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Cap 7 - Fatores que aumentam a

resistência dos materiais

Todos os materiais podem ter sua


propriedades modificadas com
adição de elementos de liga,
movimentação das discordâncias,
aumento ou diminuição de grãos e
tratamentos térmicos.
 Agora vamos pensar no aumento de
resistência mecânica, ou seja, aumentar
a tensão máxima que o material possa
ser submetido!
A habilidade de um material se deformar
plasticamente depende da habilidade das
discordâncias para se moverem, então o aumento da
resistência e da dureza destes metais ocorre através
do impedimento do movimento das discordâncias!!
1- Aumento da resistência por adição
de elemento de liga (por solução
sólida)
• Os átomos de soluto se alojam na rede próximo às discordâncias de
forma a minimizar a energia total do sistema
• Quando um átomo de uma impureza esta presente, o movimento da
discordância fica restringido (interações dos campos de deformação),
ou seja, deve-se fornecer energia adicional para que continue
havendo escorregamento. Por isso soluções sólidas de metais são
sempre mais resistentes que seus metais puros constituintes
Exercicio

 É possível endurecer por precipitação


uma liga Cu-10%Ni? Justifique a sua
resposta
Resposta :não é possível endurecer por
precipitação uma liga Cu-10%Ni, porque uma
condição necessária para endurecimento por
precipitação é que haja diminuição de
solubilidade sólida com a diminuição de
temperatura.
Exercício

 Quais os fatores fundamentais que


causa o endurecimento em soluções
sólidas?
 Resposta:
1- Uma grande diferença de tamanho entre os átomos do metal de base
(solvente) e os átomos adicionados:
 Quando os raios atômicos dos elementos de liga forem MAIORES do
que aquele do metal de base, a solução é substitucional, e quanto
maiores forem os raios atômicos dos elementos de liga, maior será o
seu efeito de endurecimento.
 Quando adicionados; quando os raios atômicos dos elementos de liga
forem menores do que aquele do metal de base, Nesse caso, quanto
menores forem os raios atômicos dos elementos de liga, maior será a
quantidade para seu efeito de endurecimento quando adicionados.
2- Quanto maior a quantidade de elementos de liga adicionados,
aumenta o efeito do endurecimento
2- Aumento da resistência por diminuição
do tamanho de grão
Contorno de Grão (defeito planar)

Materiais Poli-cristalinos são formados por mono-cristais com


diferentes orientações.

 A fronteira entre os mono-cristais é uma “parede”, que


corresponde a um defeito bi-dimensional.

 Este defeito refere-se ao contorno que separa dois pequenos


grãos (ou cristais), com diferentes orientações cristalográficas,
presentes num material poli-cristalino.

Grão = Cristal

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Contorno de Grão
A: Formação de pequenos
núcleos de cristalização
(cristalitos)

B: Crescimento dos cristalitos

C: Formação de Grãos, com A B


formatos irregulares, após
completada a solidificação.

D: Vista, num microscópio, da


estrutura de Grãos (as linhas
escuras são os contornos dos
Grãos) C D
2- Aumento da resistência por diminuição
do tamanho de grão

O contorno de grão interfere no


movimento das discordâncias
 Dois grãos possuem
diferentes orientações
cristalinas, uma discordância
que passa de um grão a outro
terá que alterar a sua direção
de movimento. O que se torna
mais difícil com maiores
diferenças de orientações.

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2- Aumento da resistência por diminuição do
tamanho de grão
 Um material com granulação fina, é mais duro e resistente
do que um com granulação grosseira devido a maior área
total de contornos de grãos para dificultar o movimento das
discordâncias;
 Para muitos materiais o limite de escoamento σe varia de
acordo com o tamanho do grão conforme a equação de
Hall-Petch:
esc= o + Ke (d)-1/2

 o e Ke são constantes
 o= tensão de atrito oposta ao movimento das discordâncias
 Ke= constante relacionada com o empilhamento das discordâncias
 d= tamanho de grão

 Essa equação não é válida para grãos muito grosseiros ou


muito pequenos
Exercício
Considere a figura dada ao lado:
[limite de escoamento “yield
strength”] x [inverso da raiz
quadrada do diâmetro médio de
grão d-1/2], dada ao lado, válida
para uma liga 70 %Cu-30% Zn.
(a) Determine os valores das
constantes da relação de
Hall-Petch o, Ke .
(b) Utilizando a relação de Hall-
Petch, calcule o limite de
escoamento da liga.
 Resposta:A constante
o vale 25 MPa, como
mostra a figura.
A contante Ke é a
inclinação da curva, e
vale : Ke = (200- o
25)/13,7 = 12,8 MPa .
mm1/2
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3- Encruamento ou endurecimento pela
deformação à frio
 Esse endurecimento dá-se devido ao aumento de
discordâncias e imperfeições promovidas pela deformação,
que impedem o escorregamento dos planos atômicos;
 A densidade de discordâncias em um metal aumenta com a
deformação devido à multiplicação ou formação de novas
discordâncias, consequentemente a distância média de
separação entre elas diminui;
 Como na média as interações de def. discordância-
discordância são repulsivas, o movimento de uma
discordância é então dificultado pela presença da outra;
 O encruamento pode ser removido por tratamento térmico
(recristalização)

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Encruamento

 Como na média as interações de def. discordância-discordância são


repulsivas, o movimento de uma discordância é então dificultado
pela presença da outra;
ENCRUAMENTO E MICROESTRUTURA

 Antes da  Depois da deformação


deformação

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VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS EM
FUNÇÃO DO ENCRUAMENTO

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Exercicio
 Dois corpos de prova cilíndricos, não deformados, de uma mesma liga
devem ser encruados pela redução de suas áreas de seção transversal,
mantendo seus perfis cilíndricos (e, portanto, mantendo suas seções
transversais circulares). Para um dos corpos de prova, os raios inicial e fina
(após deformação) são, respectivamente, 16mm e 11mm. O segundo corpo
de prova, que tem um raio inicial de 12mm, deve apresentar a mesma
dureza após a deformação que o primeiro corpo de prova. Utilizando o
critério de conta de ductilibilidade por area para determinação de dureza,
calcule o raio do segundo corpo de prova após a deformação
Resposta:
INTERAÇÃO DE DISCORDÂNCIAS

Os campos de deformação ao redor de discordâncias que se encontram próximas


umas das outras podem interagir de tal forma que sejam impostas forças sobre cada
discordância pelas interações combinadas de todas as suas discordâncias vizinhas.

 ATRAÇÃO  REPULSÃO
CARACTERÍSTICAS DAS DISCORDÂNCIAS
IMPORTANTES PARA AS PROP. MECÂNICAS
 Quando os metais são
deformados
plasticamente cerca de
5% da energia é retida
internamente, o restante
é dissipado na forma de
calor.

 A maior parte desta


energia armazenada
está associada com as
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Exercício

 O que pode ocorrer se devido a tensões


aplicadas ao material se as
discordâncias forem forçadas a se
aproximar (processo de encruamento
ou deformação) ?
 Resposta:

 Quando duas discordâncias de sinais ou de tensões


igual (Puramente atrativa, ou puramente repulsiva)
se encontram, uma situação que dificultaria a
mobilidade dessas duas discordâncias, dificultando
também a deformação plástica do material que as
contém, material encruado.
 Quando duas discordâncias de sinais, ou tensões
opostas (uma atrativa e outra repulsiva) se
encontram, uma uma situação que facilitaria a
mobilidade dessas duas discordâncias, facilitando
também a deformação plástica do material que as
contém.
4-TRATAMENTOS TÉRMICOS: RECUPERAÇÃO DE
UM MATERIAL ENCRUADO (RECOZIMENTO)
 O trabalho a frio produz algumas alterações microestruturais
e nas propriedades dos metais, como: alteração na forma do
grão, endurecimento por deformação,aumento na densidade
de discordâncias, altera a condutividade elétrica e corrosão;
 O metal pode tornar ao estado anterior ao trabalho a frio
mediante tratamento térmico apropriado, também chamado
de recozimento.

Estágios do tratamento térmico:


 Recuperação

 Recristalização

 Crescimento de grão

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Efeito do aumento da
temperatura
 O aumento da temperatura influência o módulo de
elasticidade dos materiais provocando uma redução do
mesmo em função da energia aplicada, reduzindo a tensão
necessária para levar o material ao estado elástico ou plástico.
Já as características mecânicas são influenciadas diretamente
pela temperatura, tanto em sua solidificação, propiciando
variação de tensão e/ou discordâncias quanto no
comportamento do material solidificado quando submetido a
determinada temperatura, podendo causar modificações na
organização do material, a exemplo do processo de
recozimento.
RECUPERAÇÃO

 Há um alívio das tensões internas


armazenadas durante a deformação devido
ao movimento das discordâncias resultante
da difusão atômica
 Nesta etapa há uma redução do número de
discordâncias e um rearranjo das mesmas
 Propriedades físicas como condutividade
térmica e elétrica voltam ao seu estado
original (correspondente ao material não-
deformado)

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RECRISTALIZAÇÃO

 Depois da recuperação, os grãos ainda estão um


pouco tensionados
 A recristalização é o processo de formação de um
novo conjunto de grãos livres de deformação,
equiaxiais (dimensões aprox. iguais em todas as
direções) e com baixas densidades de discordâncias;
 A força motriz para produzir esta nova estrutura
de grão é a diferença existente entre as energias
internas do material deformado e daquele sem
deformação.
 As propriedades mecânicas voltam ao seu estado
original
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RECRISTALIZAÇÃO

Forma-se um novo conjunto de grãos


que são equiaxiais, estes se constituem
na forma de núcleos muito pequenos e
crescem até que substituam totalmente
o material de origem

Esta técnica pode ser utilizada para refinar


a estrutura do grão de um metal
previamente trabalhado a frio

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a) como deformado, b) recozido por 3s a 580 oC, c)
recozido por 4s a 580 oC, d) recozido por 8s a 580 oC,
e) recozido por 15 min a 580 oC e f) recozido por 10
min a 700 oC
TEMPERATURAS DE
RECRISTALIZAÇÃO
 Chumbo - 4C
 Estanho - 4C
 Zinco 10C
 Alumínio de alta pureza
80C
 Cobre de alta pureza 120C
 Latão 60-40 475C
 Níquel 370C
 Ferro 450C
 Tungstênio 1200C

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CRESCIMENTO DE GRÃO
 Depois da recristalização estar completa, os grãos
livres de deformação continuarão a crescer se o
material permanecer por mais tempo em
temperaturas elevadas;
 A medida que os grãos crescem, a área total de
contornos diminui, produzindo uma redução na
energia total, a qual é a força motriz para o
crescimento do grão;
 Em geral, quanto maior o tamanho de grão mais
mole é o material e menor é sua resistência;
 Crescimento do grão ocorre por difusão atômica
através dos contornos de grão
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CRESCIMENTO DE GRÃO
• O crescimento do grão
ocorre por migração dos
contornos;

• Os grãos maiores crescem


a custa dos menores que
encolhem;

• O tamanho médio do grão


aumenta ao longo do tempo;

• O movimento dos contornos


consiste na difusão dos
átomos em pequena escala
de um grão para outro.
Dependência do tamanho de grão com
o tempo e temperatura

Melhoria da taxa de difusão em função do aumento da temperatura

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Exercicio

 O que é recuperação,
rescristalização e crescimento de
grão? Descreva esses fenômenos.
 Resposta:
 Recuperação é o processo de alívio de tensões internas
armazenadas durante a deformação devido ao movimento de
discordâncias;
 Recristalização é o processo de reacomodação ou rearranjo
dos átomos em grãos menos deformados, em temperaturas
elevadas, reduzindo as discordâncias e retornando o material
às suas propriedades mecânicas originais;
 Crescimento de grão é o processo de crescimento dos grãos
de um material em temperatura elevada após a recristalização
do mesmo.

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