Você está na página 1de 94

Propriedades dos Materiais

Seleção de Materiais
Prof. João Victor Soares Chagas

1
Introdução
• As propriedades dos materiais podem ser dívidas
entre propriedades físicas, químicas ou
mecânicas.
• Em projeto costuma-se assumir os materiais como
essencialmente homogêneos e isotrópicos no
que se refere a suas propriedades, porém isso nem
sempre é verdade.

2
Introdução

3
Introdução
• As propriedades podem ser divididas entre
aquelas sensíveis a estrutura e aquelas
insensíveis a estrutura.
• Dentro daquelas insensíveis a estrutura, temos as
seguintes propriedades físicas: densidade, calor
específico, coeficiente de expansão térmica,
etc.

4
Introdução
• Porém, grande parte das propriedades de
engenharia são altamente dependentes da
estrutura. Assim, tensão de escoamento,
ductilidade e tenacidade são sensíveis a fatores
como tamaho de grão, distribuição dos átomos em
soluto, grau de deformação plástica, etc.

5
Introdução
• Esse capítulo aborda algumas propriedades
relevantes à maioria dos eventos de seleção de
materiais. São elas:
• Densidade.
• Módulo de Young.
• Resistência.
• Tenacidade.

6
Introdução
• Condutividade térmica.
• Difusividade térmica.
• Calor específico volumétrico.
• Coeficiente de expansão térmica.

7
Introdução
• A seleção de materiais pode ser realizada em nível
de detalhamento ou em nível de concepção.
• No primeiro caso, a função do componente já
está definida, bem como sua forma, suas
dimensões e, muitas vezes, até a família do
material. Dessa maneira, o especialista busca
apoio em manuais, lista de propriedades e
resultados de ensaios para auxiliá-lo na tomada
de decisão.
8
Introdução
• A seleção de materiais ocorre em nível de
concepção em situações típicas da fase de pré-
projeto, onde primeiramente é necessário
estabelecer uma visão geral do problema em
seguida introduzir paulatinamente o rigor
necessário. Nesse caso, a escolha gera
mecanismos de realimentação que influenciam as
condições principais.

9
Introdução
• Desta maneira, conclui-se que o entendimento
da origem das propriedades dos materiais a
partir de modelos físicos simples permite adotar
uma sequência lógica, em que se parte de uma
matriz de propriedades que posteriormente
converge para um ou mais materiais candidatos à
aplicação.

10
Densidade
• É uma importante propriedade no contexto da
previsão dos índices de mérito.
• A densidade depende do peso dos átomos, do seu
tamanho e da maneira como se arranjam no
cristal.

11
Densidade
• O tamanho médio dos átomos não varia muito de
um material para o outro.
• O mesmo ocorre para o grau de empacotamento
do material, que está em torno de 0,75 para
estruturas compactas.
• Portanto, as variações de densidade ocorrem
devido a diferença entre pesos atômicos.

12
Densidade
• Os metais são densos quando compostos de
átomos pesados e as cerâmicas são leves por
conterem altas proporções de C, N, O, Si e N.
• No caso de estruturas poliméricas, sua baixa
densidade se deve ao arranjo molecular, bi ou
tridimensional, e aos átomos leves que os
compõem, como C, H, N e Cl.

13
Módulo de Elasticidade
• Trata-se de uma propriedade intrínseca do
material e depende de dois parâmetros:
• Rigidez das ligações atômicas.
• Densidade das ligações (número por unidade de área).

14
Módulo de Elasticidade
• A ligação atômica pode ser entendida como uma
mola, caracterizada por sua respectiva constante
L. No campo elástico, a deformação reversível se
dá pela extensão e compressão dessa mola,
naturalmente, sem que haja deformação plástica.

15
Módulo de Elasticidade
• O valor de L está fortemente relacionado com o
tipo de ligação atômica: metálica, covalente,
iônica ou de van der waals.

16
Módulo de Elasticidade
• Estima-se o “comprimento da ligação atômica”
a partir do volume atômico, 𝟐 ∙ 𝟏𝟎−𝟐𝟗 m³, pois
equivale a raiz cúbica deste, ou seja, 2 ∙ 10−10 m
(aproximadamente).

17
Módulo de Elasticidade
• Logo, chamando esse fator de 𝑟0 , temos:

𝐿
𝐸=
𝑟0
• Torna-se evidente que a grande faixa de valores de
E exibida pelos materiais se deve à variabilidade
de L.
• Valores de E menores que 1 Gpa estão associados
a poros e vazios.
18
Módulo de Elasticidade
• Devemos fazer uma consideração especial aos
polímeros, pois suas propriedades são
extremamente variáveis. Além disso, essas
propriedades são muito mais dependentes da
estrutura, da temperatura e do modo de ensaio
do que nos materiais metálicos e cerâmicos.

19
Módulo de Elasticidade
• As propriedades mecânicas nos polímeros são
regidas por 3 conceitos: grau de cristalinidade,
existência de ligações cruzadas e
enrijecimento das cadeias.

20
Resistência Mecânica
• Trata-se de uma propriedade fortemente
dependente da estrutura, por isso, pouco se
presta a previsões baseadas em primeiros
princípios (“análise atômica” aprofundada da
origem das propriedades).
• Para metais, a deformação ocorre ao longo de
certas direções cristalinas, sobre planos
específicos do cristal.

21
Resistência Mecânica
• A força requerida para mover uma camada de
átomos sobre a outra (como em deformação por
escorregamento) corresponde em princípio a
resistência teórica do metal.

22
Resistência Mecânica

Onde µ é o módulo de cisalhamento


do metal (tensão
cisalhante/deformação em
cisalhamento).

23
Resistência Mecânica
2𝜋𝑥
• O valor de τ é máximo para
sin = 1 , com 𝑥 =
𝑎
𝑎Τ , logo o cristal torna-se instável e o
4
escorregamento ocorre para:

𝜇𝑎
𝜏=
2𝜋ℎ

24
Resistência Mecânica
• Como a e h variam pouco de um metal para outro,
a tensão teórica para iniciar o escorregamento
𝜇
está em torno de .
5
• O valor do módulo de cisalhamento para aços de
baixo carbono é igual a 68 GPa e,
consequentemente, a deformação deve ocorrer
a aproximadamente 13 Gpa.

25
Resistência Mecânica
• Na prática, porém, o valor observado raramente
𝜇
ultrapassa , o que corresponde a 0,5 GPa.
1000
• A disparidade é muito grande, o que evidencia
a intervenção de outros fatores.

26
Resistência Mecânica
• Para materias cerâmicos aplicam-se
considerações similares, mas a disparidade
entre tensão teórica e real não é tão evidente.
A propriedade “resistência mecânica”,
quantificada para metais via ensaio de tração e em
termos da tensão escoamento, apresenta
conceituação mais complicada para cerâmicas.

27
Resistência Mecânica
• Isso significa que não há parâmetro para
expressar a resistência de cerâmicas frágeis,
mas é usual adotar como indicador prático a
resistência ao esmagamento em compressão.
Lembrando que a resistência a tração, mais difícil
de determinar, é cerca de 15x menor.

28
Resistência Mecânica
• A chave da disparidade entre resistências teórica e
real é o conceito de defeitos cristalinos. Para
cerâmicas também é relevante o conceito de
microtrincas.
• Dentre os defeitos, as discordâncias estão em
primeiro lugar e sua correta conceituação é
fundamental para o entendimento da ductilidade
dos metais.

29
Resistência Mecânica
• A configuração mais simples é a discordância em
cunha, que consiste em uma alteração da
sequência de empacotamento dos átomos causa
pela inserção de um plano adicional.

30
Resistência Mecânica
• Devido a natureza elástica da ligação metálica, a
discordância é acomodada pela distorção dos
planos cristalinos em torno da mesma.
• O mecanismo de movimento da discordância
pode ser melhor entendido através da analogia da
persiana, ou da lagarta.

31
Resistência Mecânica

32
Resistência Mecânica
• O aumento de resistência mecânica nos metais
passa, necessariamente, pela restrição do
movimento das discordâncias. Isso pode ser
alcançado através dos contornos de grão, de
precipitação de segundas fases e de encruamento,
por exemplo.

33
Resistência Mecânica
• No que se refere as cerâmicas, o tipo de ligação
atômica, a arquitetura cristalina, o número e a
eficiência dos sistemas de escorregamento
explicam o comportamento mecânico.
• A resistência mecânica depende de defeitos como
vacâncias, contornos de grão, íons de cargas
diferentes em contato e discordâncias. Na
escala macro: poros, microtrincas e fases
intergranulares também tem efeito importante.
34
Resistência Mecânica
• Uma particularidade dos materiais cerâmicos é a
baixa mobilidade das discordâncias, o que
restringe sua plasticidade e faz com que fratura
frágil seja a norma.

35
Resistência Mecânica

36
Resistência Mecânica
• O desenvolvimento das cerâmicas de engenharia é
motivado essencialmente pela necessidade de
atender às condições de trabalho em altas
temperaturas.

37
Resistência Mecânica

38
Resistência Mecânica
• No que se refere aos polímeros, a influência da
anelasticidade (dependência da deformação com
o tempo) e sua grande sensibilidade à
temperatura modificam a maneira com a qual
osberva-se as propriedades mecânicas nessa
classe de materiais. Para os polímeros, em vez de
curvas convencionais de tensão-deformação, é
mais adequado o conceito de curvas de fluência.

39
Resistência Mecânica
• O critério de projeto para polímeros é a rigidez,
por ser baixa em comparação com a resistência
mecânica. Na quantificação da rigidez, para
polímeros, é mais adequado a análise do módulo
em flexão e/ou módulo em cisalhamento,
especialmente para termoplásticos que exibem
baixa resistência em cisalhamento e grande
diferença entre os valores de resistência a tração e
compressão.
40
Tenacidade
• A tenacidade é um típico exemplo de
propriedade dependente da estrutura. Para seu
melhor entendimento, usamos conceitos de
energia de fratura, 𝐺𝑐 , e de energia superficial,
γ.
• No contexto da fratura frágil, temos:

𝐺𝑐 ≥ 2𝛾
• Que define a condição necessária para fratura.
41
Tenacidade
• A condição para que ocorra a fratura é que a
energia elástica liberada na ocasião seja maior
do que a energia associada às duas superfícies
que se formam com a abertura da trinca.
• A energia superficial tem origem nas ligações
atômicas interrompidas ou “cortadas” pela
superfície geométrica do material.

42
Tenacidade
• A energia superficial depende do valor da
energia de ligação multiplicado pelo número de
ligações interrompidas por unidade de área.

43
Tenacidade
• É interessante destacar que a energia de ligação
está relacionada aos calores latentes de fusão,
de liquefação ou de sublimação, já que essas
mudanças de estado implicam a condição:

𝑅𝑇 > 𝐻𝑎𝑎

44
Tenacidade
• Onde R é a constante de Boltzmann, T é a
temperatura absoluta e Haa é a entalpia de
ligação entre os átomos. Logo, RT representa a
energia térmica consumida na “quebra” das
ligações.

45
Tenacidade

46
Tenacidade
• Comparando madeira com vidro na tabela
anterior, vemos que a energia de fratura é muito
diferente ao passo que a resistência mecânica
apresenta valores comparáveis.
• Isso evidencia a diferença entre a força necessáira
para romper o material e a energia gasta para
obter o mesmo resultado.

47
Tenacidade
• Essas discrepâncias mostram que a seleção de
materiais baseada em dados de resistência
mecânica pode conduzir a soluções totalmente
equivocadas e ressaltam as limitações da teoria
da elasticidade. Desta maneira, o procedimento
de seleção deve levar em conta o aspecto da
previsão de fratura súbita.

48
Propriedades térmicas
• Condutividade e difusividade térmica se
relacionam pela seguinte expressão:

𝜆
𝑎=
𝜌𝐶𝑝
• a é a difusividade térmica. 𝜌 é a densidade, 𝜆 é a
condutividade e 𝐶𝑝 é o calor específico a pressão
constante.
49
Propriedades térmicas
• A condutividade térmica de gases, líquidos e
sólidos é afetada pela temperatura, pela pressão
e, no caso de soluções e ligas, pela composição.
Para sólidos, a dependência de 𝜆 com a
temperatura é afetada pela estrutura molecular
e microestrutura, de maneira que
generalizações tornam-se impossíveis.

50
Propriedades térmicas
• Como regra prática, a condutividade térmica de
sólidos cristalinos não-metálicos diminui com o
aumento da temperatura, enquanto a
condutividade de sólidos amorfos e não-
metálicos aumenta com a temperatura.
• Elementos de liga tendem a diminuir a
condutividade. Este efeito torna-se mais evidente
quando o constituinte principal tem baixo 𝜆.

51
Propriedades térmicas
• Tanto transporte de massa como transporte de
calor necessitam de um potencial e de um
caminho para reduzir esse potencial a zero. No
caso de transporte de calor, o potencial é a
diferença de temperatura entre dois pontos, o
gradiente térmico, e o caminho é representado
pela condutividade do material entre os pontos.

52
Propriedades térmicas

53
Propriedades térmicas
• Os polímeros que melhor resistem a altas
temperaturas podem operar até no máximo
300°C.
• As cerâmicas, por outro lado, são
particularmente resistentes a altas temperaturas e
têm baixo 𝜆 , o que as habilita à função de
isolantes térmicos.

54
Propriedades térmicas
• A expressão que relaciona o calor transferido em
função do tipo de caminho e da diferença de
potencial entre dois pontos é:

𝑑𝑇
𝑄𝑋 = −𝜆
𝑑𝑥

55
Propriedades térmicas
• Exemplo gráfico da temperatura de um forno

56
Propriedades térmicas
• A variação da temperatura de um material
corresponde a uma variação de volume. A
propriedade que mede essa variação é o
coeficiente médio de expansão térmica
volumétrica.

𝑉2 − 𝑉1
𝛼=
𝑉1 (𝑇2 − 𝑇1 )

57
Propriedades térmicas
• O limite dessa razão, em pressão constante,
quando a temperatura varia dT é definido como o
coeficiente real de expansão térmica
volumétrica:

1 𝛿𝑉
𝛼=
𝑉 𝛿𝑇 𝑝

58
Propriedades térmicas
• Existem definições distintas para o caso da
expansão térmica linear, em que V é
substituído pelo comprimento. Note que para
substâncias isotrópicas o coeficiente de expansão
térmica é igual a três vezes o coeficiente de
expansão linear.

59
Propriedades térmicas
• A relação entre 𝛼 e as propriedades físicas do
material é dada pela equação de Grünesein:

𝛾𝐶𝑣
𝛼=
Ω𝐸

• Onde 𝛾 é a constante de Grünesein (≅ 1), 𝐶𝑣 é o


calor específico a volume constante, Ω é o volume
específico e E é o módulo de elasticidade
60
Propriedades térmicas
• Conclui-se, portanto, que o coeficiente de
expansão térmica é inversamente
proporcional ao módulo de elasticidade (e,
consequentemente, a temperatura de fusão do
material). Segue uma estimativa útil para
determinação do coeficiente de expansão térmica:

1
𝛼=
100𝐸
61
Propriedades térmicas
• O coeficiente de expansão térmica é uma
importante propriedade em situações que
apresentam gradientes de temperatura, o que
gera um estado de tensões térmicas.

62
Propriedades térmicas

63
Propriedades térmicas
• Um caso clássico de restrição interna é o
resfriamento rápido de um componente, que
conduz a um estado de tensões residuais, uma vez
que taxa de resfriamento da superfície é maior
que a do centro.

64
Propriedades térmicas

65
Propriedades térmicas
• Para o caso de restrições internas, os parâmetros
que determinam a magnitude do campo de
tensões são, além da taxa de resfriamento e do
gradiente de temperatura, seu coeficiente de
expansão térmica e sua difusividade térmica.
• Quando as tensões térmicas são geradas por
súbitas variações de temperatura, o processo
recebe o nome de choque térmico.

66
Propriedades térmicas
• Com o choque térmico, a tensão surge
rapidamente, sendo que muitos materiais são
extremamente sensíveis a taxa de deformação.
Estes falham para tensões que, se fossem
aplicadas de forma gradativa, não os
afetariam.
• Outro parâmetro importante a se considerar é o
coeficiente de transferência térmica por
convecção, h.
67
Propriedades térmicas
• O valor de h depende da natureza e das
propriedades do fluido, de sua velocidade e da
geometria do sistema. Este parâmetro
independe da natureza do material do
componente.

68
Propriedades térmicas

69
Propriedades térmicas
• Para materiais de baixa tenacidade, como
cerâmicas, um ciclo de aplicação de tensões
térmicas pode resultar em fratura.
Denominamos esse regime de dano de fadiga
térmica.

70
Propriedades térmicas
• Como vimos, as tensões térmicas originam-se a
partir de gradientes de temperatura que
estejam associados ao impedimento da
deformação livre do sistema. Por exemplo, no
caso de uma placa subitamente resfriada, a
restrição é interna e o valor da tensão é:

𝐸𝛼Δ𝑇
𝜎=
(1 − 𝑣)
71
Propriedades térmicas
• Pode-se deduzir, matematicamente, que o
máximo 𝜟𝑻 que a placa suporta antes de se
romper é:

𝜎𝑓 3,25(1 − 𝜆)
Δ𝑇𝑚𝑎𝑥 =
𝐸𝛼 𝑎ℎ

• Onde 𝜎𝑓 é a tensão de fratura do material e a é a


espessura da chapa.
72
Propriedades térmicas
• Vemos que o índice de mérito no conceito de
𝜆𝜎𝑓
fadiga térmica é o termo , denominado
𝐸𝛼
parâmetro de choque térmico.

73
Propriedades térmicas

74
Propriedades térmicas
• Um relevante caso de tensões térmicas causadas
por restrição externa é a união de materiais
dissimilares. Por exemplo, a brasagem de metais
a cerâmicas é efetuada a temperaturas de 850°C-
1200°C.
• Assumindo junção de boa qualidade, a contração
deste material é resistida pela interface,
gerando tensões que podem levar a fratura do
material.
75
Propriedades térmicas
• Duas providências podem ser tomadas para
evitar esse tipo de problema:
• Resfriamento extremamente lento para
proporcional acomodação das tensões.
• Inserção de uma intercamada dúctil cuja
deformação anula as tensões.

76
Propriedades térmicas
• Em algumas situações, as alterações dimensionais
de origem térmica não são suficientemente
restringidas para que tensões térmicas sejam
importantes. Nestes casos, podem ocorrer falhas
de ajuste na estrutura.

77
Propriedades térmicas

78
Mapa das propriedades
• Vimos que o processo de seleção de materiais
pode ser abordado pela perspectiva
macroscópica ou pela microscópica.
• A prática mostra que essas perspectivas se
completam; a primeira aceita um grande número
de opções e, por processo de seleção e
eliminação, prepara o terreno para a abordagem
microscópica, o segundo estágio.

79
Mapa das propriedades
• O segundo estágio consiste no uso de manuais
específicos que contêm dados detalhados
referentes às propriedades mecânicas, físicas e
químicas de materiais bem definidos quanto a sua
composição, tratamento térmico, microestrutura,
morfologia, estado de deformação, processo de
fabricação, etc.

80
Mapa das propriedades
• Um bom exemplo é a análise de uma liga Al-Li.
Essa família de materiais está sendo
especialmente considerada para a indústria
aeroespacial devido a sua baixa densidade, alto
valor do módulo de elasticidade, tenacidade
em temperaturas criogênicas e resistência a
fadiga.

81
Mapa das propriedades
Descrição e/ou Tratamentos
Térmicos
𝝈 [𝑴𝑷𝒂] 𝝈 [𝑴𝑷𝒂] 𝒚 𝑹 𝑨(%)

Extrudados
T3 407 529 16,6
T4 438 591 15,7
T8 692 713 5,3
Laminação Evidencia influência de
T8, espessura 5mm 643 664 5,7 processamentos,
tratamentos térmicos e
Forjados
dimensões da amostra.
T4, até 1000h 392 559 18,5
Envelhecido 170°C 20h 658 702 5,0
Observações:
T3: solubilizado, trabalhado a frio e envelhecido naturalmente até
estabilização.
T4: solubilizado e envelhecido naturalmente até a estabilização.
T8: solubilizado, trabalhado a frio e envelhecido artificialmente.
82
Mapa das propriedades
• A perspectiva macroscópica, ao contrário, adota o
princípio das lentes “zoom”, a fim de abranger o
panorama mais amplo possível, sem excluir a
priori nenhum material cuja compatibilidade com
a função desejada seja adequada.
• Essa perspectiva faz-se necessária em vista do
grande número de materiais disponíveis e da
frequência com que situações de substituição de
materiais se apresentam ao engenheiro.
83
Mapa das propriedades
• A essência desse conceito de seleção de materiais
encontra-se nos Mapas de Propriedades dos
Materiais, desenvolvido por M. F. Ashby.
• Esses mapas procuram agrupar todas as
famílias de materiais em gráficos cujas
coordenadas compõem, sempre que possível,
índices de mérito utilizados em cálculos de
dimensionamento e seleção.

84
Mapa das propriedades
• O agrupamento de todas as famílias em cada um
desses gráficos exige o uso de escalas
logarítmicas, o que implica perda de definição,
compensada, porém, pelo ganho em amplitude.
• O conceito pode ser reproduzido em escala
microscópica, utilizando valores mais precisos
uma vez feita a escolha preliminar.

85
86
Mapa das propriedades
• Além de mapear um grande número de
materiais em termos do par resistência
mecânica/densidade, a figura mostra os meios
de proceder às escolhas segundo o critério de
peso mínimo.
• O IM adota valores específicos que dependem da
geometria do elemento ao qual a carga é
aplicada e ao modo de aplicação desta.

87
Mapa das propriedades
𝜎
• Índice de Mérito para barra em tração:
𝜌
𝜎 2Τ3
• Índice de Mérito para barra em flexão:
𝜌
𝜎 1Τ2
• Índice deMérito para placa em flexão:
𝜌

88
Mapa das propriedades
• Para facilitar sua aplicação, os índices são
representados por linhas retas superpostas ao
gráfico, ou seja:

𝜎 𝜎 2Τ3 𝜎 1Τ2
= 𝐶; = 𝐶; =C
𝜌 𝜌 𝜌

89
90
Mapa das propriedades
• Nas equações anteriores, C é uma constante cujo
valor aumenta à medida que as linhas são
deslocadas para cima e para esquerda.
• Desta maneira, os materiais que estiverem acima
e à esquerda de uma determinada linha terão IM
mais favoráveis do que os dos materiais
localizados ao longo da linha. Estes são
equivalentes no que diz respeito ao índice de
mérito considerado.
91
92
Mapa das propriedades
• A partir de uma pequena área, a lista de
materiais candidatos é pequena. A última etapa é
explorar suas características profundamente.

93
FIM!

94

Você também pode gostar