatores como discrepâncias entre o modelo
estrutural e o sistema real.

 Trata-se de um método que considera as incertezas de forma mais racional do que o método
das tensões admissíveis, além de considerar as reservas de resistência após o início da
plastificação.

 Na formulação deste método semiprobabilístico a solicitação S e a resistência R são tomadas


como variáveis aleatórias com distribuições normais de probabilidades.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
Figura 6: Plastificação na estrutura.

Fonte:
https://help.altoqi.com.br/Tutorial_EB_pla/default.aspx#pageid=conceito_de_plastificac
ao
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Essa redistribuição se dá através da criação de uma rótula plástica nos apoios, fazendo com
que ocorra um "rompimento" e a consequente redistribuição dos esforços, transferindo uma
parcela dos momentos negativos para os momentos positivos.

 Dado a fissuração, pode-se dizer que ocorreu a plastificação do apoio. Em decorrência desse
processo, temos que com a redistribuição dos momentos negativos, haverá uma redução da
área de aço necessária na continuidade e um aumento da área de aço necessária para resistir à
flexão.

 A consideração de plastificação somente pode ser aplicada em estruturas hiperestáticas.


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AÇÕES E CARREGAMENTOS

 Tem-se duas premissas básicas necessárias para aplicar plastificação em lajes:

 A plastificação pode ser aplicada somente em elementos hiperestáticos. Deste modo, não


podemos aplicar plastificação em uma laje em balanço, por exemplo, pois a laje neste caso é
um elemento isostático;

 A plastificação não deve ser aplicada em toda uma região da laje, como por exemplo em toda
a continuidade entre lajes, pois como definido anteriormente ela ocorre em pequenos trechos.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 A segurança das estruturas fica garantida sempre que a diferença (R - S), denominada margem
de segurança M, for positiva.
 A figura 7 mostra a distribuição de Figura 7: Distribuição de probabilidade da variável M
(margem de segurança), igual à diferença entre a resistência R
probabilidade da variável aleatória M,
e a solicitação S.
onde se observa que a área hachurada
corresponde à probabilidade de colapso
pu, a qual será tanto menor quanto
maior for a distância entre o valor
médio Mm e a origem.

 Esta distância é expressa pelo produto


do índice de confiabilidade β pelo
desvio padrão de M, σm.
Fonte: Pfeil (2016)
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Os coeficientes parciais de segurança (yf e ym), são calculados através de métodos de análise
de confiabilidade, de modo que a probabilidade de colapso seja menor que um valor
suficientemente pequeno, em geral variando entre I0-4 e 10-6 por ano de utilização,
dependendo do tipo de colapso e suas consequências.

 Esses valores de probabilidade de colapso, entretanto, não refletem a realidade das


estatísticas, pois não consideram a existência dos erros humanos, que são, de fato, os maiores
causadores dos danos e colapsos.

 Os erros humanos devem ser combatidos com providências tais como:


 Promover a constante atualização e treinamento dos técnicos por meio de publicações e
discussões sobre exemplos de experiências malsucedidas;
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Exigir documentos claros e completos;
 Criar e manter mecanismos de controle em todas as etapas de projeto e execução, como,
por exemplo, realizar sempre verificações de critérios, cálculos e desenhos de projeto.

 As ações a serem consideradas no projeto das estruturas são as cargas que nelas atuam ou
deformações impostas (por variação de temperatura, recalques etc.).

 Os valores das ações a serem utilizados no cálculo podem ser obtidos por dois processos:
 Critério estatístico, adotando-se valores característicos Fk, isto é, valores de ações que
correspondam a uma certa probabilidade de serem excedidos.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Critério determinístico, ou fixação arbitrária dos valores de cálculo. Em geral, escolhem-
se valores cujas solicitações representam as solicitações produzidas pelas cargas
atuantes.

 Em face das dificuldades em se aplicar um tratamento estatístico para algumas ações, as


normas, muitas vezes, fixam arbitrariamente os valores a adotar no projeto das estruturas.

 As normas brasileiras que se ocupam das cargas sobre as estruturas são:


 NBR 6120 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações.
 NBR 6123 - Forças devidas ao vento em edificações.
 NBR 7188 - Carga móvel em ponte rodoviária e passarela de pedestres.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Os esforços solicitantes oriundos de ações estáticas ou quase-estáticas e que atuam nas
diversas seções de uma estrutura podem ser calculados por diversos processos em função da
consideração dos efeitos não lineares.

 No que diz respeito ao regime de tensões desenvolvidas no material, elástico ou inelástico,


podem-se distinguir dois processos:
 Estática clássica ou elástica, admitindo-se que a estrutura se deforma em regime elástico.
 Estática inelástica, considerando-se o efeito das deformações plásticas, nas seções mais
solicitadas, sobre a distribuição dos esforços solicitantes provocados pelas cargas.

 A redistribuição de esforços solicitantes só se verifica em sistemas estruturais estaticamente


indeterminados, nos quais os esforços solicitantes dependem das deformações do sistema.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Nas estruturas estaticamente determinadas, ou isostáticas, os esforços solicitantes das seções
não dependem das deformações, admitindo-se, naturalmente. que as mesmas sejam
pequenas.

 O cálculo das solicitações pela estática inelástica apresenta melhor coerência com o
dimensionamento das seções no estado limite de plastificação.

 Na prática profissional, entretanto, o cálculo elástico dos esforços solicitantes é o mais


utilizado, tendo em vista sua maior simplicidade, e o fato de ser a favor da segurança.

 A norma brasileira NBR 8800 adotou uma formulação compatível com as normas nacionais
e internacionais de segurança das estruturas.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 A Norma Brasileira NBR 8681 da ABNT - Ações e Segurança nas Estruturas, fixa os
critérios de segurança das estruturas e de quantificação das ações e das resistências a serem
adotados nos projetos de estruturas constituídas de quaisquer dos materiais usuais na
construção civil.

 As solicitações de projeto (Sd) podem ser representadas como combinações de solicitações S


devidas às ações Fik pela expressão:

 = coeficiente ligado à dispersão das ações, transforma os valores característicos das ações
(Fk) correspondentes à probabilidade de 5% de ultrapassagem em valores extremos de menor
probabilidade de ocorrência, tem um valor da ordem de 1,15 para cargas permanentes e 1,30
para cargas variáveis.
41
AÇÕES E CARREGAMENTOS
 = coeficiente de combinação de ações.
 = coeficiente relacionado com tolerância de execução, aproximações de projeto, diferenças
entre esquemas de cálculo e o sistema real e etc, e corresponde a 1,15.

 Observa-se na equação de Sd que os coeficientes e aplicam-se diretamente às ações Fk,


enquanto o coeficiente aplica-se às solicitações (esforços normais, momentos fletores e etc.)
geradas pelas ações.

 Se o cálculo das solicitações for efetuado por análise linear (elástica de primeira ordem),
então as solicitações são proporcionais às ações e o cálculo pode ser feito, quer aplicando-se
os coeficientes como na equação, quer aplicando-se os três coeficientes diretamente às ações.
42
AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Se a análise estrutural é não linear geométrica (ou de segunda ordem) e/ou física, os
coeficientes devem ser aplicados conforme indica a equação, combinando-se as solicitações.

 Para o cálculo das solicitações de projeto Sd, as ações devem ser combinadas de forma a
expressar as situações mais desfavoráveis para a estrutura durante sua vida útil prevista.

 Para as combinações de ações, a equação Sd pode ser simplificada, fazendo yf1 x yf3 = yf1 e
afetando cada ação variável secundária de um fator de combinação Ψ0, equivalente ao
coeficiente yf2·

 As combinações normais de ações para estados limites últimos são escritas em função dos
valores característicos das ações permanentes G e variáveis Q.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS

 Q1 é a ação variável de base (ou principal) para a combinação estudada.


 Qj representa as ações variáveis que atuam simultaneamente a Q1 e que tem efeito
desfavorável.
 e são coeficientes de segurança parciais aplicados às cargas.
 é o fator de combinação que reduz as ações variáveis para considerar a baixa probabilidade
de ocorrência simultânea de ações de distintas naturezas com seus valores característicos.

 As combinações últimas de construção e especiais são também escritas nessa equação.


 Nestes casos, o fator pode ser substituído por quando a ação dominante tiver tempo de
duração muito curto.
44
AÇÕES E CARREGAMENTOS
45
AÇÕES E CARREGAMENTOS
46
AÇÕES E CARREGAMENTOS
 A NBR 8800 apresenta ainda valores yj para combinações normais em que as cargas
permanentes são agrupadas e afetadas por um único yg, bem como para o agrupamento das
cargas variáveis.

 Os valores dos coeficientes dependem da magnitude das cargas decorrentes do uso da


estrutura (Quso).
para Quso > 5 KN/m2
para Quso < 5 KN/m2

 As ações excepcionais (E), tais como explosões, choques de veículos, efeitos sísmicos e etc.,
são combinadas com outras ações de acordo com a equação:
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Denominam-se esforços resistentes, em uma dada seção de estrutura,
as resultantes das tensões internas, na seção considerada.

 Os esforços internos (esforço normal, momento fletor e etc.) denominam-se resistência


última Ru e são calculados, em geral, a partir de expressões derivadas de modelos semi
analíticos em função de uma tensão resistente característica (por exemplo, fyk).

 A resistência de projeto Rd é igual à resistência última dividida pelo coeficiente parcial de


segurança ym:
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Ym = Yml x Ym2 x Ym3

 Sendo ym1 o coeficiente que considera a variabilidade da tensão resistente, transformando o


seu valor característico em um valor extremo com menor probabilidade de ocorrência;

 ym2 o coeficiente que considera as diferenças entre a tensão resistente obtida em ensaios
padronizados de laboratório e a tensão resistente do material na estrutura;

 ym3 o coeficiente que leva em conta as incertezas no cálculo de Ru em função de desvios


construtivos ou de aproximações teóricas.
49
AÇÕES E CARREGAMENTOS
Tabela 3: Valores do Coeficiente Ym Parcial de Segurança, aplicado às resistências

Fonte: Pfeil (2016)


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Estados limites de utilização: No dimensionamento dos estados limites é necessário
verificar o comportamento da estrutura sob ação das cargas em serviço, o que se faz com os
estados limites de utilização, que correspondem à capacidade da estrutura de desempenhar
satisfatoriamente as funções a que se destina.

 Deseja-se evitar, por exemplo, a sensação de insegurança dos usuários de uma obra na
presença de deslocamentos ou vibrações excessivas; ou ainda prejuízos a componentes não-
estruturais, como alvenarias e esquadrias.

 Para os estados limites de utilização (ou de serviço) definem-se três valores representativos
das ações variáveis Q em função do tempo de duração das ações e de sua probabilidade de
ocorrência:
51
AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Valor raro (característico): Q

 Valor frequente:

 Valor quase-permanente:

 As combinações de ações nos estados limites de utilização são efetuadas considerando a ação
variável dominante com um dos valores representativos mencionados acima, combinada com
as ações permanentes C; e as outras ações variáveis Q1. Resultam os seguintes tipos
de combinação:
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Combinação quase-permanente:

 Combinação frequente:

 Combinação rara:
53
AÇÕES E CARREGAMENTOS
 As combinações de ações assim definidas são utilizadas para verificação dos estados limites
de serviço conforme o rigor com que se deseja aplicar os valores limites dos efeitos
verificados.

 Cabe ao projetista a seleção das combinações de ações de serviço a serem utilizadas


conforme a destinação prevista para a estrutura e as propriedades dos equipamentos e dos
materiais dos elementos acessórios instalados na estrutura.

 Além do estado limite de deformação elástica, deve também ser verificado o estado limite de
vibração excessiva.

 As cargas móveis e o vento podem produzir vibrações nas estruturas e causar desconforto
aos usuários.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Exemplo 1: Uma viga de edifício comercial está sujeita a momentos fletores oriundos de
diferentes cargas: peso próprio de estrutura metálica, Mg1: 10 KNm; peso dos outros
componentes não metálicos permanentes, Mg2: 50 KNm; ocupação da estrutura, Mq: 30
KNm; vento, Mv: 20 KNm. Calcule o momento fletor solicitante de projeto Mdsol.

 Exemplo 2: Uma diagonal de treliça de telhado está sujeita aos seguintes esforços normais
(+ tração) oriundos de diferentes cargas: peso próprio da treliça e cobertura metálicas, Ng:
1KN; vento de sobrepressão v1, Nv1: 1,5 KN; vento de sucção v2, Nv2: -3 KN; sobrecarga
variável, Nq: 0,5 KN. Calcule o esforço normal solicitante de projeto.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Vento:

 A determinação dos esforços causados pelo vento é baseada nos procedimentos apresentados
na NBR 6123/1988.

 Velocidade básica: a velocidade básica V0, expressa em m/s, é a velocidade de uma rajada de
3 segundos, medida a 10 m acima do terreno, em campo aberto e que pode ser excedida em
média uma vez em 50 anos.

 O gráfico que mostra estas velocidades é chamado de isopleta das velocidades básicas, e é
apresentado na figura 8.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
Figura 8: Isopletas da velocidade básica V0 (m/s).

Fonte: Pfeil (2016)


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Fator topográfico S1: leva em consideração as variações do relevo do terreno, da seguinte
maneira:
 Terreno plano ou fracamente acidentado: S1 = 1;
 Taludes e morros – ver a NBR 6123;
 Vales profundos, protegidos de ventos de qualquer direção: S1 = 0,9.

 Fator de rugosidade S2: ele considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, da


variação da velocidade do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da edificação
ou parte da edificação em consideração.

 Rugosidade do terreno: se divide em 5 categorias


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Categoria I – Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão, medida
na direção e sentido do vento incidente. Exemplos: mar calmo, lagos e rios e pântanos sem
vegetação.

 Categoria II – Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com poucos


obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas. Exemplos: zonas costeiras
planas, pântanos com vegetação rala, campos de aviação e fazendas sem muro. A cota média
do topo dos obstáculos é considerada inferior ou igual a 1 m.

 Categoria III – Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como muros, poucas
árvores e edificações baixas. A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou
igual a 3 m.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Categoria IV – Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona
florestal, industrial ou urbanizada. Exemplo: zonas de parques e bosques com muitas
árvores, cidade pequenas e seus arredores, subúrbios densamente construídos de grandes
cidades e áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas. A cota média do topo dos
obstáculos é considerada inferior ou igual a 10 m.

 Categoria V – Terrenos cobertos por obstáculos numeroso, grandes, altos e pouco espaçados.
Exemplos: florestas com árvores altas, de copas isoladas; centros de grandes cidades e
complexos industriais bem desenvolvidos. A cota média do topo dos obstáculos é
considerada igual ou superior a 25 m.

 Dimensões da edificação: para esse parâmetro são adotadas 3 classes de edificações, com
intervalos de tempo para cálculo da velocidade média de, respectivamente, 3 s, 5 s e 10 s.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Classe A: todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais de
estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical não
exceda 20 m.

 Classe B: toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal ou
vertical da superfície frontal esteja entre 20 e 50 m.

 Classe C: toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal ou
vertical da superfície frontal exceda 50 m.

 Para toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal ou
vertical da superfície frontal exceda 80 m, o intervalo de tempo correspondente poderá ser
determinado de acordo com o anexo A da NBR 6123/1988.
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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Altura sobre o terreno: para determinar o fator S2 a uma determinada altura, deve-se utilizar
a tabela 4 e a fórmula abaixo:

 Onde b, p e Fr são valores extraídos da tabela 4, sendo que Fr é o fator de rajada sempre
correspondente ao valor que consta na categoria II.

 A equação que determina S2 é aplicável até a altura Zg que corresponde ao contorno da


camada atmosférica.

 A altura da edificação pode ser dividida em partes. A força do vento em cada parte é
calculada usando o fator S2 correspondente à cota do topo, medida a partir do terreno.

 Uma opção de encontrar z é usando a tabela 5.


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
Tabela 4: Parâmetros meteorológicos.

Fonte: Pfeil (2016)


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
Tabela 5: Fator S2.

Fonte: Pfeil (2016)


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Fator estatístico S3: é baseado em conceitos estatísticos, e considera o grau de segurança
requerido e a vida útil da edificação.

Tabela 6: Valores mínimos do fator estatístico S3.

Fonte: Pfeil (2016)


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AÇÕES E CARREGAMENTOS
 Determinação de Vk e q: após todos os valores de S serem determinados, calculam-se os
valores de Vk e q usando as seguintes fórmulas:

 Exemplo 3: Determine os valores de Vk e q para uma marquise em Manaus/AM, com


terreno plano ou fracamente acidentado, localizado em um terreno aberto, com sua maior
dimensão correspondendo a 30 m e altura de 3,5 m. Essa marquise será para um hotel.
 Exemplo 4: Determine os valores de Vk e q para uma marquise em São Paulo/SP, que
apresenta V0 = 40 m/s, com terreno localizado num local coberto por obstáculos e pouco
espaçado, com sua maior dimensão correspondendo a 30 m e altura de 3,5 m. Essa marquise
será para um hotel.

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