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Grupo 5 – Laboratório de Materiais III

EXTRUSÃO DE FILME
TUBULAR
Laboratório de Materiais III

Docentes:
Carla Isabel Domingues Correia Martins

José António Purificação Martins

Alunos:
António Paulo Pereira Teixeira - A92215

João Miguel Mota Alves - A92223

Pedro Gil Meira Marques - A92206

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Grupo 5 – Laboratório de Materiais III

ÍNDICE

1. Introdução ........................................................................... 3
2. Extrusão de Filme Tubular ....................................................... 3
2.1 Polímero e Características ...................................................... 4
2.2 Condições de Processamento ................................................... 4
3. Resultados Esperados ............................................................. 5
3.1 Microscopia ........................................................................... 5
3.2 Retração .............................................................................. 5
3.3 Tração ................................................................................ 6
3.4 Turbidez .............................................................................. 6
4. Análise e discussão dos Resultados Obtidos .................................... 7
4.1 Microscopia ........................................................................... 7
4.2 Retração .............................................................................. 7
4.3 Tração ................................................................................ 8
4.4 Turbidez .............................................................................. 9
5. Conclusão .......................................................................... 10
6. Referências........................................................................ 11
7. Anexos ............................................................................. 11

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1. Introdução

No âmbito da Unidade Curricular de Laboratório de Materiais III, tivemos contacto


com seis diferentes técnicas de processamento de polímeros, sendo elas a Extrusão
de Filme Tubular, a Extrusão de tubo, a Moldação por Sopro, a Moldação Rotacional,
a Moldação por Injeção e por fim a Termoformação.
Posteriormente, tivemos de escolher uma das técnicas previamente referidas para
alterar as condições de processamento da mesma e verificarmos a influência das
mesmas na estrutura e propriedades do polímero extrudido.
De todas as opções, optamos pela Extrusão de Filme Tubular, e por essa razão este
relatório irá incidir apenas sobre este tipo de extrusão e sobre a influência das
condições de processamento no produto final.
Para aferirmos a influência das condições de processamento realizamos quatro
ensaios com diferentes condições de processamento (referidas em baixo no ponto
2.2), retiramos as amostras e por fim, procederemos à caracterização de cada
amostra e discutiremos os resultados obtidos.
Para procedermos à caracterização das diferentes amostras iremos realizar quatro
técnicas de caracterização distintas, sendo elas a retração, a microscopia, a tração e
por fim a turbidez, a fim de aferir as diferentes características de cada amostra.
Iremos analisar a espessura, a orientação das cadeias do polímero, o seu módulo de
elasticidade e por fim a turbidez em cada amostra, recorrendo aos ensaios descritos
no parágrafo anterior.

2. Extrusão de Filme Tubular

A extrusão é a técnica mais utilizada para o processamento de polímeros em toda a


indústria de transformação de plásticos. Esta técnica é caracterizada pelo uso de
uma extrusora na linha de processamento. A extrusora é uma máquina composta
por diversas peças, entre elas, a tremonha, o cilindro, o parafuso, as bandas de
aquecimento e a fieira que é responsável por dar forma ao extrudido.

O processo de extrusão de filme tubular consiste na introdução do polímero sólido


na tremonha, onde posteriormente será transportado pelo movimento rotatório do
parafuso, por toda a extrusora até ao final da cabeça da mesma, onde será extrudido
por um orifício denominado de fieira. Durante este processo, o polímero atravessa
uma mudança de estado físico, passando do estado sólido para o estado líquido
(Fusão), fruto do aquecimento provocado pelas bandas de aquecimento e forças de
atrito intermoleculares e com a parede interna da extrusora.

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O polímero expelido pela fieira irá ser arrefecido pelo anel de refrigeração e
insuflado por um jato de ar, formando assim um balão, que irá manter a
forma com a ajuda do anel estabilizante e posteriormente será recolhido por uma
estrutura chamada tenda, que irá achatar o balão até formar um filme, que será
puxado pelos rolos de puxo, até ao sistema de bobinagem onde será enrolado e
finalmente cortado. A espessura e a largura do filme vão depender da velocidade dos
rolos de puxo e da razão de insuflação.

Na imagem 1, podemos observar um esquema de uma linha de extrusão semelhante


à utilizada para a extrusão do filme a analisar.

Figura 1 - Linha de Extrusão de Filme Tubular

2.1 Polímero e Características

O polímero utilizado foi um polietileno de baixa densidade, produzido pela Repsol,


nomeadamente o LDPE Alcudia® 2221FG. Este polímero é especializado para a
extrusão de filme tubular. Para além disso, este polímero contém alguns aditivos,
nomeadamente ‘slip agents’, antioxidantes e ainda, agentes anti-bloqueio, sendo por
isso um polímero fácil de processar e com um bom equilíbrio de propriedades
mecânicas e óticas. Algumas das quais estão presentes na ficha técnica do Polímero
colocada nos Anexos.

2.2 Condições de Processamento

Para observar a influência das diferentes condições de processamento na estrutura


do polímero, realizamos quatro diferentes ensaios, denominados de ensaio 1,2,3 e
4, com diferentes condições de processamento, e que estão descritas na Tabela 1,
abaixo.

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Tabela 1 - Condições de Processamento dos Diferentes Ensaios

Ensaio Temperatura Velocidade Semiperímetro Débito Espessura Velocidade


da Fieira dos Rolos (cm) (g/min) Média do
(ºC) de Puxo (mm) Parafuso
(m/min) (rpm)
1 200 7 16 53,518 0,025 50
2 200 3,5 16,5 51,585 0,051 50
3 200 3,5 19 53,243 0,041 50
4 200 7 19,5 53,393 0,019 50

A utilização destas diferentes condições de processamento deve garantir algumas


diferenças nas propriedades e na estrutura do filme extrudido, tais como variação
da espessura, do módulo de elasticidade, da orientação molecular e da sua
transparência.

Antes de apresentar os resultados obtidos, iremos apresentar os resultados


esperados no Ponto 3.

3. Resultados Esperados

3.1 Microscopia

Com este ensaio temos como objetivo, analisar a orientação das cadeias nas
diferentes condições de processamento. Para isso iremos recorrer a um método de
compensação, com um compensador de Berek, onde iremos analisar um provete de
cada ensaio.

Segundo a teoria, com este ensaio devemos conseguir observar uma maior
orientação longitudinal nas amostras dos ensaios 1 e 2, enquanto por outro lado, nos
ensaios 3 e 4 devemos observar uma orientação biaxial, isto porque no ensaio 3 e 4
há maior quantidade de ar insuflada no balão, o que fará com que as cadeias se
orientem de maneira biaxial.

3.2 Retração

Com este ensaio temos como objetivo, analisar também a orientação das cadeias nas
diferentes condições de processamento. Para isso iremos recorrer a um ensaio de
retração, onde iremos analisar um pedaço de filme de cada ensaio.

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Segundo a teoria, ao ser sujeitas ao calor as cadeias poliméricas irão sofrer


uma maior retração no sentido da sua orientação predominante. Quer isto
dizer que, numa cadeia orientada longitudinalmente, a amostra deve retrair mais no
sentido vertical. No caso de uma cadeia orientada biaxialmente a amostra deve
retrair novamente mais no sentido longitudinal, no entanto, a diferença entre esta e
a retração transversal deve ser amenizada.

Posto isto, devemos conseguir observar uma maior retração vertical nas amostras
dos ensaios 1 e 2, enquanto por outro lado, nos ensaios 3 e 4 devemos observar um
perfil de retrações mais equilibrado para os dois sentidos.

3.3 Tração

Com este ensaio, pretendemos também observar a orientação das cadeias


poliméricas e essencialmente a sua resposta a esforços de tração.

Idealmente será observada uma maior resistência à tração nos casos em que a
orientação das cadeias poliméricas é preferencialmente a mesma do eixo de
solicitação do ensaio. Por essa razão e como o ensaio de tração foi realizado
longitudinalmente, deveremos observar uma maior resistência à tração nas
amostras do ensaio 1 e 2, uma vez que estas amostras apresentarão, na teoria, uma
maior orientação molecular longitudinal.

3.4 Turbidez

Com este ensaio temos como objetivo, analisar a transparência dos filmes nas
diferentes condições de processamento. Para isso iremos recorrer a um ensaio de
turbidez, onde iremos analisar uma amostra de filme de cada ensaio.

Segundo a teoria, quanto menor for a espessura do filme à partida maior será a sua
transparência. Por essa razão e tendo em conta, a espessura média de cada filme,
devemos concluir que o filme do ensaio 4 será o filme mais transparente, seguido do
filme do ensaio 1 e do filme do ensaio 3. Por fim, o filme com menor transparência,
à partida, será o filme do ensaio 2.

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4. Análise e discussão dos Resultados Obtidos

4.1 Microscopia

Na microscopia foi feito um ensaio de birrefringência

4.2 Retração

Para este ensaio as amostras foram levadas à estufa a 90 °C por 15 minutos, mas
como este tempo e temperatura se mostraram inefetivos na retração, foi
restabelecido uma nova temperatura de 105°C por 10 minutos. Obtendo-se os
seguintes resultados:
Ensaio 1:
• Dimensão inicial: 25x16,5
• Dimensão final: 12x12,5
• Retração longitudinal: 52%
• Retração Transversal: 24,24%
Ensaio 2:
• Dimensão inicial: 25x16
• Dimensão final: 14x13,5
• Retração longitudinal: 44%
• Retração Transversal: 15,63%
Ensaio 3:
• Dimensão inicial: 25x19
• Dimensão final: 13,5x15
• Retração longitudinal: 46%
• Retração Transversal: 21,05%
Ensaio 4:

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• Dimensão inicial: 25x19,5


• Dimensão final: 13x14,5
• Retração longitudinal: 48%
• Retração Transversal: 25,64%

De uma forma geral, todos os provetes retraíram mais no sentido longitudinal do


que transversal, o que se mostra de acordo com a previsão esperada uma vez que
mesmo nos casos de maior orientação transversal (BUR elevada), a orientação
predominante continua a ser a da direção da extrusão, ou seja, longitudinal.
Quanto às diferenças de retração entre amostras de diferentes condições, o
resultado também foi maioritariamente o esperado. As amostras 1 e 4 produzidas
com uma TUR mais alta evidenciam as maiores taxas de retração longitudinal (52%
e 48% comparado com 44% e 46%). No entanto, no caso da retração transversal o
mesmo não foi verificado: ainda que a maior e menor retração transversal
registadas tenham sido correspondentes a amostras de BUR alta e baixa,
respetivamente, (amostras 4 e 2), a amostra 3, cuja retração seria de esperar
superior do que em 1 apresenta uma taxa de 21,05%, menor que os 24,24% da
amostra 1. Isto pode ser justificado pela pequena influência que o BUR apresenta no
alinhamento de cadeias que, junto com pequenas variações da espessura do filme
resultantes de oscilações durante a extrusão introduz muitas variáveis a este ensaio,
dificultando a medição específica da orientação molecular.

4.3 Tração

Para o ensaio de tração foi necessário cortar 10 provetes de cada uma das 4
condições de processamento utilizadas, 5 longitudinais e 5 transversais. As
amostras foram cortadas segundo um molde garantindo uma largura de 15mm e
foram depois sujeitas a esforços de tração segundo o eixo longitudinal. A distância
entre amarras utilizada foi de 15 cm e a velocidade teste de 25 cm/min. Os módulos
de Young obtidos (em MPa) estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2 - Módulos de Young obtidos no ensaio de tração para as diferentes amostras


Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4
Provete Longitudinal Transversal Longitudinal Transversal Longitudinal Transversal Longitudinal Transversal
1 76,8855 43,1996 131,78 107,154 132,903 31,8332 -18,6993 21,6115
2 -4,34681 73,1664 73,3392 144,111 102,214 121,84 42,9862 24,0222
3 -4,09084 77,0858 121,99 150,326 107,263 121,014 21,3319 40,4729
4 63,7471 74,2835 170,454 135,248 134,782 161,27 68,6045 25,4819
5 63,6739 62,8199 153,666 72,21 110,042 124,272 39,1384 -2,93448
Média 68,10216667 66,11104 130,24584 121,8098 117,4408 112,04584 43,01525 27,897125

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No que toca à tração os resultados não foram os esperados à exceção


da relação resistência transversal/longitudinal nos provetes da mesma
amostra. Todas as amostras apresentam um módulo de Young superior nos provetes
longitudinais, de acordo com o projetado.
Já nas relações entre amostras, ao contrário do que se estava à espera, a
resistência à tração foi puramente ditada pela espessura. Amostras com TUR baixa
apresentam uma espessura superior, questão que se mostrou muito mais relevante
para o módulo de Young do que a orientação molecular. Assim, tanto nos provetes
longitudinais como nos transversais, as amostras 2 e 3 apresentaram os maiores
valores de resistência à tração.

4.4 Turbidez

Para este ensaio foi utilizado o medidor de turbidez “GARDNER LABORATORY XL-
211” e a norma seguida foi a norma “ASTM D1003-61”. Foram medidos valores para
a transmitância difusa (TD) e transmitância luminosa total (TT) de cada uma das
amostras, que foram posteriormente utilizadas para calcular a turbidez segundo a
[Equação 1].
𝑇𝐷
𝑇𝑢𝑟𝑏𝑖𝑑𝑒𝑧 = ∗ 100 [𝑬𝒒. 𝟏]
𝑇𝑇
Ensaio 1:

• 𝑇𝐷 : 93,24
• 𝑇𝑇 : 12,98
• Turbidez: 718,34 UNT
Ensaio 2:

• 𝑇𝐷 : 92,60
• 𝑇𝑇 : 8,69
• Turbidez: 1065,59 UNT
Ensaio 3:

• 𝑇𝐷 : 92,60
• 𝑇𝑇 : 7,30
• Turbidez: 1268,49 UNT
Ensaio 4:

• 𝑇𝐷 : 92,92
• 𝑇𝑇 : 6,97
• Turbidez: 1333,14 UNT

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Mais uma vez, os resultados obtidos não vão de encontro aos esperados.
Embora as espessuras dos filmes apresentem uma relação e2<e3<e1<e4 a
turbidez medida não segue esta relação.
Outro fator que poderia afetar a turbidez seria o grau de cristalinidade, no entanto
este também parece não ser o caso, uma vez que o ensaio 4 é aquele que apresenta
maior velocidade de arrefecimento devido ao TUR e BUR elevados e, como tal,
deveria ser a amostra mais amorfa, visto que o polímero não teve tempo de
cristalizar, o que, embora verdade, não parece afetar a turbidez visto que esta é a
amostra com o valor mais elevado e deveria ser aquela com valor mais baixo.
Uma possível explicação para estes resultados seriam as imperfeições no filme. As
amostras extrudidas não são 100% homogéneas e apresentam zonas com
imperfeições e impurezas. Como fizemos apenas uma medição de turbidez para um
ponto específico do filme, é possível que tenhamos apanhado zonas que não
representam a turbidez do filme em geral.

5. Conclusão

O objetivo deste trabalho era conseguir perceber e analisar como é que a alteração
das condições de processamento para a extrusão de filme tubular, afetam as
propriedades do mesmo. Foram realizados ensaios mecânicos e óticos para tentar
entender as diferenças que cada amostra apresentava consoante as suas condições
de processamento.
Dada a análise dos ensaios que realizamos, podemos concluir que maior parte das
condições alterou como previsto certas propriedades do nosso filme. Com o
aumento de TUR pelas amostras, obtivemos um filme com menor espessura, maior
orientação molecular no sentido da extrusão e um filme mais transparente. Com o
aumento do BUR pelas amostras, obtivemos um filme com menor espessura, maior
orientação molecular num sentido biaxial e um filme mais transparente.
Houve alguns dados que não provaram ser fidedignos às nossas previsões, e existem
várias variáveis que possam servir de razão. Por exemplo, o facto de o polímero que
utilizamos já não ser um material “virgem”, e por isso já vem com a presença de
aditivos para tornar a extrusão de filme um processo mais fácil e assim, com isso,
perde-se alguma da variação mais acentuada na orientação molecular.
Com este trabalho, compreendemos melhor todo o processo de extrusão de filme
tubular, as variáveis das condições de processamento, e como estas afetam o
produto final.

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6. Referências

[1] Martins, Carla. Ficha Técnica do Polímero Utilizado, fornecido na UC de


Laboratórios de Materiais III, Escola de Engenharia da Universidade do
Minho, 2021/2022.

[2] https://mundodoplastico.plasticobrasil.com.br/gestao/extrusao-de-filmes-
balao-e-tubular-voce-sabe-como-fazer [Acessado a 25/05/2022].

7. Anexos

https://elearning.uminho.pt/bbcswebdav/pid-1208610-dt-content-rid-
5876564_1/courses/2122.J806N4_2/Extrus%C3%A3o%20filme_LDPE%20ALCUDIA%C2%AE%20
3235FGA.pdf

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