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Discordâncias e os sistemas de

escorregamento
Discordâncias

fundamentais para a explicação de muitos fenômenos


físicos e mecânicos de materiais cristalinos
Discordâncias e a deformação plástica

Movimentação de discordâncias Deformação Plástica

Discordância aresta se move em resposta a uma tensão de cisalhamento aplicada


Discordâncias e a deformação plástica
Discordância em aresta se move em resposta a uma tensão de cisalhamento aplicada

●Semiplano adicional de átomos se move mediante sucessivas e repetidas quebras


de ligações e deslocamentos de semiplanos através de distâncias interatômicas

● Escorregamento: processo pelo qual a deformação plástica é produzida mediante o


movimento de uma discordância
Discordâncias e a deformação plástica
Discordância em aresta se move em resposta a uma tensão de cisalhamento aplicada

●Plano de escorregamento:
plano cristalográfico ao longo do qual a linha da discordância se move

●discordância em aresta: o movimento é paralelo à tensão de cisalhamento


Discordâncias e a deformação plástica
Discordância em aresta
movimento paralelo à tensão

Discordância em espiral

movimento perpendicular à tensão

●deformação plástica global para ambos os tipos de discordâncias é a mesma

● discordância mista:
a direção do movimento não é nem paralela nem perpendicular à tensão aplicada
Características das discordâncias

Discordância em aresta Distorções da rede

Campos de deformação que se irradiam da linha


de discordância
Características das discordâncias
Discordância em aresta

Efeitos de tração e compressão

Discordância em hélice

Deformações da rede de natureza


puramente cisalhante
Características das discordâncias
Campos de deformação ao redor das discordâncias

Interação entre discordâncias

Exemplo:

Duas discordâncias em aresta de


mesmo sinal e mesmo plano de
escorregamento
Características das discordâncias
Campos de deformação ao redor das discordâncias

Interação entre discordâncias

Interações entre discordâncias são possíveis entre discordâncias aresta, espiral ,


e/ou mista e para uma variedade de orientações
Sistemas de escorregamento
As discordâncias não se movem com o mesmo grau de facilidade sobre
todos os planos e direções

Existe um plano preferencial e, neste plano, direções preferenciais


para o movimento de discordâncias

Plano de Escorregamento + direção de escorregamento

Sistema de escorregamento
Depende da estrutura cristalina do metal e é tal que a distorção atômica
que acompanha o movimento de uma discordância é mínima
Sistemas de escorregamento
Para uma dada estrutura cristalina

● O plano de escorregamento é aquele


plano que possui maior densidade planar

● a direção de escorregamento (no plano de escorregamento) é aquela que


possui a maior densidade linear
Sistemas de escorregamento
Estrutura cristalina CFC

Escorregamento ocorre ao longo de direções do tipo <1 1 0>, no interior dos planos {1 1 1}

Sistema de escorregamento : {111} <110>


Sistemas de escorregamento
Estrutura cristalina CFC
quatro planos {1 1 1} diferentes e, dentro de cada plano, três direções < 1 1 0> independentes

12 sistemas de escorregamento

O número de sistemas de escorregamento independentes representa as


diferentes combinações possíveis de planos e direções de escorregamento
Sistemas de escorregamento
O número de sistemas de escorregamento independentes representa as
diferentes combinações possíveis de planos e direções de escorregamento
Sistemas de escorregamento

metais CCC e HC Alguns sistemas de escorregamento só podem se tornar ativos


a temperaturas elevadas
Sistemas de escorregamento

Metais CFC e CCC Grande número de sistemas de escorregamento

Metais bastante dúteis, em comparação a metais com estrutura HC


Observação relativa à Tab. 7.1

Sistema Hexagonal
No sistema hexagonal as direções são usualmente
expressas usando a notação de Miller-Bravais com 4 índices
[u v t w] tais que:

[u’ v’ w’] [u v t w ]

u = (1/3) (2u’-v’)
v = (1/3) (2v’-u’)
t = -(u+v)
w = w’
Escorregamento em monocristais
● Monocristal sujeito a uma tensão de tração

Tensão de cisalhamento resolvida para um dado


sistema de escorregamento

𝜏𝑅 = 𝜎𝑐𝑜𝑠𝜙c𝑜𝑠𝜆

● Diferentes sistemas de escorregamento


𝐹
𝜎=
𝐴
Diferentes valores de 𝜏𝑅
Escorregamento em monocristais
● dentre os sistemas de escorregamento, existe um
para o qual 𝜏𝑅 é máximo

𝜏𝑅 (𝑚á𝑥) = 𝜎(𝑐𝑜𝑠𝜙𝑐𝑜𝑠𝜆)𝑚á𝑥

Este sistema é o mais favorável para dar início à


deformação (escorregamento) do monocristal

● Tensão de cisalhamento resolvida crítica - 𝜏𝑡𝑐𝑟𝑐

Tensão de cisalhamento mínima para iniciar o escorregamento

𝜏𝑅 (𝑚á𝑥) = 𝜏𝑡𝑐𝑟𝑐
Escorregamento em monocristais
𝜏𝑅 (𝑚á𝑥) = 𝜎(𝑐𝑜𝑠𝜙𝑐𝑜𝑠𝜆)𝑚á𝑥

𝜏𝑅 (𝑚á𝑥) = 𝜏𝑡𝑐𝑟𝑐

𝜏𝑡𝑐𝑟𝑐
𝜎𝑒 =
𝑐𝑜𝑠𝜙𝑐𝑜𝑠𝜆 𝑚á𝑥

𝜏𝑅 Tensão de cisalhamento resolvida


𝜏𝑡𝑐𝑟𝑐 Tensão de cisalhamento resolvida crítica

𝜎𝑒 Tensão limite de escorregamento


(magnitude da tensão aplicada para dar início ao escorregamento)
Escorregamento em monocristais
●Tensão limite de escorregamento - 𝜎𝑒
(magnitude da tensão aplicada para dar início ao escorregamento)

𝜏𝑡𝑐𝑟𝑐
𝜎𝑒 =
𝑐𝑜𝑠𝜙𝑐𝑜𝑠𝜆 𝑚á𝑥

● A tensão mínima necessária para iniciar o escorregamento


ocorre quando o monocristal está orientado tal que 𝜙 = 𝜆 = 45𝑜

𝜎𝑒 = 2𝜏𝑡𝑐𝑟𝑐
Escorregamento em monocristais
Monocristal tensionado sob tração

O escorregamento ocorre ao longo de um número de planos e direções equivalentes e


mais favoravelmente orientados em várias posições ao longo do comprimento da amostra
Deformação plástica de materiais
policristalinos
● Orientações cristalográficas aleatórias do grande número de grãos

A direção do escorregamento varia de grão para grão

● para cada grão o movimento da discordância ocorre ao longo do sistema


de escorregamento que possui a orientação mais favorável

●cada grão individual está restrito à forma que ele pode assumir devido aos
seus grãos vizinhos

● metais policristalinos são mais resistentes à deformação do que


seus equivalentes monocristalinos

Maiores tensões são exigidas para dar início ao escorregamento


em materiais policristalinos
Deformação plástica de materiais policristalinos

Linhas de escorregamento sobre a superfície de uma


amostra policristalina de cobre que foi polida e
subsequentemente deformada (173x)

● Dois conjuntos de linhas paralelas para cada grão

Dois sistemas de escorregamento operaram


para cada grão

● a variação na orientação do grão é indicada pela


diferença no alinhamento das linhas de
escorregamento para os vários grãos

Fonte: Callister
Deformação por maclagem
●Em determinadas situações é energeticamente favorável que volumes inteiros
do material girem em consequência de uma tensão aplicada

Por exemplo, para estruturas cristalinas com um pequeno número de sistemas de


escorregamento, dependendo ainda da temperatura em que ocorra a deformação

Contornos de macla no material

os átomos em um dos lados do contorno estão


localizados em posições de imagem em
espelho dos átomos no outro lado do
contorno
Mecanismos do aumento de resistência
em metais

●A habilidade de um metal para se deformar plasticamente depende da


habilidade das discordâncias para se moverem

Restringir ou impedir o movimento de discordâncias confere maior dureza e


mais resistência a um material

●Metais monofásicos

- Redução no tamanho de grão


Aumento de resistência
- Formação de ligas por solução sólida
- Encruamento
Aumento de resistência pela redução no
tamanho de grão
●O contorno de grão atua como uma barreira ao movimento de discordâncias, o
que se torna ainda mais difícil à medida que a diferença na orientação
cristalográfica aumenta

●o contorno de grão representa uma descontinuidade de


planos de escorregamento
Aumento de resistência pela redução no
tamanho de grão
Material com granulação fina

Mais resistente porque possui uma maior área total de contornos de grãos para
dificultar o movimento de discordâncias

Equação de Hall - Petch

e  limite de escoamento
o e ke  constantes para cada material específico

d  diâmetro médio de grão


Aumento de resistência pela redução
no tamanho de grão
Aumento de resistência pela redução
no tamanho de grão

Equação de Hall - Petch

Atenção: existem limites para os quais esta equação não é válida!!!

Por exemplo: para grãos extremamente finos (nanométricos) esta equação


não é mais válida!
Aumento de resistência por solução sólida
Átomos de impurezas que entram em solução sólida impõem deformações da rede
cristalina sobre os átomos hospedeiros
Aumento de resistência por solução sólida
Exemplo: átomo de impureza que seja menor do que o átomo hospedeiro

●Átomo de impureza exerce deformação de tração sobre os átomos vizinhos

Esses átomos de impureza tendem a se segregar ao redor das discordâncias de modo


a reduzir a energia de compressão causada pela discordância
Aumento de resistência por solução sólida
Exemplo: átomo de impureza que seja maior do que o átomo hospedeiro

●Átomo de impureza exerce deformação de compressão sobre os átomos vizinhos

Esses átomos de impureza tendem a se segregar ao redor das discordâncias de


modo a reduzir a energia de tração causada pela discordância
Aumento de resistência por solução sólida

Átomos de impureza tendem a se segregar ao redor das discordâncias


de modo a reduzir a energia global de deformação da rede cristalina

A deformação global da rede é aumentada se as discordâncias forem separadas dos


átomos de impureza

A resistência ao escorregamento é maior quando os


átomos de impureza estão presentes

Uma maior tensão é necessária para iniciar e dar continuidade à deformação plástica
para ligas com solução sólida em comparação à materiais puros
Aumento de resistência por solução sólida

Variação do limite de escoamento em


função do teor de níquel para uma
liga cobre-níquel
Encruamento
●Um metal dútil se torna mais duro e mais resistente quando ele é submetido a
uma deformação plástica

Endurecimento por trabalho ou trabalho a frio


Temperatura em que a deformação é efetuada é muito
Trabalho a frio
inferior à temperatura de fusão do material

Grau de deformação plástica ou percentual de


trabalho a frio (%TF)
A0 área original da seção reta que
experimenta a deformação
Ad área após a deformação

● a maioria dos metais encrua à temperatura ambiente


Encruamento
A densidade de discordâncias em um metal aumenta com a deformação

A distância média entre as discordâncias diminui com a deformação

Na média, as interações de deformação discordâncias-discordâncias são repulsivas

O movimento de uma discordância é dificultado pela presença de outras discordâncias

A tensão necessária para deformar um metal aumenta com o


aumento do trabalho a frio
Encruamento

Aumento no limite de escoamento


em função do percentual de
trabalho a frio

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