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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

ENGENHARIA MECÂNICA

EM12 – CIÊNCIA DOS MATERIAIS

AULA 11
FALHA

Profa.: Dra. Alexandra de Oliveira França Hayama

2013/1
FALHA

 A falha dos materiais de engenharia é quase sempre um


evento indesejável devido a fatores como:
→ Risco e perda de vidas humanas;
→ Perdas econômicas;
→ Interferência com a disponibilidade de produtos e de
serviços.

 As causas usuais de falhas são:


→ Seleção e processamento inadequado dos materiais;
→ Projeto inadequado do componente;
→ Negligência durante: o projeto, a construção ou a
operação do equipamento (mau uso);
→ Aplicação de um novo projeto, ou de um novo material,
que vem a produzir resultados inesperados (e
indesejáveis).
EXEMPLO DE FALHA EM PROJETO

 A Fiat foi intimada pelo Ministério da Justiça a pagar uma


multa de 3 milhões de reais e a fazer o recall de
aproximadamente 52.000 carros do modelo Stilo.

 Problema: O cubo da roda traseira se quebra, devido ao


esforço na ponta do eixo, fazendo com que a roda solte,
causando acidentes e riscos de morte.

Fonte: Revista Quatro Rodas


EXEMPLO DE FALHA EM PROJETO

 Motivo: troca do material do cubo da roda, que era de aço e


passou a ser fabricado de ferro fundido sem que houvesse o
redimensionamento da peça.

Avaliação do CESVI (Centro de Experimentação e


Segurança Viária): “O problema é causado pela baixa
resistência à fratura do ferro fundido, que é reconhecidamente
mais frágil e possui pouca capacidade de deformação plástica.
Uma fratura poderia ocorrer com pequenos esforços acima das
especificações ou mesmo sem qualquer esforço adicional fora
das especificações.”

 Solução: substituição do cubo da roda traseira por outro


fabricado com aço.
FUNDAMENTOS DA FRATURA

 Por que estudar falhas?

→ Para entender os mecanismos dos diferentes modos de


falha em serviço de componentes mecânicos ou de
estruturas. Por exemplo falha por fadiga ou por fluência;

→ Para a prevenção de falhas em serviço;

→ Para que o engenheiro se antecipe, planeje a troca de


componentes das máquinas antes de ocorrer possíveis
falhas;

→ Para avaliar a causa da falha e tomar medidas


preventivas apropriadas contra incidentes futuros.
FUNDAMENTOS DA FRATURA

 Fratura: consiste na separação de um corpo em duas ou


mais partes em resposta a uma tensão imposta.

 A tensão aplicada pode ser de tração, compressão,


cisalhamento ou torcional.

 Qualquer processo de fratura envolve duas etapas, a


formação e a propagação de trincas, em resposta à imposição
de uma tensão.

 Para materiais metálicos são possíveis dois modos de


fratura: dúctil e frágil.
→ A classificação está baseada na habilidade de um
material experimentar uma deformação plástica antes de
fraturar.
FUNDAMENTOS DA FRATURA
 A fratura frágil:
→ As trincas podem se espalhar de maneira extremamente rápida, com
o acompanhamento de pouca ou nenhuma deformação plástica.

→ Tais trincas podem ser chamadas de instáveis, e a propagação da


trinca, uma vez iniciada, irá continuar espontaneamente sem um
aumento na magnitude da tensão aplicada.

 A fratura dúctil:
→ Apresenta extensa deformação plástica na vizinhança de uma trinca
que está avançando.
→ O processo prossegue de maneira relativamente lenta à medida que
o comprimento da trinca se estende.
→ Esse tipo de trinca é frequentemente chamado de estável. Isto é, ela
resiste a qualquer extensão adicional a menos que exista um aumento
na tensão, causando uma deformação apreciável nas superfícies da
fratura.
FUNDAMENTOS DA FRATURA

 As superfícies de fratura irão possuir características distintas, tanto


no nível macroscópico quanto no nível microscópico.

Fratura altamente dúctil na qual Fratura moderadamente Fratura frágil sem


a amostra empescoça até uma dúctil após algum qualquer deformação
fratura pontual, apresentando empescoçamento. plástica.
virtualmente uma redução de
Tipo mais comum de Exemplo: ferro
100% na área.
fratura para materiais fundido
Exemplo: ouro puro em dúcteis.
temperatura ambiente
Exemplo: aço ABNT 1020
FRATURA DÚCTIL
 Fratura dúctil
 Comportamento típico da curva tensão-deformação até a fratura
de um material dúctil:

σu

σe
Fratura
Tensão (σ)

Estricção

ε = 0,2%
Deformação (ε)
FRATURA DÚCTIL

 A fratura dúctil é quase sempre preferível por dois motivos:

1 – A fratura frágil ocorre repentinamente e catastroficamente,


sem qualquer aviso, é uma consequência da espontânea e
rápida propagação de uma trinca.
→ No caso da fratura dúctil, a presença de deformação
plástica dá um alerta de que a fratura é iminente, permitindo
que medidas preventivas sejam tomadas.

2 – Mais energia de deformação é exigida para induzir uma


fratura dúctil, uma vez que materiais dúcteis são geralmente
mais tenazes (A tenacidade é a capacidade do material armazenar
energia sem se romper. É indicada pela área total sob a curva tensão-
deformação em tração para o material).
FRATURA DÚCTIL – ESTÁGIOS DA FRATURA TAÇA E CONE

 A fratura taça e cone é característica de materiais que


sofreram fratura dúctil.

(a) Empescoçamento (b) Pequena (c) Coalescência


inicial formação de (junção) de
cavidade cavidades para
formar uma trinca
FRATURA DÚCTIL – ESTÁGIOS DA FRATURA TAÇA E CONE

Cisalhamento
Fribroso

(e) Fratura final por cisalhamento


(d) Propagação
da trinca

Fratura do tipo taça e


cone no alumínio
FRATURA DÚCTIL – FRATURA TAÇA E CONE

 Exemplo: Aço ABNT 1020 submetido ao ensaio de tração.

700

600

500

σ (MPa)
400

300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
ε (%)
FRATURA DÚCTIL – FRATURA TAÇA E CONE

Fractografia mostrando
microcavidades em formato
parabólico características de uma
fratura dúctil que resulta da aplicação
de uma carga cisalhamento (MEV).

Fractografia mostrando microcavidades


esféricas (dimples) características de uma
fratura dúctil que resulta de cargas de tração
uniaxiais (MEV).
FRATURA FRÁGIL

 Fratura frágil

 A fratura frágil ocorre sem qualquer deformação apreciável e


através de uma rápida propagação de uma trinca.

 A direção do movimento da trinca está muito próxima de ser


perpendicular à direção da tensão de tração aplicada e produz uma
superfície de fratura relativamente plana.

 Pouca ou nenhuma deformação plástica existe na fratura frágil.

 Mesmo materiais que são normalmente dúcteis podem fraturar


de modo frágil em baixas temperaturas com elevadas taxas de
deformação (como no caso do impacto), ou quando há grandes
trincas superficiais.
FRATURA FRÁGIL

 Exemplo: Ferro fundido submetido ao ensaio de tração.

300

250

200

σ (MPa)
150

100

50

0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
ε (%)
FRATURA FRÁGIL
 Fratura intergranular (ao longo dos contornos de grão):
Quando há inclusões nos contornos dos grãos, por exemplo, a trinca
propaga-se ao longo dos contornos, pois apresentam menor
resistência mecânica.
Contornos de Caminho de
grãos propagação da trinca

4 mm

Fractografia de um aço inoxidável


Diagrama esquemático mostrando a 304 mostrando uma superfície de
propagação de uma trinca ao longo fratura intergranular.
do contorno de grão em um fratura
intergranular.
FRATURA FRÁGIL
 Fratura transgranular (as trincas passam através dos grãos):
a propagação da trinca corresponde à clivagem, ou seja, a quebra
sucessiva e repetida de ligações atômicas ao longo de planos
cristalográficos específicos.
Caminho de
propagação da
Grãos trinca

160mm
Diagrama esquemático mostrando a
propagação de uma trinca no interior Fractografia de um aço inoxidável
dos grãos em uma fratura 316 mostrando uma superfície de
transgranular. fratura transgranular.
FRATURA FRÁGIL

 Uma característica comum na fratura frágil é o padrão em V,


produzido por frentes separadas de trincas que se propagam no
material.

Figura mostrando padrão em V de uma fratura frágil.


As setas indicam a origem da trinca.
FRATURA FRÁGIL
 Algumas superfícies de fratura frágil contêm linhas ou
nervuras que se irradiam a partir do ponto de origem da trinca de
acordo com um padrão em forma de leque .

Origem

Direção de
propagação da
trinca

Imagem de uma superfície de fratura frágil mostrando nervuras radiais


em formato de leque. As setas indicam a origem da trinca.
CONCENTRADORES DE TENSÃO
 Concentradores de tensão: são irregularidades que perturbam o
campo de tensão de um componente, amplificando o mesmo em suas
proximidades.

 Podem ser defeitos microscópicos ou defeitos macroscópicos,


como vazios, riscos, entalhes, cantos vivos, mudanças bruscas de
seção.

Distribuição de Exemplos de concentradores de tensão


tensão normal
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

 Ensaio de fratura por impacto


 As condições do ensaio de impacto são escolhidas para
representar aquelas condições mais severas em relação ao
potencial de ocorrência de uma fratura:

→ Deformação a uma temperatura relativamente baixa;


→ Uma elevada taxa de deformação.

 Os ensaios de fratura por impacto são padronizados:


→ Norma ASTM E23 – Standard Test Methods for Notched
Bar Impact Testing of Metallic Materials (Métodos Padrões
de Ensaio para Testes de Impacto em Barras com Entalhe
de Materiais Metálicos).
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO
Técnicas de ensaio por impacto
 As técnicas Charpy e Izod, medem a energia de impacto.

 A diferença principal entre as técnicas Charpy e Izod está na


maneira como o corpo de prova é sustentado.

 Esses testes são denominados ensaios de impacto, com


base na maneira como é feita a aplicação da carga.

 Tanto na técnica Charpy como na técnica Izod, o corpo de


prova possui o formato de uma barra com seção reta
quadrada, na qual é usinado um entalhe com formato em V.
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

Entalhe
Entalhe

Charpy
Izod
Corpos de prova utilizados em ensaios de impacto
Charpy e Izod
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO
 Descrição do ensaio Charpy:
→ No equipamento para realização dos ensaios de impacto, a
carga é aplicada com um impacto instantâneo de um martelo (ou
pêndulo) que é liberado de uma posição elevada que se encontra
a uma altura fixa h.

→ A amostra fica posicionada na base.


→ Com a liberação, o martelo atinge e fratura o corpo de prova
exatamente no entalhe, que atua como um ponto de
concentração de tensões no impacto do pêndulo com o corpo de
prova.

→ O pêndulo continua o seu balanço, elevando-se até uma altura


máxima h’, que é inferior a h.

→ A absorção de energia, computada a partir da diferença entre


h e h’, representa uma medida de energia de impacto.
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

Desenho esquemático de um equipamento para ensaios de


impacto.
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

Vídeo: Ensaio de Impacto Charpy


(Realizado na Universidade Federal de Juiz de Fora)
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

Transição dúctil-frágil
 Uma das principais funções dos ensaios Charpy e Izod é a de
determinar se um material experimenta ou não uma transição
dúctil-frágil com a diminuição da temperatura e, se este for o caso,
as faixas de temperaturas ao longo das quais isso acontece.

 A transição dúctil-frágil está relacionada com a dependência da


absorção de energia de impacto medida em relação à temperatura.
Essa transição é representada pela curva Energia de impacto x
Temperatura.

 Estruturas construídas a partir de ligas que exibem esse


comportamento dúctil-frágil devem ser usadas somente em
temperaturas acima da temperatura de transição, a fim de evitar
fraturas frágeis e catastróficas.
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

°
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

 Metais CFC:
→ Não apresentam temperatura de transição.
→ Retém altas energias de impacto ⇒ são dúcteis com o
abaixamento da temperatura.
→ Exemplo: Al, Cu, Au, Ni

 Metais CCC e HC :
→ Apresentam temperatura de transição.
→ Esses metais e ligas devem ser usados somente em
temperaturas acima da temperatura de transição para
evitar falha catastrófica.
→ Exemplo: Estrutura CCC: Nb, Cr; Estrutura HC: Ti, Zn
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

Superfície de fratura

 A aparência da superfície da falha é um indicativo da natureza da


fratura, e pode ser usada em determinações da temperatura de
transição.

 No caso de fratura dúctil, a superfície de fratura é fibrosa (opaca)


(caráter de cisalhamento; cisalhamento: deformação que sofre um
corpo quando sujeito à ação de forças cortantes).

 A aparência de uma superfície que sofreu fratura frágil é granular


(brilhosa) (caráter de clivagem, clivagem: propriedade que têm certos
cristais de se fragmentar segundo determinados planos).

 Ao longo da transição dúctil-frágil, existirão características de


ambos os tipos de fratura.
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

Fratura frágil Fratura dúctil

Superfícies de fratura de corpos de prova de um aço ABNT


A36 que foram testados nas temperaturas indicadas (em
°C) segundo o ensaio Charpy com entalhe em V.
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

Um navio-tanque de óleo que fraturou de uma


maneira frágil pela propagação de trincas ao redor
do seu casco.
ENSAIO DE FRATURA POR IMPACTO

 Durante a Segunda Guerra Mundial, vários navios distantes do


combate, repentinamente e abruptamente se partiram ao meio.

 Os navios eram construídos a partir de uma liga de aço que


possuía ductilidade adequada de acordo com ensaios de tração à
temperatura ambiente.

 As fraturas frágeis ocorreram em temperatura ambiente


relativamente baixa, de aproximadamente 4°C, na vizinhança da
temperatura de transição da liga.

 Cada trinca de fratura teve sua origem em algum ponto de


concentração de tensões, como defeitos de fabricação, e então se
propagou ao redor de todo o casco do navio.
ENSAIO DE FADIGA

 Fadiga: é uma forma de falha que ocorre em estruturas


submetidas a tensões dinâmicas, cíclicas ou flutuantes (por
exemplo, pontes, aeronaves, componentes de máquinas, eixos,
etc).

 A falha por fadiga pode ocorrer em níveis de tensão bem


inferiores ao limite de resistência à tração ou ao limite de
escoamento do material para uma carga estática.

 A falha por fadiga é catastrófica e traiçoeira, ocorrendo


repentinamente e sem aviso.

 O termo "fadiga" é usado, pois este tipo de falha ocorre


normalmente após um longo período de tensão repetitiva ou
ciclo de deformação.
ENSAIO DE FADIGA

 A fadiga é responsável por um grande número das falhas


mecânicas em componentes de engenharia e por um grande
número de acidentes com vítimas fatais.

→ A falha por fadiga representa 90% das falhas de


componentes metálicos.

 Falhas de fadiga são do tipo frágil mesmo em metais


dúcteis, no sentido de que existe pouca ou nenhuma,
deformação plástica associada com a falha.

 O processo ocorre pela iniciação e propagação de trincas, e


em geral, a superfície de fratura é perpendicular à direção de
uma tensão de tração aplicada.
ENSAIO DE FADIGA
 As propriedades de fadiga dos materiais podem ser determinadas a
partir de ensaios de simulação em laboratório.
 Um equipamento para ensaios deve ser projetado para representar,
na medida do possível, as condições de tensão durante o serviço
(nível de tensão, frequência, padrão de tensões, etc).

Exemplo: Ensaio
de fadiga por
flexão rotativa.
ENSAIO DE FADIGA

 O processo de falha por fadiga é caracterizado por três


etapas distintas:

1. Iniciação da trinca: onde uma pequena trinca se forma


em algum ponto de alta concentração de tensões;

2. Propagação da trinca: durante a qual essa trinca


avança em incrementos a cada ciclo de tensões;

3. Fratura final: que ocorre muito rapidamente uma vez


que a trinca que está avançando tenha atingido o seu
tamanho crítico.
ENSAIO DE FADIGA

Região de
propagação lenta  Superfície de falha por fadiga:
da trinca
→ Uma trinca se formou na
parte superior da amostra
mostrada na imagem.

→A região lisa, também


próxima à parte superior,
corresponde à área ao longo da
qual a trinca se propagou
lentamente.

→ A fratura rápida ocorreu ao


longo da área que possui uma
aparência opaca e fibrosa (a
Região de fratura área maior).
rápida
ENSAIO DE FADIGA

Superfície de fratura de um eixo Fotomicrografia eletrônica


rotativo de aço que experimentou de transmissão (MET)
falha por fadiga. Os ressaltos de mostrando estrias de fadiga
marcas de praia estão visíveis na em alumínio.
fotografia.
ENSAIO DE FADIGA

 Medidas que podem ser tomadas para estender a vida em


fadiga incluem:

→ A redução do nível médio de tensão;


→ A eliminação de descontinuidades da superfície que
tenham formas agudas: qualquer entalhe ou descontinuidade
geométrica pode atuar como um fator de concentração de
tensões e local para a iniciação de uma trinca de fadiga;

→ A melhoria do acabamento da superfície mediante


polimento;

→ A imposição de tensões compressivas na superfície


mediante jateamento: uma tensão de compressão na
superfície da peça anulará parcialmente tensões de tração
no interior da peça.
ENSAIO DE FADIGA
A curva σ-N

Tensão (MPa)

Ciclos, N
Curvas de probabilidade σ-N (tensão x número de ciclos) de fratura por fadiga para
uma liga de alumínio; P representa a probabilidade de falha.
 Exemplo:
→ Em um nível de tensão de 300 MPa, cerca de 50% das amostras iriam
fraturar com aproximadamente 105 ciclos.
→ Em um nível de tensão de 240 MPa, cerca de e 10% das amostras iriam
fraturar com aproximadamente 106 ciclos.
ENSAIO DE FLUÊNCIA

 Fluência: Definida como sendo a deformação permanente e


dependente do tempo de materiais, quando estes são submetidos a
uma tensão constante em temperatura elevada.

→ A fluência é em geral um fenômeno indesejável e, com


frequência, é o fator de limitação na vida útil de uma peça que
trabalha em temperaturas elevadas.

 Os materiais que são colocados em serviço em temperaturas


elevadas e ficam expostos a tensões mecânicas estáticas podem
sofrer fluência.

→ Por exemplo, rotores de turbinas em motores a jato e


geradores a vapor que experimentam tensões centrífugas, e
linhas de vapor de alta pressão.
ENSAIO DE FLUÊNCIA

 A Norma ASTM E139 – Standard Practice for Conducting Creep-Rupture,


and Stress-Rupture Tests of Metallic Materials (Prática Padronizada para
Condução de Ensaios de Fluência, Ruptura por Fluência, e de Ruptura sob
Tensão em Materiais Metálicos), trata do ensaio de fluência.

 Um ensaio típico de fluência consiste em se submeter um corpo de prova


a uma carga ou tensão constante enquanto se mantém a temperatura
constante; a deformação é medida e plotada como uma função do tempo
decorrido.

 Escalagem de discordâncias: Temperaturas elevadas permitem a


escalagem de discordâncias nos metais, que é a movimentação de
discordâncias fora dos planos de escorregamento (planos de maior
densidade atômica) por efeito da temperatura.
→ Dessa forma, a discordância escapa dos obstáculos da rede,
causando mais deformação plástica no corpo-de-prova, mesmo com
baixas tensões aplicadas.
ENSAIO DE FLUÊNCIA
Comportamento geral da fluência

 Fluência primária ou transiente: Muitas discordâncias realizam


escalagem, evitando, com isso, os obstáculos da rede cristalina;
depois tornam a se movimentar no plano de escorregamento e,
assim, aumentam a deformação total.
ENSAIO DE FLUÊNCIA
Comportamento geral da fluência

 Fluência secundária ou fluência em regime estacionário:


Após a fluência primária, a taxa com que as discordâncias
realizam escalagem para evitar obstáculos será igual à taxa com
que as discordâncias são bloqueadas por imperfeições. Isso dá
origem ao segundo estágio.
ENSAIO DE FLUÊNCIA
Comportamento geral da fluência

 Fluência Terciária: a seção sofreu estricção e o corpo-de-prova


deforma-se a uma taxa acelerada levando o material à fratura.
→ O tempo necessário para a ocorrência da falha é o tempo de
fratura. Uma tensão ou uma temperatura mais elevada reduz o
tempo de fratura.
EXERCÍCIOS
1 – Explique:
a) Por que a falha dos materiais de engenharia é quase sempre um
evento indesejável?
b) Quais são as causas usuais de falhas?
c) Por que estudar falhas?

2 – Explique as diferenças entre fratura frágil e fratura dúctil.

3 – Descreva o Ensaio de Impacto Charpy.

4 – O que é temperatura de transição dúctil-frágil?

5 – A aparência da superfície da falha é um indicativo da natureza da


fratura. Como pode ser diferenciado um material dúctil de um material
frágil de acordo com a aparência das superfícies de fratura?

6 – Explique por que é importante estudar os ensaios de fadiga e de


fluência.

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