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PROCESSOS DE USINAGEM

AULA 3

Prof. Claudimir José Rebeyka


CONVERSA INICIAL

Todo processo de usinagem pressupõe a remoção de cavacos com uma


ferramenta de corte. Já estudamos que cada processo vai ser executado com
os parâmetros adequados: velocidade de corte, avanço e profundidade.
Também compreendemos que cada ferramenta deve ter a geometria adequada
às operações de usinagem. A escolha da velocidade de corte e da geometria
da ferramenta deve ser baseada na experiência de usinagem. Essas são
tarefas do planejamento dos processos de fabricação.
Agora, vamos pensar como deve ser a influência do cavaco sobre a
ferramenta durante a usinagem. O cavaco é formado por uma parte do material
da peça que é cortada pela aresta de corte e faz pressão sobre a superfície de
saída da ferramenta. A cunha da ferramenta separa o material da peça e, por
sua vez, a passagem do cavaco vai promover o desgaste do instrumento.
Você deve concordar que é importante entender como os cavacos se
formam sobre a superfície das ferramentas, pois, desse modo, poderemos
compreender melhor a usinagem e aumentar o rendimento do processo.
Também podemos controlar os tipos de cavacos. Qual seria o melhor? Quais
os critérios para a escolha do melhor tipo de cavaco?
O corte do material da peça é resultante da aplicação de força pela
ferramenta. De uma forma geral, podemos pensar que, quanto maior o cavaco
e quanto mais duro o material da peça, maiores serão a força e a potência
necessárias para efetuar a usinagem. Mas seria possível calcular a força e a
potência de corte antes da operação? Como podemos medir essas grandezas
na prática?

TEMA 1 – PRINCÍPIOS DO CORTE DE MATERIAIS

A teoria mais aceita para explicar o mecanismo da formação de cavacos


é a teoria do cisalhamento. Veja, por exemplo, a ilustração de uma ferramenta
no corte de uma peça:

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Figura 1 – Cisalhamento

Fonte: Machado et al., 2009.

A ferramenta vai penetrar na peça na direção da velocidade de corte,


promovendo a remoção do material, que, removido em forma de cavaco,
escorrega sobre a superfície de saída da ferramenta. Na peça, vai ocorrer o
fenômeno da deformação plástica, pela ação da aresta de corte, e a tensão vai
aumentar até que o material sofra cisalhamento para formar o cavaco. Isso vai
ocorrer numa região chamada zona de cisalhamento primário.
Nesse momento, o cavaco vai escorregar pela superfície de saída da
ferramenta em uma região chamada zona de cisalhamento secundário,
sofrendo, assim, tensão nessa região de interface com a ferramenta. No outro
lado do cavaco, vai ocorrer o esmagamento do material. Ou seja, na parte
externa o cavaco estica, e na parte interna o cavaco comprime. Quanto maior
for a diferença entre as tensões externa e interna do cavaco, maior será o seu
grau de recalque e mais facilmente ele será quebrado.
A teoria mais aceita para explicação do mecanismo da formação de
cavacos na usinagem de metais é a teoria do cisalhamento.
Segundo essa teoria, o corte ocorre ao longo de um plano, chamado
plano de cisalhamento. O ângulo entre o plano de cisalhamento e a direção de
corte é chamado de ângulo de cisalhamento.
O cavaco é formado, basicamente, em quatro etapas: recalque,
deslizamento, ruptura e escorregamento. Podemos defini-las da seguinte
forma:

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1. Recalque: uma porção da peça sofre a ação da ponta da ferramenta e
se deforma permanentemente. Neste momento, o material ainda
pertence à peça, não foi removido, ele apenas é recalcado.
2. Deslizamento: o material recalcado sofre deformação plástica e a tensão
aumenta na região de corte até que ocorra o deslizamento dessa porção
do material da peça, por meio do fenômeno de cisalhamento.
3. Ruptura: o material cisalhado é destacado da peça, formando o cavaco.
A ruptura pode ser total ou parcial, dependendo do material da peça e
das condições de usinagem. Em algumas condições especiais, a ruptura
do cavaco pode até não ocorrer.
4. Escorregamento: o cavaco escorrega sofre a superfície de saída da
ferramenta, permitindo a repetição das etapas anteriores e, assim, a
formação contínua de novo cavaco.

Dessa forma, podemos concluir que a formação de cavacos é um


processo cíclico que ocorre em quatro etapas.
Na usinagem de materiais dúcteis, como o aço-carbono de baixa liga, a
deformação plástica é grande e as quatro fases da formação de cavaco são
bem evidentes. O cavaco tem ruptura parcial e representa um volume bem
maior que o material originalmente removido da peça.
Por outro lado, nos materiais frágeis, como o ferro fundido cinzento, a
deformação plástica é bem pequena. Nesse caso, as duas primeiras fases
(recalque e deslizamento) são bem curtas, a ruptura geralmente é total e o
escorregamento praticamente inexistente. O cavaco praticamente não atrita
com a superfície de saída da ferramenta.
Podemos interferir nos mecanismos de cada etapa da formação de
cavacos de forma intencional, por variações na geometria da ponta de corte e
nas condições de usinagem.
Por exemplo, para materiais dúcteis, quanto menor o ângulo de saída da
ferramenta, maior será a deformação do cavaco e maior será o ângulo de
cisalhamento. Consequentemente, maior vai ser o recalque no cavaco.
A intenção de interferir nesses mecanismos é controlar a formação de
cavacos, obtendo formas mais adequadas ao processo de fabricação para:

 Evitar danos e preservar as ferramentas: os cavacos em forma de fita


podem se enrolar na peça e na ferramenta. Na peça, o cavaco enrolado

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pode prejudicar o acabamento superficial. Já o cavaco enrolado na
ferramenta pode provocar sua quebra.
 Aumentar a segurança do operador: um cavaco longo pode cortar o
operador; cavacos em formas de pequenas partículas podem voar do
processo e atingir o operador.
 Facilitar o manuseio e armazenamento dos cavacos: os cavacos em fita
enroscam facilmente e ocupam maior volume de armazenamento; Os
cavacos descontínuos são menores e mais difíceis de manusear, mas
ocupam menor volume de armazenamento.
 Controlar a força de corte: cavacos muito espessos aumentam a força
de corte; a utilização de quebra cavacos em geral aumenta a força e a
potência de corte.
 Reduzir o desperdício de tempo: quando o cavaco se enrola na peça e
na ferramenta é necessário parar o processo para removê-lo. Muitas
vezes, os operadores tentam remover o cavaco com a máquina em
funcionamento, o que também aumenta o risco de acidentes.

TEMA 2 – TIPOS DE CAVACO

Podemos obter diferentes tipos de cavaco, de acordo com o tipo de


processo e de acordo com as condições de usinagem. Veja, por exemplo,
alguns cavacos produzidos no processo de furação:

Figura 2 – Tipos de cavaco

Espiral cônico Fita longa Zigue-zague

Forma de leque Segmentado Forma de agulha .

Fonte: Mitsubishi Materials, 2015.

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Os cavacos podem ser modificados, melhorando o desempenho do
processo, proporcionando mais segurança ao operador, aumentando a
durabilidade da ferramenta e até melhorando o acabamento da peça.

Figura 3 – Velocidade e avanço dos cavacos

Fonte: Sandvik-Coromant, 2015.

Uma classificação mais geral da forma dos cavacos é proposta na


norma ISO 3685, de 1993, conforme a ilustração:

Figura 4 – Formas dos cavacos

Fonte: Adaptado de Machado et al., 2009, p. 56.

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A forma mais conveniente é, geralmente, a helicoidal. O cavaco em
lascas é preferido nas condições em que pode ser removido pelo fluido de
corte ou quando há pouco espaço disponível para o resíduo. O cavaco em fita
é o mais problemático, pois pode se enrolar na ferramenta ou na peça,
causando danos, riscos de acidentes e parada do processo de usinagem.

Figura 5 – Forma x volume dos cavacos

Fonte: Adaptado de Ferraresi, 1970, p. 102.

Os cavacos também podem variar em função do material da peça. Veja


na figura um exemplo de usinagem de dois materiais diferentes com uma
mesma ferramenta:

Figura 6 – Usinagem de materiais diferentes

Fonte: Machado et al., 2009.

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Os cavacos contínuos são caracterizados por um longo comprimento.
Ocorrem principalmente na usinagem de materiais dúcteis, com pequenos e
médios avanços, altas velocidades de corte e grandes ângulos de saída da
ferramenta. Esse tipo de cavaco é formado quando o material é recalcado ao
chegar à aresta de corte e escorrega pela superfície de saída da ferramenta
sem que ocorra a ruptura. Eles podem ser mais facilmente resfriados e
direcionados. Em situações de furação, por exemplo, o cavaco contínuo pode
ser o mais desejado porque vai naturalmente sair do furo durante o processo.
Se o material da peça for mais macio, ocorre pouca deformação plástica, a
ruptura ocorre apenas parcialmente e o cavaco resultante é contínuo. Um
exemplo é o cavaco gerado na usinagem do aço-carbono.
Os cavacos descontínuos ocorrem principalmente quando a tensão é
suficiente para gerar uma trinca que, ao propagar-se pelo plano de
cisalhamento, provoca a ruptura total do cavaco. O resultado final costuma ser
um cavaco curto, que vai ocupar menor espaço e não vai enroscar durante a
usinagem. Entretanto, são cavacos que podem ser lançados quando a
usinagem ocorre em altas velocidades de corte. Se o material da peça for mais
duro, a deformação plástica é maior, a ruptura é total e o cavaco resultante é
descontínuo. O exemplo pode ser tomado na usinagem de uma peça de ferro
fundido cinzento.
Outro aspecto importante que devemos considerar na formação dos
cavacos diz respeito ao calor que é gerado internamente no cavaco durante a
usinagem pela combinação de altas taxas de deformação com um forte atrito
entre a peça, a ferramenta e o cavaco. A figura a seguir mostra a distribuição
de temperaturas durante a usinagem de uma peça de aço-carbono com
ferramenta de metal duro e velocidade de corte de 60 m/min.

Figura 7 – Distribuição de temperaturas

Fonte: CIMM, 2015.


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A maior parte do calor produzido no processo de usinagem vem do atrito
interno do material durante a formação do cavaco.
As maiores temperaturas serão observadas na interface do cavaco com
a superfície de saída da ferramenta, causando a redução da dureza e o
desgaste. Isso quer dizer que a ferramenta pode sofrer desgaste prematuro em
operações de usinagem em altas temperaturas.
A aplicação de fluidos de corte, também chamados de fluidos
refrigerantes, tem a função de dissipar o calor gerado durante a usinagem,
aumentar a tensão no cavaco e promover a sua quebra.

TEMA 3 – FORMAÇÃO DA ARESTA POSTIÇA DE CORTE

O cavaco tem geralmente uma face lisa e outra face áspera. Pense
agora: qual lado escorregou sobre a superfície da ferramenta: o lado liso ou o
lado áspero?

Figura 8 – Faces do cavaco

Fonte: Shutterstock.

O lado liso escorregou sobre a superfície de saída da ferramenta e


sofreu uma deformação mais homogênea. O lado liso do cavaco tem maior
comprimento que o seu lado rugoso, devido à curvatura resultante da operação
de usinagem. Ele passa com maior velocidade sobre a superfície de saída da
ferramenta.
O lado rugoso escorregou sobre si mesmo e sofreu deformação não
homogênea. O aspecto rugoso também pode ser resultante tanto da presença

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de pontos de baixa resistência do material quanto da concentração de tensão
no material que foi usinado.
Durante a usinagem, as elevadas pressões de corte fazem com que o
material da peça ocupe as reentrâncias de rugosidade da ferramenta,
aumentando a área de contato. Para haver o deslizamento, quando a força
normal é grande, o cavaco é deformado sobre o material da ferramenta e tem
de haver cisalhamento na região interna do cavaco. Este efeito é desejável na
medida em que favorece sua quebra.
Em certas condições, principalmente na usinagem de materiais dúcteis
com baixas velocidades de corte, podemos observar um fenômeno chamado
Aresta Postiça de Corte (APC), conforme ilustrado na figura a seguir.

Figura 9 – Aresta postiça de corte

Fonte: Sandvik-Coromant, 2015.

Podemos definir a aresta postiça de corte como uma porção do material


da peça que é soldado na superfície de saída da ferramenta durante a
usinagem. Essa porção de material vai crescendo gradualmente até um
tamanho limitado, a partir do qual é arrancada durante o corte, prejudicando o
acabamento da peça.
Ao romper, a aresta postiça de corte arranca partículas da superfície de
folga da ferramenta, gerando um desgaste frontal acentuado, mesmo em
baixas velocidades de corte. Por outro lado, a aresta de corte protege a
superfície de saída da ferramenta e, desta forma, o desgaste de cratera é
minimizado. A força de corte aumenta com a formação da aresta postiça.

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O fenômeno da aresta postiça de corte é cíclico e pode resultar na
redução da vida útil da ferramenta ou em sua quebra. Para evitar esse tipo de
problema, é recomendado, em geral, a aplicação de fluidos lubrificantes ou o
aumento da velocidade de corte.

TEMA 4 – FORÇAS E POTÊNCIA NOS PROCESSOS DE USINAGEM

A cunha da ferramenta aplica força para cortar o material e remover o


cavaco. O material da peça resiste à penetração da cunha de corte, justamente
no limite de sua resistência. É como ocorre num cabo de guerra, mas na
usinagem só interessa que a ferramenta seja mais resistente.

Figura 10 – Cabo de guerra

Fonte: Shutterstock.

Na brincadeira do cabo de guerra, o objetivo é deslocar o oponente em


sua direção e sentido. Assim, a aplicação de forças sempre é observada aos
pares. Ou seja, cada um puxa para um lado e vencerá quem fizer mais força.
As forças nos processos de usinagem também sempre ocorrem aos pares.
Enquanto o material oferece resistência, a ferramenta aplica força para efetuar
o corte. Geralmente, essas forças devem ser consideradas em disposição
tridimensional, conforme você poderá ver a seguir.

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Figura 11 – Exemplo

Fonte: Machado et al., 2009.

É muito importante avaliar quais são as forças e a potência nos


processos de usinagem. De uma forma simplificada, podemos dizer que a força
de corte é proporcional à área da seção transversal do cavaco e que a potência
de corte é o produto da força pela velocidade de corte.

Figura 12 – Exemplo 2

Fonte: CIMM, 2015b.

De uma forma simplificada, a força é proporcional à característica de


resistência do material e da área de aplicação.

𝐹𝑐𝑜𝑟𝑡𝑒 = 𝐾𝑐 𝐴
𝐴 = 𝑏ℎ

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Onde:
Fcorte = Força de corte (N);
Kc = Coeficiente da força específica de corte (N/mm²);
A = Área da seção transversal do cavaco (mm²);
b = Largura do cavaco (mm);
h = Espessura do cavaco (mm).

O coeficiente da força específica de corte relaciona a força necessária


para remover um cavaco com área de seção transversal de 1 mm². O valor é
tabelado, e você poderá encontrá-lo nos catálogos de fabricantes de materiais
para construção mecânica (CIMM, 2015b). Os parâmetros de cavaco, largura e
espessura são determinados no planejamento de processos.
Ou seja, cavacos maiores e mais grossos exigem maior força de corte e
as velocidades mais altas demandam mais potência de corte.
Para fazer o cálculo da força e da potência de corte, existe uma série de
equações adequadas a cada processo de usinagem.
Para furação com broca helicoidal:

𝑓𝑛 𝐾𝑐 sin 𝜃
𝐹𝑓𝑢𝑟 = ∅
4

𝑄𝐾𝑐
𝑃𝑓𝑢𝑟 =
60000𝜂

𝑉𝑓 𝐴𝑡
𝑄=
1000

𝑉𝑓 = 𝑓𝑁

1000𝑣𝑐
𝑁=
∅𝜋

𝜋∅2
𝐴𝑡 =
4

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Onde:
Ffur = força na direção de avanço para furação (N)
Pfur = potência de corte na furação com broca (kW)
f = avanço (mm/rot)
Kc = coeficiente da força específica de corte (N/mm²)
Θ = ângulo de entrada (°)
Q = taxa de remoção de cavacos (mm³/min)
η = rendimento da furadeira (%)
Vf = velocidade de avanço (mm/min)
N = número de rotações por minuto (rpm)
vc = velocidade de corte (m/min)
At = área da seção transversal da broca (mm²)
π = 3,14159265
Ø = diâmetro da broca (mm)

Para cálculo da força e da potência de corte no torneamento, os


fabricantes de ferramentas recomendam as seguintes equações:

𝐹𝑡𝑜𝑟 = 𝑎𝑝 𝑓𝐾𝑐

𝑎𝑝 𝑓𝑣𝑐 𝐾𝑐
𝑃𝑡𝑜𝑟 =
60000𝜂
Onde:
Ftor = força de corte no torneamento (N)
Ptor = potência de corte no torneamento (kW)
ap = profundidade de corte (mm)
f = avanço (mm/rot)
vc = velocidade de corte (m/min)
Kc = coeficiente da força específica de corte (N/mm²)
η = rendimento do torno (%)

Para cálculo da força e da potência de corte no fresamento:

𝑎𝑝 𝑎𝑒 𝑣𝑓 𝐾𝑐
𝑃𝑓𝑟𝑒𝑠 =
60. 106 𝜂

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𝑉𝑓 = 𝑓𝑧 𝑁𝑧

𝑃𝑓𝑟𝑒𝑠 30. 103


𝑀𝑓𝑟𝑒𝑠 =
𝑁𝜋
Onde:
Pfres = potência de corte no fresamento (kW)
ap = profundidade de corte (mm)
ae = largura de corte (mm)
vf = velocidade de avanço (mm/min)
Kc = coeficiente da força específica de corte (N/mm²)
η = rendimento da fresadora (%)
Vf = velocidade de avanço (mm/min)
fz = avanço por aresta ou avanço por dente (mm/dente)
N = número de rotações por minuto (rpm)
z = número de arestas de corte ou números de dentes
Mfres = torque para fresamento (N.m)
π = 3,14159265

Exemplo

Cálculo de força e potência na operação de torneamento.


Considere o material da peça como sendo um aço-carbono de baixa liga
com 180HB de dureza. Consultando uma tabela de materiais de construção
mecânica, teremos Kc = 2100N/mm². A profundidade de corte estabelecida no
processo é ap = 13mm e o avanço é fn = 0,62mm/rot. A velocidade de corte é
vc = 120m/min em um torno com rendimento de η = 80%.

Fonte: Sandvik Coromant, 2015.

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Aplicando a equação de cálculo para força de corte no torneamento:

𝐹𝑡𝑜𝑟 = 𝑎𝑝 𝑓𝑛 𝐾𝑐

𝐹𝑡𝑜𝑟 = 13 ∗ 0,62 ∗ 2100


𝐹𝑡𝑜𝑟 = 16926 𝑁
Isso significa que a aresta de corte da ferramenta vai suportar uma força
equivalente ao peso de um carro de passeio.
Agora, aplicando a equação de cálculo para potência de corte no
torneamento, teremos:

𝑎𝑝 𝑓𝑛 𝑣𝑐 𝐾𝑐
𝑃𝑡𝑜𝑟 =
60000𝜂

13 ∗ 0,62 ∗ 120 ∗ 2100


Ptor =
60000 ∗ 0,8
Ptor = 42kW

TEMA 5 – MEDIÇÃO DE FORÇAS E POTÊNCIA NOS PROCESSOS DE


USINAGEM

Podemos calcular as forças e a potência de corte nos processos de


usinagem, mas o cálculo resulta em um valor estimado. Valores mais precisos
somente podem ser determinados na execução do processo. Para medir forças
de corte, são utilizados instrumentos chamados dinamômetros, montados
diretamente no suporte das ferramentas de corte.

Figura 13 – Dinamômetro

Fonte: Kistler, 2015.

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O dinamômetro, geralmente utilizado em operações de fresamento e
torneamento, permite medir as componentes da força de corte em três direções
ortogonais. Para se medir o torque, utiliza-se o dinamômetro de torção.

Figura 14 – Dinamômetro de torção

Fonte: Kistler, 2015.

Esse aparelho também possibilita a medição das forças em três direções


ortogonais e permite medir o momento de torção aplicado pela ferramenta no
processo de corte. É utilizado no processo de fresamento e furação.
Para medição da potência podem ser utilizados instrumentos chamados
wattímetros ou se faz a medição indireta da corrente consumida pelo motor da
máquina.

Figura 15 – Wattímetro

Fonte: Fluke Brands, 2015.

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Várias máquinas tem um indicador da faixa de operação do
equipamento, conforme ilustrado na figura a seguir.

Figura 16 – Faixa de operação do equipamento

Fonte: Romi, 2015.

A estimativa da força de corte e do consumo de potência permite avaliar


a possibilidade de utilização da máquina em determinadas condições de
usinagem. Já a medição da força e da potência de corte permite analisar o
rendimento dos processos de usinagem.

NA PRÁTICA

Resolva as questões a seguir. As respostas poderão ser encontradas


após a seção de Referências.

1. Indique se as seguintes afirmações sobre a formação de cavacos são


verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) O torneamento de ferro fundido cinzento resulta em cavacos


descontínuos.
( ) O melhor tipo de cavaco é o cavaco em forma de fita.
( ) A maior parte do calor gerado na usinagem é dissipada no cavaco.
( ) O aumento do ângulo de saída favorece a curvatura e a quebra do
cavaco.
( ) O fresamento de ligas de latão resulta em cavacos contínuos.
( ) A temperatura no cavaco de aço pode facilmente ultrapassar 400°C.
( ) Os cavacos contínuos podem representar riscos para a segurança
do operador quando enroscam na peça, nas operações de torneamento.

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( ) O quebra cavacos serve para evitar a formação de cavacos
descontínuos e, dessa forma, aumentar a vida útil da ferramenta.
( ) O cavaco de furação é de difícil remoção da região de corte, porque
é gerado no fundo do furo durante a usinagem.

2. Avalie as afirmações a seguir:

I. A APC é uma variação do ângulo de folga da ferramenta.


II. A formação da APC pode ser classificada como processo cíclico.
III. A APC é uma porção do material da peça soldada na ferramenta.

a. Apenas a afirmativa I está correta.


b. Apenas a afirmativa II está correta.
c. Apenas a afirmativa III está correta.
d. Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
e. Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
f. Todas as afirmativas estão corretas.

FINALIZANDO

Nesta aula, conhecemos os principais fenômenos associados ao corte


dos materiais e à teoria do cisalhamento. Desta forma, pudemos compreender
o mecanismo da formação de cavacos. Estudamos as etapas dessa formação
e da aresta postiça de corte. Examinamos os principais tipos de cavacos e
algumas de suas vantagens e desvantagens. Cavacos em formato de hélice
são mais fáceis de manipular e descartar. Por outro lado, em formato de fita
ocupam mais espaço e podem gerar acidentes.
Identificamos as forças aplicadas nos processos de usinagem e
estudamos as equações para cálculo de força e potência na furação,
torneamento e fresamento. Os cálculos da força de corte e da potência
permitem estimar o consumo da máquina em determinadas condições de
usinagem. Por fim, vimos que existem diversas formas de medir as forças e a
potência de corte para analisar o rendimento dos processos de usinagem. A
medição da força e da potência de corte permite analisar o rendimento dos
processos de usinagem.

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REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12545:1991:


Conceitos da técnica de usinagem: forças, energia, trabalho e potências:
terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1991.

CIMM. Material didático: usinagem. Disponível em:


<http://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/3251>. Acesso em: 21 nov.
2017.

FERRARESI, D. Fundamentos da usinagem dos metais. São Paulo: Blucher,


1970.

KISTLER. Página inicial. Disponível em: <www.kistler.com>. Acesso em: 24


nov. 2017.

MACHADO, A. R. et al. Teoria da usinagem dos materiais. São Paulo:


Blucher, 2009.

REBEYKA, C. J. Princípios dos processos de fabricação por usinagem. 1.


ed. Curitiba: Intersaberes, 2016.

ISO 1993

SANDVIK COROMANT. General turning operations. Disponível em:


<https://tu-academy.csod.com/content/tu-
academy/publications/91/Files/A_Theory.pdf>. Acesso em 21 nov. 2017.

SHUTTERSTOCK. Disponível em: <https://www.shuttersock.com>. Acesso em


21 nov. 2017.

TU – ACADEMY. Página inicial. Disponível em: <https://tu-


academy.csod.com>. Acesso em: 24 nov. 2017.

20
RESPOSTAS

1. V, F, V, F, F, V, V, F, V.
2. E.

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