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Resumo
O presente artigo visa apresentar um estudo sobre o processo de forjamento por
martelamento rotativo utilizado na produção industrial de peças, bem como suas vantagens,
desvantagens, um exemplo de definição da força de conformação, dimensionamento de
matrizes, etc.
1 Introdução
O Forjamento é um processo de conformação mecânica, que consiste em aplicar um
esforço de compressão sobre um material dúctil, de tal modo que este tende a assumir o
contorno ou perfil da ferramenta de trabalho o que resulta em uma mudança permanente nas
dimensões finais e nas características metalúrgicas de uma peça. Ele deforma o material forjado
por martelamento sendo usado para se obter produtos com alta resistência mecânica porque
refina a estrutura metalúrgica do metal.
O processo de martelamento rotativa não é difundido na indústria, e se apresenta como
uma ótima solução para a conformação de peças com simetria de rotação, quando se devem
executar, por exemplo, rebaixos escalonados em material inicialmente redondo ou quadrado.
Pode-se também, confeccionar ranhuras helicoidais na peça através deste mesmo processo.
A qualidade superficial da peça é superior comparada ao estado inicial da matéria-
prima, desta forma garantindo também boas tolerâncias dimensionais.
2 Metodologia
2.1 Definições
O Forjamento por Martelamento Rotativo é um processo de redução da área da seção
transversal de barras e tubos, mediante a aplicação de golpes repetidos, com o emprego de um
ou mais pares de matrizes opostas.
É seguidamente designado como forjamento fino ou martelamento fino, com vistas à
qualidade obtenível e ao tipo de conformação. A deformação é conseguida por certa qualidade
a partir de conformações elementares, produzidas por diversos estampos que atuam
simultaneamente sobre a peça.
A peça a ser forjada deve apresentar simétrica em seção transversal, sendo indicado
quando se devem executar, por exemplo, rebaixos escalonados em material inicialmente
redondo ou quadrado. Pelo processo, consegue se reduzir, por exemplo, tubos a partir de 35 cm
de diâmetro e barras a partir de 10 cm de diâmetro aproximadamente.
Normalmente, o processo é aplicado a frio em aços com 0,2% ou menos de carbono.
Acima desta porcentagem a forjabilidade rotativa decresce.
Mesmo em aços ao carbono a ser deformado por forjamento rotativo à temperatura
ambiente, a sua microestrutura deve ser adequada para máxima deformabilidade, o que exige
um tratamento térmico prévio de coalescimento. Nessas condições, a redução de seção pode
atingir 70%, enquanto com estrutura normal, de perlita fina, por exemplo, a redução atingirá
30% a 40%. Alguns metais e ligas, com menor ductilidade, devem ser deformados a quente.
2.2 O Processo
O material inicial é uma barra, presa por uma das extremidades em um dispositivo de
avanço (Figura 01).
Figura 01: Detalhamento da Instalação para o Martelamento Rotativo (neste caso com quatro martelos girantes).
Fonte: Bredendick, 1964; Adaptado por Gruning, 1973.
Figura 03: Máquina de Martelagem - a) Martelo, b) Matriz, c) Peça, d) Eixo, e) Rolete, f) Anel de Apoio, g)
Carcaça, h) Gaiola Porta-Roletes.
Fonte: Gerling, Heinrich, 1982.
Figura 04: Detalhamento da Instalação para o Martelamento Rotativo (neste caso com quatro martelos girantes).
Fonte: Goszdziewski, 1955; Adaptado por Gruning, 1973.
2.3 Métodos
2.4 Matrizes
No forjamento por martelamento ocorrem um sucessão de golpes rápidos no metal.
Desse modo, a pressão máxima acontece quando o martelo toca o metal, decrescendo
rapidamente de intensidade à medida que a energia do golpe é absorvida na deformação do
material. O resultado é que o martelamento produz deformação principalmente nas camadas
superficiais da peça, o que dá uma deformação irregular nas fibras do material.
As matrizes de forjamento são submetidas a altas tensões de compressão, altas
solicitações térmicas e, ainda, a choque mecânicos. Devido a essas condições de trabalho, é
necessário que essas matrizes apresentem alta dureza, elevada tenacidade, resistência à fadiga,
alta resistência mecânica a quente e alta resistência ao desgaste. Por isso, elas são feitas, em sua
maioria, de blocos de aços-liga forjados e tratadas termicamente. Quando as solicitações são
ainda maiores, as matrizes são fabricadas com metal duro. Esta definição é valida para o
martelamento rotativo.
No caso especifico do martelamento rotativo, com a impressão de um perfil interno
especifico, é utilizado, além do estampo que realizará o golpe, um mandril, que será
responsável pelo detalhe interno. Este necessita, além da resistência mecânica e ao desgaste,
absorver os impactos radiais sem se romper.
3 Resultados e discussão
A qualidade das superfícies que se pode obter pelo processo do martelamento rotativo é,
sob certas condições, melhor do que a qualidade da superfície do material externo, entre as
qualidades ISA IR 13 A 11, e no perfilamento interno, entre IT 9 A 7. Claro que esta qualidade
depende, essencialmente, da máquina e das ferramentas empregadas.
O Material mais indicado seria um Aço ligado, mas para simplificação dos cálculos de
força posteriores, definiremos o material como Aço SAE 1020.
3.2 Processo
Como o objetivo é uma superfície encruada, o forjamento será realizado a frio
(temperatura ambiente).
3.3 Matrizes
Para forjamento a frio, no processo de martelamento convencional, são considerados
para a fabricação das matrizes os chamados aços “indeformáveis”, que são materiais, que
apresentam pouca ou nenhuma alteração de forma e/ou dimensão durante o tratamento térmico.
Nas classificações AISI e SAE tais aços são designados pelas letras: “O” (quando de baixa liga
e temperáveis em óleo); e “D” (quando de alta liga e temperáveis em óleo ou ar).
Tabela 01: Alguns exemplos de materiais para matrizes de trabalho a frio.
APLICAÇÃO AÇO COMPOSIÇÃO
Matrizes para conformação a frio para C=0,95% , Mn=1,25%, Cr=0,50% ,
AISI O1
pequenas séries W=0,50% , V=0,12%
Matrizes de forjamento para martelo de
AISI W2 C=1,00% , V=0,25%
queda com gravuras rasas
Matrizes para grandes séries AISI D3 C=2,0% , Cr=11,5% , V=0,2%
Fonte: Os Autores, 2010.
Para o processo de obtenção da bucha para CNC, utilizaremos nas matrizes dos
estampos e do mandril o AISI W2.
3.4 Ferramental e maquinário
Pode se utilizar a mesma prensa utilizada em extrusão, com adaptação do mecanismo
para martelamento rotativo (Figura 04), ou, como já foi mencionado, um torno mecânico
convencional. Como o objetivo é forjar uma peça de responsabilidade mecânica, o ideal é ter
um maquinário especifico para a forja rotativa.
As prensas de martelamento rotativo trabalham com freqüências de 2000 pancadas por
minuto, ou mais, em máquinas menores. Com isso podem se realizar avanços de cabeçote de
sujeição de peça compreendidos entre 250 e 2000 mm/min.
3.6 Acabamento
Não será necessário nenhum acabamento ou tratamento térmico posterior, já que se visa
um produto final com resistência mecânica, e esta resistência será proporcionado pelo trabalho
a frio, e que o processo já disponibiliza um acabamento superficial superior. No martelamento a
frio se consegue com o aço, um encruamento desde, por exemplo, uma dureza Vickers de
250kg/mm², até 300kg/mm². Com isso é torna possível eliminar um beneficiamento que
usualmente se seguiria à conformação.
Figura 08: Grandezas características no martelamento rotativo. A = Área; S = Espessura; dm = Diâmetro médio; l
ϕ
= comprimento; max = Máxima deformação.
Fonte: Maekelt, 1955.
Durante o martelamento rotativo, a extremidade livre de uma barra é estirada e, em vista
da lei de constância de volume, a máxima deformação se situa na direção do eixo da barra.
Segundo Maekelt, esta é definida por:
A
ϕ Max = ln f
Ai (01)
Este grau de deformação é produzido por uma sucessão de cursos elementares dos
estampos, cada um dos quais provocando uma pequena deformação componente da deformação
total. A força média dos estampos pode ser determinada aproximadamente, segundo
MAEKELT, a partir do trabalho de conformação.
Para o caso da Bucha a ser forjada, determinaremos o Trabalho (W) a partir do calculo
de Forças (F) da seguinte maneira:
A = π .(Re 2 − Ri 2 ) (02)
Onde R é o raio da seção.
V = A.l (02)
Af 724,923mm 2
ϕ Max = ln = ln = −0,2776
Ai 956,898mm 2
Para determinarmos a Tensão de Escoamento (σe) do material, utiliza-se a Equação de
Hollomann (03), pois o trabalho de forjamento será realizado a frio.
σ e = σ o .ϕ
n
(03)
σ e = 800. − 0,2776
0,2
= 619,12 MPa
A Força (F) necessária para realizar este forjamento será dada, em Newton, pela
equação (04).
F = A f .σ e (04)
n +1
ϕ
V .σ 0
n +1
W= (05)
1000
0 , 2 +1
3
− 0,2776
92790mm .800MPa
0,2 + 1
W= = 13289,7 Nm
1000
Assim, o Trabalho realizado por cada estampo a cada rotação será de:
13289,7 N .m N
W '= = 51,88
667 RPM .3.0,128m RPM
Isso se considerarmos que a gaiola porta roletes possui apenas 1 rolete, e este aciona
apenas uma vez cada estampo por volta. Se o porta roletes for igual ao da Figura 04 (8 roletes),
cada estampo será acionado 8 vezes por volta do mecanismo. Assim, o Trabalho real (W’’) de
cada estampo será definido pela equação (08):
N
51,88
W' RPM = 6,49 N
W ''= = (08)
Roletes Roletes
Nº 8
RPM RPM
4 Conclusões
Por meio do martelamento sobre um mandril se reproduz na barra oca o perfil desejado.
Assim se podem produzir sextavados internos, ranhuras e perfis similares.
Obviamente estas formas podem ser produzidas por usinagem e, às vezes, por
brochamento interno, com um custo muito inferior. Mas o martelamento rotativo adquiriu
especial significação na produção onde os perfis internos são impossíveis de serem produzidos
por brochamento ou extremamente difíceis de serem reproduzidos em uma usinagem
convencional. Tal é o caso dos perfis duplos (Figura 09), ou quando se deve perfilar
internamente em furos cegos. Também ranhuras helicoidais podem ser produzidas por
martelamento rotativo (exemplificado neste artigo), além de perfis cônicos (Figura 10). Pela
utilização de ferramentas e máquinas adequadas é possível produzir, simultaneamente, perfis
internos e externos.
Referências Bibliográficas
BRESCIANI, E. F. Conformação Plástica dos Metais. Campinas: UNICAMP. 1997.
BRITES, F. Apostila de Conformação. Material de Aula. 2010/2.
CHIAVERINI, V. Tecnologia Mecânica. São Paulo: Makron. 1986.
GRÜNING, K. Técnica da conformação. São Paulo: Polígono, 1973.
GERLING, H. Moldagem e conformação. Rio de Janeiro: Reverté, 1982.