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António Teixeira
A92215 – a92215@alunos.uminho.pt
ABSTRACT
Este artigo vai averiguar a todo o conceito de cedência de polímeros, focando-se na cedência de corte. Numa introdução, irá ser
apresentado brevemente o conceito de cedência no polímero e relacionado com os diferentes comportamentos que um polímero pode
ter. De seguida, é atribuído foco às alterações morfológicas no processo de cedência e a um modelo que a represente no processo,
discutindo também o significado físico dos parâmetros usados. Será verificado como o modelo se ajusta a resultados experimentais,
concluindo com as limitações do modelo e o entendimento que se tem do processo de cedência por corte.
T – Temperatura
Tm – Temperatura de fusão
Tg - Temperatura de transição vítrea
σ – Tensão
τ- Tensão de corte
ɛ - Deformação
tipicamente observado em polímeros semicristalinos a temperaturas propaga-se pelo comprimento da amostra até que chega ao ponto de rutura
intermédias, Tg<T<Tm. F.
O comportamento frágil, como observado na figura 1, apresenta uma 2.1. Comportamento de Cedência: Modelo Eyring
baixa capacidade de deformação (<10%) para a tensão máxima onde ocorre O comportamento de cedência em polímeros está dependente da
a rutura, enquanto o comportamento dúctil suporta grandes deformações temperatura e da taxa de deformação. A análise que irei fazer é apenas
(>100%) até à rutura. correta para esforços uniaxiais. Polímeros semicristalinos são usualmente
tratados como uma mistura de duas fases, regiões amorfas que coexistem
2. Alterações morfológicas no processo de cedência com zonas cristalinas. Há duas temperaturas importantes para
semicristalinos, a Tg para as regiões amorfas e a Tm para as regiões
cristalinas. O modelo Eyring foi desenvolvido para descrever o fluxo
D
viscoso em líquidos. A ideia fundamental deste modelo pode ser aplicada
para clarificar alguns aspetos do comportamento de cedência.
O modelo assume que quando um segmento de uma macromolécula tem
de se mover para uma posição adjacente, tem de superar uma barreira
energética representada como ΔE*. Na ausência de stress, os segmentos do
polímero saltam a barreira infrequentemente, e fazem-no em direções
aleatórias. A frequência em que os segmentos saltam a barreira é
representada pela equação de Arrhenius:
∆𝐸∗
[− ] (1)
Figura 2 – Curva típica de tensão-deformação para polímeros com v0 = 𝐴′𝑒 𝐾𝐵 𝑇
comportamento dúctil com correspondência à mudança de dimensão da 𝐴′ é uma constante (fator de frequência), KB é a constante de Boltzmann, e
amostra num ensaio de tração uniaxial. ΔE* é a energia necessária para que um segmento salte a barreira
energética, e assim haja o seu movimento e é a este movimento que
A figura 2 mostra uma curva de tensão-deformação correspondente a um chamamos cedência.
teste de tensão para polímeros dúcteis. De acordo com o modelo Eyring, quando a amostra está sob uma tensão de
O início da curva, no segmento OA, a relação entre a tensão e a deformação corte, a altura da barreira energética muda. Na direção da tensão, a taxa a
é linear. Nesta região, a lei de Hooke’s é obedecida e o polímero recupera que segmentos saltam a barreira vai aumentar, e consequentemente, a altura
a sua dimensão original quando a tensão é removida (comportamento da barreira diminui. Se τ é a tensão de corte aplicada e 𝐴∗ é a área efetiva
elástico ou viscoelástico). A amostra neste segmento OA sofre deformação do segmento de polímero, a altura da barreira energética é reduzida pelo
uniforme e a secção cruzada diminui à medida que o comprimento da valor de 𝜏. 𝐴∗ . 𝓍 que corresponde ao trabalho realizado quando um
amostra aumenta. segmento se move uma distância 𝓍.
Chama-se, ao ponto de tensão máximo (ponto D) o ponto de cedência. É Assim, a frequência com que os segmentos saltam a nova barreira
neste ponto que se inicia a deformação plástica do polímero. No entanto, é energética alterada pela aplicação da tensão na amostra, na direção da
preciso ter cuidado com tal afirmação, pois em polímeros, é possível detetar tensão, e na direção contrária, é, respetivamente:
deformação plástica antes do ponto de cedência (como as crazes). Quando
∆𝐸∗ −τ𝐴∗ 𝓍
é atingido o ponto de cedência, a secção cruzada diminui [− ] (2)
consideravelmente numa região definida e o pescoço na amostra é formado. v1 = 𝐴′𝑒 𝐾𝐵 𝑇
∆𝐸∗ +τ𝐴∗ 𝓍
É formado o pescoço numa certa região da amostra por várias razões. Pode ′ [− ] (3)
ocorrer por uma deformação, já existente antes do ensaio, numa pequena v−1 = 𝐴 𝑒 𝐾𝐵 𝑇
por cargas de corte, diminui pela tensão aplicada τ. A taxa de deformação logaritmo da taxa de deformação de policarbonato. O conjunto de retas paralelas
imposta, 𝜀̇y, pode ser considerada proporcional à taxa de fluxo (4), e τ pode é calculado pela equação (7). (Bower, 2012).
𝜀𝑦̇ Δ𝐸 ∗ 2𝑇
𝜎𝑦 = [𝐾𝐵 ∗ 2.303 log ( ) + ] ( ∗ ) (7)
𝜀0̇ 𝑇 𝑉 4. Conclusão
A equação (7) descreve a dependência da temperatura e da taxa de O modelo de Eyring representa então uma forma bastante adotada por
deformação à tensão de cedência, σy. A tensão de cedência divida pela académicos para descrever fisicamente o processo de cedência, mas, no
temperatura (σy/T) aumenta ligeiramente com o logaritmo da taxa de entanto, este ainda apresenta certas limitações. É necessária uma
deformação imposta (log(𝜀̇y)), e, para uma taxa de deformação constante, compensação ao modelo de Eyring ao assumir que há mais que um processo
o logaritmo da taxa de deformação imposta é constante (log(𝜀̇y)=0), pelo de ativação de todas as espécies de unidades de fluxo que se movem ao
que o valor da tensão de cedência dividida pela temperatura (σy/T), vai, mesmo ritmo, sendo que as tensões são aditivas. Para o policarbonato já foi
logicamente, aumentar com a diminuição da temperatura, mostrando assim mostrado que o comportamento de cedência pode ser representado muito
que a tensão de cedência é dependente da taxa de deformação e da satisfatoriamente ao introduzir estes dois processos de ativação (Ward &
temperatura. Sweeney, 2012).
O processo de cedência de corte entende-se então como um processo
3. Aplicação do Modelo de Eyring e análise de dados onde os segmentos emaranhados da amostra, deslizam, num ângulo de 45º
com a direção da tração. Este processo é possível porque a aplicação da
O modelo de Eyring verifica-se em muitos materiais, mas este não descreve tensão uniaxial diminui a barreira energética necessária para que os
muito bem o processo de cedência para temperaturas muito baixas e para segmentos saltem e deslizem para os espaços vazios correspondentes ao
taxas de deformação muito altas, pois a tensão de cedência σy, aumenta volume de ativação.
rapidamente. Então é preciso uma segunda parte à equação (7) que suporte
essas condições para se obter realmente um modelo que descreva a tensão
de cedência σy, em todas as condições de temperatura e taxas de
deformação. Pode-se realizar isso com a adição de termos que representem
os dois processos de ativação com volumes de ativação diferentes.
4 JORNAL ANNUAL DE LABORATÓRIOS INTEGRADOS III 00 (2021) 000–000
BIBLIOGRAFIA
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Ward, I. M., & Sweeney, J. (2012). Mechanical Properties of Solid Polymers: Third Edition. In Mechanical Properties of Solid Polymers: Third Edition.
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