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Tópicos de Metalurgia Física

Conteúdo Programático
3. Discordâncias
3.1. Introdução 3.8. Configuração das discordâncias sob tensão
 Diferença entre os limites de escoamento  Carga de flexão
teórico e experimental  Carga de tração e compressão
 Cristais perfeitos e imperfeitos  Rotação do eixo de carregamento
3.2. Descrição das discordâncias 3.9. Notação vetorial das discordâncias
 Aspecto microscópico 3.10. Discordâncias parciais
 Conceito (escorregamento)  Parciais de Schokley
3.3. Vetor de Burgers da discordâncias
 Falhas de empilhamento
 Classificação das discordâncias
 Parciais de Frank
 Regras  Barreira de Lomer-Cottrell
 Anel de discordância
3.4. Geradores de discordâncias 3.12. Escorregamento com desvio
 Fonte de Frank-Read  Bandas de escorregamento
3.5. Sistemas de escorregamento  Duplo escorregamento
3.6.Tensão de cisalhamento crítica  Intersecção de discordâncias
3.7. Força, tensão e energia das discordâncias 3.13. Contornos de grãos
 Campos de tensões  Modelo de discordâncias de pequeno ângulo
 Energia da discordância  Efeito dos contornos nas propriedades
 Força entre discordâncias mecânicas
 Tensão de linha
 Relação de Hall-Petch

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Diferença entre os limites de escoamento teórico e experimental
 Tensão de cisalhamento de Frenkel (1926)
b.G G = módulo de cisalhamento
 teórica 
a.2. a e b = parâmetros geométricos

 Movimento simultâneo e cooperativo de todos os átomos


no plano de escorregamento
 Para o ferro com G = 80650 N/mm2
t eórico= 12836 N/mm2 e experimental = 10 N/mm2
 Nos cristais reais esta discrepância pode variar entre
1.000 e 10.000 vezes

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Cristais perfeitos e imperfeitos (Defeitos Cristalinos)
 E. Orowan, M. Polanyi e G.I.Taylor propuseram a
existência de um defeito cristalino linear denominado
de DISCODÂNCIA
 Discordância é a fronteira entre a parte do cristal que
escorregou e a parte que não deslizou.
 O conceito de discordância justifica as discrepâncias entre
as tensões teóricas e experimentais

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Cristais Perfeito e Imperfeito (Defeitos Cristalinos)
 A deformação plástica ocorre pelo movimento de discordâncias varrendo os planos de escorregamento
 As discordâncias “só se movimentam” após a tensão atingir a região plástica na curva  x 
 O movimento das discordâncias envolve o rearranjo de apenas alguns átomos ao seu redor ( Frenkel)
 A movimentação de uma discordância exige tensões (e energias) muito menores do que para
movimentar um plano de átomos como um todo
 Tensão de Peierls-Nabarro para movimentação
das discordâncias (1940-1947)
 2. .a   = constante elástica
2.G   b (1 )  (coeficiente de Poisson)
 PN  .e
1 

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Aumento da resistência mecânica dos materiais (Mecanismos de
Endurecimento)
• Reduzir drasticamente a densidade de discordâncias
=>cristais filamentares [whiskers] = teoria de Frenkel
• Bloquear o movimento das discordâncias
=>Mecanismo de endurecimento por encruamento

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Aumento da resistência mecânica dos materiais (Endurecimento)
• Bloquear o movimento das discordâncias
=>Mecanismo de endurecimento por encruamento (Hall-Petch)

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
=>Mecanismo de endurecimento por encruamento

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
=>Mecanismo de Encruamento
(Recuperação, Recristalização e Crescimento de grãos)

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
=>Mecanismo de endurecimento por encruamento

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
• Bloquear o movimento das discordâncias
=> Envelhecimento Descontínuo
O reaparecimento do escoamento descontínuo é devido à difusão dos átomos de carbono e nitrogênio para as
discordâncias durante o período de envelhecimento para formar novas atmosferas de intersticiais, ancorando
as discordâncias.

Envelhecimento Dinâmico
(arrasto de impurezas pelas discordâncias)

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Aumento da resistência mecânica dos materiais
 Endurecimento por Solução Sólida (átomos de soluto – difusão)
Fatores Principais:
1. Fator de tamanho relativo entre o espaçamento
interatômico da liga e a concentração atômica do soluto.
2. Fator do módulo relativo que está relacionada a
mudança da tensão de cisalhamento com a concentração
atômica do soluto quando representada
3. Interações elétricas nas nuvens eletrônicas. Os elétrons
tendem a migrar da região de compressão de uma
discordância em aresta para a região de tração, criando
um dipolo elétrico. Portanto, existirá uma interação
eletrostática de curta distância entre o átomo de soluto e
as discordâncias.
4. Interação química (interação de Suzuki), onde a dissociação
das discordâncias nos sistemas cristalinos compactos em
discordâncias parciais afeta o arranjo periódico.
5. Interação configuracional (efeito de Fisher), na qual as
soluções sólidas raramente têm uma distribuição aleatória,
provocando o aumento da tensão de escoamento.
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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Aumento da resistência mecânica dos materiais
• Bloquear o movimento das discordâncias
=> Endurecimento por Precipitação [partículas Coerentes e Incoerentes - endurecimento por dispersão]

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Aumento da resistência mecânica dos materiais
• Bloquear o movimento das discordâncias
=> Endurecimento por Precipitação [partículas Coerentes e Incoerentes - endurecimento por dispersão]

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Aumento da resistência mecânica dos materiais
• Bloquear o movimento das discordâncias
=> Endurecimento por Precipitação [partículas Coerentes e Incoerentes - endurecimento por dispersão]

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Aumento da resistência mecânica dos materiais
• Bloquear o movimento das discordâncias
=> Endurecimento por Transformação de fase

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Aumento da resistência mecânica dos materiais
•Reduzir drasticamente a densidade de discordâncias
=>cristais filamentares [whiskers] = teoria de Frenkel
• Bloquear o movimento das discordâncias
=> Endurecimento por Encruamento (deformação plástica)
=> Envelhecimento Descontínuo
=> Envelhecimento Dinâmico (Portevin-Le Chatelier)
=> Endurecimento por Solução Sólida (átomos de soluto – processo difusão–fases agregadas ou dispersas)
=> Endurecimento por Precipitação [partículas Coerentes e Incoerentes - endurecimento por dispersão]
=> Endurecimento por Transformação de Fase
=> Endurecimento por Refino de Grãos (diminuição de contornos/subcontornos de grãos –
Processo de Fusão com adição de elementos de liga)

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3. Discordâncias
3.1. Introdução
 Discordâncias nos materiais
Why mainly in metals and
• Densidades: not other materials?
=> Materiais solidificados lentamente = 103 disc./mm2
=> Materiais deformados = 109 - 1010 disc./mm2
=> Materiais deformados e tratados termicamente = 105 - 106 disc./mm2
• Metals: Disl. motion easier.
- non-directional bonding + + + + + + + +
- close-packed directions for slip. + + + + + + + +
- dislocation density ~ 103 to 1010 mm-2. + + + + + + + +
electron cloud ion cores
• Covalent Ceramics
(Si, diamond): Motion hard.
- directional (angular) bonding.
- dislocation density ~ 0.1 to 1 mm-2 for
single crystal Si.

• Ionic Ceramics: Motion hard. + - + - + - +


- need to avoid ++ and -- neighbors.
- dislocation density ~ 102 to 104 mm-2. - + - + - + -

+ - + - + - +
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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.2. Descrição das discordâncias
 Aspecto microscópico
A teoria das discordâncias foi desenvolvida quase
que completamente nas décadas de 30, 40 e 50, sem
que os cientistas pudessem observa-lás.
 Nas décadas de 50 e 60 as discordâncias foram observadas
in loco através do emprego da microscopia eletrônica.
 Aparecem em formas de alvéolos (pontos onde a
discordância intercepta a superfície – ataque químico)

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.2. Descrição das discordâncias
 Aspecto microscópico
 Discordâncias são perturbações da estrutura cristalina
 Elas são contornos existentes nos planos de
escorregamento, indicando onde terminou uma
operação de cisalhamento.
 Micrografias no HDTEM (METAD)

Discordância em hélice na superfície de um monocristal de SiC.


As linhas escuras são degraus de escorregamento superficiais.
(Fig. 5.3-2 in Schaffer et al.).

Liga Ti LMF – educada


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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.2. Descrição das discordâncias
 Características
 As discordâncias “só são geradas” após a tensão
atingir a região plástica na curva  x 
 A discordância desliza no plano de escorregamento
 Cada etapa do movimento da discordância requer
apenas um pequeno rearranjo de átomos nas
vizinhanças do plano extra
 O movimento de uma discordância através de todo
cristal produz um degrau na superfície (1 distância
interatômica = deformação plástica)
 Discordância é a fronteira entre a parte do cristal
que escorregou e a parte que não deslizou.

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.2. Descrição das discordâncias
 Tipos de discordâncias
 Discordâncias em cunha
 Discordâncias em hélice
 Anel de discordância
(mistura cunha+ hélice)

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.2. Descrição das discordâncias
 Classificação das discordâncias
 Discordâncias em cunha positiva ()
(plano extra acima do PE)
 Discordâncias em cunha negativa (  )
(plano extra abaixo do PE)
 Discordâncias em hélice à esquerda ()
 Discordâncias em hélice à direita ()
 Quando a discordância se movimenta no PE
(geralmente nos planos de maior densidade
atômica –planos compactos– e nas direções
compactas) diz-se que o movimento é
CONSERVATIVO
 Ascensão ou escalada de discordância é um
movimento não conservativo

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.3. Vetor de Burgers da discordância
 O movimento da discordância através de todo o cristal
provoca um degrau de 1 distância atômica (superfície)
 Este escorregamento é representado pelo vetor b com
módulo de 1 distância interatômica e de direção igual
ao sentido do deslizamento
 Este vetor é denominado de vetor de Burgers, (módulo
e direção do escorregamento) sendo uma propriedade
característica da discordância
 Regras para determinação do vetor de Burgers
 O circuito deve ser percorrido no sentido do escorregamento
 O circuito deve dar uma volta completa (circuito fechado no cristal perfeito)
 O vetor que fecha o circuito no cristal imperfeito é o vetor de Burgers
 Características das discordâncias em cunha
 A discordância é perpendicular ao seu vetor de Burgers
 A discordância se move no PE na direção do vetor de Burgers (direção de escorregamento)

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.3. Vetor de Burgers da discordância
 Características das discordâncias em hélice
 A discordância é paralela ao seu vetor de Burgers
 A discordância se move no PE numa direção perpendicular
ao vetor de Burgers (direção de escorregamento)
 Regra da mão direita (determinação do vetor de Burgers)
 indicador : direção da linha de discordância
 polegar : direção do movimento do material
 médio : direção do movimento da discordância
(90o com indicador à esquerda)

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.3. Vetor de Burgers da discordância
 RESUMO

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.3. Vetor de Burgers da discordância
 Anel de discordância
 Discordância é a fronteira entre a parte do cristal
que escorregou e a parte que não deslizou
 O movimento de uma discordância através de
todo o cristal produz um degrau na superfície
 Se a região cisalhada no plano de escorregamento
não atingir a superfície da amostra, então seu
contorno é contínuo (anel de discordância com
vetor b no sentido do escorregamento)
 Elas são contornos existentes nos planos de
escorregamento, indicando onde terminou uma
operação de cisalhamento
 Classifique os tipos de discordâncias dos segmentos
a, b, c, d no anel da figura acima

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.4. Geradores de discordâncias

 Forças atuando nas vizinhanças da discordâncias

 Interação entre discordâncias

ATRAÇÃO REPULSÃO

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3. Discordâncias
3.4. Geradores de discordâncias
 Fonte de Frank-Read
 3 discordâncias (2 fixas x,y)
 Aplicação da tensão forma um arco
(tensão de linha = bolha sabão)
 No ponto m duas discordâncias em
hélice de sinais contrários-anulação
 Formação de um anel e o gerador
permanece para formar novo anel se
estiver sob tensão
bL
/2 /2
L
T T
R R

 
2T sin    bL
2 Gb
1 2
T  Gb 
2 2R
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3. Discordâncias
3.4. Geradores de discordâncias
 Fonte de Frank-Read
 Microscopia Eletrônicas

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.5. Sistemas de escorregamento
 As discordâncias se movem em planos de grande empacotamento, nos quais a distorção da rede é menor
 No caso do CFC: Planos compactos são os planos octaédricos da {111}

 Direção de escorregamento corresponde aquela onde os átomos estão mais próximos (maior densidade)
 Linha qr é uma direção qualquer  deslocamento c resulta num reticulado perfeito
 Linha mn é a direção compacta  deslocamento a resulta num reticulado perfeito, mas a < c

 O escorregamento ocorre preferencialmente em direções e planos de alta densidade atômica (compactos)


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3. Discordâncias
3.5. Sistemas de escorregamento
Estrutura / plano/direção/no de sistemas/exemplos

CCC  {110} <111> 6x2 = 12 (Fe- , Cu-Zn, Mo, W)


 {211} <111> 12x1 = 12 (Fe-, Mo, W, Na)
 {321} <111> 24x1 = 24 (Fe-, K)
CFC  {111} <1-10> 4x3 = 12 (Fe-, Cu, Al, Ni, Pb)
HC  {0001} <11-20> 1x3 = 3 (Zn, Cd, Be, Ti, Mg)
 {10-10} <11-20> 3x1 = 3 (Ti)
 {10-11} <11-20> 6x1 = 6 (Ti, Mg)

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3. Discordâncias
3.6.Tensão de cisalhamento projetada crítica
 FN é a força aplicada ao PE
An  Ape . cos
 Ape é a área do PE
 p é a normal ao plano de escorregamento Fn Fn
  é o ângulo formado entre p e FN, A   . cos
Ape An
 d é a direção do escorregamento no PE
  é o ângulo formado entre d e FN
 A é a tensão no PE

 Tensão de cisalhamento crítica:  cr   A . cos   . cos . cos 


 Fator de Schmidt = tensão crítica e a deformação máxima
do material variam com as relações geométricas de cos . cos
 Outros fatores como as impurezas (aumenta cr) e a temperatura
(diminui cr) também afetam a tensão crítica

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3. Discordâncias
3.7. Força e energia das discordâncias
3.7.1. Campos de tensões
 Distorções ao redor da discordância gera um campo de tensões elástico
que interage com outras discordâncias e átomos do soluto
 Deformação produzida pela discordância num cristal isotrópico ao
longo do eixo z (cunha e hélice)
 Estado de tensões ao redor da discordância em cunha
 x é compressiva acima do PE e de tração abaixo do PE
 xy é máxima no plano de cisalhamento para y = 0

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3. Discordâncias
3.7.2. Energia da Discordância
 Presença da discordância aumenta a energia interna do reticulado
 Trabalho realizado para deslocar a superfície de uma distância b no PE
 Contribuições: energia do núcleo (r = 0 a ro /representa apenas 5% da energia total e cálculo complexo)
e a energia de deformação é dada por:

 Resolvendo temos para discordância em cunha e em hélice:

 A energia da discordância/unidade de comprimento nos dois casos é:


U =  . G . b2
onde  é uma constante no intervalo de 0,5 a 1.
 Energia do núcleo é de 0,5 eV e a de deformação é de 8 eV

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3. Discordâncias
3.7.3. Tensão de linha
 Tensão que atua na linha da discordância e tende a dirigir seu movimento (tensão superficial – bolha)
 A tensão T é normal a linha da discordância e dirigida para a parte que não é deslizada no PE
 A força F que mantém a discordância
encurvada no segmento dS é dada por:

 Quanto menor o raio R, maior é a


força para encurvar a discordância b


 O vetor de Burgers é constante ao longo da linha curva,
se crítica for constante, o valor de F será o mesmo para todos os
pontos da linha, no entanto F e crítica não tem necessariamente
a mesma direção
 A energia da discordância é proporcional ao seu comprimento, dS
assim um aumento do comprimento aumenta sua energia F   .b.dS  T .
R
(exemplo: mola distendida)
T
 A tensão cisalhante (crítica) para manter a linha de discordância com raio R 
bR
 A força na linha produzida por T é dada por: F =  .(área) =  .b.dS
Gb
 Energia elástica da discordância/unidade de comprimento é : U =  . G . b2 
2R
 Admitido que a força T é uma energia/unidade de comprimento (T = U)
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3. Discordâncias
3.7.4. Forças entre discordâncias
 Discordâncias de sinais opostos se atraem e
de mesmo sinais se repelem
 Energia elástica de 2 discordâncias no mesmo plano
em posição distantes uma da outra:

quando se aproximam, as duas podem ser


consideras como uma única com vetor = 2b :

(onde b nesta fórmula = 2b)


 Ocorre aumento da energia de deformação elástica,
por isto elas se repelem para diminuí-la.

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3. Discordâncias
3.7.4. Forças entre discordâncias
 Discordâncias de sinais opostos no mesmo plano se atraem e ao final tornam a rede sem defeito.

 No caso de planos paralelos, podem gerar fila de


lacunas (falha de empilhamento) ou fila de átomos
intersticiais (linha passa por dentro da outra).

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3. Discordâncias
3.7.4. Forças entre discordâncias
 Curvas das forças entre discordâncias em planos paralelos
 Formação de cadeias verticais de discordâncias
 Só ocorre para cunha. No caso de discordâncias
em hélice elas se anulam (campo)

Curva A => mesmo sinal (repele-se até x = y e depois se atraem


formando contorno de grão de baixo ângulo x = 0)
Curva B => sinais opostos

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3. Discordâncias
3.8. Configuração das discordâncias sob Tensão
 Flexão
 Aplicação de um binário
 Análise das tensões:
 eixo neutro
 parte superior : compressão
parte inferior : tração
 As discordâncias se movem no PE
no sentido da tensão aplicada
 As discordâncias que migram para a
superfície e desaparecem, provocando
a deformação plástica (1 espaçamento
interatômico) Nas partes superiores
do PE sob tração e compressão
 As discordâncias de mesmo sinal se
repelem mutuamente se estiverem no
mesmo PE. Portanto a região do eixo
neutro fica isenta de discordância.
 Demonstre qual será a configurações das
discordâncias se o binário aplicado ao
cristal fosse invertido.
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3. Discordâncias
3.8. Configuração das discordâncias sob tensão
 Configuração na tração e na compressão
 Durante a aplicação da força, o reticulado cristalino sofre uma rotação
 Na tração, a direção e o PE ativos tendem a se alinhar paralelamente ao eixo de tração
 Na compressão, a direção e o PE ativos tendem a se alinhar perpendicularmente ao eixo de compressão
 Durante esta rotação o sistema de escorregamento atuante pode ser alterado, e portanto durante a
aplicação de tensão outro sistema pode
passar a operar.

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3. Discordâncias
3.8.1. Rotação do eixo de tração nos cristais CFC
 Durante a deformação, o eixo de tensão varia sua posição (a1, a2 e a3)
 A trajetória da rotação deverá passar pela direção ativa de
escorregamento [10-1], pois é a direção mais próxima da família
<110> atravessando o triângulo estereográfico padrão de a1
 A direção [10-1] pertence aos planos (111) e (1-11)
 Pólo 111 tem  de  45o com a1 e o pólo 1-11 tem  de  90o,
assim o PE é (111) = menor tensão crítica (cr) = + próximo
 Para pto b: sistema primário de escorregamento  [0-11](1-1-1)
 Na compressão, o eixo a1 tende para o pólo do PE ativo (111)
(alinhar ao eixo de compressão) seguindo uma trajetória através
da direção de escorregamento [10-1]

 Quando o eixo de tração a1 passa


para outro triangulo estereográfico
(24 triângulos), o sistema de
escorregamento muda (secundário)
 O esta alternância entre os sistema
resulta no posicionamento
intermediário do eixo de tração

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3. Discordâncias
3.9. Notação vetorial das discordâncias
 Representada pela direção do vetor de Burgers, com
com notação segundo os índices de Miller para direções
 Utilizado para cálculos de forças e de energias.

3.10. Discordâncias parciais


 vetor b  grande deformação do reticulado
 vetores c + d  zigue-zague = resultado igual ao vetor b
 discordância total = discordâncias propagadas =
= discordâncias parciais (tipos Schockley)
 Propagação de discordâncias parciais exige menor energia

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Tópicos de Metalurgia Física
3. Discordâncias
3.10. Discordâncias parciais
 A interação entre discordâncias obedece os critérios : vetorial e energético
 A energia associada a discordância é proporcional ao quadrado do vetor de Burgers ( E = .G.b2)
 A reação conduz a uma diminuição da energia de deformação elástica da discordância
   
 Demonstre as condições para
1 / 2.[110]  1 / 6.[1 2 1]  1 / 6.[211]
a separação das discordâncias: 2 2 2
         
1 / 2.[110]   1 / 6.[1 2 1]   1 / 6.[211] 
     
     

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3. Discordâncias
3.10. Discordâncias parciais
 Tetraedro de Thompson
Referência para as discordâncias parciais do sistema CFC
{111} tem 8 planos, mas 4 planos são paralelos
Os pontos , ,  e  são pontos nos centros de cada face
Determine as parciais nos planos

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3. Discordâncias
3.10. Discordâncias parciais
 Tetraedro de Thompson (dicas)
Para armar o vetor <110>: sempre o 1 (+ ou -) é a soma de 1 + 2 nas parciais
sempre o 0 é a soma de 1 + 1 nas parciais, sendo que um deles será negativo
Exemplo: [CA] = C + A => ½.[0 -1 1] = 1/6.[ 1 2 1] + 1/6.[ 1 1 2]
=> ½.[0 -1 1] = 1/6.[ 1 -2 1] + 1/6.[ -1 -1 2] (arranjo dos sinais + coerente
possível com o sentido dos vetores, pois o plano pode ser o //, assim o sistema muda de lugar)
Na outra face: [CA] = C + A => ½.[0 -1 1] = 1/6.[ 1 1 2] + 1/6.[ 1 2 1]
= 1/6.[ -1 -1 2] + 1/6.[ 1 -2 1]
(sinais coerentes)
Ponto  é (1/3 1/3 1/3)

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3. Discordâncias
3.10. Discordâncias parciais
 Falhas de empilhamento
 Se as discordâncias parciais ficarem separadas (dissociadas),
a seqüência de empilhamento será alterada
(ABCABCABC...) => (ABCACABC...)
 Parciais de Frank (formação de discordância em cunha)
 Falha intrínseca (remoção) plano de átomos da {111}
(condensação de lacunas)
 Falha extrínseca (inserção) (precipitação de intersticiais)
 Vetor de Burgers da parcial de Frank é normal ao PE {111},
e representado por a/3 [111]
 Discordância fica imóvel pois não está no PE

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3. Discordâncias
3.10. Discordâncias parciais
 Barreira de Lomer-Cottrell
 Considere 2 discordâncias em 2 planos da {111}
e que sejam paralelas a linha de intersecção dos planos
 Estas podem se dissociar em parciais, delimitando
as falhas de empilhamento
 Estas parciais se atraem e podem formar uma discordância
em cunha na linha de intersecção e fora dos planos de
escorregamentos (fica contida no plano {100})
ao a   a 
.[011]  o .[1 21]  o .[11 2]
6 6 6
 Esta discordância é uma trava ao movimento das
demais discordâncias [encruamento]

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3. Discordâncias
3.11. Escorregamento com desvio
 Ocorre quando existe dois ou mais planos de escorregamento
com uma direção comum de escorregamento
 Metal HC: Planos basal {0001} e prismático {1010}
com a direção <1120>
 As discordâncias que produzem deformação mudam de PE
 O plano ativado contém o vetor b e a linha de discordância.
 As discordâncias em hélice se movimentam em qualquer
plano que passe pelas suas linhas, pois o vetor de Burgers
neste caso é paralelo as linhas das discordância.

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3. Discordâncias
3.11.1. Bandas de escorregamento
 Grupo de linhas de escorregamento contíguas.
 As discordâncias não se movimentam num único plano
 Mecanismo de duplo escorregamento com desvio
 A - Anel se expande
 B - Um segmento do anel, com orientação em hélice,
movimenta-se no PE com desvio
 C - Anel retorna ao plano primário (paralelo)
 Discordâncias multiplicam-se em movimento
 A nucleação ocorre próximo a impurezas
 Gerador de Frank-Read nos planos secundário e
primário paralelo (Explique !!!)

[-101] (111)
(1-11)

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3. Discordâncias
3.12. Intersecção de discordâncias
 No PE existem várias discordâncias capazes de escorregar
 Existem planos que cortam o PE, assim muitas linhas de discordâncias podem interceptam o PE sob
ângulos diferentes, resultando na intersecção de discordâncias
 Intersecção em planos ortogonais
 Discordâncias b1 (escorrega) e b2
 Ao interceptar b2, provoca um degrau PP’ (hélice – jog – aumento da linha e da energia do cristal)
 Comprimento de PP’ é = b2
 Discordância em hélice com degrau
 Deslocamento no plano PRR’P’ => OK
 No degrau (plano PQQ’P’) movimento não
conservativo (ativado termicamente)
 Discordâncias hélice baixa mobilidade com degraus

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3. Discordâncias
3.12. Intersecção de discordâncias
 Movimento das discordâncias com jog ou degrau
 Responsáveis pelo encruamento e emissão de lacunas ou de intersticiais.

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3. Discordâncias
3.12. Intersecção de discordâncias
 Movimento das discordâncias com jog ou degrau
 e emissão de lacunas ou de intersticiais.

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3. Discordâncias
3.13. Efeitos dos contornos de grão nas propriedades mecânicas
 Dureza
 Tensão de deformação plástica
3.14. Exercícios

 Relação de Hall-Ptch


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