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Prof.

Marcos Ghislandi
marcos.ghislandi@ufrpe.br

Ciência dos Materiais

1
Introdução à
Deformação Plástica
em Metais

2
Nos processos de conformação, estamos
particularmente interessados nas deformações.
 Deformação elástica: o material volta a sua
forma inicial após a retirada da carga. Ela ocorre
dentro de limites característicos de cada corpo,
chamado de limite de elasticidade.
 Deformação plástica: quando a carga
ultrapassa o limite de elasticidade, o metal
deforma-se permanentemente, entrando na
zona de deformação plástica.
 Deformação plástica
▪ Os processos de conformação mecânica ocorrem
na zona de plasticidade.
▪ A plasticidade dos metais depende
fundamentalmente das suas estruturas cristalinas,
que corresponde ao modo como os átomos são
organizados na estrutura molecular do material
Teoria das
Discordâncias
MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

• Fornecem um mecanismo para deformação


plástica ⇒ processo de deslizamento
• Proporciona ductilidade aos metais
• Interferência no movimento das
discordâncias proporciona mecanismos para
aumentar dureza
Material deformado
• 5 % da energia é retida na forma de energia de
deformação associada a discordâncias
• 95 % da energia é perdida na forma de calor.
MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

Direção de escorregamento
Plano de escorregamento Uma distância
interatômica
MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS
MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

O movimento de discordâncias
é análogo ao movimento de
uma lagarta.
MOVIMENTO DE DISCORDÂNCIAS

Hélice

Direção de movimento oposto Mesmo efeito final

Aresta
Repulsão

Atração e
aniquilamento

Regiões de tração e compressão ao Interação entre discordâncias


redor da discordância

Repulsão Atração
Sistemas de
Escorregamento
SISTEMAS DE ESCORREGAMENTO –
SÓLIDOS CRISTALINOS
ESTRUTURA CFC
20
Escorregamento em um monocristal de zinco.
Os átomos próximos aos contornos (a) não possuem uma distância
de equilíbrio ou arranjo definido.
Grãos e contornos de grão em uma amostra de aço inoxidável
ferrítico (b).
• Orientação aleatória do grande n° de grãos
→ direção de escorregamento varia;
• Durante o escorregamento → Integridade
mecânica e a coesão são mantidas ao longo
dos contornos de grão
• Materiais policristalinos são mais resistentes
que seus equivalentes monocristalinos
➢ MACLAS PODEM SURGIR A PARTIR DE TENSÕES
TÉRMICAS OU MECÂNICAS.
➢ TAL DEFEITO OCORRE QUANDO PARTE DA REDE
CRISTALINA É DEFORMADA, DE MODO QUE A
MESMA FORME UMA IMAGEM ESPECULAR DA
PARTE NÃO DEFORMADA.
➢ PLANO CRISTALOGRÁFICO DE SIMETRIA ENTRE
AS REGIÕES DEFORMADAS E NÃO DEFORMADA,
É CHAMADO DE PLANO DE MACLAÇÃO.
Fig. – Diagrama esquemático mostrando como a maclagem resulta da aplicação
de uma tensão de cisalhamento. Em (b) os círculos abertos representam átomos
que não mudaram de posição
• Ocorre num plano cristalográfico definido e em uma direção específica
que depende da estrutura do cristal;
• Na maclagem a deformação por cisalhamento é homogênea.

Fig. – Para um monocristal submetido a uma tensão de cisalhamento (a) deformação por
escorregamento (b) deformação por maclagem.
Maclagem
▪ Reorientação através do plano de
Escorregamento macla;
▪ Deslocamento atômico é menor do
▪ Orientação cristalográfica que a separação interatômica;
acima e abaixo do plano de ▪ CCC e HC a baixas temperaturas e
escorregamento é a mesma elevada taxa de carregamento
tanto antes como depois da (impacto);
deformação; ▪ Quantidade de deformação plástica
▪ Ocorre em múltiplos é pequena em comparação com a do
distintos do espaçamento escorregamento;
atômico. ▪ Reorientação cristalográfica →
pode provocar novos sistemas de
escorregamento.
Mecanismos :
-Solução Sólida
-Redução de Tamanho de Grão
-Encruamento
• Importante para a compreensão dos mecanismos de
aumento de resistência é a relação entre o movimento
das discordâncias e o comportamento mecânico dos
materiais
• A habilidade de um material se deformar plasticamente
depende da habilidade das discordâncias para se
moverem
• Técnicas de aumento de resistência → restringir ou
impedir o movimento das discordâncias confere maior
dureza e maior resistência ao material
(a) tração imposta sobre átomos
hospedeiros por um átomo de
impureza substitucional de menor
tamanho. (b) cancelamento parcial
das deformações da rede impureza-
discordância.

movimento de discordâncias restringido

(a) deformações compressivas


impostas sobre átomos
hospedeiros por um átomo de
impureza substitucional de maior
tamanho. (b) cancelamento
parcial das deformações da rede
impureza-discordância.
Solutos intersticiais

Solutos substitucionais
• Formação de ligas por átomos de impurezas que entram em solução
sólida substitucional ou intersticial;
• Metais puros são mais macios e mais fracos;

Variação do limite de resistência a tração, e ductilidade (AL%) em função do teor de


níquel para ligas de cobre-níquel mostrando aumento de resistência.
A medida que sucessivos anéis vão sendo formados e deixados ao
redor dos precipitados, ocorre um aumento do campo de tensões,
que eleva a resistência a propagação da próxima discordância.
• Na deformação, a discordância deve passar de
um grão para outro;
• Contorno de grão atua como barreira por duas
razões:
• Ao passar de um grão para outro a discordância deve
mudar sua direção de movimentação (quanto maior a
diferença de orientação mais difícil);
• A desordenação atômica no interior de uma região de
contorno de grão irá resultar em uma descontinuidade de
planos de escorregamento de um grão para dentro do
outro.
• Encruamento é o fenômeno pelo qual um metal dúctil se torna mais
duro e mais resistente quando ele é submetido a uma deformação
plástica.
• Endurecimento por trabalho. TF
• Trabalho a frio.
• Interações entre campos de deformação de discordâncias.
• Densidade de discordâncias aumenta → multiplicação ou
formação de novas discordâncias.
• Separação entre discordâncias diminui → na média,
interações de deformação discordância-discordância são
repulsivas → resultado líquido → movimento de uma
discordância é dificultado pela presença de outras
discordâncias.
• densidade de discordância aumenta → tensão imposta,
necessária para deformar um metal, aumenta com o
aumento do trabalho a frio.
Analogia com a movimento de um
tapete: Antes e após trabalho a frio
 ENCRUAMENTO, INTERAÇÃO
 INÍCIO DA DEFORMAÇÃO ENTRE UM NÚMERO CRESCENTE
PLÁSTICA A FRIO DE DISCORDÂNCIAS: A FORÇA
NECESSÁRIA AUMENTA
 Antes da  Depois da
deformação deformação
TF
Calcule o limite de resistência à tração e à ductilidade
(%AL) de um bastão cilíndrico de cobre quando ele é
trabalhado a frio de tal modo que seu diâmetro seja
reduzido de 15,2 mm para 12,2 mm.
Equação de Hollomon (1945)
As equações exponenciais também são
conhecidas como equações de encruamento ou
escoamento dos metais

K - Coeficiente de
resistência do material;
n - Coeficiente de
encruamento do
material.
• Interações entre campos de
deformação de discordâncias.
• Densidade de discordâncias
aumenta
• Separação entre
discordâncias diminui
• movimento de uma
discordância é dificultado pela
presença de outras
discordâncias.
• tensão imposta, necessária
para deformar um metal,
aumenta com o aumento do
trabalho a frio.
 Deformação a frio: Ocorre  Deformação a morno:
em temperatura abaixo da  Ocorre a temperatura superior a de
temperatura de recristalização do recuperação evitando uma parte das
metal ou da liga. Nesse tipo de tensões residuais geradas pelo
conformação há mudanças das processo. No entanto há
propriedades (encruamento). A encruamento.
precisão dimensional e melhor e o
acabamento superficial também.  Deformação a quente:
 Exemplos: Laminação, trefilação,
estampagem  Ocorre a temperaturas superiores a
temperatura de recristalização. Não
há encruamento (o material
recristaliza instantaneamente) o que
permite grandes deformações e com
menores esforços.
 Exemplos: Laminação, forjamento,
extrusão.
Forjamento

Laminação

Dobramento
Extrusão

Trefilação

Matriz
 Embutimento
Estiramento Profundo
Cisalhamento
• RECUPERAÇÃO
• RECRISTALIZAÇÃO
• CRESCIMENTO DE GRÃO
Deformação plástica
• Alteração na forma do grão;
• Endurecimento por deformação plástica a frio;
• Aumento da densidade de discordâncias.

Estas propriedades e estruturas podem ser revertidas


novamente aos seus estados anteriores ao trabalho a frio
mediante tratamento térmico apropriado (recozimento).
• Recuperação e recristalização
• Crescimento de grão
a)Trabalho a frio; b) Após recuperação; c) Após recristalização; d) Após crescimento de
grão.

➢ Tratamentos térmicos São tratamentos feitos a altas temperaturas para


eliminar os efeitos da deformação a frio:
✓ Recuperação: liberação de parte da energia interna de deformação de um
material deformado a frio;
✓ Recristalização: formação de um novo conjunto de grãos livres de
deformação, dentro de um material deformado a frio;
✓ Crescimento de grão: aumento do tamanho médio de grão de um
material policristalino.
RECUPERAÇÃO
Parte da energia interna de
deformação armazenada é
liberada em virtude do
movimento das discordâncias

RECRISTALIZAÇÃO
Novos grãos → núcleos muito
pequenos que crescem
(difusão)

CRESCIMENTO DE GRÃO
• Após a recristalização
completa → grãos continuam
a crescer (temp. elevada)
• Metais puros → 0,3 Tf
• Ligas → até 0,7 T
(a) Estrutura de grãos submetidos ao trabalho a frio (33 % TF). (b)
Estágio inicial de recristalização após aquecimento por 3 s a 580 °C.
(c) Substituição parcial dos grãos trabalhados a frio por grãos
recristalizados (4 s a 580 °C). (d) Recristalização completa (8 s a 580 °C).
(e) Crescimento de grão após 15 min. a 580 °C. (f) Crescimento de grão
após 10 min. a 700 °C.
• Após a recristalização completa → grãos continuam a
crescer (temp. elevada) → crescimento de grão
• Energia associada com contorno de grão → grãos
aumentam de tamanho, área total do contorno diminui →
redução da energia total → força motriz.
• crescimento do grão → migração do contorno (difusão
dos átomos em pequena escala de um lado do contorno
para o outro)
crescimento dos grãos através de
difusão atômica nos contornos de grão.

Propriedades mecânicas à temperatura ambiente de um metal com granulação


fina são em geral superiores (maior resistência e tenacidade) do que aquelas dos
metais com grãos grosseiros
REVISÃO: DEFORMAÇÃO PLÁSTICA EM POLÍMEROS

Substância Macromolécula Estiramento


Atômica
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1- Quando uma restrição é imposta ao mecanismo de deformação de
polímeros, o resultado á o aumento na resistência mecânica.
a- Enovelamento da cadeia: Quanto maior, maior a restrição à
deformação, maior a resistência.
b- Formação de ligações fortes intermoleculares: O estabelecimento de
ligações cruzadas, por exemplo, é uma maneira de elevar a resistência à
deformação em polímeros.
c- Cristalinidade: Quanto maior o grau de cristalinidade, maior a
magnitude das forças intermoleculares de van der Waals, resultando em
maior resistência mecânica do polímero.
d- Estiramento dos Polímeros: A partir da deformação permanente dos
polímeros em tração, obtém-se maior resistência mecânica, de forma
similar aos metais. No caso dos polímeros, as cadeias ficam altamente
orientadas.
e- Tratamento térmico: Polímeros não deformados, o recozimento pode
levar a elevação da cristalinidade, além de tamanho e forma dos
cristalitos (estrutura esferulítica). O resultado é o aumento da resistência
e limite de escoamento com redução na ductilidade.

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