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FUNDAÇÃO TÉCNICO-EDUCACIONAL SOUZA MARQUES

FACULDADE DE ENGENHARIA SOUZA MARQUES

AÇOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

SANDRA PENHA DE SOUZA ALMEIDA

RIO DE JANEIRO/2017
AÇOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

1 – INTRODUÇÃO
Os aços são basicamente uma liga de Fe-C. A quantidade de carbono nos aços
utilizados em construção civil é geralmente inferior a 0,7% em peso.
Outros elementos como Mn, Si, P e S, estão presentes nos aços comuns como
resultado do processo de sua fabricação.
Os aços comuns possuem estrutura bastante diversificada, que resulta diferentes
propriedades mecânicas. É possível alterar as características estruturais dos aços
através de tratamentos mecânicos e com isso aperfeiçoar as suas propriedades
mecânicas para torna-las adequadas a aplicações industriais específicas.
Quando as propriedades dos aços comuns não são adequadas é necessário o
emprego de aços especiais. Nesses casos os elementos antes referidos ocorrem em
níveis superiores aos usuais ou estão presentes outros elementos tais como Cr, Ni, Nb,
Mo entre outros.
Os aços são extensivamente utilizados na construção civil e três aplicações que se
destacam são:
1 - Vergalhões para concreto armado
2 - Bainhas em concreto protendido
3 – estruturas metálicas

2 – VERGALHÕES PARA CONCRETO ARMADO


Os vergalhões são geralmente de aço comum sendo que algumas siderúrgicas se
utilizam de aços de baixa liga, entendendo-se como tal aços que recebem pequenas
adições de elementos liga como por exemplo o Nb.
As armaduras são confeccionadas com aproximadamente circular e são dobradas a
frio de acordo com a geometria especificada pelo projeto estrutural.
As propriedades desejáveis das barras de aço para armadura são:
- Alto limite de escoamento, para reduzir o custo associado ao peso do aço
utilizado.
- Elevada ductilidade, para permitir que as barras sejam dobradas a frio e aceitem
deformações localizadas durante a vida da estrutura.
- Aderência das barras ao concreto que é, geralmente, melhorada pela aplicação de
um relevo sobre sua superfície no último passe de laminação.
A normalização de uso corrente para barras de aço destinadas à armadura e
estabelecida pela norma Brasileira NBR 7480.
As barras possuem diâmetros nominais de 3,2 a 4º mm e são classificadas
conforme a tabela 1.
Essas barras podem ser tipo A ou tipo B. No grau A o material se apresenta
laminado a quente e possui um diagrama tensão x deformação com um patamar de
escoamento pronunciado. No grau B, o material sofre, laminação a quente,
encruamento frio que, nas barras de diâmetro pequeno é obtido através de um último
passe de laminação e, em barras de maior diâmetro, por torção. As barras de grau B de
maior diâmetro distinguem-se, geralmente, das barras de grau A por apresentarem um
relevo em hélice na superfície externa.
Esse relevo resulta da deformação por tração de uma barra de material grau A
dotada de aletas longitudinais.
Classificação das barras de aço destinadas a armaduras segundo
TABELA 1
Norma NBR 7480
Tensão de Tensão de Alongamento em 10 ᴓ mínimo
Escoamento Ruptura
Categoria
Mínimo Mínima Classe A Classe B
(Mpa) (Mpa)
CA-25 250 1,20  e 18% -

CA-32 320 1,20  e 14% -

CA-40 400 1,10  e 10% 8%

CA-50 500 1,10  e 8% 6%

CA-60 600 1,05  e - 5%

O encruamento a frio aplicado sobre um aço altera seu comportamento mecânico


em tração. Representação esquemática das alterações sofridas pela curva tensão x
deformação de um aço ao carbono provocadas pelo aumento de encruamento tal como
indicado no esquema da figura 1.
Figura 1 – Do autor
Resulta do tratamento um considerável aumento do limite de escoamento que
permite uma economia no peso das armaduras mas, em contraposição, promove uma
perda de ductilidade intolerável para certas aplicações.
A composição química para essa classe de material é estabelecida levando-se em
conta os níveis pretendidos para o limite de escoamento, não sofrendo restrições na
norma NBR 7480. Alguns fabricantes de barras para armaduras utilizam aços de baixa
liga sendo o nióbio um dos constituintes empregados.
A boa soldabilidade não é exigida pelo tipo de serviço. Alguns produtos
destinados a armaduras apresentam desempenho fraco quanto a essa propriedade.

3 – BAINHAS PARA PROTENSÃO


No concreto protendido as bainhas de proteção aplicam ao concreto uma tensão de
compressão que se superpõe às tensões trativas originadas do carregamento com o
objetivo de reduzi-las. Diagrama que ilustra o princípio de operação de concreto
protendido encontra-se na figura 2.

Figura 2 – Do autor
Com isso se consegue um melhor aproveitamento das propriedades mecânicas do
concreto, que resiste melhor à tensão compressiva de que as tensões trativas.
Componentes estruturais submetidos à flexão, como por exemplo é o caso de vigas de
pontes, podem ter diminuídas a área da secção resistente devido ao melhor
aproveitamento das propriedades do concreto e assim, se obtém uma redução no custo
das estruturas. As bainhas de protensão são constituídas por certo número de fios de
aço singelos, com bitolas de 4, 5, 6, 7 e 8 mm, especificadas segundo norma ABNT EB-
780 ou, por cordoalhas confeccionadas com 2, 3 ou 7 desses fios conforme norma
ABNT EB-781. Emprega-se para esse fim aços de alto limite de resistência encruados
a frio por trefilação. A composição química estabelecida pelas referidas normas é
indicada na tabela 2 sendo que, entretanto, são aceitas outras composições desde que as
características respeitadas em cada caso.
Composição química recomendada para os
TABELA 2 aços destinados a fios e cordoalhas de protensão
ABNT/EB-780 e EB/781 (% peso)
C Mn Si P S
0,60 – 0,50 – 0,10 – 0,050 0,050
0,90 0,90 0,35 máx. máx.

As bainhas deveriam. manter durante toda a vida útil da estrutura a tensão trativa
ocorre devido ao processo de relaxação de tensões que inevitavelmente se manifesta. O
processo se deve a atuação de mecanismos de deformação por fluência, que são muito
influenciados pela temperatura.
Esses mecanismos promovem o acumulo lento de deformação plástica no material
Como o comprimento da bainha de proteção é sempre o mesmo, o acumulo dessa
deformação plástica promove a redução da deformação elástica inicial da bainha e
consequentemente da tensão trativa aplicada, figura 3.

Figura 3 – Do autor
A intensidade com que a relaxação se faz sentir depende do tempo de atuação da
tensão aplicada e das características específicas do aço da bainha. Observar que,
quanto a relaxação de tensões, os fios classificam-se em dois tipos:
- Relaxação normal
- Relaxação baixa
Os ensaios de relaxação para inspeção de fios e cordoalhas para bainhas de
proteção devem ser realizados conforme a norma ABNT/MB-784.
A designação dos fios para bainhas é estabelecida conforme o seguinte critério:
Número que Tipo Diâmetro Nominal
indica o limite de
CP
resistência a RN ou RB 4, 5, 6, 7 ou 8 mm
tração

Assim, tem-se por exemplo, a especificação: CP 150RB6 que, se refere a um fio


segundo a norma ABNT/EB-780 que apresenta limite de resistência a tração mínima de
150 Kgf/mm², tipo relaxação baixa e com diâmetro nominal de 6 mm.
4 – ESTRUTURAS METÁLICAS PARA A CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS
E PONTES
As cargas nessas estruturas são variadas: peso próprio, peso proveniente da
ocupação ou da utilização funcional, ação do vento, reação a veículos e máquinas,
esforços durante a montagem. Essas estruturas podem estar sujeitas a cargas
consideráveis, dando origem a problemas de fadiga.
A corrosão é também uma questão a ser considerada quando os elementos
estruturais são expostos a ação da atmosfera.
A diversidade das solicitações mecânicas faz com que os formatos de perfil
utilizados sejam diversificados.
Os perfis para a construção de edifícios, galpões industriais leves ou, como
elementos estruturais secundários e galpões pesados em pontes, são de aço laminado a
quente nas formas indicadas na figura 4. Notamos que, cada uma dessas formas, os
perfis são fornecidos em diferentes bitolas normalizadas.

Figura 4 – Do autor
Quando se trata de estruturas leves ou de elementos de acabamento e cobertura é
possível utilizar perfiz conformados a frio a partir de chapas finas.
Para galpões industriais pesados e pontes, os perfis são fabricados por soldagem a
partir de chapas grossas laminadas a quente, ou pela união entre perfis laminados a
quente, ou ainda, pela composição entre chapas e perfis. As chapas grossas laminadas
a quente podem ser encontradas com espessuras entre 3 e 70 mm. Existem no mercado
chapas com larguras de até 4 m e os comprimentos podem variar de 1 a 20 m.
Uma qualidade essencial para um aço destinado a esse tipo de aplicação é a
soldabilidade. Os elementos estruturais são pré-fabricados em oficinas por soldagem
segundo os processos de arco submerso, de solda manual por eletrodo revestido e solda
com proteção gasosa.
Nas montagens de campo são geralmente utilizadas uniões por parafusos que
fixam as peças entre si, principalmente pelo atrito provocado pela compressão
produzida pelo torque de aperto.
Os seguintes tipos podem ser utilizados na confecção de perfis soldados:
Qualidade Comum
São as chapas grossas nas quais se garante só o limite de resistência mínimo de
295 N/mm², enquadrando-se no grau CG-00 da norma ABNT-EB-255, seu teor carbono
é 0,35% máximo.
Qualidade Estrutural
Neste grupo se enquadram as chapas grossas produzidas de acordo com as normas
ABNT-EB-255, ASTM-A-36, ASTM-A-113, ASTM-A-283. Para o grau CG-30 da
norma ABNT-EB-255, para o grau CG-55 da norma ASTM-A-572 o fornecimento
depende de consulta prévia.
Qualidade Estrutural Especial
Nesta qualidade estão incluídas as chapas grossas produzidas com aços de baixa
liga e alta resistência mecânica. Esses aços, devido à sua resistência mecânica mais
elevada, possibilitam grande redução de massa, o que pode dar como resultado boas
vantagens econômicas, principalmente no caso de equipamentos móveis. Distinguem-
se dois subgrupos nessa qualidade: chapas grossas de aço de baixa liga e alta resistência
mecânica e chapas grossas de aço de baixa liga e resistência à corrosão atmosférica.
5 - CORROSÃO
As estruturas metálicas são sujeitas a corrosão sempre que as partes metálicas
ficam expostas a ação da atmosfera. As estruturas devem ser convenientemente
protegidas. Sendo a estrutura composta por peças pequenas e leves, por exemplo,
torres em linhas de transmissão, é possível galvanizar as peças antes da montagem.
Estruturas maiores devem ser pintadas. Estruturas maiores devem ser pintadas.
Ambos os tratamentos são onerosos. Uma alternativa está em se utilizar aços de baixa
liga, resistentes à corrosão, que possuem boa soldabilidade, boas características
mecânicas e apresentem resistência a corrosão atmosférica cerca de 6 vezes maior que
os aços ao carbono.
Aços que contém entre outros constituintes, certa quantidade de cobre que dá
origem, em presença de atmosferas industriais ricas em enxofre, a uma camada de óxido
impermeável, bloqueia a continuidade do processo corrosivo. Para que essa camada de
óxido tenha características passivadoras é preciso que a atmosfera não contenha,
apreciavelmente, ions cloro. Assim, esses aços ao cobre podem ser expostos a ação da
atmosfera em regiões livres de efeito de maresia e, preferencialmente contaminadas por
gases provenientes da queima de produtos de petróleo.
Exemplos dessa aplicação estão no viaduto sobre o canal do Mangue, próximo a
Estação Leopoldina e, no viaduto em dois andares sobre a Rua São Cristóvão.

6 - BIBLIOGRAFIA
BAUER,L.A. FALCAO - Materiais de Construção - Vol. 1 e 2 - 5ª Ed. Editora LTC

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