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As propriedades mecânicas dos polímeros são caracterizadas pelo modo como estes materiais
respondem às solicitações mecânicas aplicadas, podendo estas serem do tipo tensão ou
deformação. A natureza desta resposta depende da estrutura química, temperatura, tempo e
da história (condições) de processamento do polímero. A estrutura molecular dos polímeros
proporciona um comportamento viscoso, como os líquidos, superposto com um
comportamento elástico, como os sólidos Hookeanos. Este fenômeno é denominado
viscoelasticidade e ocorre para plásticos e para as fibras. Por outro lado, os elastômeros
apresentam um comportamento diferente e único, a elasticidade da borracha como é
chamado. Este tipo de elasticidade é muito particular, pois envolve grandes deformações.
Com isso, um polímero pode apresentar-se como vítreo, quando este está em temperaturas
abaixo de Tg. Neste baixo nível energético as cadeias poliméricas não têm energia suficiente
para apresentar mobilidade, respondendo preferencialmente de forma elástica às solicitações.
Nesse caso, a componente viscosa existe, porém sua contribuição é minoritária e o polímero é
rígido e frágil. Ainda podem ser borrachosos, quando estão em temperaturas entre Tg e Tm.
Nesta faixa de temperatura, o nível de energia é suficiente para dar mobilidade somente à fase
amorfa, mantendo a fase cristalina rígida. A flexibilidade da massa polimérica é função da
mobilidade gerada pela fase amorfa, restrita pela rigidez da fase cristalina. Dessa forma,
quanto maior a fração da fase cristalina, maior será a contribuição elástica. Além disso, os
polímeros podem ser viscosos, quando em temperaturas acima de Tm. O termo fundido é
restrito apenas aos polímeros semicristalinos e, portanto, não é usado por não ser geral. Este
alto nível energético é caracterizado por apresentar todas as cadeias poliméricas altamente
móveis, com uma forte contribuição da resposta plástica à deformação. Assim, é nesse estado
que os polímeros são processados, pois apresentam a máxima capacidade de mudança de
conformação.
Outro fenômeno que ocorre nos polímeros, mais especificamente nas borrachas é a
elasticidade da borracha. Borrachas mesmo quando deformadas duas vezes acima de seu
comprimento inicial, retorna instantaneamente para suas dimensões originais quando a
tensão é encerrada, sem deformação permanente. Além disso, as borrachas quando estiradas
e mantidas sob deformação constante requerem uma força maior para manter essa
deformação se forem aquecidas. Isso ocorre devido às cadeias estiradas contraírem com o
aumento da temperatura. Essa contração é resultado do aumento da entropia que permite
mais estados de conformação.
A partir da análise da curva tensão versus deformação são obtidos diversos parâmetros, os
principais são; módulo de elasticidade, tensão de escoamento, deformação de escoamento,
tensão máxima, tensão e deformação na ruptura, e tenacidade. A tensão em qualquer ponto
da curva é calculada pela razão da carga ou força sobre a área inicial da seção transversal do
corpo de prova. Essa tensão é definida como a tensão nominal ou de engenharia. Esse tipo de
curva pode ser obtido por ensaios de tração, compressão e flexão. Nesse tipo de gráfico é
possível identificar se o polímero se comporta de maneira frágil ou dúctil dependendo das
condições que o material foi submetido.
Os polímeros podem apresentar três estados físicos que estão relacionados com o
comportamento mecânico. Esses estados se baseiam nas temperaturas de transição, são eles:
vítreo, borrachoso e viscoso. Por exemplo, um polímero termorrígido só apresenta o estado
vítreo, já um elastômero só apresenta o estado vítreo e o estado borrachoso. Para um
polímero amorfo, estão presentes os estados vítreo e viscoso. Para um polímero
semicristalino, os estados são vítreo, borrachoso e viscoso.
Existem basicamente dois tipos de fratura nos materiais: a fratura frágil e a fratura dúctil. A
primeira é caracterizada pela ruptura do material antes deste apresentar qualquer deformação
plástica. A fratura dúctil apresenta um escoamento e uma deformação plástica antes da
ruptura. Na teoria, a fratura é baseada na habilidade de um material de propagar uma trinca
crescente. A propagação de uma trinca depois desta atingir uma tensão crítica leva a ruptura.
Quanto maior a o tamanho da trinca, menor é a tensão requerida para sua propagação, e mais
fraco é o material. A tensão crítica depende do módulo de elasticidade, da energia de
superfície que indica a probabilidade de formação de uma nova trinca, e do tamanho da trinca.
Por outro lado, o mecanismo de fratura dúctil é mais complexo, pois envolve vários estágios:
escoamento, fluxo frio e a fratura. O escoamento ocorre quando as moléculas atingem níveis
de deformação irreversível. Após o início do escoamento, as moléculas ficam orientadas na
direção da deformação, e quando essas atingem um alto grau de orientação, inicia-se o
processo de ruptura. Com isso, a deformação plástica pode ocorrer por escoamento por
cisalhamento, que resulta de um escorregamento de um plano de cisalhamento. O segundo
mecanismo de deformação é o crazing, o qual é um processo simultâneo de um escoamento
localizado e um inicio de fratura. Consiste em pequenos furos que se formam perpendicular à
tensão aplicada, produzindo uma trinca inicial. No entanto, ao invés desses furos coalescerem,
eles são estabilizados por fibrilas que são formadas pela orientação das cadeias, prevenindo
que a trinca cresça.
Além dos diferentes tipos de ensaios, existem diversos parâmetros que afetam o
comportamento mecânico dos polímeros. Por exemplo, a estrutura química, que, em geral, a
partir do conhecimento das temperaturas de transição Tg e Tm, fornece informações
importantes sobre o comportamento mecânico. Se a Tg está acima da temperatura ambiente,
espera-se que o polímero seja frágil, com um módulo de elasticidade na faixa de 10 GPa. Por
outro lado, se a Tg de um polímero amorfo está abaixo da temperatura ambiente, este se
comportará como uma borracha, com módulo na faixa de 1 a 10 Mpa. Para um polímero
semicristalino, com a temperatura ambiente entre Tg e Tm, o módulo elástico será
intermediário entre esses valores. Ademais, o aumento do volume dos grupos laterais na
cadeia principal tende a aumentar Tg e Tm, aumentando também o módulo de elasticidade.
Contrariamente, aumentando o comprimento de grupos laterais não polares, por exemplo
CH2, aumenta a separação entre as cadeias, o que reduz as forças intermoleculares,
aumentando a mobilidade molecular, o que resulta na redução das propriedades mecânicas.
Adicionalmente, aumentar a rigidez de pequenas ramificações tende a aumentar o módulo de
elasticidade e as temperaturas de transição.
A plastificação é uma transformação física, cuja qual é obtida pela adição de moléculas de
baixo peso molecular, que são miscíveis no polímero. A molécula ocupa fisicamente um espaço
entre as cadeias poliméricas, afastando-as umas das outras e, portanto, reduzindo suas forças
intermoleculares. Isso leva à formação de uma mistura (polímero + plastificante) com menor
resistência mecânica (redução do módulo de elasticidade à tração ou flexão e dureza) e maior
alongamento à ruptura, mas com maior resistência ao impacto e facilidade de processamento.
Outro método químico é a reticulação, na qual para manter unidas duas ou mais cadeias
poliméricas, é criada uma ponte de átomos entre elas, todas ligadas por ligações covalentes.
Essa ponte química pode ser feita de enxofre (vulcanização tradicional de enxofre) ou de um
monômero bifuncional (cura feita por estireno sobre poliéster insaturado). Os termos
vulcanização e cura são usados para definir o tipo de reticulação. Além desse fator, tem-se a
graftização, na qual uma cadeia polimérica saturada pode ser alterada pela ancoragem de
grupos reativos em sua cadeia principal. Esses polímeros modificados podem então ser usados
em reações com outros grupos reativos presentes em outra cadeia polimérica, gerando
copolímeros em bloco.
Na oxidação, a reação da cadeia polimérica com o oxigênio, que está presente em todos os
lugares, no ar ou dissolvido no volume do polímero. Esta reação é lenta à temperatura
ambiente, mas acelera a altas temperaturas, particularmente em temperaturas de
processamento de fusão industrial. Gera produtos carboxílicos que apresentam coloração
amarelada, o que é prejudicial, pois altera a cor do produto, que costuma ser incolor. É
conveniente para uma cadeia de polímero ser intrinsecamente incolor porque pode ser
colorida à vontade posteriormente, produzindo facilmente produtos atraentes para os
consumidores.