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DIAGRAMAS DE

PROPRIEDADES DE
MATERIAIS

Professora Carolina Moreira


Introdução
• Uma propriedade pode ser apresentada como uma lista classificada ou
diagrama de barras, mas é raro que o desempenho de um componente
dependa de apenas uma propriedade. Mais frequentemente o que importa
é uma combinação de propriedades: a necessidade de rigidez com baixo
peso, de condução térmica acoplada à resistência à corrosão, ou de
resistência combinada com tenacidade, por exemplo.

• Isso sugere a ideia de construir gráficos de uma propriedade em relação a


uma outra, mapeando as áreas no espaço da propriedade ocupadas por
cada classe de material e as subáreas ocupadas por materiais individuais.

• Os diagramas resultantes são úteis de vários modos. Condensam um


grande acervo de informações em uma forma compacta, porém acessível;
revelam correlações entre propriedades de materiais que ajudam na
verificação e estimativa de dados; e tornam-se ferramentas para selecionar
materiais.
Diagramas e Propriedades
Diagramas e Propriedades
Diagramas e Propriedades
Diagramas e Propriedades
• Se escolhermos adequadamente os eixos e escalas, mais podemos
acrescentar.

• A velocidade do som em um sólido depende de E e ρ; a velocidade


de onda longitudinal v, por exemplo, é:

(ondas longitudinais são aquelas cuja direção de propagação da onda


coincide com a direção da vibração)
Diagramas e Propriedades
Propriedades
• Entre as propriedades mecânicas e térmicas, há 30, mais ou menos,
que são de importância primordial, tanto para a caracterização do
material quanto para o projeto de engenharia.
Propriedades
Propriedades
Propriedades
• Os diagramas mostram uma faixa de valores para cada propriedade
de cada material.

• Às vezes a faixa é estreita: o módulo do cobre, por exemplo, varia por


apenas uma pequena porcentagem ao redor de seu valor médio,
influenciado pela pureza, textura e assemelhados.

• Contudo, às vezes é larga: a resistência dos metais pode variar por


um fator de 100 ou mais, influenciada pela composição e pelo estado
de encruamento ou tratamento térmico.

• Cristalinidade influencia muito o módulo de polímeros. Porosidade


influencia a resistência de cerâmicas.

• Essas propriedades sensíveis à estrutura aparecem nos diagramas


como bolhas alongadas dentro de envelopes.
Diagrama Módulo-densidade
• Módulo e densidade são propriedades bem conhecidas.

• Aço é rígido; borracha é flexível: são efeitos do módulo.

• Chumbo é pesado; cortiça flutua: são efeitos da densidade.

• Dados para membros de uma família particular de materiais


aglomeram-se e podem ser englobados por um envelope.

• O diagrama ajuda no problema comum da seleção de material para


aplicações nas quais a massa deve ser minimizada.
Diagrama Módulo-densidade
Densidade
Módulo
Diagrama Módulo-densidade
Diagrama Módulo-densidade
Diagrama Módulo-densidade

• A classe mais leve é a das ligas de magnésio (Mg) e a mais pesada é


a das ligas de tungstênio (W).
Diagrama Resistência-densidade
• O módulo de um sólido é uma quantidade bem-definida, com um
valor também bem-definido.

• A resistência não é. A palavra “resistência” precisa de definição.

• Para metais e polímeros, é a resistência ao escoamento, porém, visto


que a faixa de materiais inclui os que encruaram ou foram
endurecidos de algum outro modo, bem como os que foram
amaciados por recozimento, a faixa é grande.

• Para cerâmicas frágeis, a resistência aqui representada em gráfico é


o módulo de ruptura: a resistência à flexão. É ligeiramente maior do
que a resistência à tração, porém muito menor do que a resistência à
compressão que, para cerâmicas é 10 a 15 vezes maior do que a
resistência à tração.
Diagrama Resistência-densidade
• Para elastômeros, resistência significa a resistência ao rasgamento
por tração.

• Para compósitos, é a resistência à falha por tração (a resistência à


compressão pode ser até 30% menor em razão do encurvamento das
fibras).

• Usaremos o mesmo símbolo para todas elas, apesar dos diferentes


mecanismos de falha envolvidos, para permitir uma comparação de
primeira ordem.
Diagrama Resistência-densidade
Diagrama Módulo-resistência
Diagrama rigidez específica-resistência
específica
• Muitos projetos, em particular aqueles que envolvem movimento,
exigem rigidez e resistência com peso mínimo.

• Divide-se os dados do diagrama anterior pela densidade.

• Essas são medições de “eficiência mecânica”, o que significa a


utilização do mínimo de massa de material para realizar a maior parte
do trabalho estrutural.
Diagrama Rigidez
específica-resistência específica
Diagrama Rigidez
específica-resistência específica
• Compósitos encontram-se na parte superior direita. Surgem como a
classe de material que tem as propriedades específicas mais
atraentes, uma das razões de sua crescente utilização na indústria
aeroespacial.

• Cerâmicas têm rigidez por unidade de peso excepcionalmente altas,


e sua resistência por unidade de peso é tão boa quanto os metais,
mas sua estrutura frágil as exclui de muitos usos estruturais.

• Metais são penalizados por causa de suas densidades relativamente


altas.

• Polímeros, cujas densidades são baixas, se saem melhor nesse


diagrama do que no anterior.
Diagrama Tenacidade à fratura-módulo
• Aumentar a resistência de um material só é útil enquanto o material
permanecer plástico e não tornar-se frágil; se isso ocorrer, fica
vulnerável à falha por fratura rápida iniciada de qualquer minúscula
trinca ou defeito que ele possa conter.

• A resistência à propagação de uma trinca é medida pela tenacidade à


fratura.
Diagrama Tenacidade à fratura -
módulo
Diagrama Tenacidade à fratura -
resistência
• A concentração de tensão na ponta de uma trinca gera uma zona de
processo: uma zona plástica em sólidos dúcteis, uma zona de
microtrincas em cerâmicas e uma zona de delaminação e extração
de fibras em compósitos.

• O tamanho da zona de processo varia de dimensões atômicas para


cerâmicas e vidros muito frágeis até quase 1 metro para os metais
mais dúcteis.

• Com o tamanho de zona constante, a tenacidade à fratura tende a


aumentar com a resistência.

• Materiais mais próximos da parte inferior direita têm alta resistência e


baixa tenacidade; sofrem fratura antes de sofrerem escoamento.
Com os mais próximos da parte superior esquerda acontece o
contrário: sofrem escoamento antes de sofrerem fratura.
Diagrama Tenacidade à fratura -
resistência
Diagrama Coeficiente de perda -
módulo
Diagrama Coeficiente de perda -
módulo
• O amortecimento intrínseco é medido pelo coeficiente de perda.

• Em metais, uma grande parte da perda é causada por movimento de


discordância: é alta em metais moles como chumbo e alumínio puro.
Metais de alta liga como bronze e aços de alto teor de carbono têm
baixa perda, porque o soluto prende as discordâncias.

• Cerâmicas têm baixo amortecimento, porque a enorme resistência do


reticulado prende as discordâncias que ali estão em temperatura
ambiente. Por outro lado, cerâmicas porosas estão repletas de trincas
cujas superfícies se atritam, dissipando energia quando o material é
carregado.
Diagrama Coeficiente de perda -
módulo
• Em polímeros, segmentos de cadeias deslizam um contra o outro
quando carregados; o movimento relativo dissipa energia. A facilidade
com que deslizam depende da razão entre a temperatura do ambiente,
T, nesse caso a temperatura do local onde estão, e a temperatura de
transição vítrea, Tg, do polímero.

• Quando T < Tg, as ligações secundárias são “congeladas”, o módulo é


alto e o amortecimento é relativamente baixo.

• Quando T > Tg, as ligações secundárias já derreteram, o que permite o


fácil deslizamento da cadeia; o módulo é baixo, e o amortecimento é alto.
Diagrama Condutividade térmica –
resistividade elétrica
Diagrama Temperatura de serviço
máxima
• Temperatura afeta o desempenho do material de muitos modos.

• À medida que a temperatura aumenta, o material pode sofrer fluência, o que


limita sua capacidade de suportar cargas.

• Pode se degradar ou se decompor, o que muda sua estrutura química de tal


modo que torna-se inutilizável.

• Pode se oxidar ou reagir de outras maneiras com o ambiente no qual é usado,


deixando-o incapaz de desempenhar sua função.

• A temperatura aproximada à qual, por qualquer dessas razões, não é seguro


utilizar um material é denominada sua temperatura de serviço máxima.

• O diagrama dá uma visão panorâmica dos regimes de temperatura nos quais


cada classe de material é utilizável. Observe que poucos polímeros podem ser
usados acima de 200°C, poucos metais acima de 800°C e somente cerâmicas
oferecem resistência acima de 1.500°C.
Diagrama Temperatura de serviço
máxima
Atrito e Desgaste
• Quando superfícies se tocam e deslizam, há atrito; onde há atrito, há
desgaste.

• Tribologistas – os que estudam atrito e desgaste – adoram citar o enorme


custo, por meio de energia perdida e equipamento desgastado, pelo qual
esses dois fenômenos são responsáveis.

• Mas antes de aceitarmos essa imagem negativa, devemos lembrar que, sem
desgaste, lápis não escreveria no papel nem giz nos quadros-negros; sem
atrito, deslizaríamos para baixo na mais leve das inclinações.

• Propriedades tribológicas são atributos de um material sozinho?


Atrito e Desgaste
• Quando superfícies se tocam e deslizam, há atrito; onde há atrito, há
desgaste.

• Tribologistas – os que estudam atrito e desgaste – adoram citar o enorme


custo, por meio de energia perdida e equipamento desgastado, pelo qual
esses dois fenômenos são responsáveis.

• Mas antes de aceitarmos essa imagem negativa, devemos lembrar que, sem
desgaste, lápis não escreveria no papel nem giz nos quadros-negros; sem
atrito, deslizaríamos para baixo na mais leve das inclinações.

• Propriedades tribológicas não são atributos de um material sozinho, mas de


um material que desliza sobre outro com, quase sempre, um terceiro entre
eles.

• O número de combinações é demasiadamente grande para permitir uma


escolha simples, sistemática. A seleção de materiais para mancais,
acionadores e selos dinâmicos depende fortemente da experiência. Essa
experiência é encontrada em fontes de referência.
Atrito e Desgaste
Atrito e Desgaste
• O valor típico é μ~0,5.

• Certos materiais mostram valores muito mais altos, seja porque emperram
quando em contato um contra o outro (um metal macio que desliza sobre si
mesmo sem nenhuma lubrificação, por exemplo) ou porque uma superfície
tem módulo baixo o suficiente para se conformar à outra (borracha sobre
concreto irregular).

• No outro extremo estão combinações de deslizamento com coeficientes de


atrito excepcionalmente baixos, como mancais de PTFE ou bronze
carregados com grafita deslizando sobre aço polido. Aqui o coeficiente de
atrito cai até 0,04, embora ainda seja alto em comparação com o atrito para
superfícies lubrificadas, como podemos observar na parte inferior do
diagrama.
Diagramas de Barras de Custo
• Propriedades como módulo, resistência e condutividade não mudam
com o tempo. O custo é incômodo, porque muda.

• Oferta, escassez, especulação e inflação contribuem para


consideráveis flutuações no custo por quilograma de uma commodity
como cobre ou prata.

• Tabelas de dados de custo por kg para alguns materiais são


apresentadas em jornais e periódicos comerciais; para outros é mais
difícil encontrar.

• Em projeto para custo mínimo, a seleção de materiais é guiada por


índices que envolvem módulo, resistência e custo por unidade de
volume.
Diagramas de Barras de Custo
Diagramas de Barras de Custo
Diagramas
• O aspecto mais surpreendente dos diagramas é o modo como os membros
de uma classe de material se aglomeram.

• Apesar da ampla faixa de módulo e densidade de metais (como exemplo),


os aglomerados ocupam uma área que é distinta das áreas dos polímeros
ou da cerâmica, ou dos compósitos. O mesmo vale para resistência,
tenacidade, condutividade térmica e o restante: as áreas frequentemente
se sobrepõem, porém, sempre têm um lugar característico dentro do
quadro total.

• Todos os diagramas têm uma coisa em comum: partes deles têm materiais,
partes não. Algumas partes são inacessíveis por razões fundamentais que
estão relacionadas com o tamanho de seus átomos e a natureza das
forças que os interligam. Porém, outras partes estão vazias, embora, em
princípio, sejam acessíveis. Se pudéssemos chegar a elas, os novos
materiais que lá estão poderiam permitir novas possibilidades de projeto.

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