UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Instituto de Física
Disciplina: Física das Radiações
Professor: Sílvio Leão Vieira
Curso: Física Médica
Lista 5: Interação de elétrons com a matéria
1. Calcule o número médio de pares de íons pro-
duzidos no ar por uma partícula alfa que tem,
inicialmente, 5,49 MeV de energia cinética
(essa é a energia da partícula alfa emitida
pelo radônio-222, radioisótopo natural com
comportamento de gás nobre).
2. Para um próton e um elétron, ambos com
2 MeV de energia cinética, interagindo com
água, calcule e compare as energias médias
perdidas por unidade de trajetória.
3. Obtenha a energia perdida por um feixe de
prótons de 20 MeV com 1010 partículas, que
incide na córnea do olho. Suponha que a cór-
nea tenha 0,60 mm de espessura e que sua
composição química seja muito próxima à da
água.
4. Elétrons de 100 keV e de 10 MeV incidem per-
pendicularmente em uma placa de tungstênio
nas situações descritas abaixo. Para todos os
casos, calcule a energia dos elétrons que é per-
dida por colisão e por radiação.
5. Elétrons de 10 MeV incidem perpendicular-
mente em uma placa de grafite (densidade
1,7 g/cm3) nas situações descritas abaixo:
a) logo nas primeiras camadas do grafite
atingidas pelo feixe;
b) a placa tem espessura igual ao alcance
dos elétrons (3,4 cm);
c) a placa tem espessura de 2,0 cm.
6. Repita a Questão anterior, substituindo o
feixe de elétrons por um de prótons de 100
MeV de energia e mesmo número de partí-
culas. Obtenha as doses para as seguintes
espessuras de grafite:
a) logo na primeira camada de grafite atin-
gida pelo feixe;
©Sílvio Leão Vieira
Semestre: 2023-2
b) a placa tem espessura igual ao alcance
dos prótons (5,0 cm);
c) a placa tem espessura de 4,0 cm.
7. Um feixe monoenergético de elétrons (10
MeV, 106 elétrons) incide sobre uma placa
de chumbo. Quer-se que a placa tenha a
espessura suficiente para que o feixe de elé-
trons emergente possua uma energia média
de 6 MeV. A densidade do chumbo vale 11,4
g/cm3 .
a) Estime a espessura de chumbo necessá-
ria para que isso ocorra.
b) Que fração da energia perdida pelos elé-
trons incidentes é convertida em raios X
por essa placa?
c) Se a espessura da placa de chumbo for
aumentada para 1,0 cm, quanto de ener-
gia será emitida como fótons de raios X
de Bremsstrahlung?
8. Um feixe monoenergético de elétrons (E = 40
MeV, com 2,0 x 103 elétrons/cm2) incide per-
pendicularmente sobre um alvo fino de car-
bono (densidade do grafite 1,7 g/cm3)
a) Obtenha o alcance aproximado desse
feixe de elétrons no carbono.
b) Se a espessura do alvo de carbono for de
0,50 mm, avalie a energia perdida pelo
feixe para ionizações no meio, por uni-
dade de área do alvo de carbono descrito
em b.
c) Obtenha também a quantidade de ener-
gia irradiada por Bremsstrahlung, em
razão da passagem do feixe de elétrons,
por unidade de área do alvo de carbono.
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NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
Para resolver boa parte dos exercícios, utilize os gráficos apresentados nas figuras do Capítulo 07,
Emico Okuno, Elisabeth Mateus Yoshimura. Física das Radiações – São Paulo: Ofi-
cina de Textos, 2010 (ISBN 978-85-7975-005-2), ou recorra aos bancos de dados citados.

• Fonte: <http://www.physics.nist.gov/PhysRefData/contents.html>. Acesso em: fev.

2024.

• Fonte: <https://physics.nist.gov/PhysRefData/Star/Text/ASTAR.html>. Acesso em:

fev. 2024.

• Fonte: <https://physics.nist.gov/PhysRefData/Star/Text/PSTAR.html>. Acesso em:

fev. 2024.

• Fonte: <https://physics.nist.gov/PhysRefData/Star/Text/ESTAR.html>. Acesso em:

fev. 2024.

• Photon Cross Sections, Attenuation Coefficients, and Energy Absorption Coefficients From 10
keV to 100 GeV. Fonte: <https://www.govinfo.gov/content.pdf>. Acesso em: fev. 2024.

Dados para coeficientes de atenuação de fótons e stopping powers podem ser encontrados em
muitos livros didáticos, mas são convenientemente obtidos em fontes de dados baseadas na web
fornecidas por:
• NIST (Berger, Hubbell et al., 2005; Berger, Coursey, et al, 2005) ou das tabulações em: ICRU
(1992).

• A composição dos tecidos corporais e materiais de phantoms é dada em: ICRU (1989) e ICRP
(2003).

BIBLIOGRAFIA
• BERGER, M.J., ESTAR, PSTAR AND ASTAR: Computer Programs for Calculating Stopping-
Power and Ranges for Electrons, Protons and Helium Ions. NIST Report NISTIR-4999 (1992).

• BERGER, M.J., COURSEY, J.S., ZUCKER, M.A. AND CHANG, J., ESTAR, PSTAR, and
ASTAR: Computer Programs for Calculating Stopping-Power and Range Tables for Elec-
trons, Protons and Helium Ions (version 1.2.3), NIST, Gaithersburg, MD (2005). Available:
http://physics.nist.gov/Star [2008, February 7].

• BERGER, M.J., HUBBELL, J.H., SELTZER, S.M., CHANG, J., COURSEY, J.S., SUKU-
MAR, R., and ZUCKER, D.S. (2005), XCOM: Photon Cross Section Database (version 1.3).
Available: http://physics.nist.gov/xcom [2008, March 20]. NIST, Gaithersburg, MD

• HUBBELL, J.H., Review of Photon Interaction Cross Section Data in the Medical and Biolo-
gical Context, Phys. Med. Biol. 44 R1-22 (1999).

• INTERNATIONAL COMMISSION ON RADIATION UNITS AND MEASUREMENTS, Stop-

ping Powers for Electrons and Positrons, Rep. 37, ICRU, Bethesda, MD (1984).

• INTERNATIONAL COMMISSION ON RADIATION UNITS AND MEASUREMENTS, Tis-

sue Substitutes in Radiation Dosimetry and Measurement, Rep. 44, ICRU, Bethesda, MD
(1989).

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Física das Radiações Lista 5: Interação de elétrons com a matéria

• INTERNATIONAL COMMISSION ON RADIATION UNITS AND MEASUREMENTS, Pho-

ton, Electron, Proton and Neutron Interaction Data for Body Tissues, Rep. 46, ICRU,
Bethesda, MD (1992).

• INTERNATIONAL COMMISSION ON RADIOLOGICAL PROTECTION, Basic Anatomical

and Physiological Data for use in Radiological Protection: Reference Values ICRP Rep. 85,
Pergamon Press, Oxford, (2003).

• JOHNS, H.E. and CUNNINGHAM J.R. The Physics of Radiology (Fourth Edition), Charles
C Thomas, Springfield, Illinois (1983).

• NATIONAL INSTITUTE OF STANDARDS AND TECHNOLOGY (NIST), 100 Bureau Drive,

Stop 1070, Gaithersburg, MD 20899-1070. Available: http://www.nist.gov/index.html.

• SELTZER, S.M., BERGER, M.J., Evaluation of the Collision Stopping Power of Elements and
Compounds for Electrons and Positrons, Int J Appl Radiat Isot 33, 1189-1218 (1982).

APÊNDICE
Espalhamento por seção de choque
O conceito de seção de choque, como o próprio nome sugere, é o de área efetiva de colisão. A seção
transversal de um alvo esférico, em que cada núcleo na folha representa uma possível área alvo:

σ = πr02 , (1)

em que r0 é o raio nuclear. As unidades de seção de choque são então unidades de área, mas para
espalhamento nuclear a área efetiva é da ordem da área da seção de choque de um núcleo. Por
exemplo, para um núcleo de ouro de número de massa A = 197, o raio determinado a partir da
relação do raio nuclear é de cerca de 7 fermis. A unidade mais comum de seção de choque para
interações de espalhamento nuclear é o "barn", sendo 1 b = 10−24 cm2 A área total de todos os alvos

Figura 1: Espalhamento de uma partícula por seção de choque nuclear.

é dada por
AT = A∆xnσ (2)
Suponha que a densidade da folha “n” em átomos/cm3 , com largura “∆x”, é bombardeada com feixe
de área “A” com partículas “I” dada por partículas/s, com velocidade “vn ”, conforme a Figura (2).

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Figura 2: Espalhamento de uma partícula por seção de choque nuclear.

A taxa de remoção de partículas do feixe I é proporcional ao número de partículas atravessando a

área A, e pela área total apresentada por todos os alvos:
dN I
 
= A∆xnσ (3)
dt A
A seção transversal microscópica total de partículas é expressa como:

dN /dt
σ= (4)
[(I/A)nA∆x]

Definindo o fluxo de partículas como:

I
Φ= , (5)
A
dado em partículas/s cm2 . Então:
dN
= Φ(A∆xnσ) (6)
dt
O fluxo de partículas também pode ser definido:

Φ = nn v n (7)

Em que nn é a densidade de partículas por cm3 no feixe, vn a velocidade relativa (cm/s) de partículas
no feixe. A seção choque σ pode ser medida experimentalmente como função de energia: σ(E). Para
núcleo, unidades σ(E) expressas em “barn”(b)

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