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ISSN 1984-9354
Resumo
Este artigo tem como objetivo conduzir um levantamento da cadeia
produtiva da embalagem de refrigerante de Polietileno Tereftalato
(PET), para servir de subsídio a futuros trabalhos de Análise do Ciclo
de Vida (ACV).
O estudo faz umaa abordagem da cadeia produtiva desde a
extração da matéria prima até a disposição final da embalagem de
PET, sendo composta das etapas de extração e refino do petróleo,
processos de obtenção do etileno, para-xileno, etileno glicol, dimetil
tereftalato, polietileno tereftalato, transformação da resina, moldagem
por injeção e sopro, engarrafamento, comercialização, uso, disposição
final e coleta seletiva.
A metodologia utilizada para o desenvolvimento da
pesquisa insere-se na linha de capacitação em ACV, desenvolvida
através de dados de empresas de produção de refrigerantes e de uma
recicladora de PET, ambas localizadas na Região Metropolitana de
Curitiba e, de uma empresa de fabricação de pré-forma localizada na
cidade de São Paulo, visando formar profissionais capacitados para
desenvolver a metodologia no mercado de trabalho.
1. Introdução
Inúmeros recipientes e outros itens plásticos são jogados fora e acabam como lixo
em beiras de estrada e praias, diariamente. Atualmente, apenas 10 % de todos os resíduos
plásticos do Brasil são reciclados (CEMPRE, 1998). Existem três razões que justificam tal
afirmativa. Primeira, é difícil isolar muitos plásticos dos outros resíduos, pois diversas resinas
utilizadas em sua fabricação são difíceis de identificar, e alguns plásticos são compostos de
resinas diferentes. A maior parte dos plásticos contém estabilizantes e outras substâncias
químicas que devem ser removidas antes da reciclagem.
Segunda, a recuperação das resinas plásticas individuais não rende muito material,
pois apenas pequenas quantidades de determinada resina são utilizadas por produto.
Terceira, o preço ajustado à inflação do petróleo utilizado para produzir
petroquímicos para a fabricação de resinas plásticas é tão baixo que o custo das resinas
plásticas virgens é muito menor que o das resinas recicladas. Uma exceção é o PET, usado
principalmente em garrafas plásticas para refrigerante.
Durante as últimas décadas, a consciência ecológica dos consumidores tem
crescido de tal forma que as autoridades e os setores produtivos buscam cada vez mais
informações sobre os impactos ambientais associados aos processos produtivos e, uso e
descarte final dos produtos (TAVARES, 2000). As indústrias têm dado cada vez mais atenção
às propriedades ambientais de seus produtos visando também diferenciá-los para aumentar a
fatia de mercado das empresas. Várias técnicas de gestão têm sido empregadas para avaliação
dos impactos ambientais dos produtos, dentre a quais, a Análise do Ciclo de Vida (ACV) que
estuda a complexa interação entre o produto e o meio ambiente (CHEHEBE, 1998).
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Neste contexto, a Análise do Ciclo de Vida (ACV) dos produtos surge como uma
opção real para a indústria e para a sociedade. A Análise do Ciclo de Vida de um produto
estuda a complexa interação entre um produto e o meio ambiente, e permite a avaliação dos
aspectos e impactos ambientais potenciais associados a fabricação de um produto.
ACV compreende o estudo das etapas que vão desde a retirada das matérias-primas
elementares da natureza, que entram no sistema produtivo (berço), passando por todas as
etapas produtivas industriais e de consumo até a disposição do produto final quando se
encerra sua vida útil (túmulo). Esta análise é conhecida como from graddle to grave ou do
berço à sepultura.
Para se descrever o processo se faz necessário a realização de balanços de massa e
energia, calculando-se automaticamente a geração de resíduos sólidos, efluentes líquidos e as
emissões atmosféricas. Com esta técnica é possível também avaliar e tomar decisões
gerenciais de forma a contribuir para a melhoria e conservação do meio-ambiente.
A análise do ciclo de vida de um produto apresenta inúmeras vantagens, entre as
quais podemos citar a otimização dos produtos do ponto de vista ambiental, aquisição de
informações do processo de produção e o melhor entendimento dos aspectos ambientais
ligados ao processo produtivo. Além disso, a ACV é útil para a tomada de decisões e para a
seleção de indicadores ambientais relevantes na avaliação de projetos e processos, servindo
como suporte em decisões de fabricação na indústria.
ACV contribui para a diminuição dos resíduos devido à redução do uso de energia e
de materiais, sendo também útil como ferramenta de marketing para a obtenção de
declarações e rótulos ambientais de produtos “amigos” do meio ambiente. Por esses motivos,
os fabricantes têm dado cada vez mais atenção às propriedades ambientais de seus produtos
como um meio de diferenciá-los e aumentar a fatia de mercado das empresas.
As principais fases da Análise do Ciclo de Vida de um produto são a definição de
objetivo e escopo, análise do inventário, avaliação de impacto, interpretação e revisão crítica.
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empresas, na literatura e nos bancos de dados especializados. Nesta etapa também são
desenvolvidos os balanços de massa e energia no sistema produtivo (CHEHEBE, 1998).
Para a coleta dos dados é necessário o desenvolvimento dos fluxogramas de processo
contendo todas as unidades e suas inter-relações, a descrição de cada unidade de processo, a
listagem de todas as categorias de dados associados e a definição das unidades de medidas. Os
critérios usados para selecionar os materiais significativos incluem a sua relevância em termos
de massa, energia e impacto ambiental. Geralmente são selecionados os materiais que
acumulativamente contribuem mais que uma determinada percentagem definida para a massa
ou fluxo de energia total do sistema produtivo (KNIGHT, 1996).
É importante observar que a maioria dos processos gera mais de um produto e que
alguns dos produtos descartados podem se tornar matéria-prima para outros processos, sendo
portanto necessário atribuir pesos e, através dos balanços de massa e de energia, estabelecer a
verdadeira “responsabilidade” de cada elemento na análise do ciclo de vida do produto
estudado.
- Classificação
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- Caracterização
Os dados do inventário atribuídos a uma determinada categoria são modelados para que
os resultados possam ser expressos na forma de um indicador numérico para aquela categoria
(CHEHEBE, 1998).
2.4- Interpretação
Nesta etapa é feita a identificação e análise dos resultados obtidos nas fases de
inventário e avaliação de impactos de acordo com o objetivo e o escopo previamente
definidos no estudo (CHEHEBE, 1998).
Na etapa de interpretação são estabelecidas as prioridades e identificadas as
oportunidades para a redução do ônus ambiental. A interpretação é baseada em uma série de
princípios ou suposições centrais que consideram a minimização do uso de recursos não
renováveis, energia, materiais e produtos tóxicos. Além destes, também podem ser incluídos a
minimização do uso de materiais ou processos responsáveis pelo aquecimento global,
depleção da camada de ozônio, chuva ácida e aqueles que comprometam o ambiente local.
As oportunidades de se eliminar e reduzir as fontes de poluição e, a reutilização,
reciclagem e a recuperação de materiais também devem ser consideradas nesta etapa de
análise e interpretação dos dados coletados (KNIGHT, 1996).
A partir desta etapa se pode realizar a implementação de estratégias de produção,
como por exemplo, a substituição e recuperação de materiais e a reformulação ou substituição
de processos, visando o aumento da eficiência dos processos, a redução do uso de recursos
naturais e a preservação ambiental.
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- Processamento de refrigerante
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- Reciclagem
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Em seguida, utiliza-se uma centrífuga vertical contínua para a retirada da água superficial,
realiza-se a eliminação de pó e a secagem com aquecedor elétrico. Finalmente, o material
seco é enviado para um ensacador que faz a embalagem do produto.
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(secagem/embalagem).
Empilhadeiras Caldeira (sopro), Empilhadeiras
(expedição), Transporte Empilhadeiras (expedição), Transporte
Combustível
ao consumidor (expedição), Transporte ao ao consumidor
(transporte). consumidor (transporte). (transporte).
Lavagem das garrafas Lavagem de material
Água resfriada para troca (lavagem), Lavagem de (moagem), Lavagem de
Consumo de água
térmica (moldagem). equipamentos e piso material moído
(envase). (enxágüe).
Descargas de CO2
CO2 pela queima de CO2 pela queima de
(envase), CO2 pela queima
GLP das empilhadeiras GLP das empilhadeiras
de GLP das empilhadeiras
(expedição), Emissão de (expedição), Emissão de
Emissões (expedição), CO, CO2,
CO, CO2, HC, NO2, CO, CO2, HC, NO2,
atmosféricas HC, NO2, SO2 e MP na
SO2 e MP na queima do SO2 e MP na queima do
queima do óleo diesel no
óleo diesel (transporte ao óleo diesel (transporte ao
transporte ao consumidor
consumidor). consumidor).
(transporte).
Figura 2- Etapas do ciclo de vida
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Para a estimativa dos valores das emissões de material particulado e SO2 decorrentes
do transporte de matérias primas e produto foram utilizados os dados apresentados por Silva e
Kulay (2000). Para a estimativa das emissões de CO, CO2, NOx e HC foram utilizados os
dados apresentados no Economy and Energy (2001). Neste trabalho considerou-se que o
transporte de materiais é realizado por meio rodoviário em caminhões com 27,2 toneladas de
capacidade de carga e desempenho de 2,2 km/l de óleo diesel. Os fatores de emissão
atmosférica para a queima de óleo diesel na cidade e na estrada foram considerados iguais.
A distância entre os trechos rodoviários compreendidos entre as indústrias de
preformas e refrigerantes, centros consumidores e de reciclagem foram estabelecidos da
seguinte forma: a) 400 km para o trecho entre fábrica de preforma ao processamento de
refrigerante; b) 100 km para o trecho entre fábrica de refrigerante e centro consumidor na
Região Metropolitana de Curitiba e; c) 100 km para o trecho entre reciclagem e centro
consumidor, também na Região Metropolitana de Curitiba.
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Poeira 0,50
Preformas e garrafas 5,21
Resina 125,00
Rótulo 0,00075 187,50
Sacos 5,00 3,20
Tampa 0,035 225,00
Efluente Água de lavagem 5.600 2.000
Líquido
Perda de refrigerante 3,75
(kg)
Figura 5 – Dados consolidados do inventário do ciclo de vida de PET para
refrigerantes
Fonte: ENGEPACK,2000.
5. Discussão de resultados
Aspe
Recu
gétic
Ener
e de
ctos
rsos
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6. Conclusão
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dos processos, redução dos impactos ambientais e melhoria dos processos industriais, visando
a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da população.
A cadeia produtiva do PET deve ser interligada com esforço combinado na redução da
poluição, com interação entre produtores, fornecedores, consumidores, coleta seletiva e
incentivo a empreendimentos de reciclagem. Deve-se adotar medidas de Prevenção da
Poluição/Produção mais Limpa, que vise a prevenção da poluição na fonte de geração de
resíduos dentro de cada processo e otimizar os resultados dentro dos sistemas de produção. A
depender do estágio pode se ter tantos ganhos ambientais como econômicos.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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