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5.

MECANISMOS DE AUMENTO DA
RESISTÊNCIA EM METAIS
5. MECANISMOS DE AUMENTO DA
RESISTÊNCIA EM MATERIAS POLICRISTALINOS
5.1 AUMENTO DA RESISTÊNCIA POR ADIÇÃO DE ELEMENTO DE LIGA
5.2 AUMENTO DA RESISTÊNCIA POR REDUÇÃO DO TAMANHO DE GRÃO
5.3 AUMENTO DA RESISTÊNCIA POR ENCRUAMENTO
5.4 RELAÇÃO ENTRE DEFORMACAO PLÁSTICA E DISCORDÂNCIAS
5.5 CARACTERÍSTICAS DAS DISCORDÂNCIAS PARA AS PROPRIEDADES MECÂNICAS
6.6 RESTAURAÇÃO DAS PROPRIEDADES POR TRATAMENTO TÉRMICO
5.1 AUMENTO DA RESISTÊNCIA POR ADIÇÃO
DE ELEMENTOS DE LIGA
ENDURECIMENTO POR SOLUÇÃO SÓLIDA- É a formação de uma liga com átomos
como impurezas que entram como átomos substitucionais ou intersticiais.
Metais de alta pureza são quase sempre mais macios e fracos do que materiais
ligados. O aumento da concentração da impureza resulta no aumento do limite
de escoamento, resistência à tração e dureza.

átomo átomos
intersticial substitucionais
Ex: interação de discordâncias em soluções sólidas substitucionais.

Quando um átomo de uma impureza esta presente,


o movimento da discordância fica restringido, ou seja,
deve-se fornecer energia adicional para que continue
havendo escorregamento. Por isso soluções sólidas
de metais são sempre mais resistentes que seus
metais puros constituintes.
Precipitados
Elementos como metais e oxigênio, apresentam
solubilidade relativamente baixa, o que os torna
propensos a formarem aglomerados ou precipitados
extremamente pequenos no sólido (geralmente
alguns nm), com composições químicas definidas e
uniformemente dispersos no interior da matriz
original.
A formação de um precipitado e a sua estabilidade
térmica depende dele alcançar um raio crítico mínimo a
para crescer.
O processo de endurecimento por precipitação ou
endurecimento por envelhecimento promove, através
deste tratamento térmico o aumento da resistência Imagem MET Al
mecânica do material metálico. Já a redução na AA6056: CG,
resistência e na dureza após longos períodos de ppt e discordâncias.
tempo é chamada de superenvelhecimento. Aumento:
(a) 66.000X
(b) 200.000X

b
MET 115.000X MET 200000X - TT
5.2 AUMENTO DA RESISTÊNCIA POR
DIMINUIÇÃO DO TAMANHO DE GRÃO

• O contorno de grão (CG) funciona como uma barreira


para a continuação do movimento das discordâncias
devido:
– às inúmeras descontinuidades presentes no grão e
nos contornos de grão;
– as diferentes orientações presentes (CG de alto
ângulo).
– a energia interfacial é menor em materiais de grãos
grosseiros, pois a área total de CG é menor do que em
materiais com grão mais fino.
• O contorno de grão
interfere no movimento das
discordâncias
• Devido as diferentes
orientações cristalinas
presentes resultantes do
grande número de grãos, as
direções de
escorregamento das
discordâncias variam de
grão para grão.
A direção de escorregamento varia de grão para
grão
linhas de escorregamento
5.3 ENCRUAMENTO OU ENDURECIMENTO
PELA DEFORMAÇÃO À FRIO
• É o fenômeno no qual um material endurece devido
à deformação plástica (realizado pelo trabalho “à
frio”). Alguns metais endurecem por deformação a
temp. ambiente;
• A medida que se aumenta o encruamento maior é a
força necessária para produzir uma maior
deformação. Pois o movimento de uma discordância
é impedido pela presença de outras discordâncias.
Então, à medida em que a densidade de
discordâncias aumenta, a resistência ao movimento
de discordância por outras discordâncias se torna
mais pronunciada;
• O movimento das discordâncias ao longo dos planos
de escorregamento e a distorção dos planos
resultantes das deformações dos grãos adjacentes
tornam desordenada a estrutura cristalina regular
inicialmente presente;
• O endurecimento por deformação é utilizado
comercialmente para melhorar as propriedades
mecânicas de metais que não respondem a
tratamentos térmicos.
• O encruamento pode ser removido por tratamento
térmico (recozimento).
5.4 DEFORMAÇÃO PLÁSTICA E DISCORDÂNCIAS
• Nos sólidos cristalinos a deformação plástica geralmente envolve:
– O escorregamento de planos atômicos,
– O movimento de discordâncias,
– Formação de maclas.

• Então, a formação e movimento das discordâncias têm papel


fundamental para o aumento da resistência mecânica em muitos
materiais. Portanto:

A capacidade de um material de se deformar plasticamente depende


da capacidade das discordâncias se moverem.

O movimento das discordâncias produz a


deformação e a recuperação do material.
• Discordâncias em cunha movem-se
devido à aplicação de uma tensão de
cisalhamento perpendicular à linha de
discordância.

• O movimento das discordâncias pode


parar na superfície do material, no
contorno de grão ou num precipitado
ou outro defeito.

• A deformação plástica corresponde à


deformação permanente que resulta
principalmente do movimento de
discordâncias (em cunha ou em
hélice).
5.5 CARACTERÍSTICAS DAS DISCORDÂNCIAS
PARA AS PROPRIEDADES MECÂNICAS
• Quando os metais são deformados
plasticamente cerca de 5% da energia
é retida internamente, o restante é
dissipado na forma de calor.
• A maior parte desta energia
armazenada está associada com as
tensões associadas às discordâncias.
• A presença de discordâncias promove
uma distorção da rede cristalina de
modo que certas regiões sofrem
tensões compressivas e outras tensões
de tração.
GRAU DE DEFORMAÇÃO PLÁSTICA EM
TERMOS DE TRABALHO À FRIO (TF)

%TF= A0 - Af x 100
A0

Onde: A0 é a área original da seção reta que experimenta a


deformação e Af é a área após a deformação.
ENCRUAMENTO & MICROESTRUTURA
• Antes da deformação a • Depois da deformação a
frio frio

A capacidade de um material de se deformar plasticamente está


relacionado com a habilidade das discordâncias se movimentarem.
VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS
EM FUNÇÃO DO ENCRUAMENTO
O encruamento aumenta
a resistência a tração

O encruamento
aumenta o tensão de
escoamento

O encruamento diminui o
alongamento ( ductilidade)
VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES EM FUNÇÃO
DO TRABALHO A FRIO
5.6 RESTAURAÇÃO DAS PROPRIEDADES POR
TRATAMENTOS TÉRMICOS
ESTÁGIOS DO TRATAMENTO TÉRMICO DE
RECOZIMENTO:
A. Recuperação
B. Recristalização
C. Crescimento de grão

A Recuperação e a Recristalização dependem da


energia armazenada durante a deformação a frio.
5.6.1 RECUPERAÇÃO
• É a restauração das propriedades físicas de um material
deformado a frio sem alteração microestrutural aparente. Ex.
condutividade elétrica aumenta rapidamente ;
• Há um alívio das tensões internas armazenadas durante a
deformação devido ao movimento das discordâncias
resultante da difusão atômica a alta temperatura;
• Nesta etapa há certa diminuição do número de discordâncias e
a restauração parcial da maleabilidade (menor resistência
mecânica e maior ductilidade);
• Em temperaturas de cerca de 0,3 – 0,5 Tf, as discordâncias são
bastante móveis para formar arranjos regulares (subgrãos);
• Em suma, a recuperação a alta temperatura tem por finalidade
a movimentação das discordâncias resultantes da deformação
plástica, originando subgrãos ou contornos de células.
Macrografia (corte transversal) da liga Al
AA6056 soldada por “Friction Stir Welding”

Interface entre Cs
e ZTMA. 200X

Detalhe da solda evidenciando a intersecção


entre a zona recuperada e a zona recristalizada
5.6.2 RECRISTALIZAÇÃO
O processo de recristalização é um
realinhamento dos átomos dentro
dos cristais que leva ao
abaixamento de energia. Amostras
recozidas revelam que na região de
máxima liberação de energia, há
liberação de energia
simultaneamente com o
crescimento de um arranjo
totalmente novo dos cristais sem
deformação, que crescem à custa
dos cristais anteriormente
deformados.
• Se os metais deformados plasticamente forem
submetidos a um aquecimento controlado, este
aquecimento fará com que haja um rearranjo
dos cristais deformados plasticamente,
diminuindo a dureza dos mesmos;
• O número de discordâncias reduz mais ainda;
• As propriedades mecânicas voltam ao seu
estado original (correspondente ao material
antes de encruado).
Forma-se um novo
conjunto de grãos que
são equiaxiais

Pode-se refinar o grão


de uma liga monofásica
mediante deformação
plástica e recristalização
CINÉTICA DE RECRISTALIZAÇÃO
• Ocorre por processos de nucleação e crescimento de grão;
• A temperatura de recristalização é dependente do tempo – quanto
maior a temperatura menor o tempo para a recristalização se
completar;
• A temperatura de recristalização está entre 1/3 e 1/2 da temperatura de
fusão.
Equação Arrhenius

Onde: 1/τ é a velocidade1/com


τ = A.e
a qual 50% da estrutura se recristaliza;
-Qr/RT
A é a constante que depende do material;
Qr é a energia de ativação para a recristalização;
R é a constante dos gases
T é a temperatura em K.
TEMPERATURA DE RECRISTALIZAÇÃO
Exemplos:
• Chumbo - 4°C
• Estanho - 4°C
• Zinco 10°C
• Alumínio de alta pureza 80°C
• Cobre de alta pureza 120°C
• Latão 60-40 475°C
• Níquel 370°C
• Ferro 450°C
• Tungstênio 1200°C
5.6.3 CRESCIMENTO DE GRÃO
• Depois da recristalização se o material permanecer
por mais tempo em temperaturas elevadas o grão
continuará à crescer.
• A força responsável pelo crescimento de grão é a
diminuição da energia livre resultante da
diminuição da área de CG devido ao aumento do
tamanho de grão.
• Em geral, quanto maior o tamanho de grão mais
mole é o material e menor é sua resistência
mecânica.
TAMANHO DE GRÃO ASTM TG ASTM TG mm
ASTM 1 0,254 mm
ASTM 2 0,180 mm
ASTM 3 0,127 mm
ASTM 4 0,0898 mm
ASTM 5 0,064 mm
ASTM 6 0,045 mm
ASTM 7 0,032 mm
ASTM 8 0,0189 mm
ASTM 9 0,0159 mm
ASTM 10 0,0112 mm
MECANISMOS QUE OCORREM EM UM MATERIAL
ENCRUADO
Ex:
Recuperação –
entre 100 e 200°C.
Recristalização –
1os núcleos de grãos
ocorrem por volta
dos 220°C.
Grãos recristalizados
entre 350 e 500°C.
Ex: Latão
Crescimento de
grão – acima de
500°C.
ALTERAÇÕES MICROESTRUTURAIS

(b)

(a)
(c)
Mudanças na microestrutura de um aço
(a) 40% deformado a frio
(b) 440°C, 15min. – finos grãos recristalizados
(c) 575 °C, 15min. – grão grande devido ao
crescimento de grão
VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES EM FUNÇÃO DO
ENCRUAMENTO

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