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Processos de Fabrico Engª Graça Sobral

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Processo de fabrico: em sentido lato é o processo de converter matérias-primas em produtos. Envolve o projeto e
fabrico de bens usando vários métodos e técnicas de produção.

Ao observarmos os objetos que nos rodeiam. Verificamos que foram transformados a partir de matérias primas e
depois montados para obter os objetos.
Alguns são feitos de um só material (parafusos, clips, etc.).
Porém a maior parte são feitos de várias partes a partir de uma variedade de materiais.
Exemplos:
• Um automóvel é feito de cerca de 15000 partes;
• Um avião de milhões de peças (Boeing747- 400 cerca de 6 milhões de peças).
Todos são feitos por vários processos chamados de fabrico.

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Grande parte da manufatura destes elementos deve-se aos conhecimentos aplicados na conformação dos metais.
• Conformação dos metais é a modificação de um corpo metálico para outra forma definida.
• Os processos de conformação podem ser divididos em dois grupos:
₋ processos metalúrgicos nos quais as modificações de forma estão relacionadas com altas temperaturas;
₋ processos mecânicos nos quais as modificações são provocadas pela aplicação de tensões externas.

Processos de alteração de forma


Estes podem ser classificados em três grupos:
• Processos de corte, em que se obtém uma forma final por remoção de material de uma com uma
determinada forma inicial;
• Processos de ligação, em que a forma final se obtém por adição de material, isto é, pela união de
formas elementares mais simples
• Processos de conformação uma forma inicial, no estado sólido, ou por fusão e vazamento em
molde de uma liga que ao solidificar fica com a forma do molde.

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Comportamento Mecânico dos Materiais
É a deformação plástica ou mecânica, que
envolvem a aplicação de forças de vários modos,
chamado de conformação em massa.

Conformação em massa:
₋ Processos de fabrico sem arranque de apara;
₋ Qualquer um destes processos de fabrico envolve
a aplicação de forças para produzir as peças:
 Forças de compressão para o forjamento de
uma engrenagem;
 Forças de corte para a abertura de um furo
no corte por arrombamento;
 Forças de tração para estirar uma chapa ou
trefilar um arame;
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Processos de fabrico sem arranque de apara/Processos de Conformação

Os processos de conformação procedem à alteração de forma no estado sólido, através do escoamento do


material. Este facto, torna os processos de enformação plástica muito eficientes relativamente ao aproveitamento
de matéria -prima e diminuição de desperdícios.
Extrusão
É um dos processos de conformação mecânica em que um bloco é forçado a passar através de um orifício de uma
matriz sob alta pressão (com o auxílio de um êmbolo), de modo a ter sua seção transversal reduzida.

A extrusão produz, geralmente, barras cilíndricas ou tubos.


Formas de secção transversal mais irregulares podem ser
conseguidas em metais mais facilmente extrudidos, como o
alumínio e suas ligas.

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Formas de extrusão

A extrusão pode ser a quente ou a frio, dependendo do tipo de metal que deve suportar ou não rigorosas
condições de atrito e temperatura e também da secção a ser obtida.

▪ Na extrusão a frio, o material endurece por encruamento durante a deformação porque os grãos do metal
rompem-se e assim permanecem, aumentando as tensões na estrutura e, consequentemente, sua dureza.

▪ A extrusão a quente é realizada quando exige grande esforço para a deformação. Um exemplo típico de
material extrudido a quente é o aço. Isso significa que uma barra de área inicial de 100 mm2 pode sofrer
redução para 5 mm2 .

É importante salientar que na extrusão a quente os grãos se reconstituem após a extrusão por causa do aumento
da temperatura.

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Este processo envolve as etapas a seguir:
1) Fabricação de lingote de secção circular;
2) Aquecimento uniforme do lingote;
3) Transporte do lingote aquecido para a câmara de extrusão, de forma rápida para diminuir ou evitar que
a superfície do material aquecido sofra oxidação;
4) Execução da operação de extrusão: acionar o pistão o qual empurra o material aquecido já posicionado
na câmara para o interior desta;
5) Fim da extrusão: o pistão recua e a câmara afasta-se para se retirar o disco e a parte restante do
lingote;
6) Operação de remoção dos resíduos de óxido com o auxílio de disco raspador acionado pelo pistão.

Lingote é o bloco de metal produzido por fundição.


Tarugo é o bloco de metal obtido pela laminação de um lingote.

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Tipos de extrusão
Os principais tipos de extrusão são: direta e indireta.

Na extrusão direta o bloco metálico a ser


processado é colocado numa câmara ou
cilindro, e empurrado contra uma matriz através
de um pistão, acionado por meios mecânicos ou
hidráulicos.

Na extrusão indireta, o êmbolo é oco e está


ligado à matriz. A extremidade oposta da câmara
é fechada com uma placa. O êmbolo oco
empurra a matriz de encontro ao metal e este sai
da matriz em sentido contrário ao movimento da
haste.

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Laminagem

É um processo de conformação plástica em massa, no qual o material é forçado a passar entre dois cilindros,
rodando em sentido oposto, com a mesma velocidade superficial, distanciados entre si de uma distância
menor que o valor da espessura do material a ser deformado.

Ao passar entre os cilindros o material sofre deformação; a espessura é reduzida, e o comprimento e a largura
são aumentados. O processo é utilizado na produção de componentes estruturais (perfis, varões, barras etc.)
e de produtos intermédios empregues noutros processos de conformação plástica, caso por exemplo, das
chapas para estampagem profunda.

A laminagem pode ser efetuada a quente ou a frio.

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Laminagem a frio: matéria-prima – lingotes fundidos. Grandes deformações e dimensões; geometrias complexas.

Laminagem a quente: matéria prima – chapas e barras. Pequenas deformações; superfícies regulares.

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A classificação dos laminadores é geralmente efetuada em função do produto fabricado e do número de cilindros
que o compõem.

Laminador de 2 rolos
É composto por apenas dois cilindros do mesmo diâmetro, girando em sentidos opostos, com a mesma velocidade
periférica e colocados um sobre o outro. Caso os cilindros possam inverter o sentido de rotação o laminador diz-se
reversível.

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Laminador de 3 rolos

É constituído por três cilindros dispostos uns sobre os outros. A chapa é


introduzido no laminador, passando entre o cilindro inferior e o médio e retoma
entre o cilindro superior e o médio. A passagem das chapas de um conjunto de
cilindros a outro é efetuado através de mesas elevatórias ou basculantes.

Laminador de 4 rolos

É constituído por quatro rolos, montados uns sobre os outros. Dois desses rolos
(os de menor diâmetro) são denominados de trabalho, e os outros dois
denominados de suporte ou apoio. Estes equipamentos são empregues quer na
laminagem de chapa, quer na uniformização de espessura da secção transversal
de chapas previamente laminadas.

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Laminador universal
É constituído por uma combinação de cilindros horizontais e verticais, em que somente os primeiros são
motores. Utiliza-se na produção de perfis, caso por exemplo de H's, e de bilhetes (cilindros de liga de
alumínio) a partir de lingotes de fundição.
Cilindros verticais
Cilindros horizontais

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Quinagem
A quinagem é um processo tecnológico de deformação de chapa, e está incluído no conjunto dos processos de
deformação por flexão.
A quinagem é um processo tecnológico que utiliza no fabrico um cunho e uma matriz montados em máquinas
ferramentas designadas de quinadoras.
Os cunhos e as matrizes são simples de fabricar, e geralmente adaptáveis a uma larga variedade de formas e
dimensões.

é possível alterar as forças requeridas são


para chapas com 2 eixos de dobragem com facilidade a baixas. O efeito de mola pode
ângulos de 90º paralelo, evitando dimensão da aba ser compensado diminuindo o
defeitos de forma na enformada e o ângulo de dobragem.
peça. ângulo de dobragem 14
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O campo de aplicação específico da quinagem de chapa é a produção de pequenas séries de fabrico.
A quinagem pode efetuar-se de dois modos: quinagem no ar ou livre, e quinagem forçada ou a fundo.

Quinagem no ar
Neste caso, o valor do ângulo de quinagem é determinado pela penetração do punção na matriz (Profundidade de
quinagem). A precisão dimensional das peças, é relativamente limitada, porque a recuperação elástica, verificada
após se retirarem as solicitações que provocam a deformação plástica da chapa, altera significativamente, o valor
do ângulo final de quinagem.

Na quinagem no ar só se utiliza o efeito de flexão plástica simples, o processo


consiste na dobragem duma chapa pela penetração de um punção na matriz.

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Quinagem a fundo

Na quinagem a fundo, muitas vezes designada de quinagem com "quebra do nervo", a chapa é esmagada
entre o cunho e a matiz de modo a reduzir ou até mesmo eliminar a recuperação elástica do material após
serem retiradas as solicitações aplicadas. A força necessária para a operação é consideravelmente superior à
da quinagem ao ar, podendo o valor triplicar ou quintuplicar.

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Vantagens da quinagem no ar relativamente à quinagem a fundo:
- A quinagem pode ser efetuada em máquinas ferramenta de menor capacidade, pois a força e energia
necessárias são menores;
- O desgaste e o perigo de inutilização das ferramentas é menor;
- O mesmo conjunto cunho/matriz pode ser utilizado para efetuar dobragens de diferentes ângulos,
reduzindo-se os custos de preparação e montagem das ferramentas.

Vantagens da quinagem a fundo relativamente à quinagem no ar:


- Peças mais precisas, podendo ser enformadas com raios de quinagem inferiores à espessura da chapa;
- Redução ou mesmo eliminação do fenómeno de recuperação elástica.

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