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- Sumário:
1 – O mecanismo da formação do cavaco
2 – Os materiais para ferramenta de usinagem,
sua utilização e aplicação
3 – Forças de corte na usinagem dos metais
4 – Usinabilidade dos Metais (Ensaios práticos de
usinagem)
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1 – O mecanismo da formação do cavaco
1.1- Introdução
O material recalcado sofre uma deformação plástica, que aumenta progressivamente, até
que as tensões de cisalhamento se tornam suficientemente grandes, de modo a se iniciar
um deslizamento e consequentemente a formação do cavaco.
A parte de trás do cavaco é rugosa devido ao fato da formação não ser homogênea. Isto
é devido à presença de pontos de baixa resistência ou de concentração de tensão
presente no material que está sendo usinado.
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Um plano de cisalhamento passando através de um ponto de concentração de tensão
causa uma deformação a um valor de tensão mais baixo que aquele que deforma um
ponto que não está sob concentração de tensão.
a) Uma pequena porção de material (ainda ligada à peça) é recalcada numa deformação
elástica e plástica, contra a superfície de saída da ferramenta.
Enquanto isso, uma nova porção do material está se formando e cisalhando, e que irá
também escorregar sobre a superfície de saída, repetindo o fenômeno. Daí, conclui-se
então que a formação do cavaco é um fenômeno periódico.
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Na usinagem de materiais dúcteis, que tem grande zona plástica e, por isso, deformam-
se bastante antes da ruptura, estas quatro fases são bem visualizadas.
Já em materiais frágeis, que possuem zona plástica bem pequena e, por isso, rompem-se
com pouca deformação plástica, as fases a e b são bem curtas, na fase c a ruptura do
cavaco é total, e a fase d é praticamente inexistente, já que o pequeno cavaco formado
pula fora da região de corte, não produzindo atrito com a superfície de saída da
ferramenta.
O conceito clássico de atrito baseado nas leis de Amonton e Coulomb, onde a força de
atrito é proporcional à força normal (Fa = .N), não é adequado na usinagem dos
materiais, onde as pressões normais à superfície de saída da ferramenta são muito
grandes.
Bem próximo da interface é formada uma zona de cisalhamento intenso (zona de fluxo)
onde existe uma camada de material estacionário na interface cavaco-ferramenta e a
velocidade de saída do cavaco vai aumentando à medida que se percorre sua espessura
até que se chega ao fim da zona de fluxo, onde acaba o cisalhamento e a velocidade de
saída do cavaco fica constante.
Esta zona de fluxo tem espessura da ordem de 0,01 a 0,08 mm, e depois disso a
velocidade de saída do cavaco se estabiliza. A zona de aderência ocorre devido às altas
tensões de compressão, às altas taxas de deformação e à pureza do material da peça em
contato com a ferramenta.
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Figura 5.1 – Zona de fluxo dentro do cavaco
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processo de segmentação. Já a liga de titânio Ti-6Al-4V apresenta cavaco segmentado
em todas as velocidades de corte, indiferentemente do tratamento térmico aplicado no
material da peça.
Dino Ferraresi em seu livro “Fundamentos da Usinagem dos Metais” (1970) escreveu:
“verifica-se que em altíssimas velocidades de corte o fenômeno da formação do
cavaco se assemelha mais a um fenômeno de escoamento de fluído”.
De acordo com Schulz et al, (2001), durante a formação de cavaco sob altas velocidades
de corte, o material da peça falha em função de alta carga dinâmica na zona de
cisalhamento primária. O resultado se expressa na forma de um cisalhamento localizado
que resulta no cavaco segmentado.
Os diversos problemas práticos que tem relação com a forma do cavaco produzido na
usinagem, já que tem implicações nas seguintes áreas:
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4 – Força de corte, temperatura e vida da ferramenta, ao se procurar deformar mais o
cavaco visando aumentar sua capacidade de quebra, aumenta-se bastante os esforços de
corte, com consequente aumento da temperatura e diminuindo a vida da ferramenta.
Materiais frágeis como o ferro fundido cinzento tende a formar cavacos na forma de
pequenas partículas. Por outro lado, materiais dúcteis tendem a formar cavacos longos e
contínuos, e quando se formam cavacos longos em forma de fita, é necessário que o
operador pare a máquina periodicamente para remover o cavaco amontoado, e isso
representa perda de produtividade.
Outras vezes, o operador tenta remover o cavaco com a máquina em movimento, o que
representa um grande risco para o operador. Por esse motivo, muito se tem feito para
aumentar capacidade de quebra do cavaco de materiais dúcteis.
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Figura 7.1 – Classificação dos tipos e formas de cavacos
Um fato que chama a atenção nos processos de cisalhamento e geração das lamelas dos
cavacos é o aspecto topográfico das superfícies de fratura. Em (a), a região da banda de
cisalhamento demonstra ter sofrido menores níveis de tensão cisalhante, indicados pelo
aspecto fibroso, opaco e com cavidades.
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Portanto, com base nas observações visuais proporcionadas pela microscopia eletrônica
de varredura, sugere-se que o cavaco pode ter sido mais facilmente deformado em (a), o
que levou a uma ligeira queda da energia específica. Essa facilidade no recalque e
geração do cavaco pode ter sido ditada pela geometria mais favorável da ferramenta
(SCMT PM GC4025).
(a) (b)
Figura 8.1 – Cavacos extraídos de corpos de prova no centro de usinagem CNC HSM
a) cavaco em fita;
b) cavaco helicoidal;
c) cavaco espiral;
O cavaco em fita tem todos os inconvenientes não tem inconvenientes mais sérios,
dependendo do tipo de processo utilizado.
Não tem sentido definir-se as formas de um cavaco se ele é do tipo de ruptura. Este
cavaco é sempre muito pequeno, em geral em forma de pó.
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Figura 10.1 – Diferentes tipos de quebra de cavados
Na maioria desses casos, a quebra é iniciada na face rugosa do cavaco (face superior). A
quebra ocorrerá quando a deformação aplicada ao cavaco alcançar a deformação limite
de ruptura (r) do material. Para que a quebra do cavaco ocorra à equação abaixo deverá
ser satisfeita.
r < hD x ( 1 - 1)
Pode-se também aumentar o coeficiente : este coeficiente é 0.5 para cavacos com
secção transversal regular. Quebra-cavacos como o mostrado na figura abaixo
produzem cavacos com secção transversal curvada, que tem um valor de grande. Este
tipo de quebra-cavaco é útil para quebrar cavacos finos em corte de acabamento.
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- Grandes profundidades de usinagem auxiliam o aumento da capacidade de quebra do
cavaco;
A mudança das condições de usinagem com o fim específico de se obter uma forma
adequada do cavaco, deve ser evitada, pois estas são fixadas levando-se em
consideração requisitos técnicos e econômicos do processo. Os ângulos negativos de
saída e de inclinação, quando exagerados, aumentam os esforços de corte, ocasionando
vibrações indesejáveis na ferramenta ou impossibilitam o corte, caso a máquina-
ferramenta não possua potência suficiente.
Sendo assim, o meio mais adequado para se obter a quebra do cavaco é a utilização de
elementos de forma colocados na superfície de saída da ferramenta denominado quebra-
cavacos.
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Mesmo assim, ferramentas com este tipo de quebra-cavaco são bastante utilizadas,
devido ao fato de que em uma produção seria ou semi-seriada, existem muitas peças a
serem usinadas em acabamento (avanços e profundidades de usinagem pequenas) e
muitas em desbaste (avanço e profundidade de corte maior) e, em geral, as máquinas
podem ter em seu carro porta-ferramenta mais do que uma ferramenta.
Além disso, o quebra-cavaco postiço exige que o operador o coloque na posição correta
sobre a superfície de saída da ferramenta, posição que depende do avanço e da
profundidade de usinagem utilizadas, e isso nem sempre é realizado corretamente, o que
faz com que, algumas vezes, o cavaco não se quebre adequadamente, mesmo com a
presença do quebra-cavaco postiço.
Outros pontos desvantajosos é que ele também se desgasta e precisa ser substituído, e
para isso é necessário ter peça de reposição no estoque. Visto isso, o quebra-cavaco
moldado leva vantagem e, atualmente, a grande maioria das ferramentas de usinagem de
materiais que formam cavacos contínuos, possuem quebra-cavacos moldados.
Por esse motivo, é que uma ferramenta com quebra-cavacos moldados projetada para
quebrar o cavaco em operações de desbaste médio (avanço e profundidade médios), não
quebra o cavaco se for utilizada em operações de acabamento (avanços e profundidades
baixas) e nem em operações de desbaste pesado (avanços e profundidades altos).
Figura 15.1 – Regiões de avanço e profundidade de usinagem para diversos tipos de quebra -
cavacos
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avanço e profundidade de usinagem (desbaste), os quebra-cavacos vão ficando mais
largos e distantes da aresta de corte (ver figura 14.1).
As porcentagens do calor total devido a cada uma das fontes citadas variam com o tipo
de usinagem, o material da peça e da ferramenta, as condições de usinagem e a forma da
ferramenta.
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Pode-se dizer que a deformação e o cisalhamento no plano de cisalhamento são a
principal fonte geradora de calor, seguida pelo atrito do cavaco sobre a superfície de
saída da ferramenta e depois pelo atrito peça-superfície de folga da ferramenta.
Pode-se verificar através das figuras já apresentadas que a quantidade de calor que é
dissipada pela ferramenta é pequena.
Porém, como a região da ferramenta que recebe este calor é reduzida e não muda com o
tempo, desenvolve-se ali, temperaturas de até 1200°C, e que muito contribuem para o
desgaste da ferramenta.
O calor que vai para a peça pode resultar em dilatação térmica da mesma, dificultando a
obtenção de tolerâncias apertada, além de correr o risco de danificar a estrutura
superficial do material.
No caso do processo de retificação, este fator é crítico, pois além de ser um processo
que gera alta quantidade de calor, muitas vezes é realizado após a peça ter sido
endurecida por tratamento térmico, onde qualquer dano superficial terá sérias
consequências. Por isso, a vazão de fluído de corte na retificação deve ser muito maior
do que em outros processos.
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A porcentagem do calor total que é dissipada pelo cavaco aumenta com o aumento da
velocidade de corte.
Em velocidades de corte muito altas, a maior parte do calor é carregada pelo cavaco,
uma pequena quantidade pela peça e uma quantidade menor ainda é pela ferramenta.
A influência do material da peça nas porcentagens de calor dissipado por cada meio, é
que quando melhor condutor de calor for o material da peça, mais calor será dissipado
por ela.
2.1 – Introdução
Para uma seleção mais criteriosa do material da ferramenta de corte, devem ser
considerados os seguintes fatores:
- As condições de usinagem;
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2.2 – Escolha do material da ferramenta de corte
- Material a ser usinado: a dureza e o tipo de cavaco formado são duas características
do material da peça que devem ser levados em consideração na escolha do material da
ferramenta de corte.
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sofreram outra operação anterior de usinagem e, que não apresentem excentricidade,
cascas endurecidas, são condições que exigem ferramentas mais resistentes ao desgaste.
Já, em operações de desbaste, com baixa velocidade de corte, altos avanços e bastante
profundidade de usinagem, com peças que apresentem camadas endurecidas e
excentricidade, a ferramenta deve apresentar maior tenacidade, em detrimento ao
desgaste.
Porém, qualquer que seja o material para ferramenta, ele deverá apresentar as seguintes
características:
2 – Resistência ao desgaste: significa que o material deve resistir aos desgastes por
abrasão, isto é, resistir ao atrito. Esta propriedade está ligada à dureza a quente.
Uma classificação que pode ser feita para os materiais de ferramenta de corte é a
seguinte:
- Aços rápidos;
- Coronite;
- Metal duro;
- Material cerâmico;
- Diamante.
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- Aço rápido: é um material tenaz, de elevada resistência ao desgaste e elevada dureza a
quente, até aproximadamente 600°C.
A tenacidade do aço rápido depende dos elementos de liga. Em geral, os aços rápidos
resistentes à abrasão são pouco tenazes, pois o que define a resistência à abrasão são os
carbonetos duros presentes na liga desse metal.
- Carbono: como nos aços carbono, atua no sentido de aumentar a dureza do material.
Também possibilita a formação de carbonetos, que são partículas resistentes ao
desgaste.
Os aços com teor de carbono e de vanádio são os que possuem melhor resistência ao
desgaste. O vanádio tem sido substituído pelo nióbio no Brasil pois é mais barato e suas
características são semelhantes.
- Aço rápido com cobertura: para diversas ferramentas de usinagem como brocas,
machos, alargadores e alguns tipos de fresas, a aplicação de materiais mais resistentes
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ao desgaste que o aço rápido, como o metal duro ou material cerâmico, é muito restrita
devido à forma e dimensões destas ferramentas e às condições das operações de
usinagem em que são empregados.
Assim, aços rápidos com cobertura de materiais mais resistentes ao desgaste como o
nitreto de titânio e o carboneto de titânio têm sido empregados com sucesso.
A presença da camada de TiN (nitreto de titânico) faz com que o corte aconteça com
esforços menores devido ao seu baixo coeficiente de atrito e pelo fato de esta camada
possuir alta dureza e pequeno atrito, os desgaste são menores principalmente nas arestas
de folga das ferramentas.
- Módulo de elasticidade menor do que o do metal duro, mas maior que o do aço rápido;
Uma das principais causas dessas características é o fato deste material possuir
partículas duras TiN extremamente finas.
Com isso, conseguem-se arestas mais afiadas da ferramenta e as partículas que são
retiradas durante o processo de desgaste são menores, fazendo com que mesmo após
certo desgaste, a aresta ainda continue afiada.
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É um produto da metalurgia do pó, feito de partículas duras finamente divididas de
carbonetos de metais refratários, sinterizados com um ou mais metais do grupo do ferro
(ferro, níquel ou cobalto) formando um corpo de alta dureza e resistência a compressão.
- Metal duro com cobertura: ultimamente vem sendo muito utilizadas ferramentas
(pastilhas) de metal duro recobertas de carboneto de titânio ou óxido de alumínio,
nitreto de titânio e carboneto de titânio.
Existem pastilhas com uma, duas e até três camadas de cobertura. Geralmente, a
primeira camada é de carboneto de titânio, a segunda é de óxido de alumínio e a terceira
pode ser de carbonitreto de titânio (TiC).
Estas camadas são aplicadas utilizando-se o processo CVD (deposição química a vapor)
em forno com temperatura de 1000°C e atmosfera levemente negativa onde se
encontram as pastilhas de metal duro que receberão a cobertura.
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Neste ambiente acontece uma reação química cujo resultado é que o vapor de TiC se
condensa sobre o metal duro formando a camada de revestimento.
2 – À base de nitreto de silício (Si3 N4 ) estes são cristais com uma fase intergranular de
SiO 2 que são sinterizadas com a alumina, óxido de ítrio ou óxido de manganês.
3 – Cermets, que recebem esse nome por conter uma fase cerâmica e uma fase metálica.
É composto de partículas duras de TiC, TiN e o Ni como elemento de ligação.
Assim, por serem mais resistentes ao desgaste que os metais duros, são bons para
acabamento de aços moles, onde as velocidades de corte são bastante altas.
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Porém, para a usinagem de aços endurecidos, sua dureza a quente não é suficiente.
Eles seriam ótimos materiais para materiais de ferramentas de usinagem se não fossem
tão caros.
Devido a isto são usados somente quando se deseja alta precisão de medidas e
acabamento brilhante, como no caso de espelhos e lentes.
- Ferramentas de diamante artificial: em 1973 foi apresentada pela primeira vez uma
ferramenta com uma camada de diamante sintético policristalino (PCD), constituído de
partículas muito finas deste material, de granulação definida para se obter o máximo de
homogeneidade e densidade.
A composição química dos diversos PCDs não varia, mas suas propriedades variam
com o tamanho das partículas de diamante do material, que podem ser de 2 a 25 mm de
diâmetro.
Devido a estas propriedades o diamante não pode ser usado na usinagem de metais
ferrosos como o aço ou o ferro fundido.
Sendo então utilizado na usinagem de metais não ferrosos e materiais não metálicos,
como ligas de alumínio e de cobre, plásticos abrasivos, resinas reforçadas com fibras de
carbono e de vidro, materiais cerâmicos, metais duros, madeira abrasiva, pedras naturais
e concreto.
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Devido à sua fragilidade, as condições de usinagem devem ser estáveis,
máquinas, ferramentas e dispositivos de fixação devem ser rígidos;
Fluídos de corte podem ser usados, normalmente para refrigeração e não para
lubrificação;
O nitreto cúbico de boro é um material sintético obtido por meio de reação química,
onde um composto BN tem uma estrutura de grafite hexagonal com aproximadamente
um número igual de átomos de boro e nitrogênio arranjados alternadamente.
Este composto tem estrutura cúbica hexagonal e, como o carbono que pode ser
transformado de um estrutura hexagonal (grafite) para uma estrutura cúbica (diamante),
também o boro pode passar por transformação similar através de um processo com
pressões de 5000 a 9000 MPa e temperaturas de 1500° a 1900°C na presença do lítio
como catalisador.
Plaquetas (blanks) de CBN são produzidas de forma análoga às de PCD. Uma camada
de 0,5mm de espessura de partículas de nitreto de boro cúbico é sintetizada com a
presença de uma fase ligante, efetivando-se simultaneamente a fixação sobre uma base
de metal duro.
Estas plaquetas, como o PCD, são soldadas a um inserto intercambiável de metal duro
ou soldadas diretamente a um porta ferramentas de aço.
O CBN é quimicamente mais estável que o diamante, podendo usinar ligas ferrosas sem
o problema de grande desgaste por difusão.
Sua tenacidade é similar ao material cerâmico baseado em nitretos e cerca de duas vezes
o da alumina. Sua dureza só é superada pelo diamante, sendo quase duas vezes a dureza
da alumina.
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Cada fabricante usa diferentes materiais e quantidades de aglomerantes e diferentes
tamanhos e distribuição de partículas. Mas de uma maneira geral, pode-se dividir os
CBN em duas categorias, segundo suas aplicações:
O CBN para desbaste possui maior concentração de nitreto de boro cúbico (90% em
volume) o que aumenta a ligação cristal com cristal e faz sua tenacidade aumentar.
Além disso, devido ao alto teor de CBN, estes materiais são os que apresentam maior
dureza entre os CBN.
O CBN próprio para acabamento é aquele onde uma fase cerâmica é adicionada, de tal
maneira que as ferramentas resultantes possuam menor tenacidade e dureza, mas melhor
estabilidade química e térmica, combinando a s propriedades das duas fases presentes
(CBN e Cerâmica).
Sempre que possível usar fluído de corte e, no ferro fundido cinzento usar ar
comprimido.
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Trata-se de um setor cujos produtos apresentam altíssimo valor agregado. Por exemplo,
o valor médio para o quilo de produtos finais no setor agrícola é de R$ 0,30; para
automóveis é R$ 10,00; para aparelhos eletrônicos equivale a R$ 100,00; para aviões R$
1.000,00 e R$ 50.000,00 para satélites, segundo dados em 2008 de Associação das
Indústrias Aeroespaciais do Brasil (Aiab).
A tendência para o setor aeroespacial é a de trabalhar com materiais cada vez mais leves
e mais resistentes a tensões, tais como ligas especiais de titânio, fibras de carbono e
vidro, Waspaloy, Inconel, entre outros produtos compostos.
Porém, além de leves, estes materiais são cada vez mais resistentes.
A usinagem de fibras de carbono e vidro emite pó e não cavaco como outros materiais,
isso faz com que uma refrigeração a ar seja necessária, além de um sistema de exaustão
bastante eficiente.
Já o titânio por sua vez, necessita de refrigeração mais abundante devido à sua abrasão.
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Figura 2.8 – Fresa desenvolvida para usinagem de titânio
Materiais como waspaloy e inconel precisam de uma adequação dos parâmetros de corte
para evitar o desgaste prematuro da ferramenta. E, como são ligas resistentes ao calor,
também é necessário que se tenha maior atenção ao processo de refrigeração.
Por esse motivo, são utilizadas ferramentas redondas que possibilitam maior remoção
de material, com melhor aproveitamento de aresta de corte e melhor dissipação de calor.
2.7.2 – Compósitos
A partir da década de 1960, foi que os compósitos – materiais constituídos por dois ou
mais elementos com propriedades físicas e químicas distintas – começaram a ser
utilizados na fabricação de peças.
Porém, nessa época, alguns setores da indústria ainda impunham restrições quanto ao
seu uso.
Com o objetivo de desenvolver peças mais leves, de maior resistência e menor custo, a
indústria aeroespacial intensificou o investimento em pesquisas e produção de matrizes
poliméricas (plásticos) – termoplásticos, termorrígidos e elastômeros – como é o caso
de um material denominado Carbon Fibre Reinforced Plastic (CFRP) , em português:
polímero reforçado com fibra de carbono.
Isso pode ser feito com o uso de ferramentas revestidas com diamante policristalino
(PCD), além do uso de velocidade de corte reduzido para evitar danos à peça.
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3.1 – Introdução
O conhecimento do comportamento e da ordem de grandeza dos esforços de corte nos
processos de usinagem é de fundamental importância, pois eles afetam a potência
necessária para o corte, a capacidade de obtenção de tolerâncias apertadas, a
temperatura de corte e o desgaste da ferramenta.
Trataremos aqui da segunda abordagem, mas juntamente com ela, serão discutidos os
aspectos da influência do material da peça, do material e geometria da ferramenta e das
condições de usinagem, no comportamento e nos valores dos esforços de corte.
As forças de usinagem são consideradas como uma ação da peça sobre a ferramenta.
A força total resultante que atua sobre a cunha de corte durante a usinagem é chamada
de força de usinagem (Fu).
Então, não se trabalha com a força de usinagem propriamente, mas com suas
componentes segundo diversas direções conhecidas.
A força ativa, por sua vez, é decomposta em diversas outras que veremos a seguir:
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Figura 3.1 – Forças de usinagem e suas componentes no torneamento
Ft = F²ap + F²f
Ft = F²c + F²f
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Fc = F²t - F²f
É importante estudar o comportamento e o valor desta força, pois ela é responsável pela
deflexão elástica da peça e da ferramenta durante o corte e, é responsável pela
dificuldade de obtenção de tolerâncias de forma e dimensão apertadas. Temos então a
seguinte relação:
Fu = F²p + F²t
60.75
1000x60.75
Pf Ff x vf
Mas, vf = f x n [mm/min.] e,
vc = p x d x n [m/min.]
1000
Tem-se, então:
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Pc = Fc x p dn = p Fc x d
Pf Ff fn Ff f
Pf
Ou seja, a potência de avanço, em uma situação extrema, é 140 vezes menor que a
potência de corte.
Nas máquinas operatrizes que apresentam um único motor para o movimento de corte e
avanço, como Pc é muito maior que Pf, despreza-se Pf e faz-se:
Pm = Pc
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Figura 3.3 – Torno convencional movido por correia e engrenagens
Fc = Ks x A
No torneamento: A = b x h = ap x f.
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Em geral, quando a dureza da peça cresce, Ks também cresce.
Secção de corte (A): a pressão específica de corte diminui com a área da secção
de corte.
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Figura 3.6 – Gráfico: Variação da pressão específica de corte com a profundidade de
corte
Outro fator que causa a diminuição de Ks com o crescimento do avanço é que também
há o aumento da velocidade de avanço e em consequência, o atrito diminui.
Figura 3.7 – Característica de uma peça de aço ABNT 1050 em pastilha de metal duro
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diminuição da deformação, da dureza do cavaco e dos coeficientes de atrito que
o aumento de Vc proporciona.
Quanto mais eficiente for a penetração do fluído de corte e quanto maior for o
efeito lubrificante do fluído, maior será a diminuição de Ks.
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Figura 3.10 – Força de corte no torneamento com metal duro
4.1 – Introdução
Usinabilidade pode ser definida como uma grandeza tecnológica que expressa, por meio
de um valor numérico comparativo (índice de usinabilidade), um conjunto de
propriedades de usinagem de um material em relação a outro tomado como padrão.
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peça, e do tipo de trabalho da ferramenta (corte contínuo ou intermitente, condições de
entrada e saída da ferramenta).
- Geometria da ferramenta;
- Material da ferramenta.
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- Formas e dimensões;
- Temperatura da peça;
Propriedade de usinagem de um material são aquelas que expressam seu efeito sobre
grandezas mensuráveis pertencentes ao processo de usinagem, como: a vida da
ferramenta, o acabamento superficial da peça, os esforços de corte, a temperatura de
corte, a produtividade, ou as características do cavaco.
O índice de usinabilidade (I.U.) é então dado em relação à vc20 (ou vc60 ) do material
ensaiado e aquela correspondente ao do material padrão, ao qual se dá índice 100%.
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4.6 – Propriedades dos materiais e sua influência na usinabilidade
Ductilidade:
Condutividade Térmica:
◼ Uma alta condutividade térmica do material significa que o calor gerado pelo
processo é rapidamente retirado da região de corte e, a ferramenta não é
excessivamente aquecida e, portanto não se desgasta rapidamente. Então a alta
condutividade térmica favorece a usinabilidade do material.
Taxa de Encruamento:
◼ Para se usinar com eficiência materiais com alta taxa de encruamento, necessita-
se que a ferramenta possua aresta de corte afiada e ângulo de saída bem positivo
para causar pouca deformação no cavaco.
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Figura 4.2 – Efeito do encruamento na usinabilidade dos aços
◼ Aços com estrutura abrasiva só pode ser usinado por processos abrasivos ou
utilizando-se materiais cerâmicos ou o nitreto de boro cúbico.
◼ Inclusões que não causam muito dano: são os óxidos de manganês e de ferro.
◼ Inclusões desejáveis: são os silicatos (Si). A razão para isso é que os silicatos em
temperaturas altas perdem dureza e formam uma camada que traz vantagens na
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◼ Por outro lado, elementos que formam carbonetos (partículas duras e abrasivas)
como o vanádio, o molibdênio, o nióbio e tungstênio, e outros, tem efeito
negativo provocando desgaste da ferramenta.
O alumínio em geral pode ser facilmente usinado. A energia consumida por unidade de
volume do metal removido é muito baixa.
Apenas o magnésio e suas ligas podem ser usinados com a mesma taxa de energia
consumida, e o desgaste da ferramenta raramente é um problema, exceção feita às ligas
de alumínio-silício, onde as partículas de silício presentes são altamente abrasivas e
desgastam rapidamente a ferramenta de metal duro.
Porém, bons acabamentos superficiais podem ser obtidos se a velocidade de corte for
suficientemente alta e a geometria da ferramenta for adequada.
Este fato tem consequências negativas na obtenção de boas superfícies usinadas e pode
gerar deformações indesejáveis na peça. Devido a isto também, não se deve utilizar
esforços exagerados na fixação da peça.
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metais duros a base de carboneto de titânio (classe P) são inadequados para a usinagem
de alumínio, devido à grande afinidade físico-química entre alumínio e o titânio.
- Bibliografia:
- Apostila – Processos de Usinagem: Fabricação por remoção de material – Prof.
Rodrigo Lima Stoeterau – UFSC.
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